FIFO: entenda o método Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair
Logística

14 de novembro de 2018

Última atualização: 24 de julho de 2025

FIFO: entenda o método Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair

Organizar o estoque de forma eficiente é um desafio constante para quem trabalha com logística, produção, varejo ou saúde. Entre os métodos disponíveis, o FIFO se destaca por sua simplicidade e impacto direto na redução de perdas.

Neste conteúdo, você vai entender como o FIFO funciona, por que ele é adotado por empresas de diferentes setores, quais são suas vantagens e como esse princípio se conecta à lógica da manufatura enxuta (Lean). Também vamos mostrar exemplos de aplicação e quais regras devem ser respeitadas para que o método funcione de forma consistente.

Se sua empresa precisa reduzir desperdícios, aumentar a rastreabilidade e garantir mais controle sobre o fluxo de materiais, vale a pena seguir a leitura.

O que é FIFO?

FIFO é a sigla para First-In, First-Out, ou Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair. É um método de controle de estoque em que os itens armazenados são consumidos ou vendidos na mesma ordem em que chegaram.

Na prática, isso significa que os produtos mais antigos saem primeiro, antes dos mais recentes. Essa lógica ajuda a evitar perdas por vencimento, obsolescência ou deterioração, problemas comuns quando há acúmulo de itens parados.

O FIFO é amplamente usado em áreas como logística, varejo, alimentação, saúde e produção industrial, e contribui diretamente para uma gestão mais eficiente do inventário.

Primeiro a entrar, primeiro a sair

De acordo com o método FIFO de administração de estoques, uma empresa assume que os itens mais antigos na fila de espera do estoque são os primeiros a serem vendidos - independentemente de quais unidades são realmente vendidas primeiro.

Dessa forma, se o preço de produção ou o custo de compra de atacado desses itens for diferente do preço atual, você contabilizará esses bens com o valor mais antigo - não o atual. O FIFO é o oposto do método de avaliação LIFO, que supõe, inversamente, que o custo mais recente do estoque deve ser registrado como 'Last-In, First-Out'.

Como funciona o método FIFO?

Como já discutido, aplicar o FIFO significa garantir que os produtos mais antigos do estoque sejam os primeiros a sair. Isso exige organização física e processos bem definidos, especialmente em ambientes com grande volume de movimentação, como armazéns, supermercados e centros de distribuição.

Veja um passo a passo simplificado de como o FIFO costuma funcionar:

  1. Recebimento dos produtos: os itens recém-chegados são identificados com data de entrada ou número de lote.
  2. Armazenamento organizado: os produtos mais antigos ficam sempre na frente ou em locais de fácil acesso, enquanto os mais recentes ficam atrás.
  3. Controle visual e/ou digital: etiquetas, cores ou sistemas ERP ajudam a identificar a ordem correta.
  4. Saída conforme entrada: na hora da separação de pedidos ou consumo interno, prioriza-se sempre o item que entrou primeiro.

Esse fluxo pode ser representado com um fluxograma simples:

[Recebimento] → [Identificação por data/lote] → [Organização física] → [Saída do item mais antigo]

Vantagens de utilizar o FIFO nas empresas

O método FIFO é adotado por empresas que buscam eficiência, controle e redução de perdas no gerenciamento de estoques. Destacamos algumas das séries de vantagens operacionais:

  • Evita perdas por validade: ao garantir que os itens mais antigos saiam antes, o FIFO reduz o risco de vencimento e descarte de produtos. Isso é especialmente útil em supermercados, farmácias e indústrias alimentícias, onde produtos com prazo de validade curto precisam ser escoados rapidamente para evitar prejuízos.
  • Facilita a rastreabilidade: a ordem de entrada e saída permite identificar rapidamente a origem e o destino de cada lote.
  • Reduz o custo da não qualidade: perdas, retrabalhos e descarte geram custos. O FIFO atua diretamente na prevenção desses problemas.
  • Padroniza a operação: ao seguir uma lógica única de movimentação, o processo se torna mais simples de treinar, auditar e manter.

Essas vantagens fazem com que o FIFO seja amplamente utilizado em setores como logística, saúde, varejo e produção industrial, onde o giro de estoque impacta diretamente na qualidade e nos resultados do negócio.

Exemplos de aplicação do FIFO

O método FIFO pode ser adaptado a diferentes contextos e setores. Veja como ele se aplica na prática:

  • Indústria: no controle de matérias-primas, o FIFO garante que insumos recebidos primeiro sejam utilizados antes, evitando que fiquem obsoletos ou percam propriedades ao longo do tempo, algo comum em componentes químicos ou adesivos industriais.
  • Comércio eletrônico: lojas virtuais que vendem produtos com prazo de validade, como cosméticos ou suplementos, usam o FIFO para garantir que os itens mais antigos sejam enviados primeiro, minimizando o risco de vencimento no estoque.
  • Setor hospitalar: hospitais e clínicas aplicam o FIFO no controle de medicamentos, seringas e materiais hospitalares, respeitando datas de validade e garantindo a segurança do paciente.
  • Alimentos e bebidas: supermercados, distribuidoras e restaurantes utilizam o FIFO para organizar estoques de produtos perecíveis, evitando perdas e melhorando o giro dos alimentos.
  • Logística e centros de distribuição: no armazenamento de grandes volumes, como em CDs de redes varejistas, o FIFO garante que produtos não fiquem esquecidos no fundo do estoque. O método é frequentemente associado a sistemas como flow rack e corredores com acesso duplo.
  • Setor automotivo: peças de reposição e componentes eletrônicos (sensores, baterias, chicotes) podem sofrer degradação ao longo do tempo. O FIFO assegura que o estoque seja renovado na ordem correta, reduzindo falhas e devoluções.
  • Logística reversa: em processos de retorno e reaproveitamento (como embalagens retornáveis ou reprocessamento), o FIFO organiza o reuso de forma a evitar que lotes antigos sejam esquecidos ou ultrapassem a validade técnica.

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Como o princípio FIFO encontrou-se no Lean?

No contexto do Lean, o FIFO é uma forma de organizar o fluxo de materiais entre processos que não estão diretamente conectados. Em vez de simplesmente controlar validade ou estoque, como em ambientes logísticos, o FIFO no Lean atua como regulador do ritmo de produção, ajudando a evitar excesso de itens em processo (WIP) e mantendo a ordem de chegada das peças.

Na prática, o FIFO garante que o primeiro item a entrar em um determinado ponto da produção também seja o primeiro a sair. Isso evita que peças antigas fiquem esquecidas, que problemas de qualidade sejam encobertos e, principalmente, que se produza além do necessário, um dos principais desperdícios combatidos no Lean.

Para manter a sequência FIFO, é comum utilizar faixas delimitadas (FIFO lanes) no chão ou canais físicos com capacidade limitada. O processo de fornecimento coloca itens na extremidade de entrada (montante), enquanto o processo cliente retira os itens na extremidade de saída (jusante). Se a faixa estiver cheia, o processo fornecedor deve parar de produzir, evitando superprodução, um dos principais desperdícios combatidos pelo Lean.

Essa lógica do FIFO é especialmente útil quando não é viável utilizar um supermercado Lean, ou seja, um ponto de reposição com várias opções de peças em estoque:

  • As peças são únicas, feitas sob demanda ou com produção esporádica;
  • Têm vida útil curta ou são muito caras;
  • Não faz sentido manter estoques grandes ou variados.

Nesses casos, a retirada de uma peça pelo processo cliente aciona automaticamente a produção de uma nova peça pelo processo fornecedor. Ou seja, a própria faixa FIFO regula o ritmo e o volume da produção.

Quais as Regras para uma produção FIFO?

Ao longo deste conteúdo, vimos que o FIFO é uma estratégia poderosa tanto para o controle de estoques quanto para a fluidez dos processos Lean. Mas para que esse método funcione corretamente no ambiente produtivo, duas regras básicas devem ser respeitadas:

1. Nenhuma peça pode ultrapassar outra

A lógica FIFO só se mantém se a sequência for preservada: a primeira peça a entrar deve ser a primeira a sair. Isso significa que nenhuma peça pode furar a fila, nem ser retirada fora de ordem, mesmo que esteja fácil de alcançar fisicamente.

Esse princípio é fundamental para evitar variações nos tempos de espera e garantir um fluxo contínuo e previsível.

Imagine que você está em um supermercado, com dez pessoas na sua frente. Embora demore, você consegue prever quando chegará sua vez. Agora imagine que alguém corta a fila. Ou pior: que a cada três pessoas, uma fura a fila. A espera se torna imprevisível e frustrante.

Em uma linha de produção, as peças não ficam chateadas, mas os clientes que esperam por elas certamente ficam.

2. A pista FIFO deve ter uma capacidade máxima definida

A segunda regra é limitar claramente quantas peças podem estar na faixa FIFO. Quando ela atinge essa capacidade, o processo anterior deve parar de produzir, sinalizando que é hora de esperar o consumo.

Esse mecanismo simples impede um dos maiores desperdícios no Lean: a superprodução. Produzir além da demanda sobrecarrega o sistema, aumenta o estoque desnecessário, estende os prazos e reduz a eficiência. Ou seja, tudo o que o Lean busca evitar.

Dica: o limite mínimo da faixa FIFO é naturalmente zero, se estiver vazia, o processo seguinte (a jusante) deve parar até que novas peças sejam inseridas.

Conclusão: FIFO como estratégia de eficiência

O FIFO não se limita ao controle de estoque. É uma estratégia para organizar o fluxo de materiais com previsibilidade e disciplina. Quando bem aplicado, evita perdas, reduz desperdícios e melhora o desempenho operacional.

No Lean, o FIFO ajuda a ajustar o ritmo da produção e a evitar desorganização entre processos. Isso reduz variações, melhora a qualidade e mantém o foco na demanda real do cliente.

Empresas que aplicam o FIFO de forma consistente tomam decisões com base em dados do consumo, otimizam espaço, minimizam retrabalhos e estruturam processos mais enxutos.

Seja no estoque ou entre etapas produtivas, o FIFO contribui para manter a ordem, controlar o volume produzido e gerar valor com menos desperdício.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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