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Metodologias Ágeis

17 de outubro de 2018

Última atualização: 04 de junho de 2024

O que é Scrum: tudo o que você precisa saber!

O Scrum, em sua essência, é uma abordagem revolucionária para o gerenciamento e desenvolvimento de projetos, particularmente para o desenvolvimento de software. Essencial para navegar através da complexidade de tarefas e objetivos, ela facilita a entrega rápida de produtos de alta qualidade, promovendo uma colaboração efetiva e uma adaptabilidade sem precedentes diante de mudanças. 

Neste blog, exploraremos o conceito de Scrum, explorando os princípios fundamentais por trás desta framework e os diversos elementos que a compõem. Além disso, abordaremos as diferenças entre Scrum, Kanban e Ágil e um guia detalhado sobre como implementar a framework Scrum em seus projetos.

Descubra como o Scrum pode transformar a forma como sua organização planeja, executa e entrega projetos, garantindo resultados excepcionais e satisfação do cliente.

O que é Scrum?

Scrum é um framework de gerenciamento que as equipes usam para se auto-organizar e trabalhar em direção a um objetivo em comum. A estrutura descreve um conjunto de reuniões, ferramentas e funções para uma entrega eficiente de projetos. Assim como um time esportivo treina para um jogo importante, as práticas do Scrum permitem que as equipes promovam o autogerenciamento, aprendam com base nas experiências e se adaptem às mudanças. As equipes de software usam o Scrum para solucionar problemas complexos de maneira econômica e sustentável. O Scrum pode te ajudar a alcançar metas e gerar resultados e, assim como um Green Belt, participar das tomada de decisão no seu ambiente de trabalho.

Qual a função principal do Scrum?

O Scrum, amplamente reconhecida por sua eficácia na gestão ágil de projetos, é acompanhado por um vocabulário específico que fundamenta suas práticas e princípios. É através desses termos que o Scrum toma forma e funciona. Ao entender essas regras do jogo, você pode ver como o Scrum transforma ideias complexas em produtos prontos e de alta qualidade. Vamos explorar como  aplicar o Scrum: 

1. Papéis fundamentais no Scrum

Product Owner

É a ponte entre o cliente e a equipe de desenvolvimento e o ponto focal da responsabilidade e liderança do produto final, esse papel é crucial para definir a direção do projeto ao priorizar as tarefas no Product Backlog, garantindo que o trabalho esteja alinhado com as necessidades do mercado. Essa pessoa é quem apresenta as expectativas e funcionalidades requeridas ao projeto e produto, e também quem decide o que será feito em cada ciclo e em qual ordem de prioridade.

Sua presença em reuniões de Sprint traz aos participantes uma possibilidade de novos questionamentos, percepções e mudanças no projeto

Scrum Team

Uma equipe Scrum, de 6 a 10 pessoas, possui um aspecto multidisciplinar e suas responsabilidades são orientadas conforme suas especialidades e formas que podem contribuir para a construção, testes e entrega do produto final. 

A proposta é que todos atuem de maneira conjunta para o andamento do processo, ao mesmo passo que se auto gerenciam. Sempre, claro, com base nas propostas do Product Owner. 

Scrum Master

Essa pessoa é responsável por assegurar que a equipe respeite e siga os valores e práticas do Scrum. Esta é uma posição de liderança, pois é quem mantém uma linha de contato direta com o PO, mesmo fora das reuniões. Essa atuação de link entre as duas partes faz com que obstáculos e desvios sejam mitigados, da mesma forma que, caso algum atraso surja, o SM tenha tudo registrado para apresentar a todos na próxima reunião.

2. Artefatos do Scrum

Product Backlog

É uma lista que contém todas as funcionalidades desejadas para o produto final. Seu conteúdo é definido pelo Product Owner. Cabe a ele descrever para a equipe quais pontos priorizar, e cabe a equipe determinar quais desses pontos eles serão capazes de completar dentro do próximo (ciclo) Sprint.

Sprint Backlog

Consiste na lista de atividades que a equipe desenvolvedora (Sprint Team) será responsável por executar. Seus parâmetros são definidos após a apresentação da proposta vinda do responsável pelo projeto (Product Owner). A prioridade de cada tarefa e a quantidade de tarefas trazidas para essa etapa, é de responsabilidade do Scrum Master, que monitora e atualiza o cronograma.

Incremento

O conceito de Incremento é central no Scrum, que demonstra o progresso tangível de um projeto a cada ciclo de desenvolvimento, ou Sprint. Um Incremento é definido como a soma de todos os itens do Product Backlog que foram completados durante o Sprint atual, além dos incrementos de todos os Sprints anteriores. 

Essa agregação de valor garante que, ao final de cada Sprint, o produto esteja em um estado mais avançado e mais próximo da visão final desejada. 

Release Burndown

É um gráfico onde a equipe lista e monitora o progresso em relação às atualizações do plano após cada Sprint. O eixo horizontal do gráfico apresenta os Sprints, enquanto o eixo vertical descreve a quantia de trabalho que ainda resta. Essa porcentagem de trabalho restante pode ser apresentada em diferentes unidades como: dias ideias, team days, story points, etc. A ideia é manter a equipe inteirada do que falta e que esse monitoramento seja o mais visual possível.

Definition of Done (DoD)

A Definition of Done (DoD) é um acordo vital dentro das equipes Scrum, estabelecendo um entendimento comum de quando uma tarefa, história de usuário ou recurso está completo. É um conjunto de critérios pré-determinados e acordados pela equipe que precisa ser atendido para que um Incremento seja considerado finalizado. 

Esses critérios podem incluir aspectos técnicos, como passar em todos os testes automatizados, bem como requisitos de qualidade ou de conformidade. O propósito da DoD é garantir transparência e consistência na qualidade do trabalho entregue, facilitando a comunicação entre os membros da equipe e com os stakeholders, e ajudando a evitar mal-entendidos sobre o status das entregas.

3. Eventos do Scrum:

Daily Scrum

Também chamado de Daily Standup, consiste em uma breve reunião diária ( cerca de 15 minutos) na qual cada membro da equipe lista seu progresso na execução do projeto de forma rápida e transparente. 

A ideia é disseminar o conhecimento a respeito do que foi feito, bem como identificar impedimentos e desvios que prejudicaram o avanço. Essas reuniões geralmente acontecem pela manhã para que as prioridades do novo dia sejam estabelecidas a partir desses feedbacks.

Sprint

O Sprint representa um período de tempo no qual um conjunto de atividades deve ser desenvolvido. Sprints também são vistos como os ciclos de cada projeto, e o desenvolvimento de cada atividade é de, geralmente, 2-4 semanas de duração. Neste período a atividade deve ser concluída e preparada para a revisão.

Sprint Planning Meeting

É uma reunião de planejamento, ou momento de uma reunião Sprint, em que o responsável pela gerência ou cliente apresenta as funcionalidades de alta prioridade para a equipe desenvolvedora do projeto. Esse é o momento de dissecar a proposta para que os ciclos de trabalho sejam estabelecidos. Após essa partição de atividades, o Sprint Backlog toma forma.

Sprint Review Meeting

Trata-se de um momento durante a reunião do Sprint - mais comumente no fim - em que os participantes da equipe de desenvolvimento apresentam os resultados alcançados dentro daquele ciclo do projeto. A importância desse ponto é que assim que todos os resultados sejam apresentados e avaliados a equipe seguirá para o ciclo seguinte.

Sprint Retrospective

A Sprint Retrospective é uma reunião essencial que marca o fechamento de cada Sprint, ocorrendo após a Sprint Review e antes do próximo Sprint Planning. Este é um momento dedicado para a equipe refletir sobre o último Sprint — considerando o que funcionou bem, o que poderia ter sido feito de maneira diferente e como melhorar no próximo Sprint. 

objetivo da retrospectiva é avaliar o sucesso na entrega do Incremento, e examinar os processos, ferramentas e relações dentro da equipe, buscando maneiras de aumentar a eficiência, a eficácia e a coesão do grupo. 

Quais as diferenças entre Scrum e Kanban?

Embora ambas se alinhem com o objetivo comum de melhorar a eficiência e adaptabilidade das equipes, elas divergem significativamente em sua execução. O Scrum, com sua estrutura baseada em Sprints, oferece um ritmo previsível de trabalho e revisões regulares, ideal para projetos que se beneficiam de ciclos de feedback e planejamento fechados. Em contraste, Kanban privilegia a flexibilidade e o fluxo contínuo de trabalho, adaptando-se sem esforço às mudanças de prioridade e capacidade da equipe, sem a necessidade de reconfigurações periódicas. 

Enquanto o Scrum define papéis específicos dentro da equipe para otimizar a entrega, o Kanban permite uma abordagem mais fluida nas responsabilidades da equipe. Além disso, o Kanban se destaca na gestão do trabalho em andamento através de limites explícitos, promovendo um fluxo de trabalho equilibrado que evita sobrecargas.

Por fim, ambos abraçam a melhoria contínua, mas o fazem por meios distintos: o Scrum através de retrospectivas periódicas e o Kanban pelo ajuste constante dos processos. 

Quais os princípios do Scrum?

Transparência

As equipes trabalham em um ambiente no qual todos têm consciência dos desafios que os outros podem estar enfrentando. Conversas regulares entre os membros da equipe multifuncional e os responsáveis pelo projeto evitam falhas de comunicação e gargalos de informações.

Reflexão

Incorporam-se os pontos de reflexão frequentes ao framework para permitir que os membros da equipe revisem o próprio progresso. Os gerentes de projeto usam os insights dessas reuniões de revisão para fazer estimativas e planejar o futuro. Consequentemente, os projetos podem ser executados com mais eficiência, dentro do orçamento e dentro do prazo.

Adaptação

Os membros da equipe podem redefinir a prioridade das tarefas conforme as mudanças nos requisitos do cliente. Eles decidem quais tarefas serão concluídas primeiro e quais serão revisitadas futuramente.

Valores do Scrum para equipes de projeto

As equipes Scrum seguem cinco valores fundamentais.

Compromisso

Os membros da equipe Scrum se comprometem com tarefas e objetivos baseados em tempo e se dedicam a melhorar continuamente para encontrar a melhor solução.

Coragem

As equipes Scrum demonstram coragem ao fazer perguntas abertas e desafiadoras. Elas têm discussões honestas e transparentes para chegar à melhor solução.

Foco

Durante um período determinado, os membros da equipe trabalharão com base em um backlog de tarefas. O foco estará nas tarefas selecionadas para fornecer resultados dentro de um prazo limitado.

Abertura

Os membros da equipe Scrum são receptivos a novas ideias e oportunidades que corroborem com o aprendizado individual e a qualidade geral do projeto.

Respeito

Os membros da equipe respeitam os gerentes de projeto, os outros membros e o processo Scrum. Essa cultura de respeito cria um espírito de colaboração e cooperação mútua na equipe.

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Scrum e Agile Project Management, qual a relação?

A confusão entre Agile e Scrum é um equívoco frequente, no entanto, é crucial entender que eles se referem a conceitos distintos, apesar de estarem intrinsecamente ligados. 

Agile representa uma filosofia abrangente de desenvolvimento de software, que prioriza a entrega rápida e adaptável de valor ao cliente, fundamentada nos princípios do Manifesto Agile. Esta abordagem coloca ênfase nas pessoas, na colaboração e na capacidade de responder a mudanças, mais do que em processos rígidos e documentação extensiva. 

Em contraste, o Scrum é um subgrupo de agilidade, trazendo uma estrutura mais definida com papéis claros, ciclos de desenvolvimento fixos e práticas específicas para facilitar a gestão do projeto. Enquanto Agile é uma mentalidade que pode ser moldada a diferentes metodologias de trabalho, o Scrum oferece um conjunto concreto de ferramentas e práticas para implementar essa mentalidade de maneira eficaz.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.