projetos que não deram certo
Gestão de Projetos

15 de dezembro de 2017

Última atualização: 08 de maio de 2025

Quais os maiores fracassos em projetos que já existiram?

Mesmo com planejamento, recursos e equipes qualificadas, grandes projetos podem falhar. E não são poucos os casos. Governos, empresas de tecnologia, indústrias automotivas e até marcas consagradas já enfrentaram fracassos marcantes em projetos que prometiam inovação, mas resultaram em prejuízo e reputação abalada.

Entender os motivos dessas falhas ajudam a evitar erros semelhantes. Questões como escopo mal definido, cronogramas irreais, exclusão de partes interessadas ou decisões sem base técnica aparecem com frequência nesses exemplos.

Neste conteúdo, você verá alguns dos maiores fracassos em projetos já registrados de sistemas tecnológicos a lançamentos de produtos, com destaque para os aprendizados que cada caso trouxe. É uma oportunidade para refletir sobre o que pode comprometer a entrega e como a gestão de projetos pode evoluir a partir dessas experiências.

Quais os maiores fracassos em projetos?

Embora esta citação não seja um dogma, nem uma maneira desejável de obter sucesso, uma infinidade de empresas teve que experimentar e aprender com grandes fracassos. Encontrar e analisar os motivos do fracasso é uma parte crucial do ciclo de gerenciamento de projetos. Aqui estão exemplos das falhas de projetos mais desastrosas na história:

Sistema de Bagagem Automatizado do Aeroporto Internacional de Denver

Quem falhou?

Aeroporto Internacional de Denver (DIA), o maior dos Estados Unidos em área e um dos mais movimentados em volume de passageiros, foi o responsável pelo fracasso deste projeto.

O que tentavam alcançar?

O projeto, iniciado em 1991, visava automatizar completamente o sistema de manuseio de bagagens. A proposta incluía etiquetas com códigos de barras fixadas nas malas, que seriam transportadas por "Veículos Codificados de Destino". O objetivo era reduzir o tempo de conexão de voos e integrar os três terminais, oferecendo mais agilidade no check-in e na transferência de bagagens.

Por que o projeto fracassou?

O projeto falhou por quebra em todos os pilares da gestão de projetos: escopo, tempo, custo, qualidade e risco. A empresa contratada, BAE Systems, teve seus cronogramas ignorados pela gestão do aeroporto, que impôs um prazo de apenas dois anos considerado irreal pelos especialistas.

Além disso, o escopo foi subestimado e as principais partes interessadas, como as companhias aéreas, não foram envolvidas no planejamento. Isso resultou na ausência de recursos essenciais, como transporte adequado para bagagens grandes e áreas de manutenção acessíveis.

A má gestão levou à necessidade de refazer várias partes da obra já finalizada. O aeroporto teve sua inauguração adiada em 16 meses e sofreu prejuízos de aproximadamente US$ 2 bilhões. O sistema automatizado foi abandonado em 2005.

Lição aprendida:

Ignorar prazos realistas, excluir stakeholders e subestimar riscos pode comprometer totalmente um projeto de inovação. Uma governança eficaz e a integração de todos os envolvidos são fatores decisivos para o sucesso em projetos de grande escala.

Projeto de TI civil do NHS

Quem falhou?

Serviço Nacional de Saúde (NHS), sistema público de saúde do Reino Unido, considerado o maior e mais antigo do mundo.

O que tentavam alcançar?

O objetivo era criar o maior sistema de TI civil já desenvolvido, com a digitalização completa dos registros de pacientes, integração entre hospitais e serviços comunitários e padronização da gestão de dados de saúde em todo o país.

Por que o projeto fracassou?

O projeto enfrentou problemas em múltiplas frentes: mudanças constantes nas especificações técnicas, conflitos entre fornecedores, disputas contratuais e falhas graves de infraestrutura.

Além disso, houve falta de pesquisa adequada, cronogramas irreais e ausência de liderança efetiva. O projeto foi imposto de forma centralizada, desconsiderando as necessidades específicas de cada região do NHS. Isso dificultou a implementação prática e gerou resistência interna.

O resultado? Um dos maiores fracassos em projetos de tecnologia pública da história. Os prejuízos ao erário britânico são estimados em cerca de £10 bilhões, e o projeto foi amplamente criticado como um "desperdício escandaloso de dinheiro público".

Lição aprendida:

Grandes projetos de TI no setor público exigem planejamento baseado em realidade operacional, gestão de stakeholders e liderança técnica. A abordagem de cima para baixo, sem validação local, tende ao fracasso.

Projeto Stretch – Supercomputador da IBM

Quem falhou?

A responsável foi a IBM (International Business Machines Corporation), uma das maiores corporações de tecnologia do mundo, conhecida por sua liderança em inovação e engenharia.

O que tentavam alcançar?

O objetivo era criar o computador mais rápido e avançado da época: o supercomputador IBM 7030 Stretch. A promessa era de um desempenho de 100 a 200 vezes superior ao de qualquer concorrente, um salto tecnológico sem precedentes. Com isso, o projeto recebeu o nome “Stretch” para representar o esforço de “esticar” os limites da computação. O custo estimado por unidade era de US$13,5 milhões.

Por que o projeto fracassou?

O projeto enfrentou dificuldades técnicas severas, incluindo problemas no desenvolvimento de tecnologias inéditas, como um novo sistema de memória baseado em ferrite e transistores. Os cronogramas foram mal dimensionados, os custos ultrapassaram os limites esperados e, quando o produto foi lançado, seu desempenho real foi apenas 30 vezes superior ao anterior, muito abaixo do que havia sido prometido.

Isso foi considerado uma decepção, e a IBM precisou reduzir o preço das unidades já vendidas para US$7,78 milhões abaixo do custo de produção. Apesar disso, parte das tecnologias desenvolvidas no projeto seriam usadas em futuros sucessos da empresa.

Lição aprendida:

Expectativas infladas e metas técnicas pouco realistas podem comprometer o sucesso de um projeto, mesmo quando há avanços relevantes. Prometer mais do que se pode entregar é um risco recorrente em projetos de inovação.

Google Glass – Óculos inteligentes do Google

Quem falhou?

O projeto foi desenvolvido pela Google Inc., uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, conhecida por sua atuação em inovação e produtos digitais de alto impacto.

O que tentavam alcançar?

O objetivo era criar um dispositivo vestível revolucionário, que combinasse realidade aumentada, conectividade e comandos por voz em um par de óculos. O Google Glass prometia transformar a forma como as pessoas interagiam com tecnologia no dia a dia, permitindo navegação, gravação de vídeos, acesso a e-mails e outras funcionalidades diretamente na lente.

Por que o projeto fracassou?

produto chegou ao mercado em 2013 com forte apelo de inovação, mas rapidamente enfrentou críticas e rejeição por parte do público. Os principais fatores do fracasso foram:

  • Questões de privacidade, já que os usuários podiam gravar pessoas sem consentimento.
  • Preço elevado (US$ 1.500), o que limitou o acesso e criou um estigma elitista.
  • Design pouco atrativo e desconfortável para uso prolongado.
  • Falta de um propósito claro e utilidade real no dia a dia dos consumidores.
     

Além disso, não houve uma estratégia bem definida de lançamento, e o projeto foi oferecido a um público amplo antes de maturar como produto de nicho.

O resultado foi a retirada do Google Glass do mercado consumidor em 2015, sendo posteriormente redirecionado para aplicações industriais.

Lição aprendida:

Inovar sem validar as necessidades reais do usuário e sem considerar o contexto social pode levar ao fracasso, mesmo com alta tecnologia envolvida. A experiência do Google Glass mostra a importância de alinhar produto, público e momento de mercado.

Exemplos de projetos que não deram certo

1. Ford Edsel (1957)

Tentativa da Ford de lançar um modelo inovador entre o popular e o luxuoso. O nome incomum, design pouco atrativo e marketing mal executado tornaram o Edsel um símbolo clássico de fracasso em produto.

2. Sony Betamax (1975)

Embora tivesse melhor qualidade de imagem, perdeu para o VHS devido ao preço mais altomenor tempo de gravação, além do menor apoio de fabricantes de conteúdo.

3. Apple Lisa (1983)

Um dos primeiros computadores com interface gráfica. Apesar da inovação, o alto preço e a baixa performance frente aos PCs da IBM inviabilizaram sua adoção.

4. IBM PCjr (1984)

Computador pessoal voltado ao público doméstico. Era caro, incompatível com o software da época e tinha teclado de baixa qualidade. Foi descontinuado em menos de dois anos.

5. Polaroid – Filmes Instantâneos Domésticos (anos 1980)

Apesar da nostalgia, o sistema de revelação instantânea começou a ser visto como ultrapassado com o avanço da fotografia digital. A dificuldade de uso e a qualidade inconsistente das imagens colaboraram para a queda nas vendas.

6. Nova Coca-Cola (1985)

A tentativa da Coca-Cola de mudar sua fórmula tradicional gerou rejeição imediata do público. Após forte pressão, a empresa voltou à fórmula original, agora chamada de “Coca-Cola Classic”.

7. DeLorean DMC-12 (1981–1983)

Apesar do design futurista e da fama em filmes, o carro sofreu com problemas mecânicos e alto custo. A prisão do fundador por tráfico de drogas selou o destino da marca.

8. McDonald’s Arch Deluxe (1996)

O hambúrguer foi lançado para atrair um público adulto, mas os consumidores não aceitaram pagar mais por um sanduíche pouco diferente dos demais do cardápio.

9. Fiat Tipo (nacional, 1996–1997)

Após sucesso como importado, a versão nacional chegou atrasada e sofreu com problemas recorrentes de incêndio, o que comprometeu sua imagem.

10. IBM Stretch – Supercomputador (1959–1961)

Fracassou por não atingir o desempenho prometido e ter custo elevado. Apesar disso, influenciou futuras inovações na arquitetura de computadores.

11. Fiat Brava (1999–2003)

Nacionalizado com atraso e sem diferencial competitivo. Suas vendas foram baixas mesmo após ajustes mecânicos, e saiu de linha com desempenho muito inferior ao do concorrente Astra.

12. Chevrolet Vectra Hatch (2007–2011)

Vendida como sucessora do Astra, mas com mesmas características técnicas e preço bem mais alto. O mercado percebeu a falta de evolução e rejeitou o modelo.

13. Google Glass (2013–2015)

Óculos inteligentes promissores, mas problemas de privacidade, usabilidade e preço alto frustraram os consumidores. Foi retirado do mercado e redirecionado para uso industrial.

14. Cyberpunk 2077 (lançamento: 2020)

O jogo da CD Projekt Red teve expectativas altíssimas e muitos bugs no lançamento. Mesmo após anos de desenvolvimento, foi retirado temporariamente da PlayStation Store.

15. Projeto Quibi (2020)

Serviço de streaming de vídeos curtos, com mais de US$ 1 bilhão em investimento. Faltou aderência ao público e modelo de negócio viável, encerrando em menos de 1 ano.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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