Como contratar um Black Belt Seis Sigma?
Seis Sigma

19 de novembro de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

Como contratar um Black Belt Seis Sigma?

Quais são as habilidades, conhecimentos ou características mais frequentemente possuídos pelos Black Belts Seis Sigma? Os Black Belts bem-sucedidos superam virtualmente todas as barreiras à conclusão bem-sucedida dos projetos. Inclusive problemas básicos, como a má seleção de projetos e falta de suporte, dados e infraestrutura Seis Sigma. Dessa forma, uma empresa que busca selecionar ou desenvolver Black Belts de sucesso deve procurar uma pessoa com habilidades de liderança, análise e gerenciamento de projetos.

E como contratar um Black Belt Seis Sigma?

Em se tratando de liderança, os candidatos recomendados para tornarem-se Black Belts são voltados para resultados e particularmente bons com pessoas, liderança de pensamento e habilidades de gestão de mudanças. Dessa forma, os Black Belts devem ser suficientemente confiantes para liderar qualquer equipe de especialistas e líderes seniores em um projeto Seis Sigma. São pessoas que metem a mão na massa e têm registros dos resultados a que conduziram, conseguindo enxergar os impactos futuros em toda a empresa. Além disso, estão ansiosos por assumir o papel de agentes de mudança, tendo a capacidade de facilitá-la por meio de fortes habilidades de escuta, influência, apresentação e comunicação. Em termos de habilidades analíticas, os Black Belts bem-sucedidos geralmente tomam decisões sólidas com base em dados e aprofundam-se na causa raiz de um problema. Eles fazem as perguntas certas.

Nem só de análise estatística vive o Black Belt

Eles não desistem. O maior erro que as empresas cometem ao selecionar Black Belts é colocar muita ênfase na capacidade do candidato de executar análises estatísticas. É claro que ter uma afinidade por estatística, matemática e ciências continua sendo importante, mas com um software estatístico amigável, disponível hoje em dia, a análise estatística não é tão desafiadora como já foi. O essencial é a capacidade de compreender os dados em análise e tomar as decisões certas. Em geral, os Black Belts com experiência em gerenciamento de projetos apresentam um desempenho melhor do que os que não possuem. Tanto o treinamento formal quanto a sólida experiência em gerenciamento de projetos fornecerão aos Black Belts as ferramentas necessárias para conduzir reuniões com eficiência, estabelecer metas, definir funções e responsabilidades, designar tarefas, encerrar problemas, resolver conflitos e levar os projetos adiante. Existe uma relação direta entre o gerenciamento efetivo do projeto e o tempo do ciclo do projeto. Os Black Belts de sucesso combinam um conjunto bem equilibrado de habilidades analíticas, de liderança e gerenciamento de projetos com um forte conhecimento da Voz do Cliente. Também outras disciplinas como conformidade, marketing, finanças, operações e tecnologia têm grande impacto sobre a chance de se obter sucesso na Jornada Seis Sigma.

Quem tem melhor desempenho, Black Belts com experiência profissional ou Black Belts com histórico de qualidade?

Os Black Belts com experiência em negócios geralmente têm um desempenho melhor, porque têm uma perspectiva mais ampla de suas empresas, indústrias e mercado. Eles entendem o quadro geral em termos jurídicos, de finanças, conformidade, gerenciamento de riscos e marketing. Já os Black Belts com histórico de qualidade podem não ter experiências que proporcionem a mesma perspectiva ampla de negócios. Isso ocorre porque a maioria das empresas faz operações internas nos departamentos de qualidade, coisas do “final da linha de montagem”. O equívoco de que os departamentos de qualidade são direcionadores de custo e não de receita limita o pessoal do departamento. Independentemente do histórico, deve-se esperar que um Black Belt feche as principais lacunas competitivas, seja aprimorando a experiência do cliente ou gerando lucro econômico positivo.

Ao contratar Black Belts ou Master Black Belts de fora de sua própria empresa, quais qualificações mais importantes para você?

As três qualificações mais importantes são:

  • Experiência com metodologia e ferramentas Six Sigma;
  • Conhecimento geral sobre a implantação do Six Sigma;
  • Compatibilidade cultural.

Tentando assegurar o nível adequado de conhecimento sobre as duas primeiras qualificações, muitas empresas cometem o erro de pensar que a certificação basta. MNas, infelizmente, a falta de padrões de certificação para Black Belts e Master Black Belts tem contribuído para um número crescente de candidatos que, embora certificados, não dominam as habilidades do Seis Sigma. Por exemplo, é possível encontrar Black Belts certificados que nunca usaram nenhum software estatístico durante a fase de análise e / ou não entendem o que é uma métrica principal do projeto. Dessa forma, as empresas devem procurar candidatos com experiência prática em DMAIC, DFSS, Lean, TRIZ e outras metodologias complementares do Six Sigma, bem como experiência na utilização de técnicas ou software de estatística e fluxograma. Fazer as seguintes perguntas minimizará o risco de contratar belts não qualificados:

  • Quantos projetos Seis Sigma você fez?
  • Quantos projetos Seis Sigma você apoiou?
  • Quais são os três problemas mais críticos do Seis Sigma?
  • Quais são os três fatores de sucesso do Seis Sigma?

Finalmente, é importante que os gerentes de contratação levem a compatibilidade cultural a sério. Para evitar o desgaste devido inadequação cultural, os gerentes devem desenvolver um perfil que reflita as regras não ditas  e a cultura corporativa da empresa.

Quanto e que tipo de experiência os Black Belts deveriam ter para serem contratados?

O nível de especialização de um Black Belt ou Master Black Belt depende do número de projetos que já concluiu e de belts que já treinou, assim como sua experiência geral de ensino. Para um Black Belt, ter concluído ou orientado um mínimo de 10 projetos já se considera suficiente, enquanto para um Master Black Belts, um mínimo de 20. Então, se ocorrer de um candidato ter menos projetos concluídos, obviamente o gerente de contratação deve descobrir o porquê e levar isso em conta. A extensão da experiência de ensino de um candidato pode ser uma indicação de seu conhecimento Seis Sigma. Mas o tipo de ensino é digno de nota. Não é necessário o mesmo conhecimento para ensinar treinamento de conscientização, como o treinamento de Black Belt, mas como os Black Belts e os Master Black Belts são agentes de mudança que compartilham conhecimento com outros funcionários, devem ser capazes de oferecer treinamento Six Sigma em diferentes níveis.

Quais os riscos na certificação Black Belt por pessoas despreparadas?

É fato que o processo de certificação é inconsistente entre diferentes fornecedores. Em uma extremidade do espectro estão os belts certificados que fizeram um teste sem experiência de trabalho em Seis Sigma. No outro, estão os belts certificados que têm semanas de participação em sala de aula, de dois a vinte projetos concluídos, um teste com pontuação mínima de 90%, uma entrevista diante de toda uma diretoria e várias horas de ensino e treinamento. Ou seja, basicamente uma pessoa pode obter a certificação em questão de horas ou anos. Qualquer processo de certificação - seja por empresa ou escola - é moldado pelas necessidades, estratégias e requisitos para os quais o belt está sendo treinado. Portanto, as empresas que consideram a contratação externa devem buscar compreender o processo de certificação de cada candidato, assim como a empresa para a qual se certificaram. O processo de seleção, dessa forma, deve ser difícil.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.