O que podemos aprender sobre gestão de equipes no futebol
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17 de junho de 2018

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

O que podemos aprender sobre gestão de equipes no futebol

A maneira de lidar com talentos dentro do futebol pode ensinar lições valiosas na gestão de seus colaboradores. O futebol e demais esportes têm seus próprios métodos de gestão de equipes, mas alguns conceitos podem ser levados para dentro das empresas e ajudar na administração de talentos. Selecionamos as principais dicas do diretor executivo do Palmeiras na década de 90, José Carlos Brunoro, do diretor da Agência Ideal, Fabio Kadow, e do ex-jogador e empresário Oscar Bernardi.

Gestão de Equipes

Liderança “Ser líder não é querer que as pessoas sejam iguais a você, é fazer com que todos desempenhem seu papel em prol de um objetivo em comum. Cada um com a sua característica”, diz Brunoro, que dirigiu a seleção brasileira de vôlei, a carreira do piloto brasileiro Pedro Paulo Diniz na Fórmula 1 e, atualmente, o Palmeiras.

Lembrando do time palmeirense do final dos anos 90, campeão da Copa Libertadores e bicampeão brasileiro, ele afirma que existia esse conceito: “Todos eram diferentes individualmente. Acabava o jogo e cada um ia pra um lado. Mas, dentro de campo, eram amigos e estavam unidos em busca de um objetivo comum.”

Conhecimento

O segundo pilar apontado pelo dirigente esportivo é a postura exemplar do líder quando o assunto é habilidade técnica. “A primeira coisa que as pessoas que trabalham pra você vão reparar é se você conhece sobre o assunto. Às vezes, naturalmente somos líderes pelo conhecimento, porque as pessoas precisam nos olhar e se sentir seguras das atitudes que elas estão tomando.”

Transparência

Um grupo unido, focado no objetivo principal, precisa de um ambiente transparente: “Caso aquele craque tem algum tipo de ‘regalia’, ele só tem aquilo pelo que conquistou. Então, aquele menino mais novo tem que entender isso, como esse processo funciona”, afirma Brunoro. Esclarecer a filosofia do clube/empresa Na mesma linha, Oscar Bernardi garante que todos devem saber claramente quais são as regras: “O jogador que vem pra uma nova equipe precisa saber como as coisas funcionam dentro da organização. A empresa ou o clube devem estar sempre acima de quem trabalha nela. Só assim se consegue o sucesso.”

Rodízio e possibilidade de ascensão

Por outro lado, a possibilidade de crescimento dentro da organização também precisa ser vislumbrada por todos. “Qualquer funcionário pode chegar ao topo da empresa, sempre deve haver uma possibilidade de subir na hierarquia de acordo com um determinado período de tempo”, diz o ex-zagueiro do São Paulo e da seleção brasileira.

Conquiste a confiança

“Uma das maiores dificuldades é pegar o cara que joga pra caramba e convencê-lo de que, sim, é importante também ter um trabalho de imagem. Então, conquistar essa confiança do atleta é um trabalho primordial: eu não estou no campo com você, mas jogo contigo fora dele”, diz Fabio Kadow, que trabalhou com o craque Neymar, do Barcelona e da seleção, além de nomes de peso como o lutador Anderson Silva e a surfista Maya Gabeira. Kadow explica que essa resistência é aplicável às empresas, como quando é necessário um treinamento, por exemplo: “As pessoas mostram-se resistentes a ouvir quem sabe mais sobre um determinado assunto por dominarem suas respectivas áreas.”

A melhor publicidade é a performance

Se alguém não joga bem, é metade do caminho na contramão de qualquer imagem positiva externa ou interna. “Esse ponto de equilíbrio é a chave para o sucesso: o primeiro ponto é o desempenho, o segundo é a imagem. O Cristiano Ronaldo, por exemplo, tem esse equilíbrio: está jogando no ápice e trabalhando a sua imagem ao mesmo tempo”, diz Brunoro. Dentro das empresas, é possível ver os funcionários da mesma maneira. É necessário entregar resultados antes de qualquer coisa.

Seja um líder consultivo

Brunoro afirmou que procurava consultar sempre seus jogadores quando técnico de vôlei: “Apresentava todo o plano tático antes da partida e falava: ‘Vocês querem mudar alguma coisa?’. Na quadra, eles têm dificuldades que eu, como treinador, não teria e não enxergaria. Então eu reunia todo mundo e pedia a opinião deles.”

 

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Cuidado para não mimar jovens talentos

Quando um atleta é considerado prodígio, ele pode adotar uma postura "mimada", segundo Oscar Bernardi: “Jogador no Brasil é muito mimado. Qualquer coisinha que acontece, ele vai à diretoria e reclama. Tem que ter pulso forte do diretor e da comissão técnica, fazê-lo entender como funcionam as coisas no clube e até onde vai o limite dele”. Muitas vezes, entretanto, o comportamento é influenciado pela forma como ele é tratado na organização. “Alguns [são mimados] sim, mas não sei se nascem mimados. Às vezes, o ambiente o torna mimado. Mas não é culpa só dos atletas: tem gente pagando, passando a mão, fazendo uma porção de coisas para eles”, afirma Kadow.

Tenha uma boa estratégia e uma definição de metas

O jogo nos ensina como definir objetivos, planos e pequenos objetivos que nos levarão a alcançar nosso objetivo final. Nós aprendemos como criar estratégias. Escolher entre jogo ofensivo, jogo defensivo, maximização de posse etc. ajuda a canalizar nosso foco e alcançar nosso objetivo final. 

Saiba trabalhar em equipe e a colaborar

Aprendemos a importância do trabalho em equipe. Aprendemos a importância de complementar os pontos fortes uns dos outros. Colaboramos como equipe tentando fazer o melhor jogo possível. Há lendas na produção de peças solo também. Mas nada pode causar mais danos do que uma equipe inteira, aproveitando os pontos fortes e fracos de cada um com um objetivo compartilhado e um esforço colaborativo.

Saiba liderar e gerenciar pessoas

Aprendemos a assumir responsabilidade, sermos responsáveis ​​por nossas ações e liderar uma equipe. Gerenciar os membros da equipe como líder e capacitá-los a dar sugestões e feedback é importante e o futebol nos ensina exatamente isso.  

É importante saber gerenciar o tempo

É um jogo de 90 minutos. O gerenciamento de tempo é a chave. Substituições devem ser feitas nos momentos certos. Mudar de uma estratégia para outra na hora certa é essencial. No final da metade, ou de qualquer período extra, o tempo restante no relógio do jogo se torna cada vez mais relevante, a equipe tem que gerenciar o tempo de forma eficaz. 

Saiba lidar com o sucesso e o fracasso (aprender é importante)

E o último ponto que gostaria de abordar é sobre como lidar com sucesso e fracasso. Aprenda com os dois. É importante se concentrar em jogar um bom jogo. No dia-a-dia e no trabalho, ambos ganharemos e perderemos, mas se continuarmos focados em jogar um bom jogo, seremos vencedores no longo prazo.

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Virgilio F. M. dos Santos

Virgilio F. M. dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.