Boreout no trabalho: sintomas, causas e o que fazer
Saúde

24 de junho de 2025

Boreout no trabalho: sintomas, causas e o que fazer

Silêncio, pouca demanda, nenhuma urgência. À primeira vista, parece o cenário ideal para trabalhar. Mas, para muita gente, esse ritmo lento virou sinônimo de desgaste emocional. Quando o tempo passa devagar e o trabalho deixa de fazer sentido, o incômodo cresce. É nesse contexto que surge o boreout.

Neste blog, falamos sobre o que está por trás desse desconforto. Você vai entender como a síndrome de boreout afeta a saúde mental, quais sinais merecem atenção e o que empresas e profissionais podem fazer quando o esgotamento vem da ausência, e não do excesso.

O que é boreout e por que ele merece atenção?

Sentir-se desmotivado em um ambiente de trabalho parado não é algo novo. A diferença agora é que isso ganhou nome e passou a ser reconhecido como um problema real. A síndrome de boreout acontece quando a rotina profissional deixa de provocar qualquer tipo de estímulo. colaborador se mantém presente, mas mentalmente já se afastou.

Empresas que ignoram esse cenário correm riscos. O impacto do boreout vai além da produtividade: ele compromete a saúde mental, afeta o clima organizacional e aumenta a rotatividade. Por isso, entender esse fenômeno e agir rápido é parte da responsabilidade de qualquer liderança.

Diferença entre boreout e burnout

Embora pareçam parecidos, boreout e burnout têm causas opostas. Enquanto o burnout resulta do excesso — pressão constante, volume alto de trabalho e jornadas longas —, o boreout surge da falta. Falta de tarefas relevantes, de desafios, de propósito.

No burnout, a exaustão vem da sobrecarga. No boreout, da subutilização. Ambos levam ao esgotamento, mas por caminhos distintos. A confusão entre os dois é comum, e pode atrasar o diagnóstico correto.

Como o tédio se transforma em sofrimento psicológico

Não é só “falta do que fazer”. Quando as tarefas não exigem esforço, nem geram envolvimento, o cérebro entra em modo de inércia. O tédio se acumula. Sem estímulo, a mente começa a questionar o valor do próprio trabalho. A sensação de inutilidade cresce.

A longo prazo, esse ciclo alimenta sintomas como apatia, irritação, ansiedade e isolamento. O colaborador passa a evitar reuniões, se distancia da equipe e sente que está desperdiçando tempo — mesmo sem verbalizar nada. O boreout compromete a saúde emocional de forma silenciosa e progressiva.

Quem está mais vulnerável ao boreout?

O boreout pode afetar qualquer profissional, mas tende a ser mais frequente em cargos operacionais com baixa autonomia ou funções repetitivas. Pessoas com alta qualificação que ocupam posições abaixo da sua capacidade também são um grupo de risco.

Outro fator relevante é o ambiente. Empresas com cultura rígida, sem espaço para diálogo ou desenvolvimento, favorecem o distanciamento emocional. Nessas condições, até profissionais engajados acabam se desconectando do trabalho.

Sintomas mais comuns do boreout

O boreout nem sempre é visível. A pessoa continua entregando o que é pedido, participa de reuniões e cumpre horários. Mas, por dentro, já não se sente parte do ambiente. Os sinais aparecem de forma gradual, muitas vezes confundidos com preguiça ou desinteresse.

Fadiga mental e sensação de inutilidade

Mesmo com pouca demanda, o esgotamento existe. O profissional chega ao fim do dia cansado, sem ter sido desafiado em nada. A mente, sem estímulo, entra em estado de passividade. A sensação de estar ocupando um espaço sem relevância leva à autodesvalorização.

Com o tempo, esse desgaste silencioso afeta o sono, a concentração e a autoestima. A sensação de estar desperdiçando o próprio potencial vira o principal gatilho para o sofrimento.

Desmotivação crônica e ausência de desafios

A motivação se sustenta no desafio. Quando o trabalho se resume a tarefas mecânicas, sem perspectiva de evolução, o interesse desaparece. O profissional perde o ritmo, adia entregas simples e começa a contar as horas com ansiedade.

Essa perda de envolvimento pode parecer indiferença. Mas, na prática, é o resultado de um ambiente que não provoca avanço. A síndrome de boreout enfraquece o vínculo entre o colaborador e o propósito da função, criando um afastamento progressivo.

Afastamento silencioso e perda de identidade profissional

Com a rotina esvaziada de sentido, muitos entram em modo automático. Evitam interações, passam a falar menos e mostram pouco interesse em participar de projetos novos. Há um afastamento da equipe — não por conflito, mas por desconexão.

O risco é que, ao se desligar do que faz, o profissional começa a se desligar de quem é. A identidade construída com base na carreira fica fragilizada. Isso afeta decisões, relações pessoais e até a visão de futuro.

Causas do boreout nas empresas

O boreout não nasce da ociosidade por acaso. Ele é consequência de estruturas que não aproveitam o potencial das pessoas. Em muitos casos, o problema não está na carga de trabalho, mas na falta de propósito, reconhecimento e desafio.

Subutilização de talentos e funções repetitivas

Alocar profissionais em tarefas abaixo da sua capacidade reduz o engajamento. Quando não há espaço para aplicar conhecimentos ou desenvolver novas habilidades, o trabalho perde sentido. A rotina se torna previsível e sem valor percebido.

Cargos que envolvem funções mecânicas, sem variação ou aprendizado, favorecem esse esvaziamento. Com o tempo, até quem antes se mostrava motivado passa a operar no automático.

Falta de reconhecimento e feedback

O silêncio das lideranças colabora com o distanciamento. Sem retorno sobre o desempenho, o colaborador não sabe se está indo bem, se faz diferença ou se está sendo notado. Isso alimenta o sentimento de invisibilidade.

Em contextos onde o reconhecimento é raro e o feedback inexistente, o desinteresse se instala com facilidade. A ausência de diálogo retira o senso de pertencimento.

Ambientes com baixa exigência intelectual

Ambientes que não estimulam a troca de ideias ou a resolução de problemas são terreno fértil para o boreout. O desafio intelectual é um componente importante para manter o engajamento. Sem ele, a rotina perde vitalidade.

Quando a função se resume a seguir ordens, cumprir tarefas sem espaço para questionar ou melhorar processos, a tendência é o afastamento emocional. A falta de estímulo cognitivo contribui diretamente para o surgimento da síndrome de boreout.

Impactos do boreout na saúde e no desempenho

Nem sempre o impacto aparece em forma de queda brusca. Às vezes, o rendimento continua igual — por fora. Mas internamente, o colaborador já entrou em modo de sobrevivência. E isso tem um custo.

Doença emocional invisível: o que dizem os estudos

O boreout não costuma gerar afastamentos imediatos. Ele se acumula. No começo, é só um incômodo. Depois, vira exaustão mental, perda de foco, falta de vontade de levantar da cama. E o corpo responde: insônia, irritabilidade, dores sem causa física.

Pesquisas já relacionam a síndrome de boreout ao aumento de quadros de ansiedade, depressão leve e sensação de inutilidade. O trabalho vira algo a ser tolerado, não vivido.

Redução da produtividade e rotatividade crescente

Pessoas entediadas não produzem melhor com o tempo. Elas se desligam. A entrega até pode continuar acontecendo, mas sem energia, sem cuidado, sem iniciativa. Projetos travam. O clima piora.

Além disso, o turnover cresce. O colaborador que sente que não importa começa a buscar sentido fora dali. Mesmo em silêncio, o movimento de saída já começou.

Consequências a longo prazo para o colaborador

O problema não fica no crachá. O impacto emocional atravessa a vida pessoal. A autoestima cai, a sensação de estagnação toma conta e a pessoa começa a duvidar da própria capacidade.

Com o tempo, isso influencia decisões de carreira, relações e até a saúde física. O tédio constante vira peso. E o que antes parecia só “um trabalho parado” se transforma em um desgaste difícil de reverter.

Como identificar e prevenir o boreout

Nem todo desânimo é boreout. Mas, quando o incômodo vira rotina e o trabalho deixa de fazer sentido, vale acender o alerta. O desafio está justamente na sutileza: a pessoa está presente, mas já não participa de verdade.

Ferramentas de escuta ativa e gestão humanizada

É na conversa que os sinais aparecem. Líderes atentos conseguem perceber quando o ritmo muda, quando o tom de voz desce ou quando alguém deixa de se envolver. A escuta ativa ajuda a entender o que está por trás do comportamento.

Empresas que criam espaços seguros para feedback conseguem agir antes que o afastamento se torne definitivo. Escutar é o primeiro passo para reconectar.

Revisão de tarefas e realocação estratégica

Muitas vezes, o problema não está na pessoa, mas na função que ela ocupa. Revisar as atividades, redistribuir responsabilidades e propor desafios novos pode trazer de volta o engajamento.

Não se trata de “dar mais trabalho”, mas de dar sentido ao que está sendo feito. Realocar um talento onde ele pode gerar impacto é bom para o colaborador — e para o negócio.

Como líderes podem evitar o tédio ocupacional

Liderança não é só acompanhar indicadores. É perceber se o time está crescendo ou só sobrevivendo. Tédio crônico não se resolve com mais reuniões ou frases motivacionais.

Ações práticas fazem diferença: criar objetivos claros, reconhecer contribuições, dar espaço para autonomia. Um time desafiado, ouvido e valorizado tem menos chance de cair na rotina vazia que leva ao boreout.

O papel do RH no combate ao boreout

Não basta apenas identificar o problema. O RH tem o papel de estruturar ações que evitem que o boreout se instale — e de agir rápido quando ele já deu sinais.

Monitoramento de clima organizacional

Pesquisas de clima ajudam a mapear desconexões. Quando aplicadas com frequência e analisadas com critério, indicam onde há desmotivação, silêncio excessivo ou perda de engajamento.

O RH precisa ir além dos números. O olhar atento sobre comportamentos e a escuta qualificada são fundamentais para entender o que está acontecendo nos bastidores.

Programas de desenvolvimento e propósito

Treinamentos não devem existir apenas para preencher agenda. Quando bem planejados, ajudam o colaborador a se ver em evolução. E isso faz diferença.

Incluir temas como carreira, autonomia e tomada de decisão nos programas internos mostra que o desenvolvimento não precisa vir de fora. Profissionais que enxergam sentido no que fazem têm menos chance de entrar no ciclo do boreout.

Políticas de engajamento e cultura de pertencimento

Desenvolver ações que reforcem o vínculo entre as pessoas e o trabalho não é só uma questão de retenção. É saúde organizacional.

Promover conversas abertas, incluir diferentes perfis em decisões e garantir reconhecimento são caminhos diretos para manter o time ativo e conectado. O RH, nesse processo, não atua só como apoio — mas como protagonista.

Existe cura para o boreout?

Sim, mas exige ação. O primeiro passo é reconhecer o incômodo. Ignorar o tédio só prolonga o desgaste.

Para o profissional, vale conversar com a liderança, buscar novos desafios ou até repensar o próprio caminho. Em alguns casos, o apoio psicológico faz diferença.

Para a empresa, a resposta passa por escuta, revisão de funções e ambiente que valorize o potencial de cada um. Romper com a rotina vazia é o caminho para recuperar o engajamento.

Se você sente que perdeu o ritmo no trabalho ou não vê mais propósito nas tarefas do dia a dia, talvez seja hora de olhar para dentro. 

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Boreout não é frescura

Trabalhar sem sentido cansa. O boreout mostra que o tédio também adoece. Ignorar esse cenário é abrir espaço para um desgaste lento, silencioso e difícil de reverter.

Empresas que tratam o tema com seriedade ganham mais do que produtividade. Elas mantêm pessoas conectadas, ambientes mais saudáveis e equipes preparadas para crescer com propósito.

A síndrome de boreout não é sobre falta do que fazer. É sobre não enxergar valor no que se faz. E isso, sim, precisa ser tratado.

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Equipe FM2S

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