o que são custos logísticos
Melhoria de Processos

06 de maio de 2017

Última atualização: 17 de fevereiro de 2023

O que são custos logísticos? Como apurá-los?

Quais sãos os custos logísticos?

Qualquer empresa que deseja possuir uma gestão estoques adequada, tendo controle em todos os níveis, desde matéria-prima ao produto acabado, deve ter bem definido os custos logísticos.

Uma das maiores fontes de custos logísticos, os custos de estoque, são definidas por Arnold (1999):

  • custo por item: é o preço pago  por um  item comprado , consiste no custo desse item e de qualquer outro custo direto associado ao mesmo, pode-se incluir transporte , seguro e estocagem;
  • custo de manutenção: este custo consiste em todas as despesas que a empresa incorre em função do volume de estoque mantido.  Pode-se dividir em três categorias distintas: custo de capital, custo de armazenamento e custo de riscos;
  • custos de pedidos: os custos de pedidos em uma fábrica incluem: custo de controle de produção, custos de preparação e desmontagem, custo de capacidade perdida e custos de pedidos de compra;
  • custo de esvaziamento de estoque: quando a demanda do lead time excede a previsão, pode-se esperar uma falta de estoque, tornando-se caro devido aos custos de pedidos não atendidos;
  • custos relacionados à capacidade: este fator aparece quando é necessário alterar os níveis de produção, podendo haver um aumento nas horas extras, contratações treinamentos e demissões.

Ballou (2001), resume todos esses custos logísticos em três classes para determinar a política de estoques: custo de obtenção, custo de manutenção e custos por falta de estoque.

Quais os outros custos, além dos estoques?

Custos relacionados à armazenagem são aqueles que são aplicados nas estruturas e condições necessárias para que a empresa possa guardar seus produtos adequadamente. Faz parte deste tipo de Custo, o aluguel do armazém, os custos com aquisição de paletes, custo com pessoal do armazém, etc.

Há também os custos relacionados à emissão de pedidos, cujos valores são inexpressivos em relação aos demais. Todos os gastos relacionados à emissão de pedidos na empresa devem ser computados para essa categoria. São considerados Custos com Emissão de Pedidos: O salário do comprador, o aluguel do espaço destinado ao setor de compra, os papéis usados na emissão do pedido, etc.

E por último, os custos com transportes. Frequentemente calculado, este custo geralmente dá origem às despesas com fretes que a empresa vê na nota fiscal ou que já está incluído no preço. Todas as despesas relacionadas à movimentação de materiais fora da empresa podem ser consideradas Custos com Transportes. Enquadram-se aqui os custos com a depreciação dos veículos, pneus, combustíveis, custo de oportunidade dos veículos, manutenção, etc.

É fácil medir os custos logísticos?

Não é. É muito fácil cairmos em armadilhas por não alocarmos os custos da maneira correta, principalmente nós, que somos engenheiros. Um caso clássico é o custo de oportunidade. Apesar de ser chamado de custo, na verdade o que ocorre é que a empresa deixa de ganhar com juros financeiros imobilizando o capital em estrutura (armazém, paletes e estruturas de armazenagem), máquinas e equipamentos (empilhadeiras e esteiras), veículos (caminhões), etc.

Quanto maior for o juro no país, maior será o custo de oportunidade. Em se tratando de Brasil, onde os juros são altíssimos, os custos de oportunidade associados à logística são relativamente altos se comparados com outros países. Numa fábrica pequena, é comum a existência de várias empilhadeiras. Ao solicitarmos o balancete desse negócio, dificilmente nos é apontado o custo de oportunidade da capex alocado nesses equipamentos. 3 empilhadeiras, pode exemplo, custam 180 mil reais, o que no Brasil de hoje (2017), renderiam pelo menos R$ 1.400,00 de juros mensais. Isso falando em investimento.

Outro custo logístico de fácil identificação, mas de agregação nem tanto, é o de depreciação de máquinas, equipamentos e veículos. Apesar deste custo ser contabilizado na forma tradicional, raramente é alocado como custo da logística e consequentemente não é agregado aos preços dos produtos, sendo considerado como despesa fixa.

Os custos logísticos são significativos?

O custo logístico, em geral assume a segunda posição em termo de valores, só perdendo para o próprio custo da mercadoria (porém em alguns casos, os custos logísticos são até maiores do que o próprio custo do produto, como no caso do sal).

Portanto, saber identificar e mensurar esse tipo de custo pode muitas vezes significar a própria existência da empresa. Por exemplo, a melhoria na integração entre a produção e distribuição resultando em uma maior parte de produtos acabados mais próximo da distribuição, evitando assim os encargos e despesas pelo deslocamento da mercadoria.

E como esses custos logísticos são alocados?

Por responsabilidades. A maioria das empresas, aloca os custos logísticos em outras contas, apenas destinando a eles a responsabilidade logística. Essas estruturas estão relacionadas ao custo do produto, tendo restrições e recursos definidos que afetam seu desempenho.

Centro de Custo – é um tipo de Centro de Responsabilidade, em que todos os gastos incorridos são controlados em determinado departamento ou área, em função da estrutura organizacional da empresa. Apenas os gastos são controlados, deixando de lado as receitas obtidas, bem como os investimentos realizados. Assim, os custos logísticos ficam dispersos em centros de responsabilidade. São eles:

  • Centro de custos de produção: neste centro de custo são alocadas as despesas das que se aplicam as fábricas e ou armazém ligados a produção.
  • Centro de custo discricionário: alocamos neste centro de custo o orçamento operacional, financeiro ou de processamento de dados.
  • Centro de renda: neste centro de custo temos os dados sobre o retorno dos investimentos correspondentes a fatia de mercado desejada em relação as vendas.
  • Centro de investimento: os objetivos com os custos mínimos é maximizar a produtividade de um determinado produto.
  • Centro de lucro: essa operação oferece serviços aos clientes, tanto internos como externos à organização. Geralmente também ajudam na decisão sobre a terceirização da operação.

Como tornar visíveis os custos logísticos?

O grande problema para dar visibilidade aos Custos Logísticos Totais (CLT) é que os custos gerados nos processos logísticos se encontram “embutidos” em diversas rubricas das demonstrações contábeis, sendo esta uma das grandes dificuldades para identificá-los: o modo pelo qual são classificados e registrados contabilmente pelas empresas. Alguns elementos dos Custos Logísticos da empresa aparecem na Demonstração de Resultados, outros no Balanço Patrimonial e outros não são contemplados nessas demonstrações.

Percebe-se que, apenas visualizando esta demonstração, não se consegue identificar o Custo Logístico Total efetivo da empresa, pois não é o foco da Contabilidade Financeira.

Uma das dificuldades em identificar os Custos Logísticos Totais é que eles são agrupados sob uma série de contas de mesma natureza, ao invés de em atividades ou funções, ou segregados por processos.

Percebe-se que a adequação de um sistema de custeio para que os Custos Logísticos se tornem mais “visíveis” deveria possibilitar aos gestores uma melhor compreensão sobre o comportamento dos processos/atividades, sendo, também, um importante requisito para a implementação de um sistema logístico integrado.

A maior parte dos autores e instituições que pesquisamos sugere que, para que as informações contábil-gerenciais sejam geradas de maneira a atender às necessidades de gestão da Logística, deveriam utilizar o método do Custeio Baseado em Atividades (ABC).

Em muitas situações, as decisões tomadas na gestão logística necessitam de informações de custos mais adequadas do que os sistemas contábeis tradicionais podem produzir e, segundo Pirttilä e Hautaniemi (1995, p.332), estão relacionadas à (ao):

  • estratégia logística e política de decisões;
  • controle das atividades logísticas;
  • estratégias de marketing e políticas;
  • decisões de preço.

Diante desse fato, em nossas Certificações Lean Six SigmaWhite Belt, Green Belt e Black Belt, procuramos explicar esses pontos. Se o nosso aluno deseja fazer um projeto para redução dos seus custos logísticos, reforçamos a importância dessa análise. Sem ela, a análise de custos por um Gráfico de Controle ou um histograma, poderão incorrer numa análise sem sentido financeiro.

 

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.