[Mercado de Trabalho]: Cenário para o Brasil 2019 com Gráfico de Controle
Melhoria de Processos

02 de janeiro de 2019

Última atualização: 31 de outubro de 2022

[Mercado de Trabalho]: Cenário para o Brasil 2019 com Gráfico de Controle

Como será o ano 2019 por meio do Gráfico de Controle?

2019 começou! Feliz Ano Novo para você, caro leitor e quiçá, alunos FM2S. Todo começo de ano, é importante fazermos nossas apostas sobre como será o ano que se aproxima. Eu sei, como diria minha avó, não é dos homens o papel de adivinhar o futuro, mas um pouco de Estatística, pode deixar nosso caminho bem mais fácil, não é mesmo? O Gráfico de Controle vai ajudá-lo a acertar em 2019.

Para começar a análise, acessei o site do IPEA e baixei a série histórica dos dados do CAGED sobre as admissões e demissões de maio de 1999 até outubro de 2018. Como será que está o saldo de novos postos de trabalho? Será que estamos melhor? Pior?

Com o intuito de responder essa pergunta, se você nos acompanha há tempos, deve ter pensado: gráfico de controle! Mas, qual Desemprego e Gráfico de Controle utilizar para acompanhar esse dado ao longo do tempo?

Se você é como eu, o primeiro Gráfico de Controle que vem à mente é o de individuais. Por que? Porque é o mais versátil e mais aplicável de todos eles. Serve para dados contínuos, ideais para grandezas físicas.

Desemprego e Gráfico de Controle

Figura 1: gráfico de controle de individuais do saldo de geração de empregos.

Olhando para a figura 1, o que é possível concluir sobre o Gráfico de Controle?

O Brasil está admitindo ou demitindo? Como há muito variação mensal e componentes de sazonalidade, percebe-se muita variação, mas pouca informação concreta e de fácil utilização sobre a questão do emprego. O gráfico fica muito poluído. E, se você lembra de nossas aulas de Green Belt, vai me fazer uma pergunta: Virgilio, você não pulou uma etapa? Para utilizar um gráfico de controle de individuais não temos que verificar a normalidade dos dados?

Verdade leitores. Se lembraram desse ponto, muito me orgulho. E, qual a melhor maneira de verificarmos a normalidade? Sim! Gráfico de Probabilidade.

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Figura 2: gráfico de probabilidade do saldo.

Deu ruim, não é mesmo? Parece não ser normal esse conjunto de dados. Provavelmente, a componente sazonal está carregando o saldo negativo.

O que fazer agora?

Calma, lembre-se que temos vários tipos de Gráfico de Controle e, nesse caso, penso ser muito mais elegante o uso do gráfico de atributos x-barra R, ou gráfico das médias e amplitude. Nesse gráfico, traçamos o gráfico de controle da média mensal de cada ano e da amplitude de variação dentro dos meses daquele ano. Vamos ver?

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Figura 3: x-barra R do saldo de empregos mensal.

Pela figura 3, fica muito mais fácil entender o comportamento da geração de empregos durante o período analisado. No gráfico da média, percebe-se que a média mensal começou a ficar negativa em 2015 e perdurou até 2017. O ano de 2018 foi duro, mas parece ter sido menos duro do que os demais, haja vista a média.

Se você é um leitor atento, pode-se perguntar: mas o tamanho do subgrupo é diferente. Sim, é diferente. E, o pior mês do ano é dezembro, que está de fora. Sim, você está correto. Então, desse modo, pode ser que 2018 tenha um dezembro horrível que puxe a média para baixo. Não podemos considerar 2018 sem antes termos dezembro.

Sim, quer dizer, calma. Podemos inferir que dezembro foi bem melhor, mas ainda não podemos carimbar o quão melhor foi. Será que com esses dados, é possível uma análise melhor se a coisa está melhorando ou não? Que tal se fizermos o acumulado?

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Figura 4: acumulado da criação de vagas.

Parece que estamos com o mesmo número de vagas de setembro de 2013. É bom? Não, definitivamente não é bom para a economia, mas é melhor do que o fundo do poço. O fundo foi quando o saldo de vagas era o mesmo de outubro de 2010! Quer dizer, o mercado de trabalho encolheu para o mesmo patamar de sete anos atrás.

O que é voltar sete anos atrás?

Tinha lá meus 28 anos, era solteiro, ainda estudante de doutorado, professor universitário e consultor de Lean Seis Sigma. A renda, era cerca de 60% do que tenho hoje, ou seja, ninguém gostaria de voltar sete anos no tempo em termos de riquezas. Foi o que o número de postos de trabalho no Brasil voltou.

E como esta um dos nossos principais clientes, a indústria Paulista?

Há um levantamento no IPEA, feito pela FIESP, que mede as horas pagas na indústria paulista. O indicador é interessante, pois há dados desde janeiro de 1975. Porém, como é um índice, a base 100 foi determinada como a média em 2006.

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Figura 5: horas pagas na indústria paulista.

Observando-se o gráfico da figura 5, percebe-se claramente o declínio da indústria de São Paulo. Da grande força motriz do final dos anos 80, restaram pouco mais de 50% da força de trabalho. Isso, porém, tem duas conotações: menos carga de trabalho para a indústria ou mais automação, o que reduziu muito a força de trabalho necessária para operar as linhas.

Por último, que tal analisar o número de pessoas ocupadas e a taxa de desocupação no Brasil. Esta série histórica é menor e foi iniciada em março de 2012.

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Figura 6: taxa de desocupação.

Pela figura 6 fica claro o abismo de 5,5 pontos percentuais a partir de 2015. Esse crescimento na taxa de desocupação foi um dos grandes causadores da crise que se instalou no Brasil. Dos problemas políticos aos problemas econômicos, muito pode ter sido agravado pela alta taxa de desocupação.

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Figura 7: milhares de pessoas ocupadas.

Já o número de pessoas ocupadas com carteira de trabalho assinada, acompanha a taxa de desocupação. No período analisado, há uma queda de quase 4 milhões de pessoas, ou seja, 4 milhões de pessoas perderam um trabalho de carteira assinada.

Por isso amigos, imagino que o pior dessa terrível crise já passou. Espero que 2019 seja um ano de renovação e, crescimento e recuperação econômica. Se a tendência se mantiver, podemos esperar um crescimento de 2% no PIB e uma taxa de desocupação buscando 10% ou até menos. Portanto pessoal, preparem-se para aproveitar o preço de alguns ativos que ainda estão baixos, pois a crise, tem os dias contados.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.