The Purple Cow: Como destacar-se dos demais?
Estatística

13 de julho de 2015

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

The Purple Cow: Como destacar-se dos demais?

Qual é o conceito Purple Cow?


Purple Cow: no artigo de hoje vou abordar um livro que fez muito sucesso no passado, mas que anda meio esquecido: “The Purple Cow”, de Seth Godin. No livro o autor diz que para um negócio se destacar e crescer, ele precisa ser “remarkeable”, ou seja, destacar-se dos demais. Entre muitos argumentos e páginas, o autor vai defendendo sua teoria de maneira muito consistente e, em um dos argumentos ele mostra que todo o produto ou serviço é na verdade uma ideia. Assim, ser “remarkeable” significa ter um negócio que preste um serviço ou entregue um produto que represente esta “nova” ideia.


Posto isto, comecei há pensar um pouco em qual ideia nosso negócio representa, tentando conectar a leitura com a minha realidade. Depois de pensar, cheguei à conclusão que a principal ideia que vendemos é que Estatística é algo extremamente útil aos negócios e que pode ser facilmente aprendida.


Infelizmente, no Brasil, a Estatística é considerada um bicho papão, mais ainda que a Física e a Matemática. Veja bem, não estou reclamando da qualidade dos estatísticos brasileiros, não é isto, estou apenas refletindo sobre o desdém com que a Estatística é tratada, inclusive em cursos que ela seria indispensável, como Engenharia.



Purple Cow funciona?


Como engenheiro posso afirmar que durante todo o meu curso, tive apenas uma matéria de 4 créditos sobre Estatística. Fui para o mercado de trabalho, após formar-me, extremamente cru sobre o assunto, não sabendo o mínimo sobre análise de dados. Mas este não é o maior problema, o maior problema é que eu não sabia disto. Como eu ignorava totalmente o assunto, achava que meus gráficos e análises geradas de qualquer jeito pelo Excel eram excelentes. Ficava orgulhoso de afirmar que um mês estava melhor que o outro por meio de uma comparação esdrúxula do tipo “antes e depois”. Para piorar, meus chefes gostavam destas análises e jamais me questionavam de maneira coerente, pedindo gráficos de controle ou algo mais apurado antes de sairmos adotando uma mudança como regra.


E para testar então? Meu escopo de testes era limitado a variar um parâmetro e observar o resultado com o “antes e depois”. Com este tipo de teste eu simplesmente ignorava a interação entre fatores e a variação normal do processo. Pobre engenheiro. Depois de muito quebrar a cabeça e fazer “análises” no Excel, resolvi me aprofundar mais.


Voltar à sala de aula para estudar algo que eu achava que dominava foi difícil, mas compensador. Já nas primeiras aulas percebi algo diferente, comecei a entender a Estatística. Quando passamos por Gosset (student), Fisher e seus experimentos agrícolas, fiquei enlouquecido. Como não aprendemos aquilo na faculdade? Como não sabíamos discernir entre variação normal e especial? Não saber realizar um experimento fatorial?



O que é o Experimento Fatorial?


Como? Até hoje não cheguei a uma conclusão sobre o motivo, mas acho que deve ser algo relacionado ao nosso sistema educacional. O que aprendi depois destes anos todos é que a Estatística pode e deve ser estudada. Aprendi também que a Estatística é a melhor Ciência para os negócios no ambiental atual, pois testar mudanças é parte do dia a dia.


Não adianta sabermos as mais modernas teorias sobre gestão se não soubermos como testar. Lean Startup, Business Model Canvas, Pivot, BSC, etc... tudo isto só leva ao sucesso se soubermos o básico: como fazer bons testes.


Como aprender Estatística? Um bom começo é ler o nosso blog e trocar ideias e opiniões conosco. A outras é fazer algum curso, como Greenbelt e o Blackbelt. Para os autodidatas, recomendo os livros. Há ótimos livros que vão abrir a sua cabeça e mostrar as maravilhas do mundo da Estatística para você. Nosso Purple Cow é isto: Ensinar a Estatística útil ao seu trabalho, da maneira mais descomplicada possível.



Mas será que Purple Cow realmente foi uma sacada?


Purple Is Not The Point


A metáfora da vaca roxa de Godin simplifica demais sua ideia. Para ser notável, Godin diz, é "digno de falar. Vale a pena notar. Excepcional. Novo. Interessante". Uma vaca roxa definitivamente se destaca em um mundo onde todas as outras vacas são castanhas, brancas, pretas ou uma combinação dessas. Isso chama a atenção.

Mas, como comerciantes, queremos mais do que atenção. Queremos vendas. E para fazer isso, não é suficiente para ser notável: você tem que ser notável de uma forma que é significativa para o seu público. Voltando à metáfora da vaca roxa, quantas pessoas você acha que comeria a carne de uma vaca roxa? Eu certamente não. Pelo menos, até 20 anos de pesquisa e experiência do mundo real mostraram que é seguro comer!

The Missing Link


Então, sim, você precisa ser diferente - mas de uma maneira útil. O próprio Godin diz:
"Ser notado não é o mesmo que ser notável", escreveu ele em The Guardian, quatro anos depois de Purple Cow ter sido publicado. "Correr pela rua nu fará você ser notado, mas não vai conseguir tanto. É fácil arrancar um golpe, mas não é útil .... Não é importante ser notável em algo que as pessoas não se importam".

Em Youtility: Por que o marketing inteligente é sobre a ajuda não Hype, Jay Baer diz: "E se, em vez de tentar ser incrível, você simplesmente se concentrou em ser útil? E se você decidisse informar, ao invés de promover?"

Eu vou adotar ainda mais dizendo que quanto mais útil você for, mais notável (ou incrível) você se torna. Ao ser mais útil do que seus concorrentes para o seu público, então você se torna notável em seus olhos. Pergunte a si mesmo: como é melhor a minha oferta do que os dos meus concorrentes? E o meu público se importa?

Como se proteger da corrida do ouro


Há outro problema com a abordagem da vaca roxa que o próprio Godin reconhece. Quando algo cativa o público e vende, eventualmente outros seguem o exemplo. Logo, todo campo de pastagem está cheio de vacas roxas, e então sua vaca roxa não é mais notável. Isso acontece o tempo todo:

  • ... O Fitbit foi um sucesso e agora, o mercado é inundado com uma dúzia de rastreadores físicos wearable.

  • ... Amazon.com mostrou que as pessoas adoram comprar on-line, e agora você tem mercados on-line para tudo, desde sapatos até produtos artesanais.

  • ... Webinars provou ser eficaz na conversão do público em compradores, e agora, cada comerciante on-line os usa para lançar produtos.


Se você é um empresário de pequenas empresas ou comerciante de DIY, você pode inovar rápido o suficiente para se manter à frente do jogo? Você pode - se você estiver disposto a fazer o trabalho. Algumas vacas permanecerão sempre roxas. Eles sempre serão frescos e únicos.

Essas são as vacas que levam muita graxa para cotovelo para executar. E porque eles exigem trabalho árduo sem a garantia de sucesso, os rushers de ouro orientam-se para eles.
Exemplos de "vacas eternamente roxas" incluem: conteúdo épico que leva centenas, senão milhares, de horas para criar; Informações úteis que você entrega sem exigir nada em troca. E, experiências com o seu produto que são friccionadas e deliciosas.

O que tudo isso significa para comerciantes?


São necessários três passos simples, mas não fáceis, para se tornarem extremamente úteis:

1. Conheça seu público.

Descubra o que os mantém acordados à noite e o que os faz sair da cama pela manhã. Aprenda e fale seu idioma. Fale com eles e observe seu comportamento da vida real.

2. Decida a melhor forma de ser extremamente útil.

Descobrir uma solução de olho de touro que sua audiência lembrará por um longo período de tempo. Provavelmente levará semanas, mesmo meses, para criar. E isso é bom!

3. Entregue-os a eles.

Crie a solução e entregue-a ao seu público. Lembre-se de como você o envia importa, porque fornecer uma experiência surpreendente com sua marca faz parte de tornar-se notável.

Então pare de tentar ser uma vaca roxa. Em vez disso, seja a vaca que é macia, nutritiva e baixa em calorias. Então você terá um vencedor.
Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.