Como implantar o Orçamento Base Zero na empresa?
Economia e Finanças

09 de outubro de 2017

Última atualização: 11 de julho de 2025

Como implantar o Orçamento Base Zero na empresa?

O orçamento base zero (OBZ) vem ganhando espaço em empresas que buscam mais controle sobre os gastos e decisões financeiras alinhadas à estratégia. Ao contrário do modelo tradicional, que parte dos dados do ano anterior, o OBZ exige que todas as despesas sejam justificadas do início, sem heranças automáticas.

Neste conteúdo, você vai entender como funciona a implantação do OBZ, quais etapas são fundamentais, como priorizar pacotes de decisão, o que fazer para engajar os gestores e quais cuidados devem ser considerados para que o processo não se transforme em uma simples planilha de cortes.

Se a sua empresa está em busca de decisões mais técnicas e menos automáticas, continue a leitura e veja como estruturar o orçamento base zero de forma prática e eficiente.

O que é o Orçamento Base Zero (OBZ)?

Segundo Peter A. Pyhrr (1981), criador do conceito, o OBZ é uma técnica que auxilia na determinação das prioridades da organização, ao exigir que cada ação planejada seja analisada com base em sua contribuição para os resultados esperados.

Na prática, o OBZ promove uma remodelagem nos processos internos. A empresa deixa de repetir gastos automaticamente e passa a reavaliar sua estrutura operacional com base em critérios objetivos e justificativas claras.

Diferenças entre o orçamento base zero e o modelo tradicional

A principal diferença entre o orçamento base zero (OBZ) e o modelo tradicional está no ponto de partida da construção orçamentária. Enquanto o modelo tradicional projeta o novo orçamento com base nos dados do ano anterior, o OBZ parte do zero.

No modelo tradicional, parte-se do histórico: cada centro de custo mantém sua estrutura, e os valores são apenas ajustados, normalmente por inflação ou expectativa de crescimento. Esse método é mais simples e rápido, mas tende a perpetuar ineficiências, já que não questiona a real necessidade de cada despesa.

Já no orçamento base zero, todas as despesas precisam ser justificadas do início, mesmo que tenham sido aprovadas em ciclos anteriores. Nenhum valor é “herdado”. A cada novo período, cada atividade é analisada com base em sua relevância, custo e contribuição para os objetivos da empresa.

Essa diferença muda a lógica do planejamento:

  • O modelo tradicional mantém o que já está no orçamento e corrige o restante;
  • O OBZ analisa o que deve permanecer e elimina o que não tem justificativa clara.

Outra distinção relevante está na governança. O OBZ exige maior envolvimento dos gestores, que precisam justificar cada linha de despesa. Já o modelo tradicional costuma concentrar o processo em áreas financeiras ou controladoria.

Apesar de mais trabalhoso no início, o OBZ cria espaço para ajustes estruturais e decisões mais conectadas à estratégia. Por isso, é comum que empresas alternem os modelos, adotando o OBZ de forma cíclica ou em áreas específicas com maior impacto orçamentário.

Como planejar a implantação de um orçamento base zero?

Para um bom planejamento o papel do gestor é relevante, pois este deverá aplicar elementos básicos da administração por objetivos, comunicação efetiva, administração com base na participação generalizada do maior número possível de indivíduos, controle dinâmico, contabilidade por níveis e áreas de responsabilidade. (PYHRR, 1981).

Quais as etapas para implantar o Orçamento Base Zero (OBZ)?

A aplicação do OBZ exige método. Não basta cortar custos: é necessário entender o que faz sentido manter, o que deve ser reavaliado e como estruturar esse processo de forma contínua. Abaixo estão as principais etapas para implementar o orçamento base zero com consistência.

1. Alinhamento com a liderança

Antes de qualquer cálculo, a liderança precisa estar comprometida com a mudança. O orçamento base zero exige envolvimento direto dos gestores, já que são eles os responsáveis por justificar as despesas de suas áreas.

Esse alinhamento evita resistências internas e define os critérios que nortearão a análise dos custos: metas de redução? Redirecionamento de investimentos? Corte de desperdícios? O engajamento inicial define o tom da execução.

2. Definição dos centros de custo

Com o direcionamento alinhado, o próximo passo é estruturar o orçamento por centro de custo. Essa separação é fundamental para garantir clareza sobre onde os recursos são alocados e, principalmente, quais áreas terão maior impacto na alocação dos recursos.

Aqui, é comum dividir por departamentos, projetos ou unidades operacionais. O importante é que cada centro tenha responsáveis e dados acessíveis.

3. Criação dos pacotes de decisão

Cada centro de custo deve ser desmembrado em atividades ou iniciativas específicas, que compõem os chamados pacotes de decisão. Um pacote representa um conjunto de ações, projetos ou funções com um custo associado e uma entrega esperada.

Cada pacote deve conter: objetivo, valor estimado, justificativa técnica e impacto esperado. É com base nesses pacotes que as decisões sobre manter, cortar ou ajustar serão feitas.

4. Priorização com base em entregas

Nem tudo será aprovado. A essência do OBZ está justamente em selecionar o que gera retorno. Por isso, os pacotes precisam ser comparados entre si com base em critérios como: contribuição para os objetivos estratégicos, impacto financeiro e grau de urgência.

Esse processo torna a alocação de recursos mais racional. Atividades com baixa entrega ou sem justificativa clara perdem espaço. O que é relevante, permanece com base em dados, não em histórico.

5. Revisão periódica do processo

Implementar o OBZ não é uma ação pontual. A metodologia precisa ser mantida ao longo do tempo, com revisões periódicas que garantam a continuidade da disciplina orçamentária.

Ao final de cada ciclo, a empresa deve avaliar se os pacotes entregaram o que foi proposto, se as estimativas foram precisas e se os critérios de priorização continuam válidos. Essa revisão fecha o ciclo e prepara o terreno para o próximo período.

Como priorizar os pacotes de decisão?

De acordo com Pyhrr (1981), a priorização no orçamento base zero é uma técnica que ajuda a administração a alocar recursos limitados de forma mais racional. O objetivo é classificar os pacotes de decisão em ordem decrescente de benefício para a organização.

Após essa classificação inicial, a liderança consegue visualizar tanto os benefícios esperados em cada nível de despesa quanto as possíveis consequências de não aprovar pacotes com menor prioridade. Isso permite decisões mais conscientes, especialmente quando os recursos são restritos.

A primeira etapa de priorização deve ocorrer no mesmo nível organizacional onde os pacotes foram preparados. Isso garante que o gestor responsável avalie a importância relativa de suas atividades e entenda o impacto de cada proposta.

Em seguida, essa priorização local é analisada por níveis hierárquicos superiores, que fazem a consolidação e ajustam as decisões de forma integrada. Nos níveis operacionais, a análise pode ser feita por um único responsável com conhecimento direto da área. Já nos níveis estratégicos, Pyhrr recomenda a formação de comissões internas com representantes de diferentes áreas, para garantir uma avaliação mais ampla e técnica.

A priorização, portanto, não é apenas um exercício de corte, é um processo de avaliação que compara entregas, impactos e riscos. E quanto mais estruturado for esse processo, mais consistente será a aplicação do OBZ.

Como engajar os gestores na adoção do OBZ?

A implementação do orçamento base zero depende diretamente do envolvimento dos gestores. Sem o apoio ativo de quem executa e conhece a operação, o método perde força já nas primeiras etapas. E não se trata apenas de preencher planilhas é sobre mudar a forma como as decisões de gastos são tomadas.

Capacitação mínima para iniciar

Para que os líderes contribuam de forma efetiva, é essencial oferecer capacitação. Nem todos têm familiaridade com conceitos como pacotes de decisão, priorização por impacto ou análise de custo estratégico.

Um treinamento objetivo, que demonstre como o OBZ funciona na prática, já reduz resistências. Mostrar exemplos aplicados ao contexto da empresa ajuda o gestor a entender que a ferramenta não é um corte cego, mas uma forma mais criteriosa de direcionar recursos.

Como evitar resistências internas

A resistência ao OBZ costuma surgir quando os gestores veem o modelo como uma imposição, ou quando sentem que perderão autonomia. Para evitar isso, é importante:

  • Envolver os líderes desde o início, nas definições estratégicas
  • Apresentar o OBZ como um instrumento de decisão, e não como uma auditoria
  • Garantir que o processo seja transparente e com critérios definidos
  • Valorizar a contribuição de cada área nas discussões orçamentárias

Além disso, reconhecer boas práticas e entregas que surgem a partir do uso do OBZ reforça a adesão. Quando os gestores percebem que a metodologia melhora a visibilidade de suas áreas e dá embasamento técnico às suas decisões, o engajamento tende a crescer.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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