Pastoral da Criança: como disseminar melhorias?
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01 de julho de 2015

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Pastoral da Criança: como disseminar melhorias?

Como a Pastoral da Criança espalha melhorias?


Neste cenário, a maioria dos agentes da Pastoral da Criança que se mantêm competitivos, são aqueles que aplicam a melhoria contínua, aprendendo com seus erros e documentando todas as tentativas de melhoria, para que o aprendizado gerado pelas tentativas que não deram certo seja aproveitado posteriormente por todos na organização.


Com o crescimento das organizações, aliado a pressão cada vez maior pela redução nos custos, torna-se necessário, para a manutenção da competitividade, disseminar as melhorias para toda a organização. A melhora efetuada em determinado processo numa unidade do grupo, precisa ser disseminada a todas as demais, para que a redução nos custos e a melhora na qualidade sejam percebidas por todos os clientes.



Caminho


Para manter-se competitiva, a empresa como um todo deve ser capaz de adotar as inovações e as melhores idéias de forma rápida, acelerando seu processo de melhoria. A cooperação e a disseminação de idéias ou melhorias dentro de uma organização são fundamentais para a busca da excelência e a manutenção da vantagem competitiva da organização.


A mesma lógica se aplica às organizações filantrópicas, governamentais e não governamentais, que devem operar em regime de cooperação e disseminação de seus aprendizados e melhores práticas dentro da organização.


Para disseminar as práticas internamente, as organizações têm adotado a abordagem tradicional de difusão de melhorias do tipo top-down, que não tem logrado êxito em garantir que os membros as colocarão em prática. O maior problema com este tipo de estratégia está na falta de engajamento dos membros na aceitação de mudanças impostas pela direção, sem espaço para adequações ou sugestões, resultado de interpretação errônea sobre a cultura e ambiente na qual cada unidade da empresa está inserida.


É preciso uma metodologia eficiente de disseminação das melhores práticas da organização, que leve em consideração todos os envolvidos nos processos a serem melhorados e que rapidamente, disseminem o conhecimento da organização para todas suas unidades, permitindo quando necessário, a adequação das práticas à realidade local de cada unidade e mantendo um sistema de monitoramento dos indicadores, aferindo assim, o impacto de uma mudança em diferentes locais. O que vemos no Green Belt e Black Belt.



Pastoral da Criança


Um modelo eficiente e eficaz para a disseminação de inovações e novas idéias, é a chave para que as organizações consigam diminuir a diferença entre as melhores práticas e as suas práticas comuns, que são as que efetivamente são utilizadas pelas equipes dentro das organizações.


Apesar de clara a importância do compartilhamento das melhores práticas, as organizações encontram sérias dificuldades em disseminar as boas idéias. Algumas destas barreiras estão no potencial inovador da própria organização, na habilidade e na visão dos que tomam as decisões de se adotar uma nova ideia e nas características culturais e de infra-estrutura para suportar tais mudanças (MASSOUD et al, 2006). As dificuldades, em sua maioria, advêm da ineficácia do modelo pelo qual as pessoas costumam fazer melhorias, calcado na habilidade de cada setor de testar e implantar mudanças localmente, frente ao complexo desafio de coordenar esforços de melhoria quando múltiplos locais estão envolvidos.


Para isto Langley et al (2009) propõe um modelo para facilitar a disseminação das melhores práticas e idéias nas organizações, através de identificação de uma forte liderança, descrição das idéias e processos, desenvolvimento de um sistema social e mecanismos de feedback e medição.



Qual é a História da Pastoral da Criança?


A Pastoral da Criança é uma entidade idealizada em maio de 1982 em Genebra (Suíça), durante um debate sobre a fome e a miséria no mundo, pelo então Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns e por James Grant, à época diretor Executivo do UNICEF. Sua criação teve como principal objetivo, combater a mortalidade infantil e suas causas, com os parcos recursos existentes num país subdesenvolvido através da disseminação de princípios de medicina preventiva em contraposição ao status quo da época, que priorizava a medicina curativa, substancialmente mais dispendiosa.


A Pastoral da Criança, organismo de ação social da CNBB, alicerça sua atuação na organização da comunidade e na capacitação de líderes voluntários que ali vivem e assumem a tarefa de orientar e acompanhar as famílias vizinhas em ações básicas de saúde, educação, nutrição e cidadania tendo como objetivo o "desenvolvimento integral das crianças, promovendo, em função delas, também suas famílias e comunidades, sem distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político" (Artigo 2º do Estatuto).


Fundada em 1983, na cidade de Florestópolis, Paraná, pela médica sanitarista e pediatra, Dra. Zilda Arns Neumann, e pelo então Arcebispo de Londrina, hoje cardeal emérito, Dom Geraldo Majella Agnelo. A Pastoral da Criança hoje se faz presente em todos os estados brasileiros e em outros 11 países da África, Ásia, América Latina e Caribe.


Quais os objetivos estratégicos da Pastoral da Criança?



Visão


Trabalhamos por um mundo sem mortes materno-infantis evitáveis e onde todas as crianças, mesmo as mais vulneráveis, viverão num ambiente favorável ao seu desenvolvimento" (Cf. Isaías capítulo 65, a partir do versículo 16).



Missão


“Para que todas as crianças tenham vida em abundância” (Cf. Jo 10, 10).


A missão da Pastoral da Criança é promover o desenvolvimento das crianças, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, do ventre materno aos seis anos, por meio de orientações básicas de saúde, nutrição, educação e cidadania, fundamentadas na mística cristã que une fé e vida, contribuindo para que suas famílias e comunidades realizem sua própria transformação.



Crenças



  • Partilha e Solidariedade.

  • Deus se revela preferencialmente aos pobres.

  • Fé é Vida: vivenciar a fé, por meio de ações concretas na comunidade.

  • A glória de Deus é a vida.


Valores



  • Adesão à missão da Pastoral da Criança.

  • Ética (transparência, honestidade, justiça, equidade).

  • Simplicidade.

  • Não discriminação.

  • Compromisso com os resultados.

  • Perseverança.

  • Valorização das crianças, gestantes e das famílias.

  • Alegria em servir.

  • Multiplicar o saber.

  • Ir ao encontro, buscar proximidade.


O objetivo deste artigo é comparar o modelo de disseminação da Pastoral da Criança e do Adolescente com o modelo proposto por Langley et al (2009) para a disseminação das melhorias.


*Este artigo foi escrito para um congresso de Melhoria e Engenharia de Produção.

Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.