Qual o seu custo de estocagem? Como reduzir?
Logística

09 de maio de 2017

Última atualização: 25 de junho de 2025

Qual o seu custo de estocagem? Como reduzir?

Controlar o estoque custa mais do que parece. Não se trata só de comprar e armazenar — há despesas que passam despercebidas e impactam diretamente a saúde financeira do negócio.

Neste conteúdo, você vai entender o que compõe o custo de estoque, como calculá-lo corretamente e quais estratégias ajudam a reduzir gastos sem comprometer a operação. A ideia é simples: mais controle, menos desperdício.

O que é o custo de estoque?

Gerenciar estoque custa dinheiro e não apenas na compra de mercadorias. O custo de estoque abrange todas as despesas envolvidas na manutenção de produtos armazenados, desde o momento em que entram no armazém até a sua saída.

Esse custo não é fixo, varia conforme o volume armazenado, a estrutura física da empresa e os processos de reposição. Quando ignorado, afeta diretamente a margem de lucro e a competitividade do negócio.

Mesmo quem trabalha com pequenas quantidades precisa considerar os impactos. Há custo no espaço ocupado, no tempo dos colaboradores e no risco de perdas por obsolescência. Em empresas maiores, o impacto é ampliado especialmente se não houver planejamento de demanda ou controle rigoroso.

Por isso, o custo de estoque não deve ser tratado como um número estático. Ele é um reflexo da eficiência operacional e do equilíbrio entre compra, armazenagem e venda. Administrar esse custo com precisão é o primeiro passo para um estoque mais saudável e um negócio financeiramente sustentável.

Tipos de custos de estoque

Conhecer os diferentes tipos de custo é essencial para identificar gargalos e tomar decisões mais acertadas na gestão do estoque. Cada componente influencia de maneira distinta o resultado financeiro da empresa.

Custo de aquisição

É o valor pago para adquirir mercadorias ou matérias-primas. Inclui não só o preço do item, mas também tributos, frete, seguros e eventuais taxas alfandegárias. Quando esse custo é mal dimensionado, compromete a formação do preço de venda e a margem de contribuição.

Custo de manutenção (armazenagem)

Refere-se às despesas associadas ao armazenamento dos produtos. Envolve aluguel de galpões, energia elétrica, vigilância, equipamentos de movimentação e mão de obra. Também entram nessa conta perdas por avarias, furtos e deterioração.

Custos fixos e variáveis

Os custos fixos são aqueles que não mudam com o volume estocado, como o aluguel. Já os variáveis crescem conforme o aumento do estoque, como energia e horas extras dos operadores. O descontrole desses itens leva à ineficiência estrutural.

Custo de falta de estoque

Esse custo aparece quando o produto não está disponível para atender a uma demanda. Ocorre perda de vendas, quebra de confiança do cliente e aumento da urgência nos pedidos ao fornecedor. O impacto vai além da receita perdida: afeta o posicionamento da marca.

Custo de depreciação e obsolescência

Produtos armazenados por muito tempo perdem valor. Isso pode ocorrer por vencimento, desatualização tecnológica ou mudanças de mercado. Itens que perdem giro geram custos invisíveis, que se acumulam até exigirem liquidação com margem negativa.

Custo de capital

Representa o retorno que o dinheiro investido no estoque poderia gerar se fosse alocado em outra atividade. Em empresas com capital próprio, é o custo de oportunidade. Em negócios com capital de terceiros, inclui juros e encargos.

O custo de capital é um dos fatores mais ignorados e, ao mesmo tempo, mais impactantes para o fluxo de caixa. Estocar demais significa empatar recursos que poderiam ser usados para crescer.

Outros (pedido, serviço, risco)

Há ainda custos relacionados ao processamento de pedidos, manuseio, conferência e emissão de documentos. Também entram nesse grupo os custos com seguro e riscos jurídicos por falhas no controle ou armazenagem inadequada.

Como calcular o custo de estoque?

O cálculo do custo de estoque pode seguir diferentes abordagens, dependendo da complexidade do negócio. O importante é que o método escolhido reflita de forma fiel os gastos envolvidos e permita decisões baseadas em dados reais.

Fórmula CMV (Custo da Mercadoria Vendida)

Essa fórmula é usada para entender quanto foi gasto, efetivamente, com os itens vendidos em um determinado período. A lógica é simples:

CMV = EI + C - EF

Onde:

  • EI: Estoque Inicial
  • C: Compras no período
  • EF: Estoque Final

A equação mostra quanto foi "consumido" do estoque, sendo uma base para avaliar margem bruta e formar o preço de venda. Apesar de parecer contábil, esse cálculo também serve à gestão, indicando se o volume comprado está alinhado com a demanda.

Abordagem por soma de custos

Além do CMV, é possível calcular o custo de estoque somando todos os elementos envolvidos na operação: aquisição, armazenagem, perdas, capital e mão de obra. Essa abordagem dá uma visão mais ampla do impacto do estoque sobre a empresa.

É nessa etapa que entram os custos invisíveis como a depreciação e o capital parado. Quando ignorados, eles distorcem a rentabilidade e provocam decisões equivocadas sobre expansão ou reposição.

Exemplos (formato e-commerce)

Imagine uma loja virtual que compra R$20.000 em camisetas. Durante o mês, vende metade e mantém o restante em estoque. Além disso, gasta R$1.500 com armazenagem, R$800 com perdas e tem um custo de capital de R$600.

Se calcular apenas pelo CMV, verá um custo de R$10.000. Mas a abordagem mais ampla mostraria que o custo real do estoque foi superior a R$12.900. Essa diferença altera a margem operacional e pode comprometer a estratégia de preço e reposição.

Estratégias para reduzir o custo de estoque

Reduzir o custo de estoque não exige cortes radicais, e sim ações coordenadas. O foco deve ser o equilíbrio entre disponibilidade e eficiência operacional. A seguir, estão estratégias que geram impacto direto na redução de gastos.

Previsão de demanda

Ter dados históricos é bom, mas não é suficiente. A previsão precisa considerar sazonalidade, tendências de mercado e comportamento do consumidor. Um erro aqui custa caro: estoque parado demais ou ruptura na hora errada.

Ao estimar corretamente a demanda, a empresa compra no tempo certo, reduz o volume armazenado e evita perdas com obsolescência. Ferramentas de BI e análise preditiva ajudam a tornar esse processo mais assertivo.

Automação e sistemas integrados (ERP)

Planilhas manuais criam lacunas, erros e atrasos. O uso de sistemas de gestão integrados permite acompanhar níveis de estoque em tempo real, automatizar alertas de reposição e cruzar informações de vendas e compras.

Além disso, o ERP conecta diferentes áreas, compras, financeiro, logística, o que reduz retrabalho e melhora o planejamento. A automação contribui para decisões mais rápidas e para evitar desperdícios por falha de comunicação.

Com um bom ERP, o gestor reduz o custo de estoque ao ter mais controle sobre cada etapa da operação. Esse domínio dos dados evita excessos e melhora a previsibilidade.

Otimização de espaço e layout

Armazenar mal é desperdiçar dinheiro com estrutura e tempo de operação. Um layout eficiente reduz deslocamentos internos, melhora a rotatividade e diminui o risco de danos.

A lógica é simples, quanto mais organizado o espaço, menor o tempo gasto para localizar e movimentar produtos. Em centros de distribuição maiores, isso impacta diretamente a produtividade da equipe.

Revisar o layout, padronizar a identificação de produtos e aplicar técnicas de armazenagem por giro (como zona quente e fria) são medidas com retorno rápido e mensurável.

Indicadores para controlar e reduzir custos

Controlar estoque sem medir é agir no escuro. Indicadores ajudam a entender padrões, identificar desvios e ajustar processos antes que o custo aumente.

Entre os mais usados está o GIRO DE ESTOQUE, que mostra quantas vezes o estoque foi renovado no período. Fórmula:

Giro = CMV / Estoque médio

Quanto maior o giro, menor a permanência dos itens e menor o risco de obsolescência. Um giro baixo indica excesso e alerta para capital parado.

Outros indicadores relevantes:

  • Custo de armazenagem por unidade: mede a eficiência do espaço.
  • Cobertura de estoque (em dias): mostra por quanto tempo o estoque atende a operação atual.

Esses dados permitem ajustes mais precisos nas compras, evitando estoques excessivos ou rupturas. Mais do que medir por medir, o importante é agir com base nos resultados.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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