Qual a diferença entre inovação Radical e Disruptiva? Veja aqui
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10 de abril de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Qual a diferença entre inovação Radical e Disruptiva? Veja aqui

Qual a diferença entre inovação Radical e Disruptiva?

A segunda onda digital está pronta para perturbar todas as esferas da vida econômica atual. Bem como o investidor de capital de risco Marc Andreesen apontou, “o software está comendo o mundo”. Contudo, apesar do escopo e do momento sem precedentes da digitalização, muitos diretores de decisão ficam inseguros sobre como lidar com essa situação. E o que fazem? Recorrem aos acadêmicos para orientar sobre como abordar a inovação de ruptura.

A primeira coisa que eles devem saber é que nem toda mudança na tecnologia "disruptiva". Isto é,  saber a diferença entre os variados tipos de inovação e as respostas que eles exigem das empresas. Em uma publicação recente no Journal of Product Innovation, os autores fizeram uma revisão, onde o intervalo incluía um tempo de 40 anos (1975 a 2016) de pesquisa, sobre a inovação.

Dessa maneira, ao usar o método de processos de linguagem natural, os autores analisaram e organizaram, 1.078 artigos publicados sobre tópicos de: Inovação disruptiva; Arquitetural; Inovadora; Destruidora de competência; Descontínua; E radical. Em seguida, usaram um algoritmo de modelagem de tópico, que tenta encontrar os mesmos em um conjunto de documentos de texto.

Por fim, comparou-se um por um dos modelos diferentes, o que os levou a selecionar o modelo que melhor descrevia os dados de texto subjacentes. Esse modelo agrupou o texto em 84 tópicos diferentes. Onde ele funciona melhor explicando a grande variedade dos dados na escolha de palavras a tópicos e tópicos a documentos, reduzindo o ruído nos dados.

O que mais você pode aprender sobre inovação?

Como funciona o modelo de medição dessas inovações ?

A princípio, o modelo de tópico nos permite analisar semelhanças e sobreposições entre tópicos nos artigos publicados. Por exemplo: O modelo mostrou que o tópico “inovação disruptiva”, é muito citado ao lado do tópico “modelo de negócio” em muitos estudos.

Em seguida, é utilizado um sistema inteligente de detecção da comunidade, para mapear a conexão interna e global geral de todos os tópicos da rede. Em síntese, duas comunidades tópicas destacaram-se como sendo ligadas ao maior número de outros tópicos: inovação disruptiva e inovação radical.

O que é inovação disruptiva?

A pesquisa de inovação disruptiva descreve um processo em que os novos operadores desafiam as empresas estabelecidas, na maioria das vezes, mesmo tendo recursos inferiores.

Podemos observar que, isso pode acontecer de duas maneiras:

  • Os participantes podem separar segmentos ignorados do mercado com um produto que era inferior pelos clientes mais exigentes do operador histórico e, depois, aparecer do nada ao mercado à medida que o produto se desenvolve.
  • Podem criar mercados onde não há e transformar não consumidores em consumidores.

Vale ressaltar que o cenário de pesquisa estudado sugere que a ruptura não se refere apenas à tecnologia, mas sim com a junção de tecnologias e inovação no modelo de negócios.

O que é inovação radical?

Em suma, Inovação Radical, por vem da ideia de criar de novos conhecimentos e do comercio de novas ideias ou produtos, que a princípio são novos. A pesquisa sobre inovação radical, portanto, enfoca nos tipos de comportamento nas organizações e estruturas, que explicam e preveem a um grande comércio de ideias inovadoras.

Para ser disruptivo, um negócio deve em primeiro lugar, ganhar a aceitação no segmento mais baixo do mercado. Ou seja, aquele segmento em geral que é ignorado pela maioria dos incumbentes, que preferem os clientes high-end mais lucrativos. Um bom exemplo é o Netflix.

Por exemplo, o negócio inicial de locação de filmes por correspondência não era atraente para um grande grupo de clientes da Blockbuster. Logo, para reverter a situação, apelaram para um nicho de filmes "nerds". Só depois de ter vindo a tecnologia, incluindo claro, a capacidade de transmitir pela Internet, a Netflix conseguiu ampliar seus negócios. Dessa maneira, podendo oferecer filmes sob demanda e TV a um grande público, de forma mais abrangente e econômica.

Ademais, a invasão inicial do tal mercado low-end que tornou a Netflix tão grande como ela é hoje. Um foco em um segmento de mercado maior, digamos que ainda no início, poderia ter de certa forma induzido uma resposta de combate pela Blockbuster. Onde a conquista de uma posição de baixo custo permitiu à Netflix se movimentar com um modelo de negócios, em especial muito diferente, atraente para os principais clientes da Blockbuster.

O caso da Netflix também mostra que a interrupção pode levar tempo. Observe, a Netflix foi fundada em 1997; A Blockbuster faliu em 2010. Agora, a Netflix tem como alvo outros provedores, com várias formas de gerar conteúdo e maior entretenimento, destinada a romper mais uma parte de sua indústria.

Como funciona a inovação radical?

Embora a inovação disruptiva esteja em si ligada a mudanças de tipos de negócios e à invasão de mercado de baixo custo. Temos que a inovação radical depende das capacidades de organizações, e do capital humano individual e em sua totalidade.

Dessa forma, temos que também, ressaltar a inovação de incrementos - por ex. a quinta lâmina de barbear da empresa de barbear - que ajuda as empresas a se manterem dentro de uma competição no curto prazo. Por outro lado, a inovação radical se concentra no impacto de longo prazo, e pode também envolver a: Substituição de produtos atuais; A alteração do relacionamento entre clientes e fornecedores; E a criação de categorias de produtos novos.

Isto é, as empresas já começam a confiar nos avanços das tecnologias. E dessa maneira, já pensam em elevar sua empresa ao próximo nível. Por exemplo: Mesmo em seu 181º ano de existência, a John Deere revolucionou toda a indústria agrícola, por meio da criação do ecossistema mais abrangente para produtos agrícolas.

Já em 2012, a empresa viu o potencial do big data na indústria agrícola. Os clientes que compraram as ferramentas John Deere puderam conectar seus equipamentos com vários pacotes de software que foram logo após combinados na plataforma aberta myJohnDeere.com.

Em que a inovação radical se relaciona mais?

Inovação como essa requer, entre outras coisas, maior interesse e foco na área tecnológica. (É claro que a inovação radical também pode levar a mudanças no modelo de negócios, como no caso da transição da John Deere para um modelo de negócio centrado na plataforma. Mas, ao contrário da inovação disruptiva, a tecnologia vem em primeiro lugar).

A inovação radical se relaciona a tópicos como: Cultura e capacidades organizacionais; Capital humano; Social; E gestão de projetos. Esses tipos de inovações transformam em si toda a maneira como as empresas se envolvem com o mercado, e são exigidas habilidades técnicas e competências organizacionais, sem exceção, novas das empresas que seguem esse caminho.

Nossa análise de texto confirma o que os estudiosos da inovação há muito acreditam: confundir os dois tipos de inovação é algo problemático. Esses tipos de inovação são causados ​​por mecanismos muito diferentes e exigem estratégias organizacionais muito diferentes para responder.

Então, o que isso significa para os gerentes e suas empresas?

Quando se depara com uma inovação com grande potencial disruptivo, a resposta para as empresas estabelecidas é o foco nas estratégias organizacionais: Novas unidades de negócios; E novos modelos de negócios.

Ou seja, as empresas que desejam conseguir ótimo resultados durante às interrupções, precisam se concentrar na organização como um todo. Além do mais, precisam estar dispostas, as vezes, em excluir suas próprias receitas. Explicando melhor, - para que desta forma seja possível competir com as interrupções com sucesso.

Por outro lado, a pesquisa sobre inovação radical, tem como foco, as capacidades dinâmicas e organizacionais. Isto é, crescer em grandes números os pontos principais ou escalar mais rápido que os concorrentes. Em síntese, é importante quando confrontados com novos avanços tecnológicos. Da mesma forma, a literatura sobre inovação radical tem um foco claro nas pessoas.

A imaginação e a capacidade de compreender o futuro da tecnologia são importantes para a geração de novas ideias necessárias à inovação radical. Portanto, a contratação de funcionários melhores e mais capazes prepara uma organização para lidar com mudanças súbitas e drásticas. No entanto, isso pode não garantir contra a interrupção se um entendimento das necessidades dos clientes se perder na tradução. Em outras palavras, as empresas podem ser ótimas para gerar ideias inovadoras, mas ainda sofrem com a miopia gerencial que cria potencial para a ruptura.

Aplique em sua empresa

Inovações disruptivas e radicais são fenômenos complexos, mas são importantes distinguir uns dos outros. Embora Marc Andreesen espere que muitos setores sejam afetados pelo software, com novas empresas ultrapassando as concessionárias, a tecnologia pode, ao mesmo tempo, permitir que os executivos transformem, em sua totalidade, seus negócios para um outro nível.

Em outras palavras, com novos modelos de negócios centrados no cliente, integrados em ecossistemas de serviços de produtos.

Muitos exemplos destacam como a inovação radical pode ajudar os operadores a se protegerem contra interrupções. Por exemplo, a Daimler está usando sua estratégia Car2Go para garantir posições de mercado contra as do Uber e do Lyft, que podem se tornar prejudiciais ao seu modelo de negócio principal. A Daimler, até uma data não muito distante, anunciou uma parceria com a BMW para unir forças e construir uma plataforma de mobilidade conjunta e um ecossistema.

Para a inovação disruptiva, a chave para a renovação de toda organização pode estar nas necessidades dos clientes, ao passo que, para a inovação radical, ela pode estar dentro das capacidades da própria empresa incumbente. Enganar um pelo outro pode de fato fazer mais mal do que bem.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.