o que é padronização
Seis Sigma

27 de março de 2017

Última atualização: 22 de maio de 2023

Padronização: o que é? Para que serve? Como aplicar?

O que é padronização?

Padronização é a uniformização de produtos, serviços e atividades. Idealmente, ela é conduzida por moldes que representam a melhor forma de execução de um trabalho, considerando a maneira mais segura, fácil, barata e confiável de um operador garantir a qualidade.

A padronização geralmente engloba os padrões técnicos (especificações) do produto, bem como os procedimentos operacionais para produzi-lo. Além disso, levam-se em conta as atividades relacionadas ao controle da qualidade, meio ambiente e segurança. Dessa forma, a padronização contribui para a estabilização dos processos, harmonizando a mão de obra com os demais elementos: com efeito, o conjunto máquina, método, mão de obra e material conecta-se formando um poderoso sistema de produção.

No Lean, a visão de padronização é um pouco diferente: a produção enxuta considera o desenvolvimento da padronização como base para a melhoria contínua, ou seja, espera que os resultados futuros superem os padrões.  Já na visão tradicional, os padrões são considerados o objetivo a ser seguido, como se fossem o último nível de desempenho. Em suma, na primeira padroniza-se para melhorar e a segunda, para que não seja necessário pensar mais naquele procedimento.

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Aproveite para conhecer a apostila de Introdução ao Lean FM2S e entenda um pouco mais sobre produção enxuta!

Como realizar a padronização da qualidade?

Para a padronização desses itens, devemos considerar que são baseados nas expectativas dos clientes e estão relacionados com as exigências estéticas e funcionais do produto como:

  • Aparência geral e qualidade da superfície;
  • Tamanho do produto e combinação de cores;
  • Observação de falhas ou tolerâncias;
  • Quantidade de defeitos existentes;
  • Existência de rebarbas.

Assim, como ferramentas para registrarmos essa padronização, lançamos mão da instrução de trabalho, de um quadro com os padrões, de uma folha de instrução de trabalho (FIT) ou de um procedimento. Com esses materiais, é possível registrar e disseminar para a equipe todas as características de qualidade que são importantes para o cliente. Tais documento, portanto, são a garantia de que todos sabem exatamente o que é qualidade para o cliente e que, se seguirem as instruções, conseguirão produzir tal qual ele deseja.

Como é feita a padronização de segurança e meio ambiente?

Esse tipo de padronização tem como intuito adequar-se às leis Estaduais e Federais referentes a esses temas. Se você tem uma empresa de moagem de quartzo, por exemplo, terá de estabelecer padrões para manusear o material, para proteção individual dos colaboradores, para descarte dos resíduos, para uso da água e assim por diante. É o caso da Cetesb, por exemplo, que possui vários regulamentos que devem ser observados, sob pena de interdição da operação.

Geralmente, essa padronização é elaborada pelos departamentos de Engenharia e não pode ser modificada por outros departamentos sem o consentimento de quem a elaborou. Além disso, é necessário desenvolver métodos para se atingir a segurança do operador e do meio ambiente, devendo-se eliminar, por exemplo:

  • Riscos de acidente com pisos escorregadios e ferramentas inadequadas;
  • Vazamentos de óleo e produtos químicos no solo;
  • Poluição atmosférica, etc.

A propósito, como está a padronização na sua empresa? Quais são seus padrões de qualidade, segurança e meio ambiente? Os operadores conhecem os padrões? Foram treinados? Essa padronização é visível ou atualizada?

O que são especificações padrão ou padrões técnicos?

Esses são padrões que fornecem as informações técnicas e de processos relacionadas à operação correta dos equipamentos para a produção. As especificações geralmente são fornecidas pela Engenharia Industrial, Métodos e processos ou Processos e Projetos e não podem ser alteradas pela produção, pois podem impactar diretamente na qualidade ou no custo dos produtos. São exemplos de especificações padrão:

  • Folha de Instrução de Trabalho (FIT);
  • Dimensões e tolerâncias dos produtos;
  • Método de processamento (método de solda, acabamento, etc);
  • Parâmetros da operação do equipamento (tempo, temperatura, pressão,etc);
  • Informações sobre ações de Manutenção;
  • Checklist para Setup rápido.

E os seus padrões técnicos, como estão?

  1. Como está atualmente o posto de trabalho?
  2. Coletam-se os dados e informações necessárias?
  3. Quais são as Especificações Padrão existentes?
  4. Os operadores conhecem essas Especificações Padrões? Foram treinados?
  5. As Especificações estão visíveis e atualizadas?
  6. Quem é o responsável pela atualização e qual a sua frequência?
  7. Faça uma análise do Estado Atual e identifique: Quais as oportunidades identificadas?

O que é Procedimento Operacional Padrão?

O Procedimento Operacional Padrão é um documento que tem como objetivo fornecer as informações operacionais para definir as regras da operação. Ele é utilizado em: regras e parâmetros do Kanban; rotas de fluxo de peças na fábrica; exigências de 5S e TPM definidas; quadro de acompanhamento da produção e em muitas outras aplicações. Por isso, é reconhecido como uma das mais importantes ferramentas de padronização.

Se quiser saber mais sobre Procedimento Operacional Padrão, confira também:

O que é a Padronização do Trabalho ou Trabalho Padrão?

Trabalho Padrão é a base das operações para a produção de produtos corretos do modo mais seguro, fácil e eficaz possível, partindo das tecnologias e dos processos já existentes. Consiste na descrição de procedimentos exatos para o trabalho de cada operador e está baseado em três elementos:

  • Tempo Taktritmo de produção: define e direciona o trabalho e os movimentos do operador;
  • Sequência de trabalho: fornece uma ordem de atividades aos operadores dentro do Tempo Takt;
  • Estoque padrão (estoque em processo): indica a quantidade mínima de peças necessárias para o sistema funcionar sem interrupções.

Como pré-requisitos para o trabalho padrão, as tarefas devem ser repetitivas, pois se ela tiver a opção de “se....então” não será possível padronizar. Enquanto isso, as máquinas e equipamentos da linha de montagem ou das células de produção devem ser confiáveis. Assim, podemos concluir que não é possível padronizar se o trabalho é constantemente interrompido. Por isso os problemas de qualidade devem ser mínimos, pois, se o funcionário muda constantemente a sequência para “consertar” defeitos, não será possível padronizar.

Quais são os limites da Padronização do Trabalho?

Na maioria das empresas, é comum confundir o conceito de padronização do trabalho. Enviar os estagiários ou analistas, por exemplo, para mapear as atividades executadas pelo colaborador e, depois, medir o tempo de execução de cada uma, não é padronização do trabalho. Certamente mapear as atividades e tomar os tempos são passos importantes, mas se não estiverem ligados à real padronização, não funciona.

Além disso, é preciso entender que o trabalho tem exceções, uma vez que não é possível eu padronizar tudo que pode acontecer na minha área de atendimento, por exemplo. Diante dessa constatação, eu pergunto: será? Ou você é adepto do velho “aqui não funciona assim”? Nesse caso, apesar de essa prática ser muito mais fácil, ela costuma não funcionar. Por isso, vá a fundo na padronização.

Uma vez, fizemos um projeto de SMED que foi interessante. No momento eu deveria ter uns 23 anos e era o meu primeiro projeto Lean. Quando comecei a padronizar o setup, logo me falaram que a máquina não pegava ajuste. Como assim “pegar” ajuste? Depois de muita conversa, me explicaram que a máquina (uma encartuchadeira de perfume) perdia o ajuste depois de 1 hora de funcionamento. Finalmente entendido o problema, fiz a pergunta ingênua: por que não arrumar a máquina? Mil respostas vazias e rasas surgiram. Não dá.

Quem utiliza o trabalho padrão?

O Trabalho Padrão deve ser utilizado principalmente pelo líder de produção como uma ferramenta de análise da operação. É o Trabalho Padrão que deve estabelecer as bases para a melhoria contínua e tem como benefícios:

  • Documentação dos processos;
  • Redução das variações;
  • Treinamento de novos funcionários.

Como criar o trabalho padrão?

Existem três documentos principais utilizados na criação e desenvolvimento do Trabalho Padrão, são eles:

  1. Quadro de Capacidade do processo: é utilizado para calcular a capacidade das máquinas e equipamentos no processo produtivo e também identificar quais são os processos gargalos existentes no sistema. Nesse caso, os cálculos envolvem o tempo manual e automático da máquina, o tempo de troca de ferramentas e a quantidade de peças por troca;
  2. Diagrama de Trabalho Padrão: é utilizado para mostrar as etapas do processo e os períodos de tempo, os movimentos do operador, a localização dos materiais em relação à máquina e ao layout geral do processo e os pontos importantes de qualidade e segurança;
  3. Tabela de combinação de Trabalho Padrão: é utilizada para mostrar a combinação do tempo de trabalho manual, o tempo de caminhada e o tempo de processamento da máquina para cada operador numa sequência de operação. A Tabela mostra a interação entre o trabalho do homem e da máquina e permite uma rápida análise caso haja variação no tempo Takt.

A saber, as folhas de Trabalho padrão devem estar voltadas para fora da célula, de forma a serem verificadas pelos líderes e não pelos operadores.

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Como garantir a padronização do trabalho?

Liderança: a primeira tarefa do supervisor é garantir que a sua equipe conheça e aplique os Padrões de Trabalho estabelecidos.

Auditorias: são necessárias para criar o hábito de manutenção das melhorias. É a chave para manter a estabilidade do processo.

Tudo isso e muito mais é abordado em nossas certificações Lean Seis Sigma:

Por fim, sabemos que para alavancar a carreira na área de melhoria, é importante sempre manter-se atualizado. Nesse caso, se você chegou até aqui é porque leva a sério e lê as coisas até o final. Não é do tipo que se contenta com 140 caracteres, não é mesmo? Parabéns! Não deixe de fazer os cursos, você vai gostar e verá como vale a pena.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.