Desde sua estreia em 2016, Stranger Things se consolidou como um dos maiores fenômenos da Netflix. A série criada pelos irmãos Duffer ultrapassou o rótulo de "ficção retrô" e se tornou referência de cultura pop.
O que começou como uma história sobre o desaparecimento de um garoto em uma cidade fictícia ganhou proporção ao conectar mistério, terror e amizade em uma narrativa envolvente.
O sucesso de Stranger Things não está apenas no enredo ou nos efeitos visuais. Está, sobretudo, no desenvolvimento dos personagens. Ao longo das temporadas, vemos adolescentes inseguros se tornarem protagonistas de suas decisões.
Vemos adultos falhos aprendendo a escutar. E em meio ao caos do Mundo Invertido, vemos diferentes formas de liderança emergirem, espontâneas, frágeis e corajosas. É nesse ponto que a série se aproxima do universo corporativo, ainda que pareça distante dele.
A próxima seção irá mostrar como essas formas de liderança se expressam por meio de personagens que, entre bicicletas, walkie-talkies e monstros, aprenderam a liderar sem saber que estavam fazendo isso.
Os tipos de liderança presentes na série
A série não apresenta líderes óbvios. Em vez disso, revela personagens que vão assumindo responsabilidades à medida que os desafios surgem. Cada um deles mostra uma forma distinta de se posicionar diante do grupo, mesmo sem a intenção clara de comandar. E é justamente aí que a liderança aparece, na prática.
Eleven: liderança silenciosa
Ela fala pouco, mas quando age, muda o rumo da história. Interpretada por Millie Bobby Brown, Eleven é a personagem que mais cresce ao longo das temporadas. Sua liderança não vem da força, embora ela a tenha, mas da capacidade de proteger, confiar e sacrificar quando o grupo precisa.
Mesmo nos momentos em que se isola, suas escolhas geram impacto coletivo. O grupo aprende com ela, mesmo sem que ela diga uma palavra. É um tipo de influência que opera mais na ação do que no discurso.
Trata-se de uma liderança do tipo inspiradora e empática, pautada mais pelo exemplo do que pela imposição.
Entre suas qualidades, destacam-se a escuta silenciosa, a coragem de se expor ao risco pelo bem comum e a sensibilidade para perceber o que os outros não dizem.
Sua virtude mais evidente é a lealdade, que sustenta os vínculos do grupo mesmo nos momentos de maior conflito.
Esse perfil mostra que liderar não exige voz alta nem posição formal. Exige clareza de propósito e disposição para agir com coerência, mesmo quando ninguém está olhando.
Que tipo de líder age como a Eleven?
É o perfil de liderança comum em profissionais que influenciam mais pelo exemplo do que pela autoridade hierárquica. Em empresas, são pessoas que conduzem projetos com consistência, mantêm a equipe unida em momentos difíceis e transmitem segurança mesmo sem precisar controlar.
Costumam ser referências discretas, mas fundamentais para o equilíbrio do grupo. Líderes assim são reconhecidos não pelo volume da fala, mas pela firmeza das ações.
Mike: liderança pela conexão
Interpretado por Finn Wolfhard, Mike é aquele que ninguém nomeou líder, mas que todos seguem. Ele organiza, motiva e propõe caminhos. Sua liderança surge da iniciativa e da empatia. É quem, nos momentos de incerteza, sustenta a coesão do grupo.
Mesmo sem controle total da situação, toma para si a responsabilidade de manter todos juntos. Assume uma liderança do tipo relacional e colaborativa, que se baseia mais na confiança mútua do que em imposição de autoridade.
Há fragilidades em sua postura, inseguranças, decisões precipitadas, mas é justamente isso que torna sua figura real. Ele erra, mas persiste, entre suas principais qualidades estão a escuta, a dedicação constante e a disposição para assumir riscos emocionais.
Sua virtude mais marcante é a confiança que deposita nos outros, mesmo quando tudo ao redor parece ruir.
Mike mostra que liderar também é se manter acessível, abrir espaço para diferentes vozes e criar segurança para que os outros se expressem. Sem formalidade, mas com firmeza emocional.
Que tipo de líder age como o Mike?
Esse perfil é comum em líderes que constroem vínculos de confiança e promovem colaboração genuína.
São profissionais que mantêm o grupo coeso, especialmente em cenários de incerteza. Costumam ser os que mediam conflitos, escutam antes de agir e mantêm o foco no bem-estar coletivo. São líderes de base, que sustentam a equipe mesmo sem ocupar o centro.
Hopper: liderança entre limites e responsabilidades
Interpretado por David Harbour, Hopper vive o dilema de transitar entre a autoridade formal e os vínculos afetivos. Como chefe de polícia, sua liderança se apoia em decisões rápidas, foco na proteção e um pragmatismo necessário para lidar com crises. Mas, ao se envolver com os jovens, precisa ajustar o tom, moderar a rigidez e abrir espaço para escuta.
Sua relação com Eleven evidencia esse conflito. Ao tentar protegê-la, ultrapassa limites. Erra por zelo, e é nesse movimento de avançar e recuar que sua trajetória ganha densidade.
Hopper representa uma liderança do tipo protetora e diretiva, marcada pela responsabilidade e pelo senso de dever, mas atravessada por emoções que ele nem sempre sabe administrar.
Entre suas qualidades estão a coragem, a disposição para assumir riscos e a capacidade de tomar decisões mesmo sob pressão.
Sua virtude central é a lealdade, que orienta suas escolhas ainda que elas, às vezes, o levem a confrontos internos e externos.
Hopper mostra que liderar não é apenas garantir ordem. É equilibrar firmeza e humanidade. É reconhecer que autoridade sem diálogo perde força, e que vínculos sem limites podem gerar conflitos. Liderar, para ele, é aprender a caminhar entre esses dois polos.
Que tipo de líder age como o Hopper?
Esse perfil se aproxima de gestores que lideram com base na experiência, senso de proteção e autoridade técnica.
Costumam ser decisivos e comprometidos com os resultados, mas enfrentam o desafio de equilibrar comando com escuta. São líderes respeitados, especialmente em contextos operacionais ou de alta pressão, mas que evoluem quando se abrem ao diálogo e à construção coletiva.
Max: liderança que desafia pelo exemplo
Interpretada por Sadie Sink, Max entra em um grupo já estruturado e, logo de início, enfrenta resistência. Mas sua presença cresce conforme ela se posiciona, questiona e ocupa espaço com firmeza. Sua liderança não é atribuída, ela é conquistada na prática, à medida que rompe com expectativas e desafia a passividade.
Quando todos hesitam, Max propõe. Quando o medo paralisa, ela avança. Mesmo sem buscar o protagonismo, é nele que ela se coloca. Sua liderança é do tipo desafiadora e intuitiva, movida por coragem, senso de justiça e capacidade de tomar decisões rápidas em contextos adversos.
Entre suas qualidades, destacam-se a iniciativa, a independência emocional e a clareza ao comunicar o que pensa.
Sua virtude mais evidente é a autenticidade, que sustenta suas ações mesmo quando enfrenta resistência ou incompreensão.
Max mostra que liderar também é tensionar estruturas. É trazer desconforto quando o grupo precisa se mover. E, acima de tudo, é não esperar permissão para contribuir com o que se sabe necessário.
Que tipo de líder age como a Max?
É o perfil de quem provoca mudanças e desafia a zona de conforto. Líderes como Max são encontrados em contextos onde há necessidade de renovação, senso crítico e iniciativa.
Costumam ser vozes incômodas, mas necessárias, pois expõem o que precisa ser dito e abrem espaço para o novo. São lideranças que não pedem permissão para agir, fazem, porque sabem que o momento exige atitude.
Vecna: o que não fazer como líder
Vecna não comanda por respeito, mas pelo terror. Em Stranger Things, o personagem interpretado por Jamie Campbell Bower manipula, isola e destrói aqueles que considera frágeis.
Seu modelo de liderança é baseado em coerção, vigilância e controle emocional. E, embora seja uma figura vilanesca da ficção, seu comportamento encontra paralelos em ambientes organizacionais.
Vecna representa a liderança tóxica, marcada pela centralização absoluta, ausência de escuta e uso constante do medo como mecanismo de poder. Ele não forma alianças, impõe obediência. Não estimula o grupo: enfraquece os outros para manter sua posição.
Ao invés de construir confiança, ele mina a autoestima. Em vez de desenvolver o grupo, destrói sua autonomia.
O que Vecna nos ensina sobre maus líderes?
Líderes como Vecna existem fora da ficção. São aqueles que confundem autoridade com dominação, que silenciam a equipe, promovem competição disfuncional e evitam qualquer sinal de autonomia. Costumam concentrar decisões, desmotivar pelo medo e sabotar iniciativas que não partem deles.
Stranger Things mostra que até no “mundo invertido” a liderança importa. E, quando conduzida com abuso e isolamento, o resultado é destruição, inclusive do próprio líder.
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