No ambiente empresarial, melhorar processos faz parte da rotina. É nesse contexto que surge o Six Sigma: uma metodologia voltada à redução de variações, à melhoria da qualidade e à eficiência operacional. O foco está em entregar resultados consistentes, com base em dados e nas expectativas dos clientes.
Entre suas abordagens, o DMADV se destaca quando o objetivo é desenvolver algo novo. Ele é aplicado quando um processo, produto ou serviço precisa ser criado do zero ou quando mudanças estruturais são necessárias para atingir padrões mais elevados de desempenho.
Diferente do DMAIC, que trabalha a melhoria de processos existentes, o DMADV tem como foco a concepção de soluções inovadoras, levando em conta o desempenho ideal desde o início. Essa distinção é importante para a escolha adequada da abordagem em cada cenário organizacional.
O que é o DMADV?
O DMADV é um roteiro estruturado do Six Sigma, voltado ao desenvolvimento de novos processos, produtos ou serviços com alto desempenho. A sigla representa as etapas: Definir (Define), Medir (Measure), Analisar (Analyze), Desenhar (Design) e Verificar (Verify).
Esse método faz parte do Design for Six Sigma (DFSS), que busca prevenir falhas e desperdícios já na fase de concepção. Antes de qualquer implementação, o foco é garantir que a estrutura esteja alinhada com o cliente e com critérios mensuráveis de qualidade.
Enquanto o DMAIC é reativo, o DMADV tem caráter preventivo. Sua aplicação é comum em lançamentos de novos produtos, reestruturações e projetos de inovação, pois parte do princípio de que planejar corretamente desde o início evita retrabalho.
Quando utilizar o DMADV?
O DMADV é indicado quando não há um processo existente ou quando a estrutura atual não atende aos requisitos de desempenho esperados pelo mercado.
Três cenários típicos de aplicação:
- Desenvolvimento de novos processos ou produtos que já devem nascer otimizados.
- Redesenho completo de processos com falhas recorrentes ou baixa aderência às necessidades dos clientes.
- Projetos de inovação estratégica, onde os requisitos ainda estão sendo definidos e precisam de validação desde o início.
Por exemplo, na criação de um novo canal digital de atendimento, o DMADV ajuda a definir o fluxo de interação e os indicadores de sucesso, estruturando tudo com base em dados e padrões de qualidade.
Enquanto o DMAIC promove melhorias contínuas, o DMADV atua de forma preventiva, com foco estrutural. Isso melhora a eficiência desde o início e alinha o projeto às necessidades do cliente.
As 5 Etapas do DMADV
A estrutura do DMADV segue cinco etapas bem definidas, cada uma com um objetivo claro. O foco é desenvolver soluções eficazes, validadas por dados e alinhadas às necessidades do cliente.
1. Definir (Define)
Nesta fase, são identificadas as necessidades do cliente (VoC) e definidos os objetivos do projeto. Também são estabelecidos o escopo, os recursos, as partes interessadas e os principais entregáveis.
O ponto central aqui é alinhar as metas do projeto com o que realmente importa para o cliente. Ferramentas comuns incluem: Project Charter, SIPOC e análise de stakeholders.
2. Medir (Measure)
Com o problema e os objetivos definidos, é hora de determinar quais serão os critérios de desempenho do novo processo. Isso envolve coletar dados e transformar as necessidades do cliente em requisitos mensuráveis (CTQs – Critical to Quality).
O resultado esperado é a definição clara das métricas que serão usadas para avaliar a solução no final do projeto.
3. Analisar (Analyze)
A fase de análise busca entender como os requisitos do cliente impactam o design da solução. São exploradas alternativas técnicas, riscos potenciais e causas que podem comprometer o desempenho esperado.
Ferramentas como QFD, FMEA e análise de regressão são úteis para garantir que os requisitos estejam bem interpretados e que falhas potenciais sejam mapeadas desde o início.
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4. Desenhar (Design)
Com os requisitos claros e riscos analisados, inicia-se o desenvolvimento da solução. A ideia é construir um modelo funcional do processo ou produto, levando em conta desempenho, custo, qualidade e usabilidade.
É comum utilizar protótipos, simulações e a Matriz PUGH para avaliar alternativas. O objetivo é chegar a uma solução que atenda aos critérios definidos e seja viável para implementação.
5. Verificar (Verify)
Por fim, a solução desenvolvida é testada e validada. Isso pode envolver testes pilotos, análise estatística e simulações com usuários finais. O foco é verificar se a entrega está alinhada aos requisitos definidos na etapa inicial.
Após a validação, a solução pode ser implementada em escala, com acompanhamento por meio de indicadores e plano de controle.
Principais Ferramentas Utilizadas em Cada Etapa
Cada fase do DMADV pode ser potencializada com ferramentas que apoiam a tomada de decisão baseada em dados. A escolha adequada desses recursos garante mais clareza, alinhamento com o cliente e controle de riscos ao longo do desenvolvimento.

A aplicação dessas ferramentas contribui para minimizar incertezas, antecipar falhas e validar soluções com mais segurança, ainda na fase de desenvolvimento.
DMADV vs DMAIC: Quais as Diferenças?
Apesar de ambos fazerem parte da metodologia Six Sigma, DMADV e DMAIC são utilizados em contextos diferentes.
O DMAIC é aplicado quando já existe um processo em funcionamento que precisa ser aprimorado. O foco está na redução de falhas, eliminação de desperdícios e controle da variabilidade. É uma abordagem que parte de algo que já existe e busca melhorar gradualmente, com base em dados históricos.
Já o DMADV é recomendado quando o processo ainda não existe ou quando o modelo atual é ineficiente para atingir os resultados esperados. Seu objetivo é desenvolver algo novo, desde a fase de concepção, com foco na entrega de valor ao cliente. Ele antecipa falhas e define métricas desde o início, evitando ajustes posteriores.
Outra diferença relevante está na abordagem. Enquanto o DMAIC tem caráter reativo, lidando com problemas já identificados, o DMADV é proativo, atuando na prevenção de falhas antes mesmo da implementação.
Resumindo: DMAIC é usado para melhorar. DMADV, para criar. A escolha depende do ponto de partida e do objetivo do projeto.
Exemplo Prático da Aplicação do DMADV
Imagine uma empresa do setor logístico que deseja lançar um novo serviço de entregas expressas. O desafio é desenvolver um processo do zero, garantindo que o prazo de entrega não ultrapasse 24 horas em 95% dos pedidos.
Nesse caso, a escolha pelo DMADV é mais adequada do que o DMAIC, pois não existe um processo anterior que possa ser ajustado. A empresa precisa criar uma estrutura eficiente desde o início.
Na etapa Definir, o time estabelece o objetivo do projeto: criar um fluxo de entregas que atenda às expectativas de rapidez dos clientes. Também são definidos os principais stakeholders e as metas de desempenho.
Em Medir, são identificadas as variáveis críticas para a qualidade do serviço, como tempo de separação de pedidos, tempo de deslocamento e taxa de entrega no prazo. Esses dados ajudam a entender os requisitos técnicos do novo processo.
A etapa Analisar foca nos fatores que podem impactar a performance. São mapeados riscos como atrasos na coleta, falhas de roteirização e gargalos no armazenamento. Ferramentas como FMEA são utilizadas para antecipar problemas.
Na fase de Desenho, a equipe desenvolve o novo fluxo logístico com base nos requisitos levantados. Simulações e protótipos são realizados para validar o funcionamento antes da implementação real.
Por fim, em Verificar, a solução é testada em ambiente controlado. Os resultados são medidos e comparados com os objetivos definidos no início. Com base nos dados, ajustes finos são feitos e a operação é escalada com segurança.
Esse exemplo mostra como o DMADV ajuda a estruturar processos desde a base, com foco em qualidade, eficiência e alinhamento com o cliente.
Vantagens de Utilizar o DMADV
O uso do DMADV traz benefícios estratégicos quando o objetivo é desenvolver processos ou produtos mais eficazes desde o início. A metodologia evita retrabalho, melhora a performance final e reduz o risco de falhas operacionais.
Uma das principais vantagens está no alinhamento com as necessidades do cliente. Ao transformar expectativas em requisitos mensuráveis logo na fase inicial, a entrega final se torna mais assertiva.
Além disso, o DMADV permite maior controle sobre o desempenho do processo, já que cada etapa é validada com dados. Isso reduz o risco de surpresas após a implementação.
Outro benefício relevante é a prevenção de custos desnecessários com ajustes posteriores. Quando um processo é mal projetado, o esforço para corrigir falhas pode ser maior do que o investimento necessário para planejar bem desde o começo.
Também há ganho de confiabilidade.
Projetos desenvolvidos com DMADV seguem critérios técnicos claros, com etapas bem documentadas, o que facilita auditorias, certificações e tomada de decisão baseada em evidências.
Para empresas que buscam soluções robustas, criar com base em dados é mais seguro do que corrigir sob pressão. O DMADV ajuda a construir processos com foco em qualidade e sustentabilidade desde o início.
O DMADV é uma abordagem estruturada que entrega mais do que um processo funcional. Ele ajuda as organizações a criarem soluções alinhadas com as expectativas do cliente, validadas por dados e orientadas para desempenho consistente.
Diferente do DMAIC, que atua sobre processos já existentes, o DMADV oferece uma rota segura para projetos que precisam ser desenvolvidos do zero ou que exigem mudanças profundas na estrutura atual.
Cada uma de suas cinco etapas — Definir, Medir, Analisar, Desenhar e Verificar — contribui para que a solução final tenha baixo risco de falhas, custo previsível e alta confiabilidade operacional.
Aplicar o DMADV é uma forma de tornar o desenvolvimento mais estratégico. Com ele, os erros são evitados ainda no papel, antes de virarem custos no chão de fábrica ou insatisfação do cliente.
Se a sua empresa está diante de um desafio de inovação ou criação de novos serviços, o DMADV pode ser o caminho mais eficiente para entregar resultados com qualidade desde o início.