Você sabe o que é um Plano de Controle na produção?
Plano de Controle

11 de maio de 2019

Última atualização: 09 de janeiro de 2025

Você sabe o que é um Plano de Controle na produção?

Você sabe o que é um Plano de Controle na produção?

O plano de controle de qualidade é uma ferramenta indispensável para a qualidade contínua. 

Nesse blog, iremos adentrar o conceito do plano de controle, o que ele é, sua função e como desenvolvê-lo. 

Introdução ao plano de controle

A redução de custos e a eliminação de desperdícios são prioridades para a maioria das empresas. 

No cenário atual, controlar desperdícios e manter um alto nível de qualidade não é apenas desejável, é essencial para o sucesso. 

Os custos de produção continuam a subir. 

Matérias-primas, mão-de-obra e equipamentos encarecem cada vez mais os negócios. 

Um exemplo disso é o aço, cujo preço mais que dobrou nos últimos anos. 

Nesse contexto, reduzir a sucata tornou-se uma necessidade crítica. 

É vital garantir que as peças sejam produzidas conforme as necessidades do cliente e que existam mecanismos para identificar não conformidades. 

Além disso, as empresas precisam de planos eficazes para lidar com mudanças nas condições dos processos. 

Embora muitas companhias de manufatura consigam identificar problemas e implementar ações corretivas rapidamente, poucas conseguem sustentar essas melhorias ao longo do tempo. 

O resultado? Os processos acabam voltando ao estado anterior, e os problemas ressurgem. 

Ou seja, a busca pela redução de custos e eliminação de desperdícios leva muitas empresas a adotarem ferramentas que garantam a qualidade em seus processos. 

Nesse cenário, o plano de controle surge como uma solução estratégica. 

E é um documento que descreve as ações necessárias para monitorar e controlar processos, assegurando que produtos e serviços atendam aos padrões de qualidade exigidos. 

Enquanto o foco está em detectar e corrigir problemas, o verdadeiro diferencial do plano de controle é a sua capacidade de sustentar ao longo do tempo, prevenindo que os processos voltem ao estado anterior. 

Com isso, empresas conseguem não apenas reduzir seus desperdícios e retrabalhos, mas também melhorar sua eficiência e atender plenamente às expectativas dos clientes. 

O que é um plano de controle?

O plano de controle é um documento que detalha as ações necessárias em cada etapa de um processo –  como medições, inspeções e monitoramento de parâmetros –  para garantir que os resultados estejam de acordo com os requisitos pré-definidos. 

De forma simples, ele serve como um guia prático para operadores e inspetores, fornecendo as informações necessárias para controlar o processo e assegurar a qualidade de peças ou montagens. 

Além disso, o plano inclui instruções claras sobre como agir diante de não conformidades, ajudando a evitar problemas futuros. 

Embora seja uma ferramenta essencial, o plano de controle não substitui as instruções detalhadas do operador.

Em muitos casos, ele funciona como complemento, sendo utilizado em conjunto com folhas de inspeção ou checklists. 

Outro ponto importante é a sua capacidade de manter padrões de qualidade, mesmo em situações de rotatividade de funcionários, estabelecendo diretrizes claras para inspeções e monitoramento do processo.  

Qual o objetivo de um Plano de Controle?

O objetivo do plano de controle é monitorar processos e garantir que as melhorias implementadas sejam sustentadas ao longo do ciclo de vida de uma peça ou produto. 

Essa ferramenta é amplamente utilizada em setores Automotivos, Aeroespacial, Equipamentos Agrícolas e Pesados, entre outros, assegurando a qualidade em diversas indústrias ao redor do mundo. 

Na indústria automotiva, o plano de controle é frequentemente parte do processo de aprovação de peças de produção (PPAP), sendo um recurso indispensável para fornecedores.

 Para implementar a metodologia corretamente, o manual de planejamento e controle avançado da qualidade do produto, publicado pelo Grupo de Ação da Indústria Automotiva (AIAG), é uma referência amplamente utilizada.

Por que desenvolver um plano de controle?

Desenvolver um plano de controle é uma estratégia indispensável para empresas que buscam excelência em seus processos e produtos. 

Ele atua como um guia prático para garantir que todas as etapas do processo produtivo estejam alinhadas aos padrões de qualidade exigidos, reduzindo desperdícios, retrabalho e custos desnecessários. 

Ao aplicar um plano de controle, sua empresa assegura a conformidade dos produtos com as expectativas dos clientes, fortalecendo a confiança e a fidelidade ao longo do tempo. 

Essa também é uma forma de promover a melhoria contínua, já que o documento é atualizado conforme o processo evolui e novas informações surgem. 

Para setores regulados, ele se torna ainda mais crucial garantindo o cumprimento das normas e regulamentos necessários. 

Mais do que um documento, o plano de controle é uma ferramenta que transforma a gestão de qualidade em um diferencial competitivo, colocando sua empresa no caminho para resultados consistentes e sustentáveis. 

Afinal, qualidade não é apenas uma meta, é uma estratégia para o sucesso. 

Como desenvolver um plano de controle?

O plano de controle deve ser elaborado por uma equipe multifuncional que compreenda profundamente o processo a ser controlado ou aprimorado. Essa abordagem colaborativa é essencial para identificar oportunidades de melhoria de forma mais abrangente e eficiente. 

Diferente de um simples formulário a ser preenchido, o plano de controle é uma estratégia estruturada para assegurar que o processo atenda aos padrões de qualidade e às expectativas do cliente. 

Fontes e informação para plano de controle

As informações contidas no plano de controle devem ser fundamentadas em dados confiáveis e fontes relevantes. Aqui estão algumas das principais fontes que podem orientar sua criação: 

Um mapeamento visual que detalha cada etapa do processo produtivo, ajudando a identificar pontos críticos e oportunidades de controle. 

  • DFMEA (modo de falha de design e análise de efeitos) 

Ferramenta utilizada para prever potenciais falhas no design e implementar ações preventivas que minimizem riscos ao produto.

  • PFMEA (análise de modo e efeitos de falha de processo) 

Focado nas falhas potenciais que podem ocorrer durante o processo produtivo, auxiliando no desenvolvimento de controles eficazes.  

  • Matriz de características especiais

Uma ferramenta que destaca os atributos críticos de um produto ou processo que impactam diretamente a qualidade e segurança. 

  • Lições aprendidas de partes semelhantes 

Experiências prévias com produtos ou processos similares, que fornecem insights valiosos para evitar problemas conhecidos. 

  • Design reviews

Revisões técnicas e estruturadas para avaliar o design do produto e sua conformidade com os requisitos do cliente. 

  • Conhecimento da equipe sobre o processo 

A experiência prática dos colaboradores envolvidos é uma fonte inestimável de informações, especialmente em relação a ponto críticos ou ineficiências  

  • Problemas de campo ou garantia 

Dados históricos sobre falhas registradas em campos ou reclamações de garantia que podem guiar melhorias no processo. 

Ferramenta analítica que monitora a variabilidade do processo, ajudando a manter padrões de qualidade. 

Um documento vivo 

O plano de controle não é estático; ele deve evoluir ao longo do ciclo de vida do produto. 

À medida que novas informações são obtidas, seja por meio de revisões de design, feedback do cliente ou mudança no processo, o plano deve ser continuamente atualizado. 

Essa adaptabilidade torna o plano de controle uma peça-chave em um sistema eficaz de gestão da qualidade. 

Ele não apenas ajuda a manter a conformidade com os padrões, mas também promove a melhoria contínua ao longo do tempo, garantindo que a qualidade do produto ou serviço esteja sempre alinhada às expectativas do mercado. 

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Quais os três níveis de planos de controle?

Antes de finalizar o desenvolvimento de um plano de controle, a equipe deve definir o nível mais adequado para o estágio em que o produto se encontra no processo de nova introdução do produto (NPI). Essa definição é crucial para garantir que as ações do plano estejam alinhadas às necessidades específicas de cada etapa. Os três níveis principais são:

  • Protótipo

Neste estágio inicial, o Plano de Controle deve detalhar as dimensões a serem medidas e os testes de material e desempenho a serem realizados durante a construção do protótipo.

 O objetivo é avaliar a viabilidade do design e identificar potenciais ajustes antes de avançar para as próximas fases.

  • Pré-lançamento

Após o protótipo, mas antes do início da produção regular, o plano deve incluir descrições detalhadas das dimensões a serem monitoradas e os testes necessários para garantir a conformidade do produto.

 Esse nível é focado em validar o processo e assegurar que ele esteja preparado para atender às exigências do cliente e aos padrões de qualidade.

  • Produção

No estágio de produção regular, o Plano de Controle deve ser abrangente, contendo todas as características especiais do produto e do processo.

Ele deve incluir os controles de processo, métodos de medição e os testes que serão realizados continuamente para assegurar que os produtos fabricados atendam aos requisitos de qualidade estabelecidos.

Esses níveis permitem que o plano de controle acompanhe a evolução do produto, garantindo que as ações sejam específicas para cada momento do processo, desde a fase inicial de design até a produção em escala.

Qual o formato do plano de controle?

O formato do plano de controle pode variar de acordo com o processo a ser monitorado, mas geralmente é apresentado em formulários padronizados, muitas vezes no formato Excel. Há também softwares específicos que automatizam sua criação e gestão, proporcionando maior eficiência e precisão. Independentemente da ferramenta utilizada, o conteúdo do Plano de Controle deve ser claro, detalhado e flexível, permitindo revisões contínuas.

Os formulários de um Plano de Controle incluem campos essenciais que devem ser preenchidos de forma criteriosa. Abaixo estão os principais elementos e suas funções:

Elementos Gerais do Formulário

  • Nível de Plano de Controle: Indica a fase do processo – Protótipo, Pré-lançamento ou Produção – para alinhar os controles às necessidades específicas.
  • Número do Plano de Controle: Identificação única para registro e rastreabilidade no sistema de controle de documentos.
  • Número da Peça/Última Alteração: Deve incluir o número da peça e a revisão mais recente, assegurando que o plano seja continuamente atualizado com alterações no projeto.
  • Nome da Peça/Descrição: Identifica a peça ou processo, com preferência pelo nome do processo em caso de controle de famílias de peças.
  • Fornecedor/Planta: Específica a empresa e a planta responsáveis pelo desenvolvimento do plano.
  • Código do Fornecedor: Usado para clientes externos, garantindo rastreabilidade no sistema do cliente.
  • Equipe Principal: Lista dos membros responsáveis pela elaboração do plano, promovendo responsabilidade e colaboração.

Seção de Características

Essa seção aborda as características que precisam ser monitoradas e controladas, tanto do produto quanto do processo. As informações devem ser claras e detalhadas para evitar confusões durante a implementação.

  • Produto: Refere-se às características físicas ou propriedades do produto, como dimensões e tolerâncias especificadas em desenhos técnicos. Somente as características críticas ou especiais devem ser listadas.
  • Processo: Identifica aspectos do processo que precisam de controle, como a configuração de ferramentas ou a orientação de peças em dispositivos.
  • Classificação Especial: Categoriza as características, como D (Design), P (Processo) ou OS (Operador de Segurança).

Seção de Métodos

Essa parte descreve como as características serão monitoradas, medidas e controladas. É aqui que se definem os detalhes operacionais:

  • Especificação do Produto/Processo/Tolerância: Determina os parâmetros a serem medidos e suas respectivas tolerâncias.
  • Técnica de Avaliação/Medição: Lista as ferramentas, dispositivos ou sistemas usados para garantir que as medições sejam precisas e confiáveis.
  • Tamanho e Frequência da Amostra: Define o número de itens a serem avaliados e a periodicidade das medições.
  • Método de Controle/Prevenção e Detecção: Documenta os controles preventivos, como checklists ou instruções visuais, e as ações corretivas em caso de falhas.

Plano de Reação

Este é um elemento crítico para garantir que não-conformidades sejam tratadas de forma rápida e eficaz. O plano deve especificar como identificar, rotular e segregar produtos não conformes, além de descrever o processo de notificação e documentação do incidente.

Aplicações do Plano de Controle

Os planos de controle podem ser adaptados a diferentes tipos de processos, como:

  • Configuração de Equipamentos: Para garantir que os ajustes iniciais estejam corretos antes do início da produção.
  • Ferramental Dominante: Quando o impacto da vida útil de uma ferramenta afeta as características do produto.
  • Operador Dominante: Para situações em que o desempenho depende do conhecimento ou treinamento do operador.

Em todas essas aplicações, o plano de controle atua como uma ferramenta eficaz para reduzir refugo, melhorar a qualidade e garantir que produtos não conformes sejam identificados e corrigidos antes de saírem para o cliente.

Com isso, plano de controle é uma ferramenta essencial para qualquer empresa que busca excelentes resultados operacionais e consistência em seus processos. 

Ele vai além de documentar ações; é um guia estratégico que alinha o controle da qualidade às demandas do mercado e às expectativas dos clientes. 

Quando bem implementado, o plano de controle permite reduzir desperdícios, minimizar falhas e garantir que as operações sejam conduzidas com eficiência e eficácia. 

Sua aplicação não se limita a processos específicos, ele pode ser adaptado a diferentes cenário e setores, tornando-se um aliado poderoso na melhoria contínua. 

Entretanto, sua eficácia depende de uma abordagem proativa, atualizações regulares e do comprometimento da equipe responsável. 

Ao incorporar o plano de controle à sua gestão de qualidade, sua empresa estará fortalecendo a base para produtos mais confiáveis, processos mais ágeis e, principalmente, para a construção de uma reputação sólida no mercado. 

Afinal, qualidade não é apenas um diferencial competitivo; é um pilar indispensável para o sucesso sustentável. 

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Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.

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