Quando foi a última vez que você pediu uma pizza com borda crocante, muçarela no ponto certo e adicionais sem exageros nem faltas? Parece simples, mas não é por acaso.
No dia 10 de julho, o Brasil celebra oficialmente o Dia da Pizza. A data foi pensada para homenagear um prato que, há muito tempo, deixou de ser apenas italiano para se tornar brasileiro, no gosto, nas adaptações e na rotina.
Neste conteúdo, vamos acompanhar como a pizza percorreu o tempo e o mundo da preparação artesanal nos lares mediterrâneos até os fornos industriais das grandes redes. Você vai entender por que ela deixou de ser apenas uma comida popular para se tornar um produto que exige padrão de qualidade e controle de preparo consistentes
Antes da pizza: pães achatados e cobertos no mundo antigo
Muito antes da pizza ganhar nome e fama, civilizações antigas já assavam pães achatados cobertos com ingredientes simples. Egípcios, gregos e persas colocavam ervas, azeite ou queijo sobre a massa, criando preparações rústicas que eram consumidas dentro de casa, entre famílias. Não havia comércio ou receitas padronizadas, era comida cotidiana, feita para partilhar.
Na Grécia Antiga, por exemplo, o plakous, um pão redondo com azeite e especiarias, era presença comum nas refeições. E em tempos de guerra, soldados romanos improvisavam discos de massa nos escudos aquecidos ao fogo. Curioso, mas real. O conceito de uma base simples com cobertura já circulava bem antes de alguém pensar em um forno a lenha.
Essas práticas não eram pizza, mas deixaram claro um ponto: a ideia de cobrir massa com sabores sempre esteve por perto só faltava um nome e um forno em Nápoles.
O nascimento da pizza moderna em Nápoles
A pizza, do jeito que conhecemos, ganhou forma nas ruas movimentadas de Nápoles, entre os séculos XVIII e XIX. Até então, massas achatadas cobertas com ingredientes simples eram preparadas no ambiente doméstico. Mas Nápoles crescia e com ela aumentava a desigualdade. A cidade recebia trabalhadores de outras regiões, a urbanização avançava, e o acesso à comida precisava ser rápido, barato e farto.
Foi nesse cenário que a pizza deixou de ser apenas um prato caseiro. Começou a ser preparada por vendedores ambulantes e, mais tarde, em pequenas casas especializadas, as primeiras pizzarias. Era comida de rua, feita para saciar, servir com as mãos e custar pouco. Com uma base simples de farinha, água, sal e fermento, o tomate, cultivado localmente desde o século XVII, trouxe cor e acidez à receita. Ao lado do queijo e de ervas locais, formou o que logo se tornaria símbolo popular da cidade.
Pizza Margherita: de homenagem real à necessidade de padronização
A virada de chave aconteceu em 1889, quando o pizzaiolo Raffaele Esposito foi convidado a cozinhar para a rainha Margherita di Savoia. Criou uma pizza com muçarela, tomate e manjericão, as cores da bandeira italiana no prato. A rainha aprovou e assim a Pizza Margherita recebeu nome, prestígio e um lugar oficial na cultura do país.
A popularização trouxe um novo desafio: manter o padrão de sabor, textura e preparo mesmo com o aumento da demanda. O que antes era feito em casa, agora precisava atender muitas pessoas. Começava aí a história de como a pizza também se tornaria um tema de qualidade.
A pizza no Brasil: da imigração à paixão nacional
A história da pizza no Brasil começa com a chegada dos imigrantes italianos no final do século XIX. Muitos se estabeleceram no estado de São Paulo, especialmente nos bairros operários da capital. Trouxeram na bagagem tradições culinárias simples, como massas e pães caseiros, e entre elas, a pizza.
No início, a produção era restrita aos lares das famílias italianas. Mas, aos poucos, o costume de preparar e dividir esse alimento atravessou a vizinhança. A pizza começou a ser vendida informalmente, depois em padarias, até que surgiram as primeiras pizzarias organizadas, com atendimento ao público e fornos a lenha.
A primeira pizzaria oficialmente registrada no Brasil está localizada no bairro Brás, no estado de São Paulo, inaugurada na década de 1910. Mas foi a partir dos anos 1950 que o prato se popularizou de vez, impulsionado pelo crescimento urbano, pela industrialização e pelo fortalecimento da cultura alimentar em São Paulo.
Com o tempo, os sabores foram se adaptando ao gosto brasileiro. O paladar local incorporou catupiry, presunto, calabresa e até variações doces. A pizza deixou de ser apenas um alimento imigrante para se tornar parte do cotidiano do país. Hoje, São Paulo é considerada uma das cidades com maior consumo de pizza no mundo, e o Dia da Pizza, comemorado em 10 de julho, reflete essa relação.
E o ketchup na pizza?
Se tem algo que divide opiniões no Brasil, é o ketchup na pizza. Para alguns, ele completa o sabor; para outros, é quase um sacrilégio gastronômico. O fato é: essa prática é brasileira e também não é italiana.
Na Itália, o ketchup é visto como algo que “mascara” o sabor da pizza. Por lá, o respeito à receita original é quase uma regra, especialmente em pizzarias napolitanas, onde ingredientes, tempo de forno e até o tipo de tomate seguem critérios rigorosos.
Já no Brasil, a pizza ganhou liberdade. Variações com borda recheada, coberturas doces e, sim, um sachê de ketchup ao lado do prato, viraram comuns. Alguns consumidores não abrem mão. Outros viram os olhos. Mas a verdade é que esse debate também mostra como a pizza foi apropriada pela cultura brasileira com direito a sotaque, borda de catupiry e opinião firme na mesa.
Com o crescimento, veio a necessidade de padronizar
A expansão das pizzarias nos centros urbanos trouxe um novo desafio: manter o sabor, a textura e a entrega da pizza de forma consistente, dia após dia, cliente após cliente. A diferença entre uma pizza mal assada e uma que respeita tempo de forno, proporção de molho e qualidade dos ingredientes passou a influenciar diretamente a fidelização.
A profissionalização do setor exigiu que entrasse em cena o controle de processos, a capacitação de pizzaiolos e a adoção de padrões de preparo. Surgiram escolas especializadas, certificações e até disputas entre pizzarias por quem entrega mais regularidade sem abrir mão da tradição.
Esse movimento mostrou que, por trás de um prato simples, há uma engrenagem que envolve gestão, técnica e cuidado. E é nesse ponto que a pizza e a qualidade se encontram.
Quando padronizar virou necessidade
À medida que a pizza deixou de ser um negócio de bairro e passou a integrar grandes redes com atuação nacional, a consistência no preparo deixou de ser diferencial e passou a ser exigência básica do consumidor. Em uma rede com filiais no Sul e no Norte do país, o sabor precisa ser o mesmo e isso só acontece quando processos estão bem definidos e seguidos com precisão.
Receita, tempo de forno, gramatura de ingredientes, temperatura da massa, ponto da fermentação. Tudo precisa estar descrito, testado e monitorado, não há expansão sem controle e não há controle sem padronização.
Redes que crescem com consistência entendem isso cedo. Algumas criaram manuais operacionais, programas internos de qualidade e treinamentos específicos para pizzaiolos. Outras foram além: implementaram sistemas de gestão da qualidade e passaram a medir indicadores como tempo de preparo, taxa de retrabalho e até satisfação do cliente por unidade.
Essa estrutura evita distorções. Impede que uma pizza mais salgada, mais crua ou montada de forma irregular comprometa a marca. Quando um produto depende tanto da percepção imediata, sabor, visual e textura, qualquer desvio coloca a confiança em risco.
A padronização, nesse contexto, não é sinônimo de engessar o sabor, mas sim de garantir que a experiência entregue ao cliente seja confiável, esteja ele onde estiver.
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