Jules Henri Fayol: ideias que moldaram a gestão moderna
Gestão e Liderança

27 de maio de 2025

Última atualização: 08 de julho de 2025

Jules Henri Fayol: ideias que moldaram a gestão moderna

Jules Henri Fayol é um dos nomes mais citados quando se fala em estrutura organizacional e papel da liderança nas empresas. Diferente de outros teóricos da administração, ele formulou suas ideias a partir da vivência prática em cargos de alta gestão, dentro de uma indústria europeia do final do século XIX.

Enquanto a produção em massa ganhava força e a gestão começava a se afastar do improviso, Fayol propôs que administrar deveria ser tratado como uma atividade técnica com funções específicas, princípios replicáveis e um modelo lógico de funcionamento.

Neste blog, você vai entender quem foi Fayol, o que ele defendeu, quais são seus 14 princípios e onde suas ideias ainda são aplicadas. Vamos também mostrar como seus conceitos se conectam a temas contemporâneos, como liderança, melhoria contínua e gestão da qualidade. Afinal, mais do que teoria, seu legado continua influenciando decisões em empresas e instituições até hoje.

Quem foi Jules Henri Fayol?

Poucos nomes do século XIX influenciaram tanto a teoria administrativa quanto Jules Henri Fayol. Nascido em 1841, na cidade de Constantinopla, atual Istambul, ele se formou engenheiro de minas pela École Nationale Supérieure des Mines de Saint-Étienne, na França. 

A escolha pela área técnica refletia a demanda da época, marcada pela ascensão da indústria e pela necessidade de profissionais com formação prática e rigor científico.

Sua carreira foi construída dentro da empresa Commentry-Fourchambault, uma companhia do setor de mineração e siderurgia. Lá, Fayol começou como engenheiro e chegou à posição de diretor-geral. 

Ocupou o cargo durante quase três décadas, entre 1888 e 1918. Foi nesse período que estruturou suas ideias sobre administração. Diferente de outros teóricos, ele viveu o cotidiano da gestão, acumulando experiências que serviram de base para sua proposta teórica.

Jules Henri Fayol não foi um acadêmico isolado da realidade empresarial. Ele atuou na linha de frente, lidando com pessoas, recursos, operações e decisões. Por isso, sua abordagem é valorizada até hoje em cursos de administração, principalmente quando se discute a estrutura organizacional das empresas.

Contexto histórico da sua atuação

A atuação de Fayol coincidiu com uma fase crítica da industrialização europeia. A França vivia transformações sociais profundas e desafios econômicos impulsionados pela consolidação das fábricas e pela busca por eficiência nos processos produtivos. 

Nesse cenário, a administração deixava de ser intuitiva para assumir um papel estratégico.

Enquanto os Estados Unidos viam o crescimento da chamada administração científica com Taylor, a Europa continental era influenciada por outros fatores: a reconstrução após conflitos armados, as tensões sociais decorrentes da urbanização e a necessidade de racionalizar estruturas organizacionais em indústrias tradicionais.

Foi nesse ambiente que Fayol desenvolveu sua visão sobre a importância da gestão como ciência autônoma. Em vez de focar apenas no chão de fábrica, como Taylor, ele trouxe à tona a perspectiva da alta direção. 

Defendeu que administrar exigia competências específicas e que essas competências podiam ser ensinadas e desenvolvidas, algo considerado inovador na época.

Seus escritos, publicados oficialmente em 1916, propuseram uma separação clara entre os aspectos técnicos da produção e as funções administrativas. 

Essa distinção ajudou a consolidar a administração como área de estudo independente, com foco em planejamento, organização e controle.

O que defendeu Fayol sobre administração

A diferença entre administração e operação

A principal contribuição de Jules Henri Fayol foi estabelecer que administrar é uma atividade distinta da operação técnica. Em seu entendimento, produzir é diferente de gerenciar. Para ele, enquanto a operação lida com tarefas específicas como extrair minério, controlar máquinas ou executar funções técnicas a administração se refere ao planejamento, organização e coordenação dessas ações.

Essa separação foi central para sua teoria. Ele argumentou que toda organização, independentemente do setor, exige uma estrutura que oriente o trabalho coletivo.

Administrar, nesse sentido, é garantir que as partes funcionem em harmonia para atingir objetivos comuns. Não se trata apenas de executar tarefas, mas de tomar decisões, alocar recursos e guiar pessoas.

No modelo proposto por Fayol, o administrador não precisa dominar a operação, mas deve entender o suficiente para tomar decisões eficazes. Esse raciocínio ajudou a consolidar o papel do gestor como figura estratégica alguém que conduz e organiza, mesmo sem atuar diretamente na produção.

Como sua visão influenciou a gestão moderna

A influência de Fayol ultrapassou seu tempo. Seu pensamento deu origem ao que se convencionou chamar de abordagem clássica da administração

Elementos como hierarquia, divisão do trabalho, unidade de comando e centralização ainda aparecem em estruturas organizacionais contemporâneas mesmo que adaptadas a contextos mais dinâmicos.

Ao sistematizar funções como planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar, Fayol ofereceu um modelo replicável e funcional para empresas em crescimento. Sua proposta se destacou por ser aplicável em diferentes níveis hierárquicos. Não ficou restrita ao topo da pirâmide; também ajudou gestores intermediários a entender seu papel.

O pensamento de Jules Henri Fayol permanece relevante em discussões sobre governança, liderança e desenho organizacional. Em consultorias, escolas de negócios e ambientes corporativos, seus princípios ainda são referência quando se fala em eficiência administrativa.

Sua obra não resolve todos os dilemas da gestão atual, mas lançou bases importantes para o entendimento da administração como campo técnico e estratégico. Esse legado o manteve presente em currículos acadêmicos e debates sobre organização empresarial por mais de um século.

Os 14 princípios de Fayol: quais são e como impactam até hoje

Jules Henri Fayol organizou a administração em 14 princípios que buscavam orientar o funcionamento interno das empresas de forma estruturada e eficiente. A proposta era simples: transformar a gestão em uma prática sistematizada, com base em disciplina, ordem, hierarquia e especialização.

Muitos desses princípios seguem presentes nas organizações, mesmo que com novas roupagens. Conceitos como autoridade com responsabilidade, unidade de comandoequidade ainda orientam decisões, relações hierárquicas e modelos de liderança.

A aplicação prática varia conforme o porte da empresa, a cultura organizacional e o setor de atuação. Mas a lógica estrutural de Fayol segue influenciando desde pequenas equipes até grandes corporações globais.

Para uma análise detalhada de cada um dos 14 princípios, acesse o blog da FM2S: Quais são os princípios da administração

Funções administrativas segundo Fayol

Planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar

Ao observar a prática da gestão nas organizações em que atuava, Jules Henri Fayol propôs uma divisão funcional da administração em cinco elementos: planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar. Essa estrutura buscava descrever o que um gestor efetivamente faz para que a organização funcione de forma integrada e eficiente.

Planejar é estabelecer objetivos e antecipar caminhos para alcançá-los. 

Organizar envolve estruturar os recursos e distribuir tarefas. 

Comandar, termo que hoje costuma ser substituído por “liderar”, trata da orientação direta das pessoas. 

Coordenar é alinhar esforços, mantendo os fluxos de trabalho coesos. 

Controlar garante que os resultados estejam de acordo com o que foi previsto e corrige desvios quando necessário.

Apesar da linguagem refletir o início do século XX, o raciocínio segue atual, a gestão envolve prever, agir, alinhar e revisar. O mérito de Fayol foi ordenar essas ações como um ciclo sistemático, aplicável em diferentes níveis hierárquicos.

Por que essa divisão ainda aparece em manuais de gestão

Mesmo com o surgimento de novos modelos administrativos, a lógica funcional proposta por Fayol continua presente em materiais de ensino, consultorias e frameworks organizacionais. Isso ocorre porque a divisão das funções administrativas permite entender e estruturar o papel do gestor com clareza.

Quando uma empresa define suas lideranças, cria processos ou desenha cargos, os conceitos de planejamento, organização e controle ainda norteiam essas decisões. Em programas de formação corporativa, o modelo serve como referência básica para o desenvolvimento de competências gerenciais.

O ciclo proposto por Fayol não esgota os desafios da administração contemporânea, mas continua servindo como base para a compreensão das atividades gerenciais em ambientes complexos e dinâmicos.

Onde os princípios de Fayol são aplicados hoje

Mais de um século após sua formulação, os princípios de Fayol continuam sendo aplicados em ambientes que exigem organização, clareza de papéis e foco em resultado. Embora tenham sido desenvolvidos em um contexto industrial, eles foram adaptados ao longo do tempo para diferentes setores da economia e da gestão pública.

Essa presença se mantém porque, mesmo com novas metodologias, os fundamentos administrativos propostos por Fayol ainda oferecem base sólida para a condução de equipes, processos e estratégias.

Setores produtivos, serviços e administração pública

Na indústria, a lógica da divisão do trabalho segue orientando o desenho de linhas de produção, setores técnicos e fluxos operacionais. Empresas que buscam ganho de eficiência estruturam suas atividades com base na ordem e especialização princípios que ajudam a eliminar redundâncias e reduzir falhas.

No setor de serviços, os mesmos conceitos são aplicados para organizar operações de atendimento, logística, suporte e backoffice. Aqui, princípios como unidade de comandoautoridade com responsabilidade ganham destaque. Eles evitam conflitos de gestão e aumentam a previsibilidade dos processos.

Na administração pública, a abordagem de Fayol serve como guia para estruturas formais, regulamentações e fluxos de decisão. Princípios como disciplinaestabilidade de pessoalsubordinação do interesse individual ao coletivo sustentam diretrizes de conduta, organogramas e planos de cargos e salários.

Educação corporativa, projetos e governança

Empresas que investem em desenvolvimento de lideranças utilizam os princípios de Fayol como ponto de partida. Treinamentos em gestão de equipes, liderança situacional e organização de processos resgatam suas ideias para construir uma base conceitual consistente especialmente nos cursos introdutórios e nas trilhas de formação de supervisores e coordenadores.

Na gestão de projetos, as funções administrativas de planejar, coordenar e controlar são essenciais para garantir entregas no prazo e dentro do escopo. A clareza de funções defendida por Fayol facilita a alocação de recursos, a definição de responsabilidades e o alinhamento entre as áreas envolvidas.

Por fim, práticas de governança corporativa e compliance também refletem sua influência. Princípios como equidade, disciplina e hierarquia funcional sustentam códigos de conduta, estruturas de reporte e mecanismos de controle interno todos voltados à integridade e à sustentabilidade institucional.

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Fayol e Taylor: diferenças entre suas abordagens

Administração científica vs abordagem clássica

Embora contemporâneos, Frederick Taylor e Jules Henri Fayol propuseram caminhos distintos para a eficiência nas organizações. Taylor desenvolveu a chamada administração científica, com foco na execução do trabalho. Fayol, por outro lado, concentrou-se nas funções administrativas e no papel da alta gestão.

Taylor olhava para o chão de fábrica. Seu objetivo era padronizar tarefas, eliminar desperdícios e aumentar a produtividade operária. Defendeu o estudo de tempos e movimentos, a especialização do operário e a separação entre o pensar (gestores) e o fazer (trabalhadores).

Fayol, por sua vez, examinou a empresa como um todo. Sua abordagem clássica propôs que administrar envolve prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. Para ele, o gestor precisava dominar princípios universais da administração válidos em qualquer setor, não apenas na indústria.

Enquanto Taylor privilegiava a técnica, Fayol tratava da estrutura. Um partia do operário para o sistema; o outro, da direção para a base. A diferença está no ponto de partida e no foco.

Complementares ou opostas? O que dizem os estudiosos

Estudiosos da administração tendem a considerar as abordagens de Fayol e Taylor mais complementares do que contraditórias. Ambas buscaram racionalizar o trabalho e dar previsibilidade às decisões empresariais, cada uma dentro de seu escopo.

Taylor lançou as bases da eficiência operacional e Fayol estruturou os pilares da função gerencial. Em conjunto, ofereceram uma visão completa: do chão de fábrica à sala da diretoria.

A crítica moderna aponta que os dois modelos assumem uma lógica mecanicista da organização. Ignoram, por exemplo, variáveis humanas, dinâmicas culturais e flexibilidade organizacional temas explorados posteriormente por autores como Mayo, Mintzberg e Drucker.

Ainda assim, tanto Taylor quanto Fayol são citados em cursos de administração, programas de treinamento e concursos públicos. Suas ideias ajudam a entender como surgiram os primeiros esforços para transformar a gestão em um campo técnico e replicável.

Como os princípios de Fayol dialogam com a melhoria contínua

Ao propor uma administração baseada em funções e princípios claros, Fayol lançou fundamentos que continuam presentes em abordagens modernas de gestão. Mesmo com mudanças tecnológicas e culturais, sua lógica estrutural se conecta diretamente com práticas de melhoria contínua, como o Lean e os sistemas de qualidade adotados por empresas de diferentes setores.

Essa convergência pode ser percebida em três pontos centrais: padronização, controle e liderança com foco em resultado.

O legado estrutural de Fayol aplicado ao Lean e à gestão da qualidade

Quando Jules Henri Fayol propôs seus princípios administrativos, ele buscava tornar a gestão uma prática sistematizada, capaz de ser aplicada, medida e repetida. Essa lógica encontra forte paralelismo com os fundamentos da melhoria contínua base conceitual de metodologias como Lean, Seis Sigma e Gestão da Qualidade.

A padronização de processos, defendida em suas ideias sobre divisão do trabalho e disciplina organizacional, está no centro da filosofia Lean. Ao organizar tarefas, estabelecer fluxos e atribuir responsabilidades, Fayol antecipou mecanismos que hoje são tratados em mapas de processo, fluxogramas e instruções operacionais.

Sua ênfase no controle também aparece nas rotinas de auditoria, verificação e ajuste práticas presentes tanto no ciclo PDCA quanto nos programas de qualidade ISO. Ao propor o controle como função essencial da administração, Fayol contribuiu para o entendimento de que todo processo precisa de monitoramento constante para garantir resultados consistentes.

Na gestão moderna, o planejamento (outra função clássica de Fayol) é desdobrado em metas, indicadores e projetos estruturados. Isso reforça o quanto seu modelo ajuda a sustentar metodologias orientadas à melhoria dos resultados.

Padronização, controle e liderança no contexto da melhoria contínua

Fayol entendia que liderar não era apenas comandar pessoas, mas garantir que as atividades estivessem alinhadas aos objetivos organizacionais. Esse conceito se encaixa perfeitamente na figura do líder Lean, que atua como facilitador, orientando equipes para a solução de problemas e o aperfeiçoamento de processos.

A gestão por princípios como autoridade com responsabilidade e unidade de comando reforça a importância da clareza na tomada de decisão e no direcionamento de esforços. Isso reduz ruídos, aumenta a consistência e dá previsibilidade ao desempenho.

Empresas que adotam programas de melhoria contínua não trabalham apenas com ferramentas. Elas precisam de estrutura, liderança, método e disciplina organizacional todos elementos presentes no pensamento de Fayol. Não por acaso, seus princípios ainda servem como base para a formação de gestores em programas voltados à excelência operacional.

Na prática, isso significa que o legado de Fayol ainda orienta a maneira como muitas organizações pensam sua governança, estruturam suas áreas e conduzem a busca por desempenho.

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Equipe FM2S

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