Controlar estoques é um desafio constante para empresas que lidam com compras recorrentes de insumos ou produtos acabados. Comprar em excesso significa gastar mais com armazenagem e correr risco de perdas. Comprar pouco, por outro lado, aumenta os custos de pedido e pode até comprometer a operação.
Ao longo deste conteúdo, você vai entender como o LEC funciona, quais vantagens ele oferece, como aplicar sua fórmula e verá um exemplo prático na área alimentícia.
O que é o Lote Econômico de Compra (LEC)?
O Lote Econômico de Compra (LEC), também conhecido como Economic Order Quantity (EOQ), é uma fórmula utilizada na gestão de estoques para determinar a quantidade ideal de compra de um item. O objetivo é encontrar o ponto em que o custo total, envolvendo armazenagem, aquisição e pedidos, seja o menor possível. O LEC ajuda a empresa a evitar tanto o excesso de estoque, que gera custos de armazenamento e risco de perdas, quanto a falta de produto, que pode paralisar a operação e afetar as vendas.
Para facilitar, imagine que uma empresa precise comprar embalagens todo mês. Se ela fizer muitos pedidos pequenos, o custo com transportes e processos administrativos se torna alto. Por outro lado, se pedir tudo de uma vez, ocupa espaço e aumenta o risco de perdas por obsolescência ou vencimento. O LEC determina qual é a quantidade mais econômica para comprar de cada vez, equilibrando esses dois extremos.
Essa abordagem é aplicada com frequência em ambientes industriais, varejistas e cadeias logísticas que operam com grande volume de compras. O LEC orienta o planejamento de compras, reduz desperdícios e aumenta a eficiência do capital investido em estoque.
LEC e a gestão de suprimentos
Em um cenário de custos crescentes e margens pressionadas, o LEC atua como uma ferramenta analítica para otimizar decisões de abastecimento. Ele ajuda o setor de suprimentos a responder perguntas práticas como: qual a quantidade mais vantajosa para comprar? Com que frequência os pedidos devem ser feitos?
Ao aplicar o LEC, é possível reduzir os custos totais envolvidos na operação. Isso porque ele considera os custos logísticos como parte do processo decisório, e não como consequência das compras.
O LEC contribui para estabelecer um ponto de equilíbrio entre o custo de estocar e o custo de repor. Quando adotado com consistência, melhora o fluxo de caixa, evita rupturas e minimiza o espaço ocioso nos centros de armazenagem.
Como funciona e para que serve o LEC?
Ao tomar decisões de compra, muitas empresas se deparam com um dilema, adquirir grandes volumes por um menor preço e correr o risco de excesso de estoque, ou comprar pouco e aumentar os custos operacionais com pedidos frequentes.
O LEC serve como uma ferramenta de apoio para encontrar o ponto de equilíbrio entre esses dois extremos, permitindo que as compras sejam feitas com mais previsibilidade, menos desperdício e maior controle de custos.
O Lote Econômico de Compra (LEC) tem como função principal determinar a quantidade de compra que resulta no menor custo total de estoque. Esse custo total é formado por três componentes:
- Custo de pedido: envolve tudo o que é gasto para cada nova compra, desde o tempo da equipe até os custos administrativos e logísticos.
- Custo de armazenagem: corresponde ao custo de manter mercadorias paradas. Aqui entram despesas com espaço físico, seguros, controle de temperatura e até o valor do capital investido no estoque.
- Custo da mercadoria: é o valor do item comprado, que pode influenciar diretamente o volume de compra dependendo de descontos por quantidade.
O LEC busca equilibrar essas variáveis para evitar tanto a compra em excesso, que gera acúmulo desnecessário, quanto a compra em volumes muito pequenos, que aumenta a frequência de pedidos e gera mais despesas operacionais.
Vantagens do uso do Lote Econômico de Compra (LEC)
Adotar o Lote Econômico de Compra no processo de gestão de estoques traz benefícios práticos que impactam diretamente nos custos operacionais e na eficiência do abastecimento. Veja as principais vantagens:
- Redução do custo total de estoque: o LEC permite calcular o ponto ideal de compra, evitando tanto os pedidos em excesso quanto compras muito frequentes. Isso reduz os custos com armazenagem e com o processo de aquisição.
- Melhor aproveitamento do capital: ao evitar estoques desnecessários, o capital não fica imobilizado em mercadorias paradas. Isso melhora o fluxo de caixa e permite redirecionar recursos para áreas mais estratégicas da empresa.
- Planejamento de compras mais eficiente: com o uso do LEC, o setor de suprimentos passa a trabalhar com dados previsíveis e prazos mais bem definidos, o que facilita o relacionamento com fornecedores e reduz o risco de faltas ou urgências.
- Redução de desperdícios e perdas: compras mal dimensionadas podem resultar em produtos obsoletos, vencidos ou danificados. O LEC ajuda a manter volumes mais próximos da demanda real, reduzindo perdas por estocagem prolongada.
- Padronização do processo de reposição: o cálculo do LEC favorece a criação de rotinas mais estáveis de compra, o que reduz o retrabalho, melhora a organização dos pedidos e otimiza o uso de recursos logísticos.
Fórmula do Lote Econômico de Compra
A fórmula clássica do Lote Econômico de Compra (LEC) permite calcular a quantidade ideal de itens a ser adquirida por pedido, de forma a minimizar os custos totais com estoque:
LEC = √[(2 × D × S) ÷ H]
Onde:
- D = demanda anual (quantidade total consumida ou vendida por ano)
- S = custo por pedido (valor gasto a cada nova compra realizada)
- H = custo de armazenagem por unidade ao ano (inclui espaço, seguro, obsolescência e capital investido)
Essa equação parte da ideia de que existe uma quantidade que equilibra os custos de pedir e estocar e é essa quantidade que o LEC calcula.
Entendendo cada variável
Para aplicar a fórmula corretamente, é fundamental compreender o que representa cada fator:
- Demanda anual (D)
Refere-se à quantidade total estimada de consumo ou vendas de um determinado item durante o ano. Quanto maior a demanda, maior tende a ser o lote econômico, já que o giro é mais rápido. - Custo por pedido (S)
Representa o custo fixo de cada processo de compra, independentemente da quantidade adquirida. Pode incluir despesas com emissão de pedido, frete mínimo, inspeção e tempo da equipe. - Custo de armazenagem anual por unidade (H)
Refere-se ao custo de manter uma unidade do item em estoque por um ano. Engloba gastos com espaço físico, seguro, controle, risco de deterioração e custo de oportunidade do capital.
Limitações da fórmula
Apesar de útil, o LEC parte de premissas simplificadas. Em alguns casos, essas condições não refletem a realidade operacional:
- Demanda constante
A fórmula assume que a demanda é estável ao longo do tempo. Se houver variações sazonais ou incertezas, o cálculo pode perder precisão. - Custo fixo por pedido
Supõe-se que o custo de cada pedido não muda, independentemente do volume ou da negociação com fornecedores. Na prática, isso pode variar com frequência. - Custo de armazenagem proporcional
A equação considera que o custo de manter o estoque é diretamente proporcional à quantidade. Em estoques compartilhados ou com flutuação de preços, essa proporcionalidade pode não se manter. - Prazo de entrega constante e sem restrições de volume
O modelo não leva em conta limites de fornecimento, prazos longos ou restrições logísticas que possam interferir na estratégia de compras.
Por essas razões, o LEC funciona melhor em cenários com previsibilidade operacional, sendo uma excelente referência para decisões de compra quando os dados estão sob controle.
Quando utilizar o cálculo do LEC
O uso do LEC é recomendado em contextos de demanda relativamente constante, quando a empresa precisa definir quantidades ideais de reposição para manter o estoque em níveis seguros, sem desperdiçar recursos.
É comum ver o LEC aplicado em empresas industriais, que dependem de insumos contínuos para produção, e também em operações de varejo, que precisam controlar o giro de mercadorias com atenção ao espaço e ao capital disponível.
Exemplo de cálculo do LEC
Imagine uma indústria alimentícia que utiliza sacos de farinha de trigo como insumo para a produção de pães e bolos. Essa empresa consome, em média, 24.000 sacos de farinha por ano.
- Demanda anual (D): 24.000 unidades
- Custo por pedido (S): R$ 200,00 (inclui transporte, emissão do pedido e conferência da carga)
- Custo de armazenagem por unidade/ano (H): R$ 5,00 (considerando espaço refrigerado, seguro e capital investido)
Aplicando a fórmula:
LEC = √[(2 × D × S) ÷ H]
LEC = √[(2 × 24.000 × 200) ÷ 5]
LEC = √(9.600.000 ÷ 5)
LEC = √1.920.000
LEC ≈ 1.385 sacos
Isso significa que o lote econômico para essa empresa é de aproximadamente 1.385 sacos de farinha por pedido.
Esse número orienta a frequência e o volume ideal de compras. Se a empresa consome 24.000 sacos ao ano e cada pedido deve ter cerca de 1.385 sacos, ela precisará realizar aproximadamente 17 pedidos por ano para manter o equilíbrio entre custos de armazenagem e de aquisição.
Isso evita que a empresa compre, por exemplo, 3.000 sacos de uma só vez, o que exigiria mais espaço de estocagem e maior custo de capital parado. Também impede que compre apenas 500 sacos por pedido, o que elevaria drasticamente os custos logísticos e administrativos.
O cálculo do LEC, nesse caso, permite uma gestão mais previsível do abastecimento e garante que a produção não sofra interrupções por falta de insumos, ao mesmo tempo em que reduz perdas financeiras com excesso de estoque.
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