CAPA: Ação Preventiva e Ação Corretiva
Ferramentas da Qualidade

12 de maio de 2019

Última atualização: 25 de julho de 2025

CAPA: Ação Preventiva e Ação Corretiva

Problemas em processos acontecem. Mas quando eles se repetem, indicam falhas estruturais que precisam ser tratadas com mais do que correções pontuais. É nesse cenário que a ação corretiva se torna uma ferramenta fundamental para manter a confiabilidade dos sistemas e evitar retrabalho, perdas ou insatisfação do cliente.

Neste conteúdo, você vai entender o que é ação corretiva, como aplicá-la corretamente e quais ferramentas podem apoiar esse processo. Também vamos explicar a diferença entre ação corretiva, preventiva e imediata, uma dúvida comum nas empresas, e mostrar como estruturar cada etapa de forma clara e eficiente.

Ao final, você verá que ações corretivas bem conduzidas não apenas resolvem problemas, mas também fortalecem a gestão e impulsionam a melhoria contínua.

O que é ação corretiva?

A ação corretiva é um procedimento adotado após a identificação de uma falha, erro ou não conformidade, com o objetivo de eliminar a causa do problema e impedir que ele se repita. Diferente de uma simples correção imediata, que resolve apenas o efeito, a ação corretiva atua diretamente na origem da ocorrência.

Esse tipo de ação é utilizado em diversos contextos, principalmente em sistemas de gestão da qualidade (como ISO 9001), controle de processos, auditorias e atendimento a reclamações. A identificação da causa raiz é um dos pontos centrais do processo. Sem isso, o risco de reincidência permanece alto.

Em auditorias internas ou externas, é comum que se exijam ações corretivas documentadas, que demonstrem não só a correção do problema, mas também a forma como ele foi investigado e tratado.

A eficácia de uma ação corretiva está diretamente ligada à qualidade da análise de causa e ao comprometimento da equipe com a solução.

Quando aplicar uma ação corretiva?

ação corretiva deve ser aplicada sempre que uma falha já ocorreu e existe a necessidade de eliminar sua causa. Situações como não conformidades identificadas em auditorias, desvios operacionais, reclamações recorrentes de clientes ou falhas em processos críticos exigem uma investigação mais profunda, e não apenas uma correção pontual.

Ela também é indicada quando há repetição de um mesmo erro, mesmo após ações imediatas. Isso mostra que o problema não foi tratado na raiz, e o risco de reincidência permanece. A simples correção do efeito (como substituir uma peça defeituosa ou refazer um relatório) não garante que o processo foi estabilizado.

Exemplos de aplicação:

  • Reclamações frequentes por atraso na entrega.
     
  • Produtos reprovados na inspeção final por um mesmo defeito.
     
  • Incidentes em equipamentos devido à ausência de manutenção preventiva documentada.
     

Nesses casos, a ação corretiva exige que o processo seja analisado, a causa do problema seja identificada, e medidas sustentáveis sejam implementadas. Mais do que apagar o incêndio, o foco está em garantir que ele não volte a ocorrer.

O que é ação preventiva e como ela se diferencia?

ação preventiva tem como objetivo eliminar causas potenciais de problemas, antes que eles ocorram. Enquanto a ação corretiva é aplicada após uma falha já detectada, a preventiva age de forma proativa, antecipando riscos com base em indícios, análises de tendências ou avaliação de oportunidades de melhoria.

Esse tipo de ação está fortemente ligada à prevenção de não conformidades e à melhoria contínua. Em auditorias, ela costuma ser exigida quando há registros de riscos que, mesmo sem resultado imediato, indicam a possibilidade de impacto futuro.

Alguns exemplos de aplicação de ação preventiva:

  • Adoção de novos controles após identificação de risco em análise de FMEA.
     
  • Melhoria em procedimentos com base em lições aprendidas, mesmo sem falha registrada.
     
  • Implementação de inspeções adicionais em pontos críticos de um processo novo.

ação preventiva não reage a um problema já ocorrido, ela atua para que ele não aconteça. Seu valor está em evitar retrabalho, perdas e impactos ao cliente.

Por isso, empresas com maturidade em gestão tendem a valorizar e documentar ações preventivas com o mesmo rigor das corretivas. Ambas fazem parte do ciclo de melhoria contínua proposto por normas como a ISO 9001.

Etapas para implementar uma ação corretiva eficaz

Uma ação corretiva eficaz exige mais do que apenas resolver o problema visível. É preciso seguir etapas bem definidas para garantir que a causa real seja tratada e que a falha não se repita. Abaixo estão os passos recomendados para uma aplicação consistente:

1. Identificar e registrar o problema

Toda ação corretiva começa com o reconhecimento de uma não conformidade ou falha. O registro deve ser objetivo, contendo data, área impactada, efeitos observados e evidências do ocorrido.

2. Investigar a causa raiz

Sem uma análise de causa, a ação corretiva pode ser apenas paliativa. Ferramentas como o 5 Porquês e o Diagrama de Ishikawa ajudam a entender o que realmente gerou o problema. Aqui, o foco não deve ser no erro humano, mas no sistema ou processo que permitiu a falha.

3. Definir a ação corretiva

Com a causa raiz identificada, a próxima etapa é planejar as ações necessárias para eliminar essa causa. Deve-se considerar os recursos envolvidos, prazo, responsáveis e os possíveis impactos da ação.

4. Executar a ação planejada

A execução deve seguir o plano estabelecido, com envolvimento das áreas responsáveis e comunicação clara. Toda ação realizada precisa ser documentada e, quando necessário, acompanhada de treinamentos ou atualização de procedimentos.

5. Verificar a eficácia da ação

Após a execução, é necessário avaliar se a causa raiz foi realmente eliminada. Isso pode ser feito com indicadores, auditorias internas ou novos testes. Se a falha reaparece, a ação corretiva precisa ser revista.

6. Padronizar e atualizar os controles

Se a ação foi eficaz, o processo precisa ser atualizado para incorporar a melhoria. Isso inclui revisão de documentos, procedimentos e comunicação com a equipe. O objetivo é transformar a correção em padrão operacional.

Uma ação corretiva só é considerada eficaz quando impede a recorrência do problema e contribui para a estabilidade do processo.

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Ferramentas que auxiliam na ação corretiva

Para que a ação corretiva seja realmente eficaz, é necessário entender o problema com precisão. Algumas ferramentas são amplamente utilizadas nesse processo porque ajudam a identificar causas, organizar informações e estruturar o plano de ação. A seguir, veja as principais:

5 Porquês

Essa técnica simples e direta busca a causa raiz por meio de perguntas sucessivas. Parte-se da falha identificada e, a cada resposta, questiona-se "por quê?". Ao repetir esse processo pelo menos cinco vezes, é possível chegar a um fator de origem, muitas vezes sistêmico.

Exemplo:

  • O produto foi entregue com atraso.
     
  • Por quê? – A produção terminou fora do prazo.
     
  • Por quê? – Faltaram insumos no estoque.
     
  • Por quê? – O pedido de compra foi feito com atraso.
     
  • Por quê? – O sistema de reabastecimento automático falhou.
     
  • Por quê? – O parâmetro de consumo estava desatualizado.

Diagrama de Ishikawa (Espinha de peixe)

Permite mapear possíveis causas de um problema em categorias como: mão de obra, método, máquina, material, meio ambiente e medição. É ideal para análises em grupo e facilita a visualização dos fatores que afetam o processo.

5W2H

Ferramenta de planejamento que ajuda a estruturar as ações corretivas. Cada letra representa uma pergunta que precisa ser respondida para que a ação seja clara e executável:

  • What (o quê)?
     
  • Why (por quê)?
     
  • Where (onde)?
     
  • When (quando)?
     
  • Who (quem)?
     
  • How (como)?
     
  • How much (quanto custa)?
     

Essa matriz é útil para evitar falhas na implementação e garantir que todos os envolvidos compreendam sua responsabilidade.

MASP (Método de Análise e Solução de Problemas)

Método mais estruturado, composto por oito etapas, que vai desde a identificação do problema até o acompanhamento dos resultados. 

É indicado para falhas recorrentes ou críticas. Inclui coleta e análise de dados, validação de causas e padronização da solução.

O uso dessas ferramentas não é obrigatório, mas aumenta a confiabilidade da ação corretiva e ajuda a evitar decisões superficiais ou baseadas apenas em percepção.

Diferença entre ação corretiva, ação preventiva e ação imediata

Apesar de estarem presentes no mesmo sistema de gestão, ação corretivaação preventivaação imediata têm finalidades e momentos de aplicação diferentes. Entender essas distinções é essencial para definir a abordagem correta e evitar desperdício de recursos.

Ação corretiva

É aplicada depois que o problema já ocorreu. Seu foco é eliminar a causa raiz e evitar que a falha se repita. Exige análise estruturada e verificação da eficácia. Está ligada diretamente ao controle de não conformidades.

Ação preventiva

Tem caráter proativo. Atua sobre riscos identificados antes que o problema aconteça. É baseada em tendências, reclamações potenciais ou mudanças de processo. Sua função é impedir que uma falha ocorra

Ação imediata (ou contenção)

É uma medida emergencial. Serve para conter os efeitos do problema já identificado, protegendo o cliente ou o processo. Não elimina a causa. Exemplos comuns: retrabalhos, isolamento de produto não conforme ou substituição de item defeituoso.

Como diferenciar na prática?

Para não confundir os conceitos, observe os seguintes pontos:

  • ação corretiva entra em cena depois que o problema já aconteceu. Ela busca entender o que causou a falha e implementar uma solução definitiva para que não volte a ocorrer. O foco está em eliminar a causa raiz.
     
  • ação preventiva é usada antes de qualquer falha. Parte de um risco potencial, tendência negativa ou situação recorrente. Seu papel é antecipar o erro e impedir que ele se concretize.
     
  • Já a ação imediata é aplicada assim que o problema é detectado, apenas para conter os efeitos. Ela não resolve a causa, mas evita que o impacto se espalhe. É o famoso “apagar o incêndio”,  necessário, mas não suficiente.

 

A diferença está no momento da aplicação e no alvo da ação: a causa raiz ou apenas o efeito do problema.

Por que registrar e monitorar ações corretivas?

Executar uma ação corretiva sem registro é um risco para a gestão. Sem documentação, não há como comprovar que o problema foi tratado, nem avaliar se ele voltou a ocorrer. Além disso, perde-se a oportunidade de aprender com a falha e evitar novas ocorrências semelhantes.

Empresas que atuam com normas como ISO 9001IATF 16949 ou ISO 45001 precisam manter registros organizados. Auditorias internas e externas exigem evidências do tratamento das não conformidades e do acompanhamento da eficácia das ações implementadas.

Monitorar os resultados permite verificar se a ação realmente resolveu a causa e se os processos se mantêm estáveis ao longo do tempo. Em alguns casos, é possível detectar efeitos colaterais ou a necessidade de ajustes complementares.

O registro formal transforma a ação corretiva em memória organizacional. O monitoramento garante que ela tenha gerado resultado consistente.

Além disso, ao manter esse controle ativo, a empresa desenvolve uma cultura voltada para a melhoria contínua, com decisões baseadas em dados e não apenas em percepções.

 Ação corretiva como parte da cultura de qualidade

ação corretiva não deve ser vista apenas como uma resposta a problemas pontuais. Quando bem aplicada, ela se torna parte de um sistema estruturado de melhoria contínua, promovendo estabilidade, eficiência e redução de falhas recorrentes.

Mais do que eliminar um erro, ela fortalece a confiança nos processos, contribui para o cumprimento de normasmelhora a experiência do cliente. Empresas que documentam, monitoram e tratam suas não conformidades de forma sistemática constroem processos mais robustos e sustentáveis.

Incorporar a ação corretiva ao dia a dia da operação é uma decisão estratégica. Ela evita retrabalho, reduz perdas e fortalece a gestão.

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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