Meritocracia
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07 de setembro de 2016

Última atualização: 08 de maio de 2023

Meritocracia: será que todos concordam com este conceito?

A palavra meritocracia envolve muito além do que o seu conceito. É um sistema social rodeado por polêmicas e discussões quanto a sua viabilidade. Alguns acreditam e defendem, outros questionam veemente. Reconhecer atitudes meritocráticas, é fácil. Difícil é tomar opiniões sobre.

Neste artigo, nós iremos explorar os pontos de vista sobre a meritocracia, se é justa ou não, se é viável, quais as críticas e como funciona para que você tenha uma melhor compreensão sobre o termo.

O que é meritocracia? Qual é o seu conceito?

Meritocracia é recompensar os funcionários com base no desempenho, a fim de produzir uma organização exemplar e resultados excelentes. Se eu perguntar para um grupo de pessoas quem é contra a meritocracia, duvido que alguém irá erguer a mão. Este é o tipo de conceito que ninguém tem coragem para mostrar-se contra, não num primeiro momento. Por quê?

Em qualquer empresa que possua mais que um pequeno grupo de funcionários, existem, inevitavelmente, alguns que se situam abaixo do padrão, especialmente se os padrões são altos como deveriam ser. E, é impossível convencer a todos que você realmente acredita em meritocracia, se aqueles cujo desempenho é baixo conseguem se manter no emprego e receber o salário.

Se você selecionar bem (o que muitos não fazem), dar bons treinamentos e saber como motivar seus funcionários, raramente terá de demitir alguém. Os padrões que adotamos são tão altos que nosso “turnover” é baixo. Nunca demitir ninguém, porém, é um erro, pois induz a um comportamento não eficiente na empresa.

Como é a meritocracia no Brasil?

A meritocracia no Brasil é um assunto muito debatido e controverso. Na teoria, a meritocracia se baseia na ideia de que as pessoas devem ser recompensadas e promovidas de acordo com seu mérito, habilidade e desempenho. No entanto, na prática, a meritocracia no Brasil muitas vezes não funciona dessa maneira.

Sabemos que para a meritocracia ser válida, todos devem ter a mesma chance na corrida para o sucesso, mas no Brasil, isso não ocorre devido a desigualdade social.

Todos os fatores que influenciam o sucesso de uma pessoa como sua origem social, raça, gênero, acesso a educação de base e oportunidades, compõem um quadro de desigualdade no Brasil, formando barreiras que essas pessoas dificilmente conseguem romper.

Além disso, muitas vezes há um alto grau de nepotismo, favorecimento e corrupção em diversos setores da sociedade brasileira, o que dificulta o avanço de pessoas com base no mérito.

É importante ressaltar que a falta de uma meritocracia efetiva pode ter impactos negativos não apenas na justiça social, mas também na economia e no desenvolvimento do país, uma vez que a falta de oportunidades e incentivos pode desencorajar a inovação, o empreendedorismo e a criatividade.

Por que a meritocracia é considerada um mito?

A meritocracia é considerada um mito porque assume que as pessoas têm as mesmas oportunidades de sucesso, o que não é verdade na realidade. 

Fatores como raça, gênero, classe social e acesso a recursos afetam significativamente as oportunidades que uma pessoa tem na vida. Além disso, muitos dos supostos méritos que levam ao sucesso, como educação e experiência, são frequentemente afetados por fatores externos, como acesso a recursos financeiros e sociais, além de preconceitos e discriminação. 

A meritocracia, portanto, não leva em conta a influência desses fatores externos na obtenção de sucesso, tornando-se uma ideia ilusória de justiça e igualdade de oportunidades.

Então a meritocracia não é justa?

A meritocracia não é tão simples quanto parece. Existem muitas críticas em relação a este sistema. Por um lado, a meritocracia é vista, pela maior parte das pessoas, como justa porque incentiva a competição saudável entre os indivíduos. 

Em uma sociedade meritocrática, na qual todos os membros dessa sociedade realmente tem oportunidades iguais, aqueles que trabalham duro e possuem talento são incentivados a se esforçar ainda mais para alcançar suas metas. Isso leva a uma maior inovação, criatividade e produtividade, o que pode beneficiar toda a sociedade.

Quais são as críticas à meritocracia?

No entanto, a meritocracia também tem suas críticas. Em primeiro lugar, ela pode criar desigualdades sociais. Aqueles que não têm as mesmas oportunidades desde o início ou não possuem o mesmo nível de talento têm menos chances de sucesso e podem ficar para trás. Isso pode levar a uma sociedade dividida, onde os ricos ficam mais ricos e as pessoas de baixa renda, mais pobres.

Além disso, a meritocracia pode levar a um ambiente competitivo tóxico, onde os indivíduos se preocupam apenas com o seu próprio sucesso, em detrimento do bem-estar dos outros. Isso pode levar a uma cultura de individualismo, que não é saudável para a sociedade como um todo.

A meritocracia não leva em consideração fatores externos que podem afetar a capacidade de um indivíduo de ter sucesso. Questões como raça, gênero, classe social e educação podem afetar a capacidade de uma pessoa de ter sucesso, mesmo que ela possua talento e trabalhe duro. Isso significa que a meritocracia pode ser injusta e não levar em consideração a desigualdade social que existe na sociedade.

A meritocracia funciona na prática?

Na teoria, a meritocracia parece uma solução justa e eficaz para muitos problemas sociais, como a desigualdade de oportunidades e a injustiça social. No entanto, na prática, a meritocracia pode apresentar limitações e desafios que impedem sua eficácia, inclusive na questão da justiça social.

Um dos principais desafios da meritocracia, na prática, é que nem todos têm as mesmas oportunidades de sucesso. As oportunidades podem ser influenciadas por fatores externos, como a posição social, a raça, o gênero e a educação. Assim, aqueles que vêm de uma posição social mais privilegiada têm uma vantagem inicial na corrida pelo sucesso, o que pode distorcer a competição e minar a ideia de meritocracia.

Outro desafio da meritocracia é que ela pode levar a uma homogeneização das elites. Se apenas aqueles que são mais habilidosos e trabalham mais duro têm a oportunidade de avançar, isso pode levar a um empobrecimento da diversidade de ideias e perspectivas na sociedade. 

Apesar desses desafios, a meritocracia pode funcionar, na prática, se for implementada de maneira justa e equilibrada. Isso pode incluir políticas que buscam reduzir a desigualdade de oportunidades, como ações afirmativas e programas de bolsas de estudo. Além disso, é importante reconhecer que o sucesso é influenciado por fatores externos, como a sorte e as condições econômicas e sociais, e que esses fatores devem ser levados em consideração ao avaliar o mérito individual.

Como funciona a meritocracia no trabalho?

Em uma meritocracia, todos têm o direito de expressar suas opiniões e são encorajados a compartilhar abertamente e com frequência. Essas opiniões são ouvidas e as decisões são então feitas com base nas opiniões que são consideradas as melhores. É importante entender que uma meritocracia não é uma democracia. Não há "decisão por consenso"; nem todos têm votação. Esta é a distinção fundamental da meritocracia. Enquanto todos têm voz, alguns são ouvidos mais do que outros.

Aqui está o cerne de uma meritocracia:

  • Quem decide quem é ouvido?
  • Quem decide quais ideias são as melhores?

Em muitas empresas de tecnologia que empregam uma meritocracia, as pessoas forjam seu próprio caminho para a liderança, não apenas trabalhando duro e inteligente, mas também expressando ideias únicas que têm a capacidade de impactar positivamente sua equipe e sua empresa.

Caminhos inteiros foram pavimentados, porque uma única pessoa falou quando era importante, ganhou confiança e respeito suficientes pelos companheiros de equipe e, como resultado, conseguiram influenciar a direção de uma iniciativa.

Como funciona a meritocracia e os desligamentos?

Cada demissão tem um “profundo” efeito colateral sobre o resto da organização. Parece que todos os outros redobram seus esforços, como diria Bob Fifer. Este aumento no esforço, principalmente no escalão mais baixo, advém do medo de perder o emprego. Já o escalão superior, mais seguro em seu emprego, se sente encorajado quando veem que o mau desempenho não fica impune. A demissão de um funcionário ruim estimula os outros a produzir mais em benefício da empresa.

Numa empresa, haviam dois gerentes de alto nível. Um deles, tinha um talento inato, trabalhava bem, mas não se sentia estimulado a desenvolver todo o seu potencial. Tentava-se de tudo, mas não conseguiam melhorar os resultados deste gerente. O outro, não produzia. Fazia muita onda, parecia sempre muito ocupado, mas em nada contribuía para os lucros da empresa. Era o famoso rei do “xablau” ou, como alguns gostavam de comentar, muito cocoricó e pouco ovo.

Depois de muito pensar, o diretor pediu ao rei da onda que fosse surfar, demitindo-o. Uma semana depois, o bom gestor ficou preocupado em ser demitido também. Para acalmá-lo, o diretor fez uma lista de cinco coisas que ele precisava fazer para não ser demitido. Seguindo a lista ao pé da letra, ele passou a ter excelente desempenho e transformou-se num valioso membro da organização.

Este gestor sempre possuíra aquele talento. Mas enquanto acreditou em poder trabalhar menos e ser tratado como todos os outros, trabalhou menos. Quando ele viu que a empresa se pautava pela meritocracia, na qual o bom desempenho era recompensado e o mau desempenho levava à demissão, seu bloqueio desapareceu e seu talento veio à tona.

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Como o RH Estratégico funciona na meritocracia?

Se você não nunca despede um colaborador, não pode transformar sua empresa em um exemplo e, certamente, não irá maximizar seus lucros.

Para mim, o RH estratégico, muito em moda nas palestras e mídia agora, deveria focar na manutenção de um “turnover” meta na casa de 9% ao ano. E como garantir este resultado? Você pode me dizer: não demitindo ninguém. Concordo, mas isto irá impactar em todas as outras metas da empresa, seja no crescimento do faturamento ou nas metas de redução de custos. Então, como melhorar este indicador?

Melhorando os processos de contratação, treinamento e motivação da equipe. Para mim, se você contrata mal, é difícil treinar e motivar esta pessoa. Se contrata bem, mas não a treina, uma pessoa da geração Y irá pensar: estou estagnado nesta empresa, logo, vou pedir a conta. Se contrata certo, treina, mas não motiva, ele entregará um resultado aquém do esperado, o que impactará suas metas. Com um resultado aquém, um bom funcionário que acredita na meritocracia, pedirá a conta ou será demitido. O que é ruim.

Então, aproveite e revise seus processos. Estou cansado de ver exemplos de pessoas que estão longe dos padrões desejados pela empresa, mas que continuam lá por serem amigas da diretora. Isto não pode numa empresa que acredita na meritocracia. Mas o salário desta pessoa é baixo, não vai impactar muito no caixa da empresa. Concordo, mas vai impactar na motivação da equipe. Um talento, que adora trabalhar em 110% do seu potencial e convive com uma colega assim, se desmotiva. E, não motivar, é um dos 3 processos fundamentais da empresa.

Como fazer uma Contratação?

O mesmo eu vi no que tange a contratação. Contratar é um processo, não é “chamar pessoas próximas que precisam de emprego”. Há muitos empresários que não se dedicam ao processo de contratação de novos funcionários. Acho um risco, pois é um processo extremamente importante.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.