Planning Poker: como estimar tarefas no ágil com o time
Gestão de Projetos

04 de março de 2016

Última atualização: 09 de outubro de 2025

Planning Poker: como estimar tarefas no ágil com o time

Você já participou de uma reunião de estimativas em que o time parecia falar línguas diferentes? Em equipes ágeis, esse desalinhamento pode comprometer prazos e gerar acúmulo de tarefas não planejadas. O Planning Poker surgiu justamente como uma forma de tornar esse processo mais colaborativo e menos subjetivo.

Neste conteúdo, vamos mostrar como o método funciona, quando ele deve ser utilizado e quais cuidados são importantes para que a estimativa represente, de fato, o esforço necessário. Também veremos por que o Planning Poker ajuda a reduzir vieses, engajar o time e dar mais previsibilidade ao trabalho.

Se sua equipe já segue o Scrum ou está começando a organizar entregas por sprints, entender essa técnica pode ajudar a evitar retrabalhos e melhorar a tomada de decisão.

O que é Planning Poker e por que ele é usado em equipes ágeis

Planning Poker, também conhecido como Scrum Poker, surgiu a partir da necessidade de melhorar o processo de estimativas em projetos com alta variabilidade. Criado por James Grenning e popularizado com o crescimento do uso do Scrum, o método busca envolver toda a equipe técnica na definição de esforço para desenvolvimento de tarefas, especialmente aquelas presentes no backlog do produto.

No contexto do Scrum, o Planning Poker é utilizado durante o planejamento da Sprint ou nas reuniões de refinamento. Ele se baseia em práticas de gamificação combinadas com conceitos da Teoria da Estimação, em que múltiplas perspectivas contribuem para um consenso mais próximo do esforço necessário. Cada membro do time participa da decisão, o que reduz o risco de estimativas feitas de forma isolada ou com base em suposições de apenas uma pessoa.

Ao adotar essa abordagem, o grupo passa a ter uma participação ativa no planejamento, considerando diferentes visões técnicas e pontos de complexidade que nem sempre ficam evidentes numa primeira leitura da demanda. Isso ajuda a alinhar expectativas, definir prioridades e distribuir o trabalho de forma mais equilibrada entre os membros do time.

Como o método funciona 

Na prática, o Planning Poker funciona como uma rodada de votação estruturada. O Product Owner apresenta uma história do backlog, fornecendo as informações disponíveis sobre a funcionalidade ou tarefa. Após as dúvidas serem esclarecidas, cada integrante do time escolhe uma carta com um número da sequência de Fibonacci — normalmente 1, 2, 3, 5, 8, 13, entre outros. Esse número representa a percepção individual do esforço necessário para entregar aquela funcionalidade.

As cartas são reveladas ao mesmo tempo, evitando que os participantes sejam influenciados pelas escolhas dos colegas. Quando há grande divergência entre os valores, os extremos são convidados a justificar sua escolha. Essa conversa ajuda a identificar lacunas de entendimento, riscos técnicos ou pontos mal definidos na tarefa.

Após o debate, uma nova rodada é feita, até que se chegue a uma estimativa consensual. Essa técnica valoriza o alinhamento entre os participantes e busca construir uma visão compartilhada do trabalho, mesmo que o esforço final não seja exato. O objetivo está na colaboração e na compreensão dos desafios envolvidos, mais do que na precisão numérica.

Quando utilizar o Planning Poker nas estimativas do time

Planejamento de Sprints

Durante o planejamento de uma Sprint, o time precisa entender o volume de trabalho que será assumido no próximo ciclo. Nesse momento, o Planning Poker contribui para que todos os envolvidos estimem o esforço necessário para cada item proposto. Ao realizar essa atividade de forma coletiva, é possível nivelar a percepção sobre o que de fato será entregue e quais limitações podem surgir.

O uso da técnica evita que as estimativas fiquem concentradas em uma única pessoa, promovendo um ambiente de troca entre os integrantes. Além disso, a prática ajuda a identificar rapidamente histórias mal formuladas ou com lacunas técnicas. Quando esse tipo de situação é detectado antes da Sprint começar, o time evita interrupções ou retrabalhos ao longo do desenvolvimento.

Refinamento de backlog

Outra aplicação do Planning Poker ocorre nas sessões de refinamento. Nelas, o objetivo é deixar as histórias do backlog preparadas para entrarem em futuras Sprints. Ao estimar as tarefas antecipadamente, a equipe ganha previsibilidade e o Product Owner passa a ter dados mais consistentes para tomada de decisão.

Nesse momento, o foco está em alinhar entendimento sobre o escopo, identificar dependências e levantar riscos técnicos. Estimar de forma colaborativa também permite que o backlog seja priorizado com base em valor e complexidade, não apenas em urgência. Assim, o planejamento deixa de ser reativo e passa a ser orientado por critérios técnicos e de produto.

Alinhamento entre áreas técnicas e de produto

O Planning Poker também é útil como ferramenta de alinhamento entre o time de desenvolvimento e o Product Owner. Quando utilizado com frequência, o método ajuda a equilibrar visões de negócio com a capacidade técnica da equipe. Demandas que parecem simples à primeira vista podem envolver integrações, restrições de arquitetura ou requisitos não funcionais que impactam diretamente o esforço.

Ao trazer essas questões para a mesa antes da execução, o time reduz ruídos e evita compromissos mal calculados. A prática de estimar em conjunto fortalece a comunicação entre as áreas e apoia decisões mais sustentáveis para o andamento do projeto.

Como aplicar o Planning Poker

Vejo um passo a passo de como implementar o scrum poker:

1. Preparação das histórias ou tarefas

Antes de iniciar o Planning Poker, o backlog precisa estar organizado. As histórias devem estar escritas de forma objetiva, com critérios de aceitação definidos e escopo compreensível para quem vai estimar. Tarefas vagas, com dependências não resolvidas, tendem a gerar estimativas distorcidas ou dispersas.

É indicado que o Product Owner e o time já tenham feito uma triagem inicial para selecionar apenas os itens que fazem sentido serem avaliados naquele momento. Isso reduz perda de tempo e mantém o foco durante a sessão.

2. Explicação da demanda pelo Product Owner

Na hora da estimativa, o Product Owner apresenta o item selecionado e contextualiza os seguintes pontos:

  • Qual problema o item resolve;
  • Quais usuários serão impactados;
  • Restrições técnicas ou de negócio que precisam ser consideradas;
  • Critérios mínimos para a entrega ser considerada concluída.

Essa explicação deve ser direta, sem antecipar uma solução. O objetivo aqui é nivelar o entendimento sobre o que está sendo pedido, sem direcionar como a equipe deve resolver.

3. Rodada de votação individual

Após a apresentação da história e esclarecimento de dúvidas, cada pessoa do time escolhe uma carta da sequência Fibonacci (ou outro modelo definido pelo grupo). As opções costumam ser:

  • 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21...
  • Ou alternativas como "?" para incerteza e "coffe break" para pausa

Todos revelam suas cartas ao mesmo tempo. Isso evita que opiniões mais fortes influenciem as escolhas dos demais. A votação deve representar o esforço estimado para implementar aquela funcionalidade, considerando entendimento atual, riscos e complexidade técnica.

4. Discussão das divergências

Quando os valores apresentados são próximos, a equipe pode seguir com a média ou um consenso rápido. No entanto, quando há diferença significativa entre os votos, é necessário entender os motivos por trás de cada número.

Nessa etapa:

  • As pessoas que votaram nos extremos são convidadas a justificar;
  • O time ouve os argumentos e questiona pontos que ficaram subentendidos;
  • Dúvidas que surgirem podem indicar necessidade de reformular o item ou revisar dependências técnicas.

Esse momento é importante para expor visões diferentes, identificar riscos ocultos e ampliar o entendimento coletivo.

5. Nova rodada e definição da estimativa

Com os novos elementos trazidos pela conversa, o time realiza uma segunda rodada de votação. A expectativa é que agora as estimativas estejam mais próximas, fruto do alinhamento recém-construído.

Caso ainda haja dispersão nos votos, o grupo pode decidir por mais uma rodada de discussão ou seguir com a média, a mediana ou o valor mais conservador, dependendo do acordo previamente definido.

O importante é que a estimativa represente um consenso mínimo aceitável para avançar com o planejamento.

Vantagens de usar Planning Poker com sua equipe

Redução de vieses na estimativa: quando as estimativas são feitas individualmente e reveladas simultaneamente, evita-se que uma opinião dominante influencie os demais. Esse formato reduz o chamado “efeito ancoragem”, comum em reuniões onde a primeira pessoa a opinar acaba moldando a resposta do grupo.

Ao ocultar a escolha até que todos tenham decidido, o Planning Poker cria um ambiente em que a decisão é tomada com base na interpretação técnica de cada membro. Isso ajuda a obter estimativas mais distribuídas e confiáveis, especialmente quando o time está diante de tarefas com múltiplas abordagens possíveis.

Melhor engajamento entre os participantes: ao envolver todos os integrantes na definição de esforço, o processo deixa de ser centralizado em um ou dois perfis técnicos. Cada pessoa contribui com sua perspectiva, seja de arquitetura, testes, integração ou regra de negócio. Com isso, o time passa a ter uma participação ativa nas decisões que impactam diretamente a entrega.

O uso contínuo do Planning Poker também reforça o senso de responsabilidade coletiva sobre o backlog. Com o tempo, a equipe se habitua a discutir com mais profundidade os critérios de aceitação, as dependências técnicas e os riscos envolvidos em cada item.

Mais clareza sobre o esforço necessário: Embora o objetivo não seja acertar o número exato, a técnica ajuda o time a ter uma visão mais estruturada do que está por trás de cada tarefa. As discussões geradas durante o processo revelam incertezas, requisitos implícitos e até pontos de conflito entre o que foi solicitado e o que está sendo compreendido.

Ao expor essas divergências logo na etapa de estimativa, evita-se que problemas apareçam apenas durante a execução. A equipe consegue ajustar a história, refinar o escopo e alinhar melhor o que será entregue. Dessa forma, a estimativa deixa de ser apenas um número e passa a representar o grau de entendimento e maturidade daquela demanda.

Erros comuns ao aplicar o Planning Poker

Embora o método ajude a melhorar a qualidade das estimativas, sua aplicação sem os cuidados adequados pode gerar retrabalho, desalinhamento ou perda de tempo nas reuniões. Alguns erros se repetem em diferentes equipes e podem ser evitados com pequenas mudanças na condução.

Discussões prolongadas sem foco

Um erro recorrente é permitir que o debate sobre uma história se estenda além do necessário. O ideal é limitar o tempo por item e retomar a discussão técnica fora da sessão de planejamento.

Não envolver todas as pessoas técnicas da equipe

Deixar parte do time de fora reduz a qualidade das estimativas. Quando só uma parte da equipe participa, o esforço calculado pode não refletir a capacidade de entrega como um todo.

Ignorar o histórico de entregas anteriores

Estimativas feitas sem considerar a experiência passada tendem a repetir erros. O time precisa olhar para sprints anteriores, comparar tarefas similares e ajustar suas percepções com base no que foi entregue. Desconsiderar esses dados compromete a previsibilidade e dificulta o planejamento do backlog.

Considerações finais sobre o uso do Planning Poker

O Planning Poker funciona como um apoio para equipes que buscam melhorar o alinhamento na hora de estimar. Para que ele seja útil, é preciso adaptar a técnica à rotina do time e manter a condução neutra durante as sessões. O valor do método está na conversa que ele promove — e não apenas no número escolhido ao final.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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