Instrução de Trabalho: o que é e como fazer
Gestão da Qualidade

21 de abril de 2020

Última atualização: 24 de julho de 2025

Instrução de Trabalho: o que é e como fazer

Em qualquer organização que busca eficiência, padronização e segurança nas operações, a instrução de trabalho é um documento indispensável. Ela orienta, de forma direta, como uma tarefa deve ser executada. Serve como base para garantir que todos sigam o mesmo padrão, reduzindo erros e aumentando a confiabilidade dos processos.

Neste conteúdo, você vai entender o que caracteriza uma instrução de trabalho, quais são os elementos que ela deve conter e quem é responsável por elaborá-la. Também vamos explicar como ela se relaciona com a ISO 9001 e qual a diferença entre instrução de trabalho e procedimento.

O que é uma instrução de trabalho?

Instrução de trabalho é um documento que descreve, de forma clara e precisa, como executar corretamente uma atividade específica. Ele detalha as etapas que devem ser seguidas para evitar erros, retrabalho ou riscos, especialmente em tarefas que exigem padronização.

Por exemplo, considere o processo da área de compras. A instrução pode descrever quais documentos devem ser apresentados pelo colaborador ao registrar uma nota de despesa e quais passos seguir para enviar essas informações corretamente. Nesse caso, o documento estaria vinculado à atividade "Enviar nota de despesa".

As instruções de trabalho são amplamente utilizadas em ambientes industriais e corporativos, principalmente dentro de sistemas como o Lean Manufacturing. Nesses contextos, elas têm caráter obrigatório e são usadas para garantir a execução padronizada de operações críticas. Quando o conteúdo é apenas sugestivo ou consultivo, o documento pode ser classificado como um guia ou manual, e não como uma instrução formal.

Apesar de serem adotadas há décadas, muitas instruções de trabalho ainda têm eficácia limitada devido ao uso de formatos físicos (papel), à estrutura excessivamente burocrática e ao conteúdo pouco visual. Atualizações em formato digital e uso de recursos visuais têm tornado esses documentos mais acessíveis e funcionais nas rotinas operacionais.

O que deve conter em uma instrução de trabalho?

Uma instrução de trabalho eficaz precisa ser objetiva, fácil de entender e adaptada à rotina de quem irá executá-la. Ela deve apresentar as informações de forma organizada, com linguagem simples e foco na execução correta da tarefa.

Veja os principais elementos que não podem faltar:

  • Identificação do documento: título, código, setor responsável e data de revisão.
  • Objetivo da instrução: descreve o propósito do procedimento.
  • Campo de aplicação: informa onde, quando e por quem o procedimento deve ser seguido.
  • Referências normativas ou documentos associados: inclui procedimentos, normas ou manuais relacionados.
  • Materiais e equipamentos necessários: lista o que é preciso para executar a tarefa.
  • Passo a passo da atividade: sequência das etapas, com verbos no imperativo e linguagem direta.
  • Cuidados e pontos de atenção: orientações sobre riscos, requisitos de segurança ou possíveis falhas.
  • Responsável pela execução e aprovação: identifica quem executa, valida e revisa a instrução.

Ao reunir esses itens, o documento se torna uma ferramenta funcional, promovendo a padronização e reduzindo falhas na execução de processos.

Quem é o responsável por elaborar e atualizar as instruções de trabalho?

A responsabilidade pela elaboração de uma instrução de trabalho deve estar alinhada à área que executa a atividade descrita. Normalmente, esse documento é desenvolvido por:

  • Líderes de equipe ou supervisores operacionais;
  • Profissionais da qualidade;
  • Engenheiros ou analistas de processos, quando há maior complexidade técnica.

É fundamental que a criação envolva quem conhece a prática. A participação direta dos operadores e colaboradores garante que o conteúdo reflita a realidade do processo e seja aplicado de forma eficaz.

Já a atualização das instruções de trabalho deve seguir uma rotina definida. Mudanças em equipamentos, processos, normas ou requisitos regulatórios exigem revisão imediata do documento. Além disso, recomenda-se revisar periodicamente, mesmo sem mudanças aparentes, para garantir que o material esteja em conformidade com a prática atual.

A gestão da documentação, incluindo versionamento, revisão e aprovação, costuma ficar sob responsabilidade do setor de Qualidade ou do sistema de gestão da empresa. No entanto, a atualização deve ser uma responsabilidade compartilhada, com contribuição ativa das áreas envolvidas na execução.

Qual a relação entre instrução de trabalho e a ISO 9001?

A instrução de trabalho é um dos documentos utilizados para atender aos requisitos da ISO 9001, especialmente no que diz respeito à padronização de processos e à garantia da conformidade dos produtos e serviços.

A norma ISO 9001:2015 não exige documentos específicos como procedimentos ou instruções. No entanto, ela estabelece que as organizações devem manter informações documentadas que assegurem a execução eficaz dos processos. É nesse contexto que a instrução de trabalho ganha importância.

Ela complementa o sistema de gestão da qualidade ao detalhar como uma tarefa deve ser feita, garantindo que colaboradores diferentes sigam o mesmo padrão, mesmo em situações rotineiras ou críticas.

Além disso, a instrução de trabalho serve como evidência objetiva durante auditorias, demonstrando que a empresa possui controle sobre as atividades operacionais e atua de forma sistemática.

Por isso, para empresas certificadas ou que desejam se adequar à ISO 9001, a elaboração de instruções bem estruturadas fortalece a consistência, reduz erros e melhora a qualidade dos resultados.

O que é procedimento?

Não confunda procedimento com processo. A ISO 9001:2015 diz que um Procedimento é: “maneira especificada de realizar uma atividade ou um processo”. Quando você tem um processo que deve ocorrer de uma maneira específica e detalha como isso acontece, você tem um procedimento. O procedimento é obrigatório e é necessário para desenvolver qualquer Sistema de Gestão da Qualidade. Por favor, preste atenção que nem todos os processos precisam ter um procedimento e que o mesmo processo pode ter associado um ou vários procedimentos.

Um procedimento será determinado pela necessidade de detalhar a maneira específica de realizar as atividades por questões legais, conformidade regulatória ou políticas da empresa. Os procedimentos são utilizados para as atividades nas quais várias operações estão vinculadas e diferentes pessoas ou departamentos da empresa estão envolvidos (por exemplo, , procedimento de compra, procedimento de avaliação de fornecedores, procedimento de automação de faturas, procedimento para trabalho de risco).

Qual é a diferença entre uma instrução de trabalho e um procedimento?

Embora sejam documentos complementares, existe uma diferença entre instrução de trabalho e procedimento.

A instrução de trabalho descreve, em detalhes, o passo a passo necessário para executar uma tarefa específica. Seu foco é operacional, orientando quem realiza a atividade para garantir eficiência, segurança e padronização.

O procedimento, por sua vez, apresenta uma visão mais ampla do processo. Ele define o fluxo das etapas envolvidas, estabelece responsabilidades, critérios de controle, indicadores de qualidade e os registros necessários. Um procedimento pode incluir diversas instruções de trabalho associadas às suas atividades.

Resumidamente:

  • Instrução de trabalho: descreve como executar uma tarefa.
  • Procedimento: define o que será feito, por quem, quando e com quais critérios.

Ambos são usados em sistemas de gestão da qualidade, mas cumprem funções diferentes dentro da estrutura de processos da organização.

Como criar uma instrução de trabalho eficaz?

Criar uma boa instrução de trabalho vai além de atender normas. O foco deve ser facilitar a execução correta da tarefa por quem está na operação. A seguir, veja práticas que ajudam a tornar o documento mais útil e funcional.

1. Comece pela perspectiva do usuário

A instrução precisa ser útil para quem executa a atividade. Muitos documentos são criados com foco técnico ou para fins de auditoria, mas isso não garante que serão compreendidos no dia a dia.

Antes de escrever, responda:

  • Que informações a pessoa precisa para realizar a tarefa?
  • Qual a melhor forma de apresentar essas informações?
  • Em que momento e local essas instruções serão consultadas?

Esse direcionamento ajuda a produzir conteúdos mais práticos e aplicáveis.

2. Use linguagem simples e direta

Evite jargões e termos técnicos desnecessários. Prefira frases curtas, verbos no imperativo e foco na ação. Siga algumas diretrizes:

  • Grupos de substantivos com no máximo 3 palavras.
  • Frases com até 20 palavras.
  • Parágrafos com até 4 linhas.
  • Use voz ativa sempre que possível.
  • Especifique claramente cada passo.

Isso melhora a compreensão e reduz erros na execução.

3. Estruture o conteúdo por etapas

Divida o processo em etapas numeradas ou marcadores. Cada item deve representar uma ação concreta. Essa organização facilita o uso no momento da atividade e evita ambiguidades.

4. Inclua recursos visuais

Se a atividade é visual, o conteúdo também deve ser. Fotos, diagramas e ilustrações aumentam a retenção da informação e reduzem falhas de interpretação. Sempre que possível:

  • Combine texto com imagens explicativas.
  • Destaque áreas críticas ou pontos de atenção nas imagens.
  • Utilize esquemas simples e objetivos.

5. Digitalize e torne acessível

Evite depender de instruções impressas em pastas ou murais. Versões digitais podem ser acessadas por dispositivos móveis e tornam as atualizações mais fáceis. Garanta que o colaborador tenha acesso no momento da execução, de forma rápida e prática.

6. Seja objetivo: apenas o necessário

Evite incluir informações genéricas ou irrelevantes. Concentre-se nas etapas principais e nos pontos críticos do processo. Instruções muito longas tendem a ser ignoradas.

Aplique o princípio da informação mínima necessária: o suficiente para realizar a tarefa com segurança, qualidade e eficiência.

7. Integre ao treinamento

Instruções de trabalho funcionam melhor quando fazem parte da formação prática. Ao integrá-las a treinamentos e módulos de capacitação, aumenta-se a retenção e a familiaridade com os procedimentos.

8. Planeje a ativação do conteúdo

As instruções devem estar disponíveis no momento certo e no local adequado. Analise:

  • Quando o colaborador precisa da informação?
  • Em qual ponto do processo ela deve ser acessada?
  • Qual formato facilita o uso durante a atividade?

Essa ativação contextual garante que o documento realmente seja utilizado.

9. Monitore e melhore continuamente

Instruções não são documentos fixos. Avalie o uso, colete feedback da equipe e atualize sempre que houver mudanças no processo. Ferramentas digitais permitem acompanhar dados de acesso e pontos de melhoria.

Revisar o conteúdo com base em desempenho operacional ajuda a evitar retrabalho, perdas e falhas recorrentes.

Promova o compartilhamento e a colaboração

A instrução de trabalho deve ser de responsabilidade de quem executa a atividade. Quando líderes e equipes se envolvem na criação do conteúdo, o engajamento aumenta. Eles conhecem a realidade do processo e contribuem para melhorias práticas.

Esse senso de propriedade incentiva a colaboração. Times que participam da criação se sentem responsáveis pela qualidade do documento e tendem a atualizá-lo com mais frequência.

Empresas com operações em diferentes unidades também se beneficiam do compartilhamento. Por meio de ferramentas digitais com suporte a múltiplos espaços ou áreas, é possível distribuir boas práticas entre localidades. Isso reduz retrabalho, padroniza procedimentos e melhora a eficiência dos processos em escala global.

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