FMEA: como funciona, tipos e etapas para aplicar
Gestão da Qualidade

04 de março de 2020

Última atualização: 17 de julho de 2025

FMEA: Descubra agora como funciona e como fazer!

Evitar falhas antes que elas causem problemas é mais barato, seguro e estratégico. É exatamente isso que o FMEA oferece: uma forma estruturada de identificar riscos ainda nas fases iniciais de um produto ou processo.

Se você trabalha com desenvolvimento, engenharia, qualidade ou melhoria contínua, aplicar o FMEA pode ajudar a evitar prejuízos, retrabalho e falhas que afetam o cliente final. 

Se o seu objetivo é aumentar a confiabilidade dos seus processos e tomar decisões com base em dados, continue a leitura. Você verá como o FMEA pode transformar a forma como sua equipe lida com riscos e falhas.

O que é o FMEA (Análise de Modo e Efeitos de Falha))?

FMEA é uma ferramenta estruturada usada para identificar possíveis falhas em um processo ou produto, ainda nas fases iniciais do desenvolvimento. O nome vem do inglês Failure Mode and Effects Analysis ou Análise de Modo e Efeitos de Falha.

Mas o que isso significa?

Modo de falha é a forma como algo pode dar errado. Já os efeitos da falha são as consequências que esse erro pode causar, seja em forma de defeitos, desperdícios ou impactos negativos para o cliente.

O objetivo do FMEA é identificar, priorizar e reduzir os riscos associados a essas falhas, antes que gerem prejuízos maiores.

Vale destacar que o FMEA não substitui o trabalho da engenharia. Pelo contrário, complementa, Ele usa a experiência e o conhecimento de uma equipe multidisciplinar para analisar pontos críticos e reforçar a robustez do projeto, seja ele de produto ou processo.

Tipos de FMEA

O FMEA pode ser aplicado em diferentes contextos, dependendo do foco da análise. Os dois principais tipos são: FMEA de Design (DFMEA)FMEA de Processo (PFMEA).

FMEA de Design (DFMEA)

DFMEA é utilizado na fase de desenvolvimento do produto. Seu foco está em identificar falhas potenciais relacionadas ao projeto como mau funcionamento, durabilidade comprometida ou problemas regulatórios e de segurança.

Essas falhas podem estar ligadas a características como:

  • propriedades do material;
  • dimensões e tolerâncias;
  • interação com outros componentes;
  • ou até fatores externos, como ambiente de uso, desgaste ao longo do tempo e perfil do usuário.

Em outras palavras, o DFMEA ajuda a entender se o produto está, de fato, preparado para operar com segurança e eficiência nas condições reais de uso.

FMEA de Processo (PFMEA)

Já o PFMEA é aplicado na etapa de produção. Ele busca identificar falhas no processo de fabricação ou montagem que possam afetar a qualidade, confiabilidade, segurança ou impacto ambiental do produto final.

Entre os fatores analisados estão:

  • variabilidade nos métodos de trabalho;
  • materiais inadequados;
  • limitações nas máquinas ou ferramentas;
  • falhas na medição e controle de qualidade;
  • questões relacionadas ao fator humano.

Enquanto o DFMEA antecipa problemas no projeto do produto, o PFMEA foca nas etapas práticas de execução que podem comprometer o desempenho e a satisfação do cliente.

Por que executar o FMEA?

Detectar uma falha cedo faz toda a diferença. Quanto mais cedo o erro é identificado, menor é o custo para corrigi-lo. Agora, quando uma falha só aparece no final do desenvolvimento ou após o lançamento do produto, o impacto costuma ser muito maior e mais caro.

É aí que entra o FMEA.

Essa ferramenta permite identificar as possíveis falhas ainda nas etapas iniciais do projeto, seja de produto ou processo. Com isso, é possível agir antes que o problema se torne caro, complexo ou afete o cliente final.

Entre os principais benefícios de aplicar o FMEA desde o início do desenvolvimento, estão:

  • Mais opções para mitigar riscos, com tempo hábil para tomar decisões técnicas;
  • Melhor validação de mudanças, antes de comprometer o projeto;
  • Integração entre áreas, aproximando as equipes de produto e processo;
  • Projetos mais eficientes para fabricação e montagem (DFMA);
  • Soluções com menor custo, comparado a correções tardias;
  • Aproveitamento do conhecimento acumulado da empresa, como padrões e experiências anteriores.

Em resumo, aplicar o FMEA é investir na prevenção. Ele ajuda a evitar falhas de processo, melhorando a confiabilidade do produto e a satisfação do cliente, desde o primeiro momento.

Critérios de avaliação no FMEA

Para aplicar o FMEA de forma eficaz, é necessário avaliar cada falha com base em três critérios principais: SeveridadeOcorrênciaDetecção. A combinação desses fatores gera o RPN (Número de Prioridade de Risco), que orienta quais problemas devem ser tratados com mais urgência.

Severidade (S)

Reflete o impacto que a falha pode causar ao cliente ou ao processo. Quanto maior o impacto, maior a nota atribuída. São considerados efeitos em segurança, meio ambiente, conformidade legal e funcionamento do produto.

  • Nota baixa: impacto leve, sem grandes consequências.
  • Nota alta: falhas críticas que podem gerar acidentes ou perdas significativas.

Ocorrência (O)

Indica a probabilidade de a falha acontecer durante o uso do produto ou execução do processo. Avalia o histórico, causas conhecidas e frequência esperada.

  • Nota baixa: falha improvável.
  • Nota alta: falha provável ou quase certa.

Detecção (D)

Avalia a capacidade de detectar a falha antes que ela chegue ao cliente. Quanto mais difícil for identificar o problema com antecedência, maior a nota.

  • Nota baixa: falha facilmente detectável por controles existentes.
  • Nota alta: falha que pode passar despercebida.

A multiplicação dos três valores (S × O × D) gera o RPN, que será usado para priorizar ações corretivas.

10 etapas para um FMEA (de processo ou design):

A seguir, estão as etapas recomendadas para aplicar o FMEA de forma estruturada, seja no desenvolvimento de um produto (DFMEA) ou em um processo (PFMEA):

Passo 1: Revisar o processo ou design

Comece com um fluxograma claro, identificando cada etapa ou componente relevante. Isso ajuda a visualizar o escopo. Em seguida, liste esses elementos na planilha do FMEA.

Se o escopo parecer extenso ou confuso, pode ser o momento de dividir a análise em partes menores e mais gerenciáveis.

Passo 2: Identificar os modos de falha potenciais

Reúna a equipe e realize um brainstorm para levantar todas as formas possíveis de falha de cada componente ou etapa. Use dados históricos, relatórios de não conformidade, auditorias e conhecimento técnico como base.

Um mesmo item pode ter vários modos de falha. A lista inicial deve ser ampla você pode consolidar ou agrupar itens semelhantes depois.

Passo 3: Descrever os efeitos de cada falha

Para cada modo de falha identificado, descreva o efeito que ele pode causar no processo, no cliente ou nas próximas etapas do fluxo.

Alguns modos de falha podem gerar mais de um efeito. Registre todos os impactos relevantes.

Passo 4: Atribuir a classificação de severidade (S)

Avalie a gravidade dos efeitos da falha sobre o cliente, segurança, requisitos regulatórios ou operação do processo. Atribua uma nota conforme a escala adotada (geralmente de 1 a 10).

Passo 5: Atribuir a classificação de ocorrência (O)

Analise a probabilidade de a falha ocorrer, considerando dados históricos e causas conhecidas. Quanto maior a chance, maior a nota atribuída.

Passo 6: Atribuir a classificação de detecção (D)

Determine a probabilidade de a falha ser detectada antes de causar impacto. Quanto mais difícil for detectar, maior deve ser a nota.

Passo 7: Calcular o RPN (Risk Priority Number)

Multiplique os três valores atribuídos:

RPN = Severidade × Ocorrência × Detecção

Esse número orienta a priorização das ações corretivas.

Passo 8: Desenvolver o plano de ação

Com base nos RPNs mais altos, defina quais falhas precisam de atenção imediata. Estabeleça um plano com responsáveis, prazos e medidas corretivas ou preventivas.

Passo 9: Implementar as ações definidas

Coloque o plano em prática. A equipe deve executar as ações propostas, monitorar sua eficácia e registrar as evidências das melhorias.

Passo 10: Reavaliar o RPN após as ações

Após as mudanças, recalcule o RPN para verificar se o risco foi efetivamente reduzido. Esse ciclo de avaliação e melhoria contínua é o que torna o FMEA uma ferramenta poderosa de prevenção.

Exemplo de aplicação:

Em um exemplo simplificado, o FMEA é aplicado a um componente comum: o pneu de um carro. A análise parte da função principal do item (suportar peso, oferecer tração e conforto) e identifica um possível modo de falha no furo do pneu.

O impacto dessa falha é considerado grave, pois pode deixar o motorista e os passageiros parados durante a viagem. A severidade, portanto, recebe a nota máxima (10). A ocorrência é baixa, já que pneus furam com relativa raridade quando mantidos em boas condições. A detecção é moderada, pois alguns sinais (como a direção puxando para um lado) podem indicar o problema, mas nem sempre são percebidos a tempo.

A partir desses dados, o RPN inicial é 60, o que já indica atenção. A ação recomendada, manter um pneu sobressalente e ferramentas no veículo, é simples e eficaz. Após sua implementação, a severidade diminui, pois agora há uma forma rápida de resolver o problema. O novo RPN cai para 24, mostrando que o risco foi significativamente reduzido.

Esse exemplo mostra como o FMEA ajuda a antecipar falhas, priorizar riscos e direcionar ações preventivas com base em critérios objetivos.

FMEA de pneu de carro:

Função / Etapa do processo

Tipo da falha

Impacto potencial

Sev.

Causa em potencial

Ocorr.

Modo de detecção

Det.

RPN

Suporte de peso, tração, confortoPneu furadoViagem comprometida; motorista e passageiros parados10Perfuração por objeto2Verificação visual prévia; comportamento anormal (direção puxando, ruído excessivo)360

Ações recomendadas e reavaliação do risco

Ações recomendadas

Responsável

Data prevista

Ação tomada

Sev.

Ocorr.

Det.

Novo RPN

Transportar pneu sobressalente e ferramentas para trocaDono do carroImediataPneu e ferramentas mantidos permanentemente no porta-malas42324

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