Produção em Massa: diferenças em projetos
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08 de janeiro de 2016

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Produção em Massa: diferenças em projetos

O que é produção em massa?


A forma de operação de projetos difere, principalmente, em 4 pontos, entre os sistemas clássicos de produção em massa e os sistemas de produção enxuta: liderança, trabalho em equipe, comunicação e desenvolvimento simultâneo. Um trabalho melhor, com mais velocidade e produtividade pode ser obtido com o emprego de técnicas do lean a estes 4 pontos.



Como a Liderança se comporta?



  • Liderança: a gerência de projetos em um modelo enxuto é vista como de grande responsabilidade e possui várias prerrogativas, sendo o gerente incumbido da liderança de toda a equipe que irá tocar o projeto, sem a subordinação a um organograma puramente funcional, que o submeta a uma posição hierárquica inferior a dos gerentes de funções específicas e limite suas atribuições.

  • Nas típicas organizações que visam à produção em massa, contudo, o líder de um projeto é mais apropriadamente chamado de coordenador, com a função de convencer os membros da equipe a cooperarem. Assim, é uma atividade frustrante, em que o líder possui autoridade limitada, muitas vezes inferior à de um gerente funcional, sendo que muitas vezes seus méritos no sucesso do projeto passam despercebidos, mas o fracasso é facilmente atribuível a ele.


Como fica o Trabalho em Equipe?



  • Trabalho em equipe: em uma organização enxuta, uma equipe é estreitamente interligada. O gerente de projeto reúne uma equipe, que é alocada no projeto durante toda a sua duração, e esta equipe permanece completamente subordinada à autoridade do gerente. Em muitas organizações, quando a estrutura não é inteiramente voltada à organização de projetos, os membros da equipe provêm de todas as áreas funcionais da empresa, mantendo os seus vínculos com os departamentos funcionais.

  • Em uma típica estrutura baseada na produção em massa, o projeto é composto de pessoas provindas de vários departamentos funcionais que são emprestadas por um curto período de tempo, sendo que o próprio projeto pode transitar entre os departamentos, sendo operado por diversos grupos de pessoas diferentes durante sua existência.

  • Como a ascensão profissional depende do sucesso em cada área funcional, os membros do projeto dedicam-se a defender interesses individuais de sua respectiva área, sem se preocupar com os efeitos de sinergia e interação para o projeto como um todo. Isto prejudica o projeto como um todo, pois impede a troca de conhecimentos positiva entre os membros e, como a rotatividade destes é elevada, a saída de pessoas com conhecimentos importantes sobre o projeto é frequente.


Como se dá a Comunicação?



  • Comunicação: em projetos bem estruturados, facilitados pela produção enxuta, existe todo um plano de comunicações para o projeto. Decisões relevantes são tomadas logo de início, buscando o consenso, sem evitar os conflitos que surgem naturalmente da existência de diversos pontos de vista na equipe de projeto. Enquanto isso, projetos envolvendo a produção em massa enfrentam o desafio da falta de coesão no grupo, o que aumenta a relutância dos membros a provocarem um conflito e levando, por consequência, à postergação da tomada de decisões importantes.

  • Além disso, existe o problema com o fato de os profissionais se preocuparem mais com os interesses de seus respectivos departamentos: as decisões tomadas refletirão esses interesses, e a discussão das ideias pode acabar mesmo politizada pelas disputas entre as funcionalidades. Por sua vez, a transferência do projeto de um departamento a outro prejudica tanto a comunicação quanto a resolução de problemas. A demora no tempo de tomada de decisão também pode se refletir no contingente da equipe do projeto: enquanto que os que tomam decisões antes tendem a possuir um número maior de pessoas no início, na fase de decisões críticas, o atraso na tomada de tais decisões faz com que o maior número de pessoas alocadas ocorra tardiamente.


Como se dá o Desenvolvimento?



  • Desenvolvimento simultâneo: a troca de informações constante e a grande interação entre os membros da equipe de projeto permite suavizar os fluxos produtivos, permitindo a organização e divisão de tarefas paralelas, que podem ser realizadas simultaneamente. Por outro lado, este foco na alocação dos recursos visando à maior eficiência na realização do projeto não existe em um sistema de produção em massa, de modo que, em geral, o operador de uma atividade espera que o da atividade anterior conclua seu serviço.

  • A suavização do fluxo de trabalho, em um processo enxuto, permite a redução do tempo de projeto, racionalizando os esforços em torno dos gargalos, e evita períodos de sub-alocação, que podem ter a consequência drástica de levar a empresa a demitir funcionários, ou super alocação de pessoal, que faz com que seja necessário um número de pessoas além do que estava inicialmente previsto.


Estes são conceitos abordados no Green Belt e no Black Belt da FM2S.

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.