A adoção de estruturas ágeis se tornou comum em organizações que buscam mais adaptabilidade, colaboração e entregas contínuas. Com diferentes frameworks disponíveis, como Scrum, Kanban e XP, é comum surgir a dúvida: qual modelo escolher?
Cada framework ágil tem características específicas, pensado para atender contextos distintos, desde equipes enxutas até ambientes corporativos complexos. Por isso, conhecer as principais opções é o primeiro passo para aplicar o Agile.
Neste conteúdo, você vai entender o que são frameworks ágeis, como funcionam na prática e quais são os cinco mais utilizados por equipes que trabalham com foco em valor, resposta rápida a mudanças e melhoria contínua.
O que são estruturas ágeis (Agile Frameworks)?
O Agile é uma maneira flexível de gerenciar projetos. É um conjunto de valores e princípios projetados para lidar com projetos de requisitos variáveis e agregar valor de forma rápida e frequente ao longo do tempo desse projeto. Existem várias estruturas diferentes usadas para aplicar os princípios do Agile. Para obter qualquer nível de sucesso quando aplicar o Agile ao trabalho do projeto, você precisa ter um entendimento seguro das estruturas desta metodologia e a capacidade de aplicar corretamente ao negócio.
Uma palavra rápida sobre o Agile
Como o Agile foi criado por desenvolvedores de software especificamente para projetos de desenvolvimento de software, é uma maneira muito responsiva e eficiente de lidar com o trabalho do projeto. Essas características benéficas tornaram uma abordagem ágil tão atraente que seu alcance superou o setor de TI e software. Hoje, é usado para projetos em quase todas as áreas de negócios e indústria.
5 frameworks ágeis para aplicar os princípios do Agile
As estruturas ágeis, também conhecidas como frameworks Agile, são métodos usados para colocar em prática os valores e princípios do Agile. Enquanto o Agile funciona como uma filosofia de trabalho, os frameworks definem como os times organizam tarefas, papéis e entregas no dia a dia.
Neste conteúdo, vamos apresentar 5 frameworks ágeis que ajudam equipes a entregar valor de forma contínua, adaptável e com foco em colaboração.
1. Scrum
O Scrum é um dos frameworks ágeis mais utilizados no mundo. Ele organiza o trabalho em ciclos curtos e repetitivos, chamados de sprints, que geralmente duram de uma a quatro semanas. A cada sprint, a equipe entrega uma versão funcional e incrementada do produto ou serviço.
Esse modelo se baseia em três papéis principais: Product Owner (responsável por priorizar as entregas), Scrum Master (facilitador do processo) e Time de Desenvolvimento (quem executa as tarefas). As cerimônias, como a daily meeting, review e retrospective, ajudam a manter alinhamento, foco e melhoria contínua.
O Scrum é usado em equipes de desenvolvimento de software, mas também vem sendo aplicado em projetos corporativos, áreas de inovação e marketing, onde há necessidade de adaptação constante e entregas rápidas. Empresas como a Spotify e a Microsoft utilizam esse framework para gerenciar produtos digitais e acelerar a entrega de valor ao cliente em ambientes complexos e dinâmicos.
Entre suas principais vantagens estão:
- Entregas incrementais com valor para o cliente
- Comunicação contínua entre os envolvidos
- Facilidade para ajustar prioridades a cada sprint
- Estímulo à melhoria contínua e transparência no processo
2. Kanban
O Kanban é um framework ágil voltado para a visualização e otimização do fluxo de trabalho.O foco está em acompanhar o progresso das tarefas em tempo real e reduzir gargalos de produção.
A ferramenta mais comum do Kanban é o quadro visual, dividido em colunas como “A Fazer”, “Em Andamento” e “Concluído”. As tarefas são representadas por cartões que se movem conforme avançam. Isso ajuda a identificar bloqueios rapidamente e a manter o trabalho fluindo de forma contínua.
O Kanban é amplamente utilizado em áreas operacionais, atendimento ao cliente, suporte técnico e gestão de processos administrativos. Empresas como a Toyota, que originou esse modelo na produção enxuta e a Zara, na gestão de estoque e cadeia de suprimentos, são referências em sua aplicação.
Entre as principais vantagens do Kanban estão:
- Visualização clara do status de cada tarefa
- Maior controle sobre o fluxo de trabalho
- Redução de gargalos e sobrecarga
- Adaptação contínua sem necessidade de reestruturação
3. Extreme Programming (XP)
O Extreme Programming (XP) é um framework ágil focado em qualidade técnica e entregas frequentes de software funcional. Ele prioriza a colaboração próxima entre desenvolvedores e clientes, com ciclos curtos de desenvolvimento, integração contínua e testes automatizados.
Essa abordagem é indicada para projetos em que a entrega contínua de valor é essencial e onde os requisitos mudam com frequência. O XP enfatiza boas práticas de engenharia de software, como programação em par (pair programming), refatoração constante e feedback rápido.
Muito utilizado por equipes de desenvolvimento de software que atuam em ambientes de alta complexidade, o XP é adotado por empresas como a ThoughtWorks e IBM em projetos que exigem entregas rápidas com alto nível de qualidade técnica.
Entre suas principais vantagens estão:
- Redução de erros por meio de testes automatizados
- Adaptação rápida a mudanças de requisitos
- Fortalecimento do trabalho em equipe e da comunicação
- Entregas frequentes com foco em valor para o cliente
4. Métodos Crystal
O Crystal é uma família de frameworks ágeis voltada ao desenvolvimento de software com foco em pessoas, leveza e adaptabilidade. Ele reconhece que diferentes projetos exigem abordagens distintas, especialmente em função do tamanho da equipe, criticidade do sistema e grau de complexidade envolvido.
Não há um único método Crystal, ele é dividido em variantes como Crystal Clear, Crystal Yellow e Crystal Orange, cada uma adequada a contextos específicos. O foco está em entregas frequentes, comunicação eficiente e mínima burocracia, sem abrir mão da organização.
Inspirado em teorias da complexidade e do caos, o Crystal entende que o desenvolvimento de software é um sistema dinâmico e imprevisível. Por isso, promove princípios como:
- Boa comunicação e colaboração
- Documentação mínima e suficiente
- Equipes auto-organizadas
- Adaptação contínua ao ambiente de projeto
O Crystal é utilizado por equipes que valorizam flexibilidade acima de regras rígidas. Um exemplo é seu uso em projetos internos da IBM e da Motorola, em contextos com alta variabilidade de requisitos.
Principais vantagens do Crystal:
- Leveza e personalização conforme o contexto
- Ênfase em pessoas e interação mais do que processos
- Boa escolha para projetos com equipes pequenas e entregas frequentes
5. Disciplined Agile (DA)
O Disciplined Agile (DA) é um framework que combina práticas ágeis com princípios do Lean e do tradicional gerenciamento de projetos. Ele propõe uma abordagem flexível e adaptável, permitindo que as equipes escolham o melhor caminho conforme o contexto organizacional e os objetivos estratégicos.
Ao contrário de frameworks mais prescritivos, o DA oferece orientações baseadas em escolhas (goal-oriented). Isso significa que, em vez de impor uma única forma de trabalhar, ele apresenta opções e ajuda a selecionar as práticas mais adequadas em áreas como governança, arquitetura, design, testes, entre outras.
O DA é indicado para empresas que desejam escalar a agilidade com governança e disciplina, especialmente em ambientes corporativos complexos. Ele foi adotado por organizações como a PMI (Project Management Institute) — que atualmente mantém o framework — e empresas do setor financeiro e de tecnologia que precisam conciliar agilidade com compliance.
Principais vantagens do Disciplined Agile:
- Permite customização de processos com base em contexto real
- Integra diferentes abordagens (Scrum, Kanban, SAFe, Lean)
- Suporta a agilidade organizacional em múltiplas áreas, não apenas no desenvolvimento de software
- Alinha flexibilidade operacional com exigências de governança
Mas afinal, qual seria a melhor estrutura?
Não existe uma estrutura ágil universalmente superior. O que funciona bem para uma equipe pode não servir para outra. O ideal é adaptar a escolha ao contexto do projeto, à maturidade da equipe e aos objetivos do negócio.
Na prática, muitas organizações combinam diferentes frameworks ágeis ou ajustam elementos de cada um conforme suas necessidades. Esse uso híbrido permite maior flexibilidade e favorece a construção de modelos próprios ao longo do tempo.
É importante lembrar que um dos valores do Manifesto Ágil é: “Indivíduos e interações acima de processos e ferramentas”. Isso significa que, embora as estruturas forneçam direcionamento, elas não devem engessar a forma como as equipes trabalham.
Muitas vezes, os frameworks servem apenas como ponto de partida. À medida que a organização evolui, ajustes naturais ocorrem — seja na cadência das entregas, nos papéis envolvidos ou nas práticas adotadas. O foco deve ser sempre gerar valor com eficiência e aprendizado contínuo.
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