Como funciona o GPTW nas empresas brasileiras
Gestão e Liderança

02 de maio de 2025

Última atualização: 02 de maio de 2025

Como funciona o GPTW nas empresas brasileiras

Reconhecimento de boas práticas de gestão virou parte da estratégia de muitas empresas. O selo GPTW ganhou força nos últimos anos, mas nem sempre ele significa o que se pensa à primeira vista.

Muitos acreditam que a certificação aponta apenas para um clima organizacional positivo. Na prática, o processo é mais complexo. Há uma combinação entre percepção dos colaboradores, consistência das práticas e coerência com os valores da empresa.

Neste blog, vamos analisar como funciona a metodologia do GPTW, o que muda com o selo e por que algumas organizações alcançam a certificação sem, necessariamente, terem uma cultura forte.

O que é GPTW e qual seu impacto no ambiente corporativo?

GPTW (Great Place to Work) é mais do que um selo. Ele funciona como uma ferramenta de diagnóstico sobre o ambiente de trabalho, avaliando a percepção dos colaboradores e a coerência entre discurso e prática na cultura organizacional.

A metodologia foi criada nos Estados Unidos nos anos 1980 e chegou ao Brasil em 1997. Desde então, passou a ser adotada por empresas de diferentes setores como um indicador de atratividade e confiança interna. O objetivo não é premiar empresas "sem problemas", mas aquelas onde existe consistência, comunicação e respeito nas relações.

Na prática, a certificação é baseada em dois pilares: a pesquisa de clima (Trust Index) e o levantamento das práticas culturais. A pesquisa é aplicada aos colaboradores, de forma confidencial. Já o segundo pilar exige um inventário das ações adotadas pela liderança e pelo RH.

Para o mercado, o selo GPTW costuma ser associado à qualidade de gestão e à valorização das pessoas, o que ajuda a atrair talentos e reforça a imagem institucional. Internamente, o impacto depende da forma como o processo é conduzido. Se for tratado como marketing, o resultado será superficial. Se virar um espelho para revisão de práticas, pode gerar mudanças reais.

Certificação ou cultura? O que o selo realmente representa

Receber o selo GPTW é motivo de comemoração para muitas empresas. Mas é comum ver organizações certificadas com problemas internos não resolvidos. Isso levanta uma dúvida legítima: o que o GPTW de fato mede?

A certificação indica um retrato do momento, baseado na percepção dos colaboradores. Ela não valida, por si só, a solidez da cultura. Ou seja, não significa que a empresa é perfeita — apenas que existem pontos fortes reconhecidos pela equipe.

Pontos avaliados pela metodologia do GPTW

  • Confiança na liderança e entre colegas
  • Orgulho de pertencer à organização
  • Camaradagem e qualidade das relações no dia a dia
  • Credibilidade nas decisões e comunicações da empresa
  • Imparcialidade no tratamento dos colaboradores
  • Respeito com as necessidades e contribuições de cada pessoa

Esses elementos compõem o que o instituto chama de “Great Place to Work”. Mas, na prática, cada organização expressa esses valores de forma diferente. Uma indústria familiar, por exemplo, pode obter boas notas mesmo com processos ainda pouco estruturados, se houver confiança genuína e proximidade entre liderança e equipe.

Vale destacar: O selo GPTW é consequência de um conjunto de percepções positivas, mas não deve ser tratado como uma chancela de excelência em gestão.

Quem está por trás do GPTW e como a avaliação é feita

O GPTW é conduzido por uma consultoria global independente, com sede nos Estados Unidos e operações no Brasil desde os anos 1990. A organização é responsável por aplicar a metodologia, tabular os resultados e emitir a certificação com base em critérios próprios.

A avaliação segue duas frentes principais:

  • Pesquisa com os colaboradores (Trust Index): é aplicada de forma anônima e confidencial. As respostas geram um índice de confiança e percepção sobre o ambiente de trabalho.
  • Inventário de práticas culturais (Culture Brief e Culture Audit): documento descritivo enviado pela empresa, com informações sobre ações de liderança, programas de bem-estar, desenvolvimento e reconhecimento.

Para conquistar a certificação, a empresa precisa atingir pelo menos 70% de favorabilidade na pesquisa. Ou seja, sete em cada dez funcionários precisam declarar que a organização é um bom lugar para trabalhar.

A pontuação não é divulgada publicamente. O que se vê no mercado é o selo “certificado” ou, em casos de destaque, a presença em rankings como “Melhores Empresas para Trabalhar”.

Importante: empresa interessada paga pelo processo de avaliação, o que levanta críticas sobre a isenção do modelo. Ainda assim, o Trust Index é uma ferramenta relevante para análise de clima — desde que a liderança esteja disposta a ouvir e agir com base nos dados.

Critérios para se tornar um GPTW

A conquista do selo GPTW passa por critérios que avaliam tanto a experiência dos colaboradores quanto a coerência das práticas internas. Não basta implementar benefícios ou fazer campanhas de endomarketing. O que realmente conta é a percepção das pessoas sobre como são tratadas no dia a dia.

Avaliação dos colaboradores

A pesquisa aplicada internamente mede a percepção da equipe em cinco dimensões:

  • Credibilidade da liderança
  • Respeito nas relações interpessoais
  • Imparcialidade no tratamento dos funcionários
  • Orgulho de pertencer à organização
  • Camaradagem no ambiente de trabalho

Essas dimensões geram um índice geral. A empresa precisa atingir 70% ou mais de respostas positivas para se qualificar à certificação.

Abaixo de 70%, a organização recebe um relatório com os pontos de atenção, mas não é certificada. A boa notícia é que pode se reavaliar após três meses.

Como a gestão pode influenciar os resultados

Além da percepção da equipe, o GPTW analisa as ações implementadas pela empresa. Isso inclui:

  • Políticas de gestão de pessoas
  • Programas de desenvolvimento profissional
  • Ações de reconhecimento e valorização
  • Comunicação interna
  • Práticas de inclusão e diversidade

Essas práticas não têm peso direto na nota da pesquisa, mas são levadas em conta na análise para os rankings regionais e nacionais.

Ou seja, boas ações não garantem selo, mas sem elas, dificilmente haverá engajamento suficiente para alcançar os 70% de favorabilidade.

Confiança, respeito e inovação: como esses pilares aparecem na metodologia

A base da metodologia está na confiança entre líderes e equipes, que se desdobra em ações concretas. Exemplo:

  • Uma empresa com clima positivo, mas gestão fechada, pode não se destacar no pilar “credibilidade”.
  • Iniciativas que valorizam a escuta ativa e promovem justiça interna têm impacto direto no índice de “respeito”.

Além disso, práticas de inovação e autonomia são percebidas positivamente pelos colaboradores — especialmente em empresas que incentivam o aprendizado contínuo e evitam punições por erros.

Desafios comuns na busca pela certificação

Buscar o selo GPTW é visto por muitas empresas como uma oportunidade de valorização da marca e retenção de talentos. Mas o processo pode gerar distorções se for conduzido com foco exclusivo no reconhecimento externo.

Nem sempre um ambiente saudável garante a certificação. Algumas organizações têm equipes engajadas, baixa rotatividade e boa comunicação, mas enfrentam dificuldades para traduzir isso em dados formais.

Motivos frequentes:

  • Falta de estrutura para organizar as práticas culturais no inventário
  • Dificuldade em comunicar as iniciativas internas com clareza
  • Resistência à pesquisa por parte da equipe (desconfiança, medo de exposição)
  • Ausência de uma rotina de feedbacks e acompanhamento de clima

Além disso, o momento da aplicação interfere no resultado. Reestruturações, trocas de liderança ou incertezas organizacionais podem afetar a percepção do time, mesmo que a empresa esteja em trajetória positiva.

Erros de interpretação na aplicação das práticas

Outro obstáculo é o uso de ações pontuais com objetivo de gerar “boa imagem” — sem conexão com a cultura real. Isso tende a gerar ruído na percepção dos colaboradores e fragilidade na avaliação.

Erros comuns:

  • Criar ações apenas no mês da pesquisa, com foco em agradar o time
  • Implantar benefícios sem alinhamento com as necessidades reais da equipe
  • Confundir “clima leve” com ausência de processos estruturados
  • Delegar todo o processo ao RH, sem envolvimento da liderança

O GPTW mede consistência, não apenas simpatia. Se as ações não fazem parte da rotina, os colaboradores percebem e isso impacta diretamente os resultados.

O que muda na gestão após o selo

Obter o selo GPTW pode representar uma virada na forma como a organização enxerga seus processos internos. Para algumas empresas, é o ponto de partida para ajustes estruturais. Para outras, o desafio é manter a coerência após o reconhecimento.

Impacto na marca empregadora e retenção de talentos

A certificação funciona como uma sinalização para o mercado: mostra que a empresa escuta seus colaboradores e valoriza o ambiente de trabalho. Com isso, há efeitos diretos na atração e retenção de pessoas.

Resultados observados em empresas certificadas:

  • Aumento no volume de candidaturas qualificadas
  • Redução no turnover em áreas críticas
  • Fortalecimento do senso de pertencimento entre os colaboradores
  • Ampliação da visibilidade da empresa em rankings e premiações

Mas esse impacto só se sustenta se houver continuidade nas práticas. Quando o selo vira um objetivo isolado, o engajamento cai no ciclo seguinte.

O peso da certificação na cultura organizacional

Após o selo, muitas lideranças enfrentam o desafio da gestão da expectativa. O time espera continuidade e evolução das práticas, não retrocesso. Quando isso não acontece, a credibilidade interna pode ser comprometida.

Mudanças comuns no pós-GPTW:

  • Adoção de indicadores de clima em painéis de gestão
  • Revisão de processos de feedback e desenvolvimento
  • Participação mais ativa da liderança em ações de cultura
  • Inclusão da experiência do colaborador nas metas de áreas estratégicas

Em organizações comprometidas com a melhoria contínua, o selo funciona como um checkpoint. Não é ponto final, mas uma evidência de que os processos estão no caminho certo.

Como a melhoria contínua fortalece a jornada GPTW

Conquistar o selo GPTW é uma conquista pontual. Manter a confiança do time exige consistência. É aqui que práticas de melhoria contínua fazem a diferença.

Empresas que já aplicam ferramentas como PDCA, Kaizen ou Lean Seis Sigma estão mais preparadas para lidar com as demandas que surgem após a certificação. Isso porque já existe um olhar estruturado para problemas, causas e soluções.

Exemplos de práticas alinhadas ao Lean Seis Sigma

Iniciativas simples, mas com impacto direto na percepção do time:

  • Rodadas de escuta ativa com gestores e operadores
  • Padronização de processos internos de comunicação
  • Análises de causa-raiz para problemas de clima e engajamento
  • Projetos de melhoria focados em jornada do colaborador

Essas práticas ajudam a mostrar, na rotina, que a liderança se importa com mais do que o selo — está disposta a tratar causas, e não apenas sintomas.

A importância do engajamento genuíno nas ações internas

A pesquisa do GPTW capta sinais de coerência. Por isso, não adianta investir em campanhas se a base da cultura está desalinhada.

Ações que fortalecem a confiança do time:

  • Reconhecimento frequente e transparente
  • Desenvolvimento com plano claro de progressão
  • Feedbacks com foco em crescimento, e não punição
  • Coerência entre discurso institucional e decisões diárias

Organizações que enxergam a cultura como um sistema e não como um evento têm mais chance de manter resultados positivos no GPTW.

Vale a pena buscar o GPTW?

O selo GPTW pode trazer visibilidade e atrair bons profissionais, mas não é garantia de transformação. O valor da certificação depende de como ela é inserida na estratégia da empresa.

Custos, benefícios e visão de longo prazo

A participação no processo tem custos — financeiros e organizacionais. Vai além da taxa paga à consultoria. Exige preparação, alinhamento da liderança e abertura para lidar com críticas internas.

Benefícios percebidos por empresas que integram o GPTW de forma estratégica:

  • Acesso a diagnósticos detalhados sobre o clima e cultura
  • Apoio na estruturação de programas de engajamento
  • Visibilidade no mercado e fortalecimento do employer branding
  • Comparação com benchmarks do mesmo setor

Por outro lado, os riscos de um uso superficial também existem:

  • Redução da credibilidade caso o selo não reflita a realidade
  • Desgaste da equipe se o processo for visto apenas como marketing
  • Frustração se os resultados não forem trabalhados com transparência

Buscar o selo faz sentido quando o objetivo está claro: melhorar a gestão de pessoas com base em dados e não apenas "parecer" uma boa empresa.

Selo como consequência ou objetivo?

Empresas que usam o GPTW como instrumento de escuta e melhoria colhem ganhos reais. Já aquelas que veem o selo como fim em si mesmo, costumam perder força nas pesquisas seguintes.

A diferença está na postura:

  • Foco em escutar: mais confiança
  • Foco em impressionar: mais resistência

Na prática, o GPTW pode ser um bom termômetro. Mas só entrega valor se vier acompanhado de ações consistentes, lideranças presentes e processos estruturados.

Cultura sólida antes do reconhecimento

Ser uma empresa GPTW exige mais do que iniciativas pontuais. É preciso cultivar uma cultura coerente, com lideranças que inspiram confiança e traduzem valores em decisões práticas. O selo reconhece, mas quem sustenta é a gestão.

Empresas que investem no desenvolvimento dos líderes colhem ambientes mais consistentes, colaborativos e preparados para crescer. E quando a equipe sente que há respeito, clareza e escuta, o engajamento vem naturalmente — com ou sem certificação.

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Equipe FM2S

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