Gestão de projetos em P&D: 3 frameworks essenciais
Gestão de Projetos

09 de outubro de 2025

3 frameworks para gestão de projetos em P&D

Quem trabalha com projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) sabe que inovar significa lidar com incertezas, prazos flexíveis e várias equipes atuando ao mesmo tempo. Sem uma boa estrutura, ideias promissoras podem se perder no caminho.

É nesse ponto que entram os frameworks de gestão: ferramentas que organizam o processo, ajudam na tomada de decisão e dão ritmo aos ciclos de experimentação. Neste artigo, você vai conhecer três modelos que fazem diferença no dia a dia do P&D.

O que é a área de Pesquisa e Desenvolvimento nas empresas?

A área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é o conjunto de atividades voltadas à criação de conhecimento aplicado, à formulação de soluções técnicas e ao aprimoramento de produtos ou processos. 

A pesquisa busca entender fenômenos, testar hipóteses e gerar aprendizados que, posteriormente, podem ser convertidos em inovação. O desenvolvimento, por sua vez, se concentra em transformar esse conhecimento em aplicações práticas e viáveis do ponto de vista técnico e econômico.

Os profissionais que atuam em P&D integram conhecimentos científicos, técnicos e de mercado para propor melhorias ou construir algo inédito. A área ocupa um papel estratégico dentro das empresas, pois conecta o que já está consolidado tecnologicamente com aquilo que ainda está em construção. Além da criação de novos produtos, também se envolvem na revisão de métodos produtivos, na redução de custos operacionais e na adaptação de soluções frente a demandas regulatórias, tecnológicas ou de consumo.

Desafios recorrentes em projetos de inovação

Para quem está iniciando na área de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou para quem já está nessa jornada, sabe que a atuação em P&D costuma envolver múltiplos projetos em paralelo, conduzidos por equipes com formações distintas. A troca entre áreas técnicas, operacionais e até comerciais é parte do cotidiano, o que exige alinhamento constante para evitar erros e perda de foco. Além disso, as iniciativas costumam operar com incertezas técnicas, prazos flexíveis e escopos que se adaptam conforme o avanço das investigações.

Nesse ambiente, é comum que os resultados não sigam uma linha linear ou previsível. A ausência de garantias quanto ao retorno imediato amplia a necessidade de métodos que auxiliem na organização dessas etapas, no acompanhamento do progresso e na comunicação entre os envolvidos. Por isso, a adoção de frameworks de gestão voltados à realidade de projetos de P&D é decisiva para dar ritmo aos ciclos de experimentação sem comprometer os objetivos estratégicos.

3 abordagens para organizar projetos de P&D

A seguir, vamos apresentar três frameworks que podem apoiar equipes de P&D na condução dos seus projetos. Cada um oferece um conjunto de práticas voltadas para o avanço iterativo, a tomada de decisão com base em dados e a colaboração entre áreas distintas. São abordagens complementares, que podem ser aplicadas de forma independente ou combinadas, conforme a maturidade da equipe e os objetivos de cada iniciativa. 

Framework 1: Stage-Gate – controle por fases sem travar a inovação

O Stage-Gate organiza o desenvolvimento de projetos em uma sequência de fases técnicas e analíticas, chamadas de stages, que são intercaladas por pontos formais de decisão, conhecidos como gates. A cada fase, a equipe executa atividades específicas, como testes laboratoriais, análises financeiras ou avaliações de viabilidade. No gate seguinte, líderes e especialistas avaliam se o projeto deve continuar, ser ajustado ou interrompido.

Essas decisões seguem critérios objetivos, definidos com base no tipo de projeto e nos recursos disponíveis. O modelo permite que o investimento evolua gradualmente, com maior comprometimento financeiro apenas quando há evidências técnicas e mercadológicas que sustentam a continuidade.

Por que vale a pena usar no seu time?

Quem já está nessa área a mais tempo sabe que projetos de P&D operam com riscos técnicos, prazos incertos e orçamentos sensíveis. O Stage-Gate ajuda a mitigar esses fatores ao criar checkpoints frequentes, promovendo uma gestão mais criteriosa dos recursos e facilitando o alinhamento com diferentes áreas da empresa.

No contexto de P&D, é comum que várias iniciativas estejam em andamento simultaneamente. Ter um modelo que baliza as etapas e define pontos de parada evita desperdícios e aumenta a previsibilidade dos resultados. Para equipes que lidam com pesquisa incremental ou reformulação de produtos, o modelo cria um fluxo mais controlado sem inibir a evolução das ideias.

Como conduzir um projeto usando Stage-Gate?

A condução de um projeto no modelo Stage-Gate começa com a definição dos principais estágios que vão compor o ciclo. Em geral, em projetos de P&D, esses estágios incluem:

  • Investigação preliminar: pesquisa inicial sobre viabilidade técnica e tendências de mercado.
  • Testes técnicos: validação laboratorial, simulações ou análise de desempenho em pequena escala.
  • Prototipagem: desenvolvimento de versões iniciais do produto ou solução.
  • Análise regulatória: verificação de conformidade com normas e exigências legais.
  • Validação comercial: testes com usuários, análise de custo-benefício e projeções de mercado.

Para cada etapa, devem ser definidos entregáveis mínimos e critérios de avaliação. Ao final de cada fase, ocorre o gate, um momento de decisão estruturada. Essas reuniões têm como foco validar o andamento e definir se o projeto:

  • Avança para a próxima fase
  • Retorna para ajustes
  • É suspenso por inviabilidade técnica, econômica ou regulatória

Cada gate deve ser tratado como um ponto de decisão estratégica e não apenas como uma formalidade. Para isso, recomenda-se a presença de representantes das seguintes áreas:

  • Pesquisa e Desenvolvimento: visão técnica e científica do projeto;
  • Marketing: aderência ao posicionamento e público-alvo;
  • Finanças: viabilidade econômica e controle de orçamento;
  • Produção: escalabilidade e capacidade fabril;
  • Jurídico ou regulatório: conformidade com normas e exigências legais.

Essa composição evita que aspectos críticos sejam negligenciados e contribui para uma visão completa do risco antes do avanço.

Exemplo: desenvolvimento de um novo sérum em uma empresa de cosméticos

Imagine que uma indústria cosmética decide criar um novo sérum facial com foco em ativos naturais. A primeira etapa envolve pesquisa de ingredientes e testes de compatibilidade com a base existente. Essa fase inicial (Stage 1) gera dados técnicos e relatórios preliminares de segurança.

No primeiro gate, especialistas em formulação, marketing e regulação analisam os resultados. Com base nessa análise, o projeto avança para a próxima fase: desenvolvimento de protótipos em pequena escala e testes de estabilidade (Stage 2). Após nova avaliação, o projeto segue para testes com usuários, ajustes finais e preparação de dossiês regulatórios.

Esse encadeamento por etapas permite que a equipe valide cada decisão antes de escalar o investimento. Caso alguma etapa identifique uma limitação crítica, por exemplo, instabilidade do ativo em determinadas condições, o projeto pode ser pausado ou reformulado sem comprometer todo o orçamento previsto.

Framework 2: Scrum - agilidade com foco na entrega

Originalmente criado para o desenvolvimento de software, o Scrum tem sido adotado por equipes de pesquisa e desenvolvimento pela capacidade de lidar com projetos que envolvem descobertas progressivas e entregas parciais. 

Em vez de tentar planejar tudo antecipadamente, a lógica do Scrum valoriza o avanço prático com base no que é conhecido no momento, permitindo ajustes contínuos à medida que surgem novas informações. Essa característica torna o framework especialmente útil para contextos em que os requisitos ainda estão em formação, como é comum em P&D.

Por que vale a pena usar no seu time?

O Scrum oferece uma estrutura de trabalho compatível com a natureza experimental da área de P&D. Ao dividir os projetos em ciclos curtos com entregas parciais, é possível gerar valor mesmo em contextos de alta incerteza. Isso ajuda a reduzir riscos, tornar os resultados mais tangíveis ao longo do tempo e manter a equipe focada no aprendizado validado. Além disso, a rotina de feedback constante favorece a correção de rumo antes que esforços sejam desperdiçados em soluções que não atendem às necessidades reais.

Como conduzir:

A aplicação do Scrum começa com a definição de um backlog priorizado, que concentra as entregas desejadas ou hipóteses a serem testadas. A cada sprint, normalmente com duração de uma a quatro semanas, a equipe escolhe quais itens irá desenvolver. Durante esse período, ocorrem reuniões rápidas diárias para acompanhar o progresso e identificar bloqueios. 

Ao final do ciclo, os resultados são apresentados e discutidos em uma reunião de revisão, seguida por uma retrospectiva, que foca na melhoria contínua da dinâmica do time. Essa estrutura se repete enquanto houver entregas a fazer ou problemas a resolver.

Benefícios para times multidisciplinares

O Scrum contribui para integrar esses saberes por meio de rituais de comunicação regulares e papéis bem definidos. A figura do Product Owner conecta as decisões técnicas aos objetivos estratégicos, enquanto o Scrum Master assegura que os obstáculos do dia a dia não comprometam a fluidez do trabalho. Essa organização favorece a colaboração e torna as entregas mais consistentes ao longo do tempo.

Exemplo de uso do Scrum em uma indústria de cosméticos

Uma equipe de P&D de uma empresa de cosméticos trabalha no desenvolvimento de uma nova linha de produtos antiacne para peles sensíveis. Em vez de planejar todas as formulações e testes de uma só vez, o time adota o Scrum para dividir o projeto em sprints quinzenais. 

No primeiro sprint, o objetivo é formular três versões iniciais com diferentes combinações de ativos. 

No segundo, são realizados testes de estabilidade e eficácia preliminares. A cada entrega, os resultados são discutidos com áreas como marketing e regulatório. 

O backlog é ajustado com base no retorno dos testes e nas necessidades identificadas pelo time. Ao fim de cada ciclo, o conhecimento técnico se expande, e a próxima etapa parte de uma base mais sólida.

Framework 3: Design Thinking – solução centrada no problema

Antes de avançar para testes técnicos ou decisões de investimento, muitas equipes de P&D precisam garantir que estão resolvendo o problema certo. O Design Thinking surge nesse ponto como um caminho para estruturar a compreensão das necessidades, alinhar diferentes perspectivas e orientar o desenvolvimento de soluções que façam sentido tanto para a empresa quanto para o usuário final.

Por que vale a pena utilizar no seu time?

O Design Thinking é indicado quando há incertezas sobre qual problema resolver ou sobre qual solução terá maior impacto para o usuário final. Em projetos de P&D, esse framework ajuda a reduzir o risco de desenvolver algo tecnicamente viável, mas sem valor percebido pelo mercado.

Ao privilegiar a interação com usuários e a validação contínua de hipóteses, o método contribui para alinhar os esforços da equipe de pesquisa com os objetivos estratégicos da organização. Ele favorece a integração entre áreas técnicas, negócios e clientes, ampliando as chances de que o resultado final seja adotado com sucesso.

Como conduzir o Design Thinking em P&D?

A aplicação pode variar conforme o tipo de projeto, mas em geral segue cinco etapas principais:

  • Imersão (Empatia): compreender o contexto técnico e humano do problema, por meio de observação e entrevistas.
  • Definição: organizar os achados da imersão e estruturar o desafio central que precisa ser resolvido.
  • Ideação: promover sessões de geração de alternativas com a participação de diferentes áreas da empresa.
  • Prototipagem: transformar as ideias em modelos iniciais, que permitam simulações ou testes rápidos.
  • Testes: validar hipóteses junto a usuários, técnicos e demais stakeholders, ajustando a solução conforme o retorno obtido.

O diferencial está no caráter iterativo: não se trata de um fluxo rígido, mas de ciclos de aprendizado contínuos. Cada etapa gera informações que alimentam as próximas decisões.

Exemplo: reformulação de um produto em uma indústria de cosméticos

Uma empresa de cosméticos identificou que clientes reclamavam da embalagem de um creme facial, que dificultava a aplicação do produto até o fim. Em vez de simplesmente redesenhar a embalagem, a equipe de P&D aplicou o Design Thinking.

Na etapa de imersão, foram coletados relatos de consumidores e observadas situações de uso. A definição do problema mostrou que a dificuldade estava tanto no formato da embalagem quanto na viscosidade do creme. A partir disso, a equipe ideou diferentes soluções, como novos formatos de frasco e ajustes na formulação.

Com protótipos em mãos, foram realizados testes com grupos de usuários. O resultado foi a escolha de uma nova embalagem em pump, combinada a uma leve alteração na consistência do produto. Essa abordagem evitou soluções parciais e entregou uma versão mais alinhada às expectativas do consumidor final.

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Equipe FM2S

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