SAFe: como escalar métodos ágeis em grandes empresas
Gestão de Projetos

15 de dezembro de 2025

SAFe: como escalar métodos ágeis em grandes empresas

O modelo propõe uma estrutura que conecta estratégia, desenvolvimento e operação, distribuindo responsabilidades sem perder o controle da entrega. É uma abordagem usada por organizações que precisam alinhar centenas de pessoas em torno de objetivos comuns, com cadência regular e ciclos de planejamento bem definidos.

Neste conteúdo, você vai entender o que é o SAFe, como ele funciona na prática, quais papéis compõem sua estrutura e por que esse framework tem sido adotado por empresas que lidam com sistemas grandes e interdependentes.

O que é o SAFe (Scaled Agile Framework)?

O SAFe (Scaled Agile Framework) foi desenvolvido no início dos anos 2010 como resposta à dificuldade das empresas em aplicar métodos ágeis em estruturas maiores. Enquanto o Scrum e o Kanban funcionavam bem em times pequenos, projetos com múltiplas equipes enfrentavam obstáculos para manter consistência, alinhamento e previsibilidade. 

A proposta do SAFe busca organizar o trabalho colaborativo entre áreas, produtos e níveis estratégicos, sem abandonar os princípios da agilidade.

Criado por Dean Leffingwell, o modelo começou como uma compilação estruturada de boas práticas e rapidamente se consolidou como uma das principais abordagens para escalar métodos ágeis em organizações complexas. 

Por que usar a metodologia SAFe?

A relevância do SAFe se relaciona com a necessidade de integrar estratégias de negócio com a execução técnica em um ambiente com múltiplos times. Ao organizar a entrega de valor em ciclos sincronizados, o modelo permite que líderes e equipes mantenham ritmo e foco, mesmo diante de demandas conflitantes ou mudanças constantes no mercado.

Empresas que lidam com portfólios amplos ou áreas interdependentes perceberam que práticas ágeis isoladas não garantem coordenação suficiente. O SAFe oferece uma estrutura que conecta decisões estratégicas ao desenvolvimento de soluções, reduzindo desperdícios de esforço, retrabalho e desalinhamento de expectativas.

Principais objetivos da metodologia SAFe?

O SAFe busca estruturar o trabalho de forma coordenada em organizações que atuam com múltiplos produtos e equipes. Seus objetivos centrais incluem:

  • Alinhamento estratégico e técnico: garantir que todas as equipes estejam direcionadas por metas comuns, conectando a execução operacional às decisões da liderança.
  • Organização da entrega de valor: estruturar ciclos de planejamento e inspeção contínua que viabilizem entregas incrementais e frequentes, reduzindo o tempo entre planejamento e feedback.
  • Autonomia com coerência: permitir que os times atuem de forma autônoma, mas dentro de um modelo que assegure integração entre produtos com dependências cruzadas.
  • Governança adaptativa: orientar decisões com base em dados objetivos e promover ajustes regulares sem comprometer a estabilidade do sistema como um todo.
  • Foco em fluxo contínuo e melhoria contínua: facilitar a identificação de gargalos, eliminar retrabalho e promover evolução constante dos processos e produtos.

Esses objetivos refletem uma abordagem sistêmica, voltada à eficiência sem rigidez, permitindo que organizações escalem agilidade sem abrir mão de previsibilidade e integração.

SAFe: Estrutura organizacional por níveis

O SAFe estrutura a adoção da agilidade em larga escala em quatro níveis organizacionais. Cada um tem papéis definidos, responsabilidades e mecanismos próprios de planejamento e entrega. A proposta é criar uma arquitetura de coordenação sem sufocar a autonomia dos times.

1. Team Level

Neste nível, os times ágeis atuam com práticas próximas ao Scrum ou Kanban. São responsáveis por desenvolver, testar e entregar incrementos de produto em sprints regulares. Cada equipe trabalha com um Product Owner e é orientada por um Scrum Master.

O foco está na entrega contínua de valor, no domínio técnico e na colaboração. Esses times participam do Program Increment (PI) junto aos demais, o que garante sincronização com o nível superior sem perder eficiência local.

2. Program Level

No Program Level, várias equipes trabalham juntas como parte de um Agile Release Train (ART) — uma estrutura que organiza até 125 pessoas em torno de um objetivo comum. Esse trem de entrega atua com cadência fixa e é guiado por um ciclo de Program Increments, geralmente com duração de 8 a 12 semanas.

Papéis como Release Train Engineer (RTE)System ArchitectProduct Management surgem nesse nível, com a missão de coordenar múltiplos times e manter a entrega integrada. O alinhamento ocorre por meio de eventos como o PI Planning, que define metas e compromissos compartilhados.

3. Large Solution Level

Este nível é acionado quando a organização trabalha com soluções complexas que envolvem múltiplos ARTs e fornecedores externos. Em vez de um único trem de entrega, o foco aqui está em coordenar vários trens que desenvolvem partes interdependentes de uma mesma solução.

Papéis como o Solution Train Engineer (STE) e o Solution Architect atuam para manter a integração e minimizar os riscos técnicos e operacionais. Essa camada é comum em setores como aeroespacial, defesa, telecomunicações e grandes sistemas industriais.

4. Portfolio Level

No topo da estrutura, o Portfolio Level conecta os objetivos estratégicos da organização à execução. A proposta é garantir que os investimentos estejam alinhados com os temas estratégicos e que a alocação de recursos ocorra com base no retorno esperado.

Nesse nível, entram práticas como Lean Portfolio ManagementEpic OwnersKanban de Epics, que priorizam grandes iniciativas (epics) com base em hipóteses de valor e evidências obtidas ao longo da execução. O SAFe também introduz a noção de guardrails financeiros, que limitam os gastos sem criar rigidez orçamentária.

Principais papéis no SAFe

O SAFe define papéis específicos para garantir alinhamento e entrega coordenada entre as equipes. Cada função tem responsabilidades claras na condução do trabalho dentro do Agile Release Train (ART).

Release Train Engineer (RTE)

O RTE é responsável por coordenar o funcionamento do ART. Atua como facilitador dos principais eventos do SAFe, como o PI Planning e as reuniões de sincronização. Seu foco está em remover impedimentos, promover melhoria contínua e manter o fluxo de entrega entre as equipes.

Product Management

Esse papel define o que será entregue. É o responsável por manter o Program Backlog priorizado, com base nas necessidades do negócio. Trabalha diretamente com os Product Owners para alinhar visão, metas e prioridades, garantindo foco em valor.

System Architect

O System Architect define a arquitetura técnica da solução. Sua atuação assegura que as decisões técnicas estejam alinhadas com os objetivos estratégicos. Atua em conjunto com as equipes para orientar decisões de design, padrões e interoperabilidade.

Scrum Master e Product Owner

O Scrum Master apoia o time no uso das práticas ágeis, ajuda na remoção de impedimentos e promove melhoria contínua. Já o Product Owner é o responsável pelo backlog da equipe, detalha as histórias e valida se o trabalho entregue atende ao que foi definido. Ambos são essenciais para o bom desempenho no nível dos times.

Artefatos e cadência de entregas

O SAFe organiza suas entregas em ciclos fixos, chamados de Program Increments (PIs), com duração média de 8 a 12 semanas. Dentro desses ciclos, há eventos e artefatos que garantem alinhamento, transparência e aprendizado contínuo.

PI Planning

É o evento que marca o início de cada Program Increment. Nele, todas as equipes do Agile Release Train se reúnem para alinhar prioridades, identificar dependências e definir os objetivos para o ciclo. Ao final do planejamento, são criados os Team PI Objectives e os Program PI Objectives, que servem como referência para acompanhamento.

System Demo

O System Demo ocorre ao final de cada iteração e mostra o progresso integrado das equipes. Diferente das reviews tradicionais, ele apresenta a entrega combinada de todos os times, com foco na funcionalidade do sistema como um todo. Esse momento permite avaliar se o produto está evoluindo conforme o esperado.

Inspect and Adapt

É a cerimônia de fechamento do PI. Nesse evento, as equipes avaliam os resultados do ciclo, analisam métricas de desempenho e identificam oportunidades de melhoria. Também podem definir ações corretivas para problemas recorrentes. O objetivo é promover ajustes que aumentem a efetividade da próxima entrega.

Vantagens em adotar o framework SAFe

A adoção do SAFe pode trazer ganhos estruturais para organizações que operam com múltiplas equipes e precisam manter alinhamento entre estratégia e execução. A seguir, estão os principais benefícios observados em empresas que aplicam o modelo:

Alinhamento entre times e áreas

O SAFe facilita a coordenação entre equipes que atuam em produtos ou frentes interdependentes. Com eventos sincronizados e objetivos compartilhados, reduz-se o risco de desalinhamento entre áreas técnicas e de negócio.

Previsibilidade na entrega de valor

A cadência fixa dos Program Increments permite acompanhar o ritmo de entrega com maior controle. Isso ajuda líderes a fazer projeções mais realistas e ajustar prioridades com base em dados concretos.

Adaptação contínua sem perder estabilidade

O modelo oferece mecanismos para incorporar mudanças sem comprometer a estrutura existente. Feedbacks recorrentes permitem ajustes rápidos, enquanto a arquitetura dos níveis garante controle e consistência.

Melhoria do fluxo de trabalho

Com foco em eliminar gargalos e promover ciclos curtos de feedback, o SAFe contribui para a redução de retrabalho e o aumento da eficiência operacional. As cerimônias de inspeção e adaptação ajudam a ajustar o sistema de forma evolutiva.

Tomada de decisão mais distribuída

Ao definir papéis e responsabilidades em todos os níveis, o framework promove decisões mais rápidas e contextuais. Isso reduz a dependência de aprovações centralizadas e acelera a resolução de problemas no dia a dia.

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