Quando uma empresa começa a perder eficiência, engajar menos as pessoas ou enfrentar retrabalhos frequentes, é comum buscar soluções técnicas imediatas. Mas nem sempre o problema está nos processos. Muitas vezes, o que enfraquece os resultados são decisões da gestão que, com o tempo, passam a ser tratadas como normais.
W. Edwards Deming chamou atenção para isso ao listar o que chamou de "doenças fatais da gestão".
Nos próximos tópicos, você verá quais são essas doenças, por que elas se mantêm e o que pode ser feito para evitá-las no ambiente atual.
O que são as doenças fatais segundo Deming?
As doenças fatais de Deming representam barreiras estruturais e comportamentais que comprometem o desempenho sustentável de uma organização.
O termo foi cunhado por W. Edwards Deming, um dos principais nomes da qualidade, como parte de sua crítica à forma como empresas gerenciavam pessoas, processos e resultados.
Essas doenças são descritas como erros de gestão profundamente enraizados, difíceis de serem eliminados e, se não tratados, capazes de deteriorar a cultura organizacional.
Deming não utilizou o termo "doença" por acaso. Assim como acontece na medicina, essas falhas podem parecer inofensivas no início, mas evoluem de forma silenciosa até se tornarem parte da rotina, comprometendo a capacidade da empresa de inovar, aprender e manter a qualidade.
Entenda as 7 doenças fatais da gestão
Deming identificou sete falhas recorrentes que prejudicam o desempenho organizacional. Essas doenças atuam de forma silenciosa e, quando não reconhecidas, afetam diretamente a qualidade, a eficiência e a cultura corporativa.
1. Falta de constância de propósito
Empresas que mudam de direção com frequência não conseguem consolidar melhorias. Sem um propósito que sirva de referência, decisões variam conforme o gestor da vez ou a pressão do mercado.
Exemplo: Um time inicia a implantação de um novo sistema de atendimento, mas três meses depois o projeto é abandonado porque a diretoria decide trocar de estratégia. A equipe perde tempo, energia e confiança na liderança.
2. Ênfase excessiva nos lucros de curto prazo
A busca por metas imediatas pode enfraquecer projetos de inovação, treinamento ou melhoria contínua. Cortes apressados trazem retorno financeiro rápido, mas criam custos maiores no futuro.
Exemplo: Para melhorar o resultado do trimestre, uma indústria decide adiar manutenções preventivas nas máquinas. O faturamento sobe, mas no mês seguinte uma falha paralisa a produção por dias, com impacto no prazo de entrega.
3. Avaliação de desempenho, mérito ou revisão anual
Sistemas baseados em avaliação individual ignoram fatores externos que afetam o desempenho. Isso gera competição interna, reduz a colaboração e desvia o foco da melhoria do processo.
Exemplo: Dois vendedores disputam o melhor desempenho mensal. Em vez de trocarem informações sobre clientes e abordagens, escondem dados entre si para manter vantagem no ranking.
4. Mobilidade excessiva da alta administração
Gestores que permanecem pouco tempo em seus cargos não acompanham os efeitos de suas decisões. Isso interrompe projetos em andamento e dificulta a criação de uma cultura consistente.
Exemplo: Um novo diretor é nomeado a cada 18 meses. Cada um traz sua própria linha de gestão, substitui metas anteriores e desmonta iniciativas que ainda estavam em fase de consolidação.
5. Gestão baseada somente em dados visíveis
Confiar apenas nos números apresentados em relatórios técnicos pode limitar o entendimento do que realmente influencia os resultados. Dados quantitativos precisam ser acompanhados de observação e escuta.
Exemplo: Uma fábrica registra queda na produtividade, mas os indicadores de produção parecem estáveis. Só depois de conversar com os operadores, a liderança descobre que a troca recente de turnos gerou desmotivação e cansaço.
6. Custos médicos excessivos
Empresas que não consideram a saúde dos colaboradores em sua gestão enfrentam perdas com afastamentos, rotatividade e queda de desempenho. Cuidar da saúde é parte da estratégia.
Exemplo: Um escritório ignora as queixas sobre postura e mobiliário. Em poucos meses, aumentam os afastamentos por dores na coluna e problemas de tendinite, com impacto direto nas entregas.
7. Custos excessivos de garantias e retrabalhos
Corrigir erros após a entrega representa desperdício de tempo e dinheiro. Processos instáveis geram falhas frequentes e afetam a confiança dos clientes.
Exemplo: Um software é lançado com falhas que já haviam sido relatadas durante os testes, mas ignoradas por pressa em cumprir o cronograma. Após o lançamento, a equipe precisa parar novos projetos para corrigir bugs que poderiam ter sido evitados.
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