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Gestão de Projetos

19 de dezembro de 2017

Última atualização: 22 de janeiro de 2024

Lean Seis Sigma: como implantar a metodologia na empresa?

A implementação do Lean Seis Sigma nas empresas representa uma poderosa estratégia para melhorar a eficiência, qualidade e satisfação do cliente, ao mesmo tempo que reduz custos e desperdícios. Esta abordagem combina os princípios do Lean Manufacturing, focado na eliminação do desperdício, com a metodologia Seis Sigma, que visa a redução de variações nos processos empresariais.

Como planejar a Implantação do Lean Seis Sigma na empresa?

A implementação do Lean Seis Sigma em uma empresa é um processo estratégico que requer comprometimento, principalmente da gestão. Para planejar efetivamente a implantação do Lean Seis Sigma, é necessário seguir um conjunto detalhado de etapas e como essa é uma especialidade da FM2S, vamos guiar você!

Cada etapa é fundamentada em princípios sólidos de gestão e melhoria contínua. Vamos lá?

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1. Comprometimento da alta direção

O primeiro passo para uma implementação bem-sucedida do Lean Seis Sigma é garantir o comprometimento total da alta direção. A liderança deve estar plenamente convencida dos benefícios que a metodologia pode trazer para a organização. 

Este compromisso se manifesta através do fornecimento de recursos, definição de metas claras e apoio constante ao longo do processo de implementação. 

A liderança também deve estar preparada para promover uma cultura de melhoria contínua e aprendizado, essencial para a sustentabilidade das iniciativas Lean Seis Sigma.

2. Formação e capacitação

A formação de uma equipe dedicada ao Lean Seis Sigma é crucial. Isso inclui a capacitação de especialistas internos, conhecidos como Green Belts, Black Belts e Master Black Belts, que liderarão os projetos de melhoria. 

Estes profissionais devem receber treinamento específico não apenas nas técnicas e ferramentas do Lean Seis Sigma, mas também em habilidades de liderança e gestão de mudanças, para que possam guiar a organização através do processo de transformação.

3. Seleção e priorização de projetos

A seleção cuidadosa de projetos é fundamental para o sucesso do programa Lean Seis Sigma. Os projetos devem ser escolhidos com base em seu potencial de impacto no desempenho organizacional, alinhamento com os objetivos estratégicos e capacidade de demonstrar rapidamente resultados positivos. 

A utilização de critérios objetivos e a realização de análises preliminares podem ajudar na priorização dos projetos que oferecem o maior retorno sobre o investimento.

4. Implementação da metodologia

A implementação efetiva do Lean Seis Sigma segue uma metodologia estruturada, geralmente o DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar, Controlar) para projetos de melhoria de processos ou o DMADV (Definir, Medir, Analisar, Desenhar, Verificar) para desenvolvimento de novos produtos ou processos. 

Cada fase do DMAIC ou DMADV requer uma abordagem sistemática e o uso de ferramentas específicas para identificar e resolver problemas, reduzir desperdícios e eliminar defeitos.

5. Monitoramento e controle

Após a implementação de melhorias, é essencial estabelecer sistemas de monitoramento e controle para garantir a sustentabilidade dos ganhos alcançados. 

Isso pode incluir a definição de indicadores-chave de desempenho (KPIs), a realização de auditorias regulares e o uso de painéis de controle para acompanhar o progresso. 

A capacidade de responder rapidamente a desvios ou problemas emergentes é crucial para manter os benefícios a longo prazo.

6. Cultura de melhoria contínua

Por fim, a implementação bem-sucedida do Lean Seis Sigma exige a criação de uma cultura organizacional que valorize a melhoria contínua, a inovação e a excelência operacional. 

Isso envolve não apenas a formação e capacitação de funcionários em todos os níveis, mas também a promoção de uma mentalidade aberta à mudança, ao aprendizado constante e à colaboração entre departamentos.

Como o sucesso vem do planejamento?

Empresas de sucesso dedicam muito tempo ao planejamento. Isso inclui orçamentos, produção e lançamento de novos produtos. Planejar cuidadosamente cada etapa é fundamental para o crescimento e a eficiência.

Contudo, muitas organizações falham em aplicar a mesma rigidez ao processo de melhoria contínua. O Lean Seis Sigma, com suas técnicas e práticas, promove uma abordagem estruturada para a melhoria contínua, mas nem sempre é integrado de forma eficaz nos planos de negócios.

Os especialistas em Lean Seis Sigma, conhecidos como Green Belts e Black Belts, são treinados no ciclo PDCA (planejar, fazer, checar, agir). No entanto, frequentemente, eles são pressionados a realizar projetos mal planejados que não se alinham com os objetivos de longo prazo da empresa. Isso resulta em soluções temporárias que não sustentam melhorias significativas ou duradouras.

A chave para uma melhoria contínua bem-sucedida é a integração cuidadosa do Lean Seis Sigma no ciclo de planejamento de negócios. Sem essa integração, as iniciativas de melhoria tendem a falhar, pois não estão alinhadas com a estratégia geral da empresa.

Portanto, para empresas que buscam melhorar constantemente e alcançar resultados de longo prazo, adotar o Lean Seis Sigma dentro de uma estrutura de planejamento bem pensada é essencial. Isso não apenas resolve problemas de forma reativa, mas também promove uma cultura de melhoria proativa e estratégica.

Existem falhas no Lean Seis Sigma?

Integrar completamente o Lean Seis Sigma nos planos de negócios das organizações é um desafio comum. Frequentemente, a confiança é um fator crítico, especialmente com programas novos ou quando liderados por consultores externos, levando a hesitação em compartilhar planos estratégicos.

Contudo, o problema mais recorrente é o descuido. Quando o Lean Seis Sigma não é visto como essencial para as operações, ele falha em se integrar plenamente ao plano de negócios. A falta de incorporação das iniciativas de melhoria nos planos operacionais leva a disfunções organizacionais.

Essas disfunções podem parecer gerenciamento eficaz do Lean Seis Sigma à primeira vista. Embora muitos desses elementos possam ser componentes válidos de um plano de portfólio bem-estruturado, a incompletude do programa pode promover comportamentos contraproducentes. O impacto duradouro e proativo desses componentes dentro da organização é o que realmente importa.

A importância do foco do responsável

Implementar o Lean Seis Sigma em diversas áreas funcionais, como finanças e operações, é vital para garantir eficácia e eficiência. Contudo, é comum observar que, quando um departamento específico assume a liderança em projetos de Lean Seis Sigma, as prioridades desse departamento podem influenciar excessivamente a seleção dos projetos. 

Isso pode resultar em uma ênfase desproporcional em objetivos como a redução de custos, que, apesar de importantes, não devem ser o único foco.

Por exemplo, quando o departamento financeiro lidera exclusivamente os projetos de Lean Seis Sigma, há uma tendência natural em priorizar iniciativas de corte de custos, mesmo que essas não se alinhem perfeitamente com o plano estratégico da empresa. Essa abordagem pode limitar o potencial dos projetos de Lean Seis Sigma em abordar questões mais amplas e impactantes para a organização.

Da mesma maneira, se a responsabilidade pela escolha de projetos recai sobre os líderes dos programas de melhoria contínua, isso pode levar a um foco excessivo em certificações como Green Belt e Black Belt, sem necessariamente alinhar esses esforços com as metas estratégicas da empresa.

Observa-se que programas de melhoria contínua com uma governança rígida e foco limitado tendem a ser temporários, durando de um a cinco anos antes de serem substituídos por novas iniciativas. Para evitar esse ciclo e garantir a sustentabilidade a longo prazo dos esforços de Lean Seis Sigma, é crucial alinhar esses programas com o plano estratégico da empresa. Isso inclui uma governança equilibrada que considere as necessidades de todas as áreas funcionais, utilizando uma abordagem de scorecard para uma representação equitativa.

Portanto, para maximizar o impacto do Lean Seis Sigma, as organizações devem se comprometer com um planejamento e execução cuidadosos, assegurando que todos os projetos estejam alinhados com os objetivos estratégicos mais amplos. Essa abordagem integrada não só promove uma melhoria contínua eficaz mas também sustenta o sucesso a longo prazo dos esforços de Lean Seis Sigma.

Como evitar falhas no Lean Seis Sigma

Veja a seguir,  um processo simples e um conjunto de ferramentas utilizadas em várias indústrias para ajudar as equipes de liderança sênior:

  • Gerencie efetivamente suas implantações Lean Six Sigma;
  • Certifique-se de que esses programas permaneçam no alvo;
  • Certifique-se de que os programas produzam resultados significativos para o negócio;
  • Garanta que o programa atenda a todos os principais interessados;
  • Concentre a implantação do LEAN SEIS SIGMA na condução da entrega de objetivos estratégicos.

Quais são as etapas para o sucesso do programa Lean Seis Sigma?

1. Definir metas alinhadas ao Lean Seis Sigma

Comece estabelecendo metas claras que se alinham com os princípios do Lean Seis Sigma. As metas devem refletir as necessidades do negócio e incentivar uma cultura de melhoria contínua entre os funcionários. Evite desviar-se para objetivos que não complementam os processos principais da empresa.

Ferramentas chave: Plano de negócios anual, estratégico e declarações de missão.

2. Identificar necessidades e competências com o Lean Seis Sigma

Analise as metas da empresa para determinar áreas críticas onde o Lean Seis Sigma pode fazer a diferença. Alinhar os esforços do Lean Seis Sigma com os objetivos de negócios em risco assegura que o impacto seja significativo.

Ferramentas chave: QFD, FMEA, KPI e scorecards de capacidade.

3. Planejamento para eliminar lacunas

Antes de iniciar projetos, entenda as necessidades reais do negócio. Identifique áreas específicas de foco e relacione-as com a estratégia geral do negócio e os KPIs a serem melhorados.

Ferramentas chave: Diagramas de Ishikawa e TRIZ.

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4. Formação de equipes eficientes

Atribua projetos a membros da equipe com base em sua função, conhecimento e experiência. Minimize conflitos de interesse garantindo que os projetos estejam alinhados com as funções diárias dos membros.

Ferramentas chave: Matriz de habilidades e organogramas.

5. Execução planejada do projeto

Não basta apenas identificar projetos, é crucial gerenciar ativamente os recursos e sequenciar as atividades para garantir resultados estáveis e previsíveis.

Ferramenta chave: Matriz de seleção de processo de melhoria contínua.

6. Estabelecer linhas de tempo realistas

Projetos DMAIC, Kaizen e DFSS têm durações específicas. Planeje o tempo necessário com realismo, considerando as responsabilidades diárias dos envolvidos.

Ferramentas chave: Gráficos Gantt.

7. Adotar planos multigeracionais

Para grandes mudanças, adote uma abordagem faseada que reduza riscos e incorpore novas tecnologias de maneira eficaz.

Ferramentas chave: Planejamento multigeracional e Hoshin Kanri.

8. Executar e monitorar o plano

A execução eficaz requer gestão atenta e ajustes conforme necessário. Mantenha o progresso visível e assegure que os recursos estejam disponíveis para as equipes.

Ferramentas chave: Atualizações de status e plano de projeto mestre.

9. Conclusão e validação dos resultados

Após a implementação, é crucial validar os resultados para garantir que os objetivos foram alcançados. Isso inclui tanto os benefícios financeiros quanto operacionais.

Ferramentas chave: Auditorias de benefícios e scorecards de desempenho.

Implementar o Lean Seis Sigma com uma abordagem estruturada e alinhada aos objetivos do negócio não apenas otimiza os processos, mas também promove uma cultura de melhoria contínua. Seguir estas etapas assegura que a implementação do Lean Seis Sigma conduza a melhorias significativas e sustentáveis.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.