Como mediar conflitos em reuniões de equipe?
Gestão de Pessoas

21 de abril de 2018

Última atualização: 23 de maio de 2025

Como mediar conflitos em reuniões de equipe?

Conflitos durante reuniões são mais comuns do que se imagina. Diferenças de opinião, prioridades mal alinhadas ou tensões acumuladas podem transformar uma conversa produtiva em desgaste.

Saber mediar esses momentos é fundamental para manter o foco, preservar relações e garantir decisões mais equilibradas. A seguir, você confere por que esses conflitos acontecem, quem deve agir como mediador e quais técnicas ajudam a lidar com a situação com mais clareza.

Por que conflitos surgem em reuniões?

Você já participou de uma reunião que começou tranquila e, de repente, virou um campo de tensão? Isso acontece mais do que parece e, muitas vezes, por motivos que vão além do que está sendo discutido.

Conflitos em reuniões surgem, em grande parte, quando expectativas não estão alinhadas e cada pessoa entra com um objetivo, uma urgência ou uma visão diferente sobre o que precisa ser resolvido. Quando essas diferenças se encontram sem preparo ou espaço para escuta, o atrito aparece.

Outro fator é a falta de clareza na comunicação. Uma frase mal colocada, uma fala interrompida ou até o tom usado pode ser interpretado como ataque ou resistência. Isso intensifica a tensão, mesmo quando o conteúdo da conversa é técnico.

Também há casos em que o conflito não é realmente sobre o que está na pauta. Às vezes, o que está em jogo é uma disputa antiga, a necessidade de reconhecimento ou o acúmulo de frustrações não ditas. A reunião vira o palco onde tudo isso transborda.

Mas afinal, o que fazer quando o conflito já está instalado? Como conduzir uma reunião para que ela não saia do controle? É isso que vamos ver a seguir.

Como mediar conflitos em uma reunião?

Quando um conflito aparece durante a reunião, a forma como você conduz o momento define se o grupo vai sair com um acordo ou com um problema maior. Mediar é facilitar um ambiente onde as pessoas possam se escutar e construir soluções possíveis.

O primeiro passo é manter a neutralidade. Se você ocupa uma posição de liderança, evite tomar partido logo de início. Mesmo que já conheça o histórico da situação, o papel do mediador é escutar, organizar o espaço da conversa e garantir que todos tenham a chance de falar.

Depois, vale usar uma estratégia simples e eficaz: dar um passo atrás e entender o que está realmente em jogo. Perguntas diretas e objetivas ajudam nisso. Por exemplo:
— "O que está te incomodando nesse ponto?"
— "Como isso impacta seu trabalho hoje?"

Esse tipo de pergunta desarma a tensão e direciona a conversa para os fatos e sentimentos envolvidos, não para acusações. Nesse momento, a escuta ativa faz toda a diferença. Demonstre que está ouvindo: mantenha contato visual, evite interrupções e valide a fala de cada um antes de seguir.

Outro ponto importante é reformular o que foi dito de forma neutra, mostrando que há uma tentativa real de entendimento. Algo como:
— “Entendo que sua preocupação está no prazo, enquanto o outro lado está lidando com uma sobrecarga de tarefas. Podemos pensar juntos em um ajuste que funcione para os dois?”

Evite focar em “quem está certo”. O foco da mediação deve ser resolver o problema e preservar as relações. Nem sempre haverá consenso total, mas é possível chegar a um acordo mínimo que permita seguir com o trabalho de forma respeitosa e produtiva.

Ao final, registre o que foi acordado mesmo que informalmente. Isso ajuda a manter o compromisso e evita que a mesma discussão reapareça da mesma forma mais adiante.

Medir o tom, conduzir com equilíbrio e manter o foco no objetivo da reunião são atitudes que reduzem tensões e tornam os encontros mais produtivos. Quando bem feita, a mediação transforma conflitos em ajustes de rota e não em rupturas.

Tipos de conflito em reuniões

Nem todo conflito parte de uma disputa pessoal. Em reuniões de trabalho, as tensões geralmente se dividem em dois grandes grupos: conflitos de conteúdo (relacionados ao trabalho) e conflitos de relacionamento (relacionados a pessoas). Entender essa diferença é fundamental para escolher a melhor forma de intervir.

Conflitos relacionados ao conteúdo

Esse tipo ocorre quando há diferenças entre ideias, informações ou interpretações. São comuns em decisões estratégicas, distribuição de recursos ou definição de prioridades. Em muitos casos, são até positivos, pois estimulam o pensamento crítico e a busca por soluções mais completas.

O problema surge quando o tema é sensível, a decisão é irreversível ou há pressão externa. Nessas situações, o embate pode escalar rapidamente e prejudicar a colaboração, mesmo entre profissionais experientes. Se não for mediado com cuidado, o impasse afeta o andamento do trabalho e o clima da equipe.

Exemplo: as áreas de Marketing e RH divergem sobre a prioridade de um projeto interno. O RH defende o lançamento imediato de uma campanha de engajamento interno, enquanto o Marketing argumenta que a equipe está focada em ações externas estratégicas. A discussão começa com argumentos técnicos, mas o tom se eleva à medida que percebem que não haverá concessão fácil. Sem uma mediação clara, o debate se transforma em uma disputa sobre prioridades e autonomia.

Conflitos de relacionamento e disputas de poder

Aqui, o foco não está mais nas ideias, mas sim nas pessoas envolvidas. Desavenças anteriores, sensação de ameaça, competição por espaço ou autoridade podem transformar qualquer pauta em terreno de tensão.

Esse tipo de conflito costuma ter raízes mais profundas, muitas vezes fora do contexto da reunião. A falta de confiança, histórico de atritos ou diferenças de valores pessoais aumentam o desgaste e dificultam o diálogo racional. Nesses casos, técnicas de mediação ajudam, mas podem ser insuficientes se não houver ações para reequilibrar as relações.

Exemplo: durante uma reunião, um colaborador contesta todas as falas de outro, mesmo sem argumentos sólidos. A tensão não está no conteúdo, mas na tentativa de minar a posição do colega.

Quem deve mediar o conflito durante a reunião?

A responsabilidade pela mediação pode recair sobre diferentes pessoas, dependendo da dinâmica da equipe, do nível hierárquico dos envolvidos e do tipo de conflito. Em qualquer cenário, o mais importante é que o mediador tenha neutralidade, postura equilibrada e capacidade de conduzir o diálogo com objetividade.

Quando o líder da reunião deve mediar

Se o conflito for técnico ou ligado ao conteúdo, como no caso de Marketing e RH disputando prioridades, o ideal é que o próprio responsável pela condução da reunião assuma a mediação. Cabe a essa pessoa criar um espaço seguro para o diálogo, definir regras de escuta e redirecionar o foco para a solução prática.

O líder deve atuar como facilitador, não como árbitro. A mediação, nesse caso, busca alinhar as expectativas, organizar os argumentos e manter o grupo focado no que precisa ser resolvido naquele momento.

Quando é melhor envolver uma terceira pessoa

Já nos conflitos que envolvem relações desgastadas, disputas de poder ou tensões pessoais, pode ser arriscado deixar a mediação nas mãos de quem participa diretamente da situação. Nesses casos, o mais indicado é contar com uma terceira pessoa que tenha autonomia e distanciamento emocional alguém do RH, por exemplo, ou um gestor de outra área com bom trânsito entre os envolvidos.

Esse mediador externo ajuda a reduzir o viés e evita que a condução seja percebida como tendenciosa. Além disso, facilita a identificação das causas mais profundas do conflito, que muitas vezes não aparecem na superfície da discussão.

O que não funciona?

Evitar o conflito, mudar de assunto ou encerrar a reunião abruptamente não resolve. Também não é indicado nomear um “culpado” ou tomar partido sem entender todos os lados. Quando isso acontece, a equipe perde confiança na condução e os atritos tendem a reaparecer de forma mais intensa no futuro.

Técnicas práticas de mediação

Medir o tom da conversa, promover escuta e encontrar um ponto de equilíbrio nem sempre acontece de forma intuitiva. Por isso, contar com técnicas estruturadas pode tornar a mediação mais eficaz.

Alguns métodos ajudam a reduzir tensões e a organizar o diálogo, mesmo em situações mais delicadas. A seguir, veja dois recursos amplamente utilizados para lidar com conflitos em reuniões.

Comunicação Não Violenta (CNV)

A Comunicação Não Violenta, desenvolvida por Marshall Rosenberg, é uma abordagem que transforma conversas difíceis em diálogos mais construtivos. Em vez de reagir com críticas, julgamentos ou ataques pessoais, a CNV orienta o interlocutor a se expressar com clareza e empatia, mesmo em contextos de tensão.

A técnica é baseada em quatro pilares:

  1. Observação: descrever o que aconteceu sem juízo de valor.
  2. Sentimento: reconhecer o que você está sentindo diante da situação.
  3. Necessidade: identificar qual valor ou necessidade não está sendo atendida.
  4. Pedido: propor uma ação concreta para melhorar a situação.

O objetivo não é “suavizar o conflito”, mas criar espaço para escuta e entendimento real. Quando aplicada em reuniões, a CNV ajuda a desarmar reações defensivas e a concentrar a conversa no que realmente importa: necessidades, expectativas e acordos viáveis.

Modelo Thomas-Kilmann (TKI)

O modelo Thomas-Kilmann é uma ferramenta amplamente usada para entender como as pessoas reagem diante de conflitos. Ele identifica cinco estilos de abordagem, que variam conforme o nível de assertividade (foco nos próprios interesses) e de cooperação (foco nas necessidades do outro).

Compreender esses perfis ajuda o mediador a interpretar o comportamento dos envolvidos e ajustar sua forma de conduzir a conversa. Veja os cinco estilos:

  1. Competitivo: quem adota esse estilo prioriza seus próprios interesses e tende a defender suas posições com firmeza. Funciona em decisões rápidas ou em situações críticas, mas pode gerar resistência se usado de forma excessiva.
  2. Colaborativo: busca uma solução que atenda às necessidades de todos. É o estilo mais recomendado para conflitos complexos, onde há tempo e abertura para o diálogo. Exige escuta ativa e disposição para construir juntos.
  3. Compromissado: envolve concessões mútuas. Cada parte cede em algo para alcançar um acordo viável. Embora nem sempre atenda totalmente os interesses de todos, é útil quando se precisa resolver impasses rapidamente.
  4. Evasivo: evita o confronto. Quem atua assim costuma se afastar da discussão ou postergar decisões. Esse estilo pode ser útil para ganhar tempo em temas que exigem reflexão, mas prejudica a resolução quando o problema exige ação imediata.
  5. Acomodado: prioriza a harmonia e os interesses do outro. É útil em situações em que o tema tem pouco impacto ou quando o relacionamento é mais importante que o resultado imediato. No entanto, pode gerar ressentimento se a pessoa abrir mão de suas necessidades com frequência.

Aplicar o TKI não significa rotular os participantes, mas entender como eles tendem a se posicionar diante do conflito. Um mediador atento identifica esses padrões e propõe caminhos que equilibram assertividade e cooperação, conduzindo o grupo com mais clareza e resultado.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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