Resultado: a pressão arterial da empresa é a grana
Seis Sigma

08 de abril de 2016

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Resultado: a pressão arterial da empresa é a grana

Como está sua pressão arterial? Seu resultado


Resultado: surpreende-me a quantidade de tempo, energia e dinheiro que certas empresas, especialmente quando pequenas, gastam em “bobagens propagadas em slides bonitos”. Alguns possuem nomes bonitos e altissonantes, como Gestão para Qualidade Total, Trabalho em Equipe Inovador, Planejamento Estratégico 2.0, ISO 9000 etc. É claro que cada um desses conceitos tem seu valor, seu tempo e seu lugar. Mas o que se perde na maioria das empresas é o senso de proporção – o questionamento rigoroso para saber se o esforço despendido é mais do que o compensado em termos de resultados financeiros.


Qualquer gerente ou pequeno empresário competente, que deseje aumentar seus lucros, deve aumentar o seu cinismo em relação às teorias mágicas e cases batidos. Qualquer investimento nesta área (e gastar o tempo alheio é o mesmo que investir dinheiro) deve ser rigorosamente questionado. Imagine que vamos adotar um conceito visto num material teórico interessante: será realmente necessário manter um processo formal e prolongado para implantar o conceito ou isto pode ser feito de forma mais rápida, mais direta, mais sensata?



É realmente necessário?


Se a resposta é que “precisamos convencer os nossos colaboradores”, pergunte: não existe meio para comunicar a importância do conceito que seja mais rápido, mais direto, mais sensato que um programa prolongado e inerentemente ineficiente? Jamais escreve um e-mail quando basta falar com alguém, jamais convoque uma reunião quando basta mandar um whatsapp, jamais convoque duas reuniões quando uma é suficiente. Ao agir assim, você economiza, em primeiro lugar, bastante tempo e dinheiro, eliminando esforços desnecessários. Em segundo lugar, convencerá os funcionários de que está muito interessado em resultados, não em slides, e o que você poupou será multiplicado à medida que eles agem da mesma forma.



Resultado: por que ele é tão esquecido?


Ênfase excessiva em complicações desnecessárias é o refúgio de gerentes fracos ou medíocres. E por que será que as empresas investem excessivamente em “especialistas” de PPT?




  • Teoria 1: o chefe da empresa não tem credibilidade suficiente para dizer aos funcionários que só está interessado em resultados.

  • Teoria 2: é mais fácil para os gerentes demonstrar que adotam teorias modernas e brilhantes (isto é, sabem gastar dinheiro) do que provar que realmente geram lucros para empresa, de modo que se apegam ao objetivo mais fácil.


Sempre que dá, a turma mediana adota a lei do mínimo esforço, contratando uma equipe mediana e deixando seu concorrente avançar. A menos que você, líder, se concentre nos resultados e leve os outros a fazer o mesmo, eles não o imitarão. E uma sadia desconfiança contra todo slide bonito é um modo importante de estabelecer e comunicar esse modo de agir.



Como funciona nos projetos?


Em nossos projetos, sempre nos preocupamos com o resultado a ser obtido. Alguns interessados insistem em perguntar qual método iremos utilizar para garantir o resultado e nos pedem para que façamos várias reuniões para mostrarmos como o método x, irá levar ao resultado desejado.


Porém, nós não fazemos isto. O que utilizamos é o Modelo de Melhoria, um modelo extremamente simples embasado em 3 questões e no ciclo PDSA, que é o método científico. Se vamos utilizar alguma ferramenta do Lean ou do Seis Sigma, vemos somente na hora de desenvolver as mudanças que levarão à melhoria. Somente aí, as ferramentas prontas que estudamos nos ajudará a criar mudanças com alto potencial de melhoria. Antes disto, atrelar a teoria ao resultado é um tanto quanto presunçoso e arriscado.


Tanto em nossos projetos como nos projetos de nossos alunos de Green Belt, fazemos questão de que o primeiro slide seja um resumo cujo principal objetivo é mostrar o ganho. Nele, o responsável tem que mostrar que seu projeto tinha um indicador de resultado (IC) que foi alcançado, alguns indicadores de verificação que mostram a causa para o alcance do resultado e quanto à empresa lucrou com isto. Se me mostram um projeto sem a apuração de resultado financeiro, fico tentado a acreditar que todo investimento nele foi prejuízo, grana jogada fora.



Qual é a sugestão?


Portanto, minha sugestão é que você foque neste sistema que é sua empresa, perguntando qual é sua verdadeira função e como você deve fazer para obter mais lucro. Depois, defina os objetivos do seu projeto e sua teoria sobre como irá alcançar a meta traçada, levantando os itens de verificação, para medir como você está indo no caminho ao resultado. Além disto, utilize o Ciclo PDSA como guia para você aprender tudo que precisa para bater a meta. Simples assim pessoal.


Toda vez que estiver vendo uma apresentação de algum rei dos slides, faça estas perguntas. Podemos simplificar este zilhão de testes de personalidade, ambiente, intenções e outras coisas que o valha e irmos para o método científico? Como? Poderá lhe perguntar o ilustre. Simples, responderá você. Nós temos uma teoria sobre como alcançar tal resultado? Sim, ótimo, então vamos implementá-la e observar qual o resultado desta, por meio de um ciclo PDSA. Para mim, o Modelo de Melhoria é o caminho mais curto entre o problema e o resultado. Abordados no White BeltGreen Belt e Black Belt, além do Lean do PMP.

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.