Case Yellow Belt: mais faturamento e menos filas
Seis Sigma

04 de setembro de 2018

Última atualização: 11 de setembro de 2025

Case Yellow Belt: mais faturamento e menos filas

Reduzir o tempo de espera, aumentar o faturamento e organizar o atendimento são desafios comuns em restaurantes com alta demanda e pouco tempo para servir.

Mesmo com esforço da equipe, decisões baseadas em achismos nem sempre geram resultado. Foi o que aconteceu no restaurante Peixe Fresco, até a aplicação do Yellow Belt (Seis Sigma) mudar esse cenário.

Neste conteúdo, você vai ver como a metodologia foi usada para testar melhorias simples, com dados e participação da equipe. O resultado? Redução de filas, entregas mais rápidas e faturamento em alta, sem grandes investimentos.

Restaurantes cheios, filas longas e faturamento em queda: um problema comum

O cenário é familiar para quem trabalha no setor de alimentação. Restaurante cheio, fila na porta e uma equipe correndo contra o tempo. Mas, em vez de lucro garantido, o resultado pode ser outro: clientes insatisfeitos, perda de vendas e queda no faturamento.

Em ambientes onde o almoço precisa caber em uma janela de 45 minutos, esperar 15 minutos por um pedido não é uma opção viável para o consumidor. Muitos desistem antes mesmo de sentar e buscam por outro lugar que atenda seus requisitos. Isso afeta diretamente a rotatividade das mesas, o desempenho da equipe e a imagem do negócio.

Problemas como esse estão diretamente ligados à experiência do cliente. E essa experiência depende de processos internos. Atendimento desorganizado, comunicação falha e decisões baseadas em achismo aumentam o tempo de espera e reduzem a eficiência operacional.

É aqui que metodologias estruturadas, como o Yellow Belt do Seis Sigma, fazem a diferença. Com foco em dados e melhoria contínua, essa abordagem permite identificar problemas, testar mudanças com baixo custo e medir resultados.

O que é o Yellow Belt e por que ele funciona em serviços como restaurantes?

Diante dos problemas mencionados, entre eles as filas longas e o faturamento em queda, a solução pode não estar em contratar mais funcionários ou ampliar o espaço físico. Antes disso, é preciso entender onde estão os gargalosquais mudanças realmente fazem diferença no dia a dia do atendimento

É nesse ponto que entra o Yellow Belt, uma formação que integra os fundamentos do Seis Sigma com uma abordagem de melhoria contínua.

Voltado para profissionais que atuam diretamente nos processos, o Yellow Belt ensina como identificar problemas, testar soluções e acompanhar os resultados com objetividade. Ele utiliza ferramentas simples, como o ciclo PDSA (Planejar, Executar, Estudar e Agir), para aplicar pequenas mudanças e avaliar seus efeitos antes de tomar decisões maiores.

Embora tenha surgido na indústria, essa metodologia se adapta com eficiência ao setor de serviços, especialmente em ambientes como restaurantes, onde a agilidade e a experiência do cliente impactam diretamente o faturamento. 

No caso do restaurante Peixe Fresco, foi exatamente essa lógica que orientou as decisões: observar o processo, levantar hipóteses e testar mudanças que pudessem ser implementadas sem grandes investimentos.

Case do Restaurante Peixe Fresco: como tudo começou

A equipe do restaurante Peixe Fresco enfrentava um desafio que muitos gestores de serviço conhecem bem. Mesmo com boa localização, comida elogiada e clientela fiel, os resultados não batiam com o potencial.

Ao aplicar os primeiros conceitos do Yellow Belt, os dados confirmaram a percepção do time: o tempo médio de espera no salão ultrapassava 14 minutos nos horários de pico. Para um público que tinha cerca de 45 minutos para almoçar, esse número era suficiente para causar desistências. Clientes chegavam, olhavam a fila e simplesmente iam embora.

E o problema não parava no atendimento presencial. As entregas via aplicativo também apresentavam atraso, com média acima de 50 minutos, comprometendo a qualidade da experiência para quem optava pelo delivery. Além de impactar a satisfação, o atraso gerava avaliações negativas e perda de recorrência.

Em pouco tempo, o reflexo foi direto no faturamento: queda de 30% em três meses. A equipe se esforçava, mas não conseguia entender o que estava travando o processo. Havia muitos achismos e poucas evidências.

Foi nesse contexto que surgiu a necessidade de estruturar um projeto de melhoria. A partir disso, o ciclo PDSA foi adotado como ferramenta central para analisar o processo, testar hipóteses e acompanhar os efeitos de cada mudança.

Planejamento com Yellow Belt: hipóteses e definição de metas

Com o problema mapeado, o próximo passo foi iniciar a etapa de Planejamento do ciclo PDSA, estruturando as ações com base em dados e conhecimento do time.

A equipe começou coletando informações sobre o tempo total entre a chegada do cliente e o início da refeição, tanto no salão quanto no delivery. 

A equipe também ouviu os colaboradores diretamente envolvidos nas etapas do atendimento. Garçons, operadores de caixa, cozinheiros e entregadores foram convidados a relatar os principais pontos de lentidão percebidos no dia a dia. Isso permitiu um melhor insight para analisar as etapas internas: recebimento do pedido, tempo de preparo, organização nos caixas e entrega ao cliente ou motoboy. Todos os tempos foram registrados manualmente, em diferentes turnos e dias da semana, para garantir representatividade.

Com os dados em mãos, surgiram algumas hipóteses operacionais que poderiam explicar os atrasos:

  • Baixa organização nas filas e confusão nos caixas;
  • Ausência de um canal de pré-pedido, que fazia com que todos os pedidos fossem feitos apenas no balcão;
  • Falta de padronização na montagem dos pratos;
  • Processos pouco claros na separação de pedidos do delivery.

A principal ideia levantada foi simples: antecipar o pedido via WhatsApp, permitindo que o cliente fizesse a escolha ainda na fila ou antes de sair do trabalho. Isso reduziria o tempo parado entre a chegada e o início do atendimento. Também foi considerado melhorar a comunicação com os entregadores e criar uma lógica de produção mais linear para os pratos com maior demanda.

A definição das metas seguiu uma abordagem realista:

  • Reduzir o tempo médio de espera no salão para menos de 7 minutos;
  • Diminuir o tempo de entrega via aplicativo para até 35 minutos;
  • Aumentar a rotatividade de mesas em pelo menos 20%.

Esses indicadores seriam monitorados ao longo de três semanas, período suficiente para observar os efeitos das mudanças com segurança e ajustar o que fosse necessário antes de torná-las definitivas

Execução e testes: mudanças aplicadas no dia a dia do restaurante

Com as hipóteses definidas e os indicadores estabelecidos, a equipe partiu para a fase de execução. O objetivo era testar mudanças pontuais, com baixo custo e rápida aplicação, para entender o impacto real de cada ação no tempo de atendimento.

A primeira medida adotada foi a criação de um canal de atendimento via WhatsApp. Os clientes passaram a visualizar o cardápio antes de chegar ao restaurante e podiam enviar o pedido com antecedência. Isso permitiu à equipe da cozinha iniciar o preparo antes mesmo do cliente se dirigir ao balcão, reduzindo o tempo total de espera.

Em paralelo, foram implementadas duas outras mudanças:

  • Reorganização dos caixas, separando as funções de recebimento e conferência dos pedidos para evitar acúmulo de tarefas em um único ponto;
  • Padronização da montagem dos pratos mais vendidos, com kits de ingredientes pré-preparados, facilitando a agilidade da cozinha.

No delivery, a equipe passou a separar os pedidos, priorizando aqueles com maior tempo de espera acumulado. Também foi reforçada a comunicação com os entregadores, garantindo que não houvesse acúmulos desnecessários na expedição.

Essas alterações foram testadas ao longo de três semanas, mantendo o acompanhamento diário e o registro visual do desempenho, tanto no salão quanto nas entregas.

O foco estava em avaliar o efeito das mudanças sobre os indicadores definidos, sempre com a participação ativa da equipe, que dava feedback constante sobre o que estava funcionando e o que precisava ser ajustado.

Análise dos resultados: o que os dados revelaram?

Ao final das três semanas de testes, os dados coletados mostraram uma mudança significativa no desempenho do restaurante, tanto no atendimento presencial quanto nas entregas.

Com a adoção do WhatsApp para antecipar pedidos e a reorganização dos processos internos, o tempo médio de espera no salão caiu de 14 para 5 minutos. A rotatividade das mesas aumentou, permitindo que mais clientes fossem atendidos no mesmo período, sem sobrecarregar a equipe.

No delivery, a combinação entre comunicação mais clara com os entregadores e organização da expedição resultou em uma redução no tempo médio de entrega de 53 para 36 minutos, dentro da meta estabelecida.

Essas melhorias refletiram diretamente no faturamento: o restaurante registrou um aumento de 30% na receita mensal logo após a implementação das mudanças. Além disso, a percepção dos clientes também mudou. As reclamações por demora diminuíram, e os retornos positivos nas redes sociais e nos aplicativos de entrega cresceram.

Abaixo, um resumo comparativo dos principais indicadores antes e depois da aplicação do ciclo PDSA:

Indicador

Antes

Após 3 semanas

Tempo médio de espera (salão)14 minutos5 minutos
Tempo médio de entrega (app)53 minutos36 minutos
Faturamento mensalBase histórica+30%
Reclamações por demoraFrequentesRedução significativa

 

 

 

 

 

 

A aplicação do Yellow Belt, com foco em testes rápidos e análise objetiva, permitiu confirmar quais mudanças realmente traziam impacto prático e evitou investimentos desnecessários em ações de pouco efeito.

O que foi mantido, ajustado e expandido após os testes?

Com os resultados positivos confirmados, chegou o momento de decidir o que passaria a fazer parte da rotina do restaurante. A equipe avaliou o desempenho de cada ação e definiu quais iniciativas seriam mantidas, quais precisariam de ajustes e quais poderiam ser expandidas para outras áreas do negócio.

A principal mudança incorporada de forma definitiva foi o atendimento via WhatsApp, que passou a ser utilizado não apenas para pedidos antecipados no salão, mas também como canal complementar para retirada no balcão. A aceitação dos clientes foi alta, e a equipe passou a integrar esse atendimento ao fluxo diário com facilidade.

organização dos caixas, inicialmente testada com divisão entre recebimento e conferência, foi mantida com pequenos ajustes. Nos horários de maior movimento, a operação passou a contar com um funcionário extra, deslocado de outras funções em turnos de pico, sem necessidade de contratação.

Já a padronização dos pratos mais vendidos foi estendida para outros itens do cardápio, com a criação de um sistema de pré-preparo simples, o que ajudou a manter o ritmo de produção mesmo em dias de alta demanda.

No delivery, a lógica de priorização por tempo de pedido foi mantida, mas passou por revisão após feedbacks dos entregadores. Com pequenas alterações na comunicação interna, foi possível manter a eficiência sem aumentar o tempo de espera no local de retirada.

Por que a melhoria funcionou?

O sucesso das mudanças implementadas no Restaurante Peixe Fresco não veio de ações complexas ou investimentos altos. O diferencial esteve na forma como as decisões foram tomadas.

A aplicação do ciclo PDSA, como ensinado no Yellow Belt, permitiu validar hipóteses antes de torná-las definitivas. Quando algo funcionava, era mantido. Quando não, era ajustado, sem achismos e sem desperdício de tempo ou recursos.

Esse tipo de abordagem é totalmente aplicável a outros serviços, principalmente em contextos com atendimento ao cliente e variação de demanda, como academias, clínicas, supermercados ou centros de distribuição.

Entre as lições mais relevantes que esse case traz para outros negócios, destacam-se:

  • Ouvir a equipe que opera os processos diariamente ajuda a identificar gargalos invisíveis para quem está distante da rotina;
  • Mapear e medir os tempos de atendimento e entrega permite atacar os pontos que mais impactam a experiência do cliente;
  • Melhorias simples, de baixo custo, quando bem testadas, geram resultados significativos;
  • Testar antes de padronizar reduz riscos e aumenta a chance de sucesso nas mudanças.

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A rotina do Restaurante Peixe Fresco mudou a partir de uma decisão simples: aplicar uma metodologia prática, de fácil entendimento e que valoriza o conhecimento de quem vive o processo no dia a dia.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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