Você já deve ter ouvido falar em IPCA e IGP-M quando o assunto é inflação, aluguel ou reajuste de preços. Mas entender o que esses dois índices realmente significam e como eles afetam decisões no dia a dia ainda parece distante para muita gente.
Neste conteúdo, vamos explicar o que são IPCA e IGP-M e por que eles não devem ser ignorados, principalmente em projetos com foco em melhoria e eficiência.
O que é IPCA?
Você provavelmente já ouviu falar em inflação no noticiário. O IPCA é o principal indicador usado para medir essa variação de preços no Brasil. A sigla significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo, e o que ele faz, basicamente, é acompanhar se os produtos e serviços que as famílias consomem estão ficando mais caros ou mais baratos com o tempo.
Quem calcula o IPCA é o IBGE, que analisa mensalmente quanto variaram os preços de itens como alimentos, combustíveis, planos de saúde, transporte e energia elétrica. O foco está nas despesas de famílias com rendimento entre 1 e 40 salários mínimos.
O objetivo do IPCA não é apenas mostrar se o preço do arroz subiu. Ele serve de referência para decisões importantes. Por exemplo, é com base nesse índice que o Banco Central define os rumos da taxa de juros do país. Governos, empresas e investidores também acompanham o IPCA para tomar decisões sobre reajustes, contratos e investimentos.
Como o IPCA é calculado?
O cálculo do IPCA começa com a coleta de preços em diferentes regiões do Brasil. Todos os meses, o IBGE visita supermercados, farmácias, postos de gasolina, escolas e muitos outros estabelecimentos para registrar os valores praticados. Essa coleta acontece em 16 capitais e no Distrito Federal.
A lista de itens monitorados é extensa: alimentação, transporte, habitação, vestuário, saúde e educação são alguns dos grupos acompanhados. Cada um tem um peso diferente no cálculo final, de acordo com o quanto ele impacta o orçamento das famílias.
Por exemplo: se os alimentos representam uma fatia maior das despesas da população, então qualquer aumento nesse grupo terá mais influência no resultado do IPCA. O índice final mostra o quanto, em média, os preços variaram no mês.
Quando dizemos que o IPCA de julho foi de 0,12%, significa que, em média, os preços subiram 0,12% em relação ao mês anterior. Se o número é negativo, significa que houve queda nos preços.
A análise do IPCA permite entender o comportamento da inflação no país. Quando o índice está alto por vários meses, o custo de vida aumenta — e isso pressiona os salários, os juros e o consumo.
Onde o IPCA é usado?
O IPCA serve como uma base de referência para decisões econômicas e financeiras no país. A sua função vai muito além de apenas medir a inflação: ele interfere diretamente em políticas públicas, negociações privadas e estratégias do mercado. A seguir, veja onde esse índice é aplicado com mais frequência:
Mercado financeiro
O IPCA é acompanhado de perto por investidores, bancos e analistas. Ele influencia títulos públicos como o Tesouro IPCA+, que paga uma rentabilidade acrescida da inflação medida por esse índice. Ou seja, quem investe nesses papéis está garantindo um ganho acima da variação dos preços.
Além disso, o desempenho do IPCA afeta as expectativas do mercado sobre a taxa Selic. Quando a inflação avança, há uma tendência de alta nos juros, o que altera o rendimento de aplicações como CDBs, fundos e debêntures.
Política monetária
O Banco Central usa o IPCA como índice oficial para o regime de metas de inflação. Se o índice ultrapassa o teto da meta, a autoridade monetária pode intervir ajustando os juros para conter a alta de preços. Essa estratégia busca manter a inflação sob controle, garantindo maior estabilidade para a economia.
Reajuste de salários e benefícios
Muitos acordos salariais entre empresas e sindicatos utilizam a variação do IPCA como critério de reajuste anual. O mesmo acontece com aposentadorias, pensões e benefícios sociais vinculados ao salário mínimo, que são corrigidos considerando esse indicador.
Contratos e tarifas públicas
Prestadores de serviços públicos e empresas privadas usam o IPCA como índice de correção em contratos de aluguéis, mensalidades escolares, planos de saúde e até em contratos de prestação de serviços. A escolha do IPCA como referência busca preservar o poder de compra e compensar os efeitos da inflação ao longo do tempo.
O que é IGP-M?
O IGP-M, sigla para Índice Geral de Preços – Mercado, é um indicador calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) desde 1989. Ele foi criado como uma alternativa mais ampla para medir a inflação, especialmente útil em contratos de longo prazo e no mercado financeiro.
Diferente do IPCA, que foca no consumo das famílias, o IGP-M considera três etapas distintas da economia: produção, atacado e consumidor final. Essa característica faz dele um índice mais sensível às variações de custo na cadeia de produção, principalmente os preços no atacado e os insumos da indústria.
Como é feito o cálculo do IGP-M?
O IGP-M é composto pela média ponderada de três outros índices da FGV. Cada um representa uma etapa do processo econômico:
- IPA-M (60%): Índice de Preços por Atacado. Mede a variação dos preços no atacado, ou seja, antes dos produtos chegarem ao consumidor.
- IPC-M (30%): Índice de Preços ao Consumidor. Similar ao IPCA, mas com metodologia da FGV.
- INCC-M (10%): Índice Nacional da Construção Civil. Acompanha a variação nos custos da construção civil.
Cada um desses índices é calculado separadamente, com base em pesquisas de preços feitas em várias capitais do país. O resultado final é o IGP-M, que mostra a variação média dos preços no período.
O dado é sempre divulgado mensalmente e, ao contrário do IPCA que acompanha o mês calendário, o IGP-M leva em conta o período entre os dias 21 de um mês e 20 do mês seguinte.
Diferença entre IGP-M e IPCA
Apesar de ambos medirem inflação, IPCA e IGP-M têm propósitos e comportamentos diferentes. O IPCA é voltado ao consumo das famílias urbanas, com foco na variação de preços do ponto de vista do consumidor. Já o IGP-M acompanha a economia como um todo, desde o custo da matéria-prima até o valor final pago no varejo.
Por isso, o IGP-M costuma oscilar mais que o IPCA, especialmente quando há mudanças bruscas no dólar, combustíveis ou commodities como minério de ferro e soja. Essas variações impactam fortemente os preços no atacado, que têm maior peso no cálculo do IGP-M.
Em momentos de crise, por exemplo, é comum que o IGP-M registre variações acima de dois dígitos, enquanto o IPCA se mantém mais estável. Isso acontece porque o IPCA responde de forma mais lenta aos choques externos, enquanto o IGP-M reage de forma imediata.
Utilizações do IGP-M
O IGP-M é usado para corrigir valores em contratos de longo prazo, porque reflete variações mais amplas da economia. Um dos usos mais comuns é no reajuste de contratos de aluguel residencial e comercial. A maior parte dos contratos utiliza o IGP-M como referência automática para o reajuste anual.
Além disso, o índice é aplicado em:
Setor de energia e telecomunicações
Concessionárias de energia, água e serviços de telecomunicação utilizam o IGP-M como base para atualizar tarifas e contratos com fornecedores.
Financiamentos e seguros
Alguns contratos de financiamento imobiliário e seguros de longo prazo utilizam o IGP-M como indexador, especialmente em produtos antigos firmados antes da padronização com o IPCA.
Preços no mercado financeiro
Assim como ocorre com o Tesouro IPCA+, o IGP-M também serve de base para títulos privados, como debêntures e CDBs indexados à inflação. Isso permite proteger o investimento contra a perda de valor ao longo do tempo.
Apesar de não ser o índice oficial da inflação no Brasil, o IGP-M tem papel importante em vários setores da economia, justamente por abranger diferentes etapas da formação de preços.
IPCA, IGP-M e os métodos da FM2S
Análise de dados e tomada de decisão
Na prática empresarial, os números do IPCA e do IGP-M funcionam como ferramentas de análise para entender o comportamento de custos, avaliar tendências e tomar decisões mais fundamentadas.
Quando o IPCA mostra uma inflação em alta, por exemplo, líderes de equipes, gerentes financeiros e analistas precisam avaliar o impacto no orçamento, nos contratos e nos preços. Já uma variação forte no IGP-M pode indicar aumento de custos no atacado, antecipando pressões sobre os insumos da produção.
Na FM2S, a análise de dados é tratada como parte da rotina de quem busca resultados consistentes. Decisões baseadas em evidências, e não em suposições, tornam a operação mais confiável, mesmo em cenários de instabilidade.
Indicadores como apoio à gestão de processos
O IPCA e o IGP-M, embora macroeconômicos, oferecem pistas relevantes para a gestão de processos internos. Quando bem interpretados, ajudam a ajustar metas, revisar políticas de compra e atualizar parâmetros de custo.
Imagine uma empresa que trabalha com insumos agrícolas. Se o IGP-M sobe, há uma chance de o preço dos fertilizantes e equipamentos subirem também. Isso pode influenciar o tempo de reposição de estoque, o valor da entrega ou a margem de lucro.
A gestão por indicadores, como é ensinado nos cursos da FM2S, permite que os processos sejam monitorados, facilitando intervenções antes que um problema se torne recorrente.
Relação com ferramentas de qualidade e melhoria contínua
Os índices de inflação são dados externos, mas os reflexos deles impactam diretamente a qualidade e o desempenho interno. Mapear variações de custo e ajustar processos com base nesses dados pode ser o primeiro passo para garantir a sustentabilidade de uma operação.
Métodos como o PDCA, o MASP e o DMAIC usam indicadores como ponto de partida para melhorias. Se houver um aumento consistente de custos operacionais, por exemplo, uma equipe pode investigar se isso é reflexo de variações do IGP-M ou falhas internas, como desperdício de matéria-prima.
Como os índices podem ser aplicados em projetos Lean Six Sigma?
Projetos Lean Six Sigma buscam reduzir desperdícios, padronizar processos e aumentar a eficiência. E para isso, o contexto econômico não pode ser ignorado. Índices como IPCA e IGP-M ajudam a entender se uma elevação de custo está ligada a uma falha interna ou à variação natural do mercado.
Durante a etapa de Define, por exemplo, uma equipe pode usar a variação do IGP-M para contextualizar um aumento de custo. Já na fase Measure, os dados do IPCA podem ser usados como benchmark para avaliar a competitividade de preços de um serviço.
Na fase de Control, acompanhar a inflação também pode ser parte do plano de monitoramento, ajudando a validar se os ganhos do projeto estão sendo mantidos mesmo diante de cenários instáveis.
Em resumo, os índices econômicos podem e devem ser considerados em projetos de melhoria, pois oferecem uma base comparativa que fortalece o raciocínio analítico, uma habilidade valorizada em qualquer ambiente de gestão.
Quer aplicar esses conceitos? O curso gratuito Yellow Belt da FM2S é uma ótima porta de entrada para quem quer aprender a resolver problemas, usar dados com mais precisão e melhorar processos com métodos como Lean e Six Sigma.
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