Você já se perguntou por que os termos superávit e déficit aparecem com tanta frequência nas manchetes? Ou o que essas palavras significam para as empresas e não só para o governo?
Neste conteúdo, você vai entender o que está por trás desses termos econômicos que tanto circulam por aí e mais importante: como eles podem afetar a saúde financeira de uma empresa em cenários voláteis.
O que significam os termos superávit e déficit?
Tanto o superávit quanto o déficit são indicadores que mostram como está a saúde financeira de um país, de uma empresa ou até mesmo de um orçamento pessoal. Na prática, esses conceitos indicam se há mais dinheiro entrando ou saindo em determinado período.
Superávit: quando sobra dinheiro
O superávit acontece quando a arrecadação supera as despesas. No caso das contas públicas, significa que o governo arrecadou mais em impostos, contribuições e receitas do que gastou com saúde, educação, previdência, folha salarial e outros compromissos. Em uma empresa, é quando as receitas com vendas superam os custos e as despesas operacionais.
Quando há superávit de forma consistente, o país tem mais margem para investir ou reduzir sua dívida. Isso aumenta a confiança do mercado e pode levar à queda nos juros, estimulando o consumo e os investimentos privados.
Superávit primário
Reflete a diferença entre as receitas e despesas do governo, sem contar os juros da dívida pública. Esse é o dado mais acompanhado pelo mercado, pois mostra a capacidade do Estado de gerar resultado positivo antes de pagar os compromissos com credores.
Superávit nominal
Inclui todas as despesas, inclusive os juros da dívida. É mais raro, principalmente em países com endividamento elevado. Quando ocorre, sinaliza um controle mais amplo das contas públicas.
Superávit comercial
Refere-se à diferença positiva entre exportações e importações. Quando um país exporta mais do que importa, registra superávit na balança comercial. Esse dado afeta diretamente o câmbio e a entrada de dólares no país.
Déficit: quando o gasto supera a arrecadação
Já o déficit ocorre quando as despesas superam as receitas. Ou seja, o governo gasta mais do que arrecada. Isso leva à necessidade de financiamento, geralmente por meio da emissão de títulos públicos, aumentando o endividamento do país. O mesmo vale para empresas: operar com déficit por muito tempo compromete sua sustentabilidade e acesso ao crédito.
Déficit primário
Mostra que o governo gastou mais do que arrecadou antes de considerar os juros da dívida. Esse é o foco da Lei de Responsabilidade Fiscal e das metas estabelecidas pelo arcabouço fiscal.
Déficit nominal
Inclui os juros da dívida. Um déficit nominal elevado pode indicar que o país está acumulando dívida mais rápido do que consegue administrar.
Déficit em conta corrente
Ocorre quando o país importa mais do que exporta, além de enviar mais lucros ao exterior do que recebe. É diferente da balança comercial e tem impacto direto nas reservas cambiais e no câmbio.
Influência da política interna e externa
Superávit e déficit são fortemente impactados por decisões políticas, nacionais e internacionais. Internamente, medidas como reforma tributária, liberação de gastos públicos e meta fiscal moldam o equilíbrio orçamentário. Externamente, o ambiente global, conflitos, preços de commodities e comércio internacional podem alterar receitas e despesas públicas.
Um exemplo recente é a tarifa de 50% que os EUA anunciaram sobre produtos brasileiros, válida a partir de 1º de agosto de 2025. Essa decisão cria um efeito dominó, diminui exportações brasileiras, reduzindo receita do governo e agravando déficits (segundo informação apurada na data de publicação deste artigo).
Como o aumento das tarifas impacta o mercado empresarial
Quando os Estados Unidos anunciam uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, os efeitos não se limitam à macroeconomia, empresas exportadoras podem ser diretamente afetadas, especialmente aquelas com operação voltada ao mercado norte-americano.
Um exemplo, uma indústria do setor agro, que tem boa parte de suas exportações voltadas ao mercado norte-americano, teve um carregamento de 90 toneladas do seu produto cancelado dias antes do embarque. Toda a logística já havia sido organizada, transporte contratado, documentação em dia e carga pronta no terminal portuário. Entretanto, o comprador diante da incerteza sobre as novas tarifas de 50%, optou por suspender a operação, temendo o impacto no custo final da importação.
Esse tipo de situação pode gerar efeitos em cadeia:
- Perda financeira com despesas já executadas, como frete, armazenagem e documentação.
- Revisão de projeções de receita, com reflexos no fluxo de caixa e no planejamento comercial do semestre.
- Fragilidade nas relações comerciais externas, já que contratos podem ser revistos por fatores políticos ou tarifários.
- Redução no volume exportado, principalmente em setores em que os EUA são o principal destino como agronegócio, metalurgia e alimentos processados.
Gestão de custos e estoques como estratégia contra o déficit
Em períodos de incerteza econômica e instabilidade nos mercados externos, a gestão de custos e estoques passa a ter um papel central na preservação da saúde financeira das empresas. A capacidade de manter operações eficientes, sem excessos ou desperdícios, ajuda a evitar déficits operacionais mesmo quando as receitas são pressionadas por fatores externos.
Empresas com operações enxutas tendem a reagir com mais agilidade. Quando há tarifas inesperadas, variação cambial ou retração na demanda, estoques elevados se tornam um risco: ocupam espaço, geram custo e podem perder valor. O mesmo vale para estruturas de custo fixo que não acompanham a variação da receita.
Revisar continuamente o custo por unidade produzida, renegociar contratos com fornecedores e alinhar os volumes produzidos com a demanda atual são ações que ajudam a proteger o caixa. Em vez de operar no limite da capacidade, muitas companhias optam por modular a produção, priorizando margens ao invés de volume.
Do lado logístico, a gestão por demanda ou sob encomenda pode reduzir perdas. Empresas que ajustam sua cadeia de suprimentos para responder rapidamente às oscilações do mercado evitam acumular estoque parado, um fator que pode comprometer a liquidez em momentos críticos.
Além disso, o uso de indicadores como giro de estoque, margem de contribuição e ponto de equilíbrio permite decisões mais racionais. Em vez de cortar gastos indiscriminadamente, o gestor consegue identificar onde há desperdício e onde está a capacidade de absorver choques externos sem prejuízo imediato.
Em tempos de risco fiscal elevado, instabilidade cambial e incerteza comercial, controlar o que está dentro do alcance interno, custos e estoques é o primeiro passo para não transformar um cenário adverso em um prejuízo inevitável.
Em um cenário onde tarifas, cancelamentos e incertezas podem comprometer a operação, uma logística bem estruturada faz a diferença entre manter o controle ou entrar no vermelho.
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