A ergonomia é um conceito cada vez mais relevante nas empresas, especialmente quando se fala em saúde ocupacional, produtividade e qualidade de vida no trabalho. Ela não se limita à postura correta ou ao uso de cadeiras ajustáveis — envolve também fatores mentais, organizacionais e ambientais.
Neste conteúdo, você vai entender o que é ergonomia, quais são os principais tipos, como identificar riscos ergonômicos e o que a NR-17 determina sobre o tema. Também serão apresentadas dicas práticas para aplicar a ergonomia no trabalho presencial e no home office.
Seja para evitar lesões, reduzir o estresse ou melhorar o desempenho da equipe, a ergonomia tem papel direto na construção de ambientes mais seguros e funcionais.
O que é Ergonomia?
A Ergonomia é a ciência que estuda a relação entre as pessoas e o ambiente em que trabalham ou realizam tarefas do dia a dia. O termo vem do grego: ergon (trabalho) e nomos (regras). Seu objetivo é adaptar tarefas, ferramentas e espaços às capacidades e limites do ser humano.
Mas qual é, de fato, o propósito da ergonomia? O foco está em promover o bem-estar físico e mental, sem comprometer a eficiência nas atividades. Em outras palavras, busca-se um equilíbrio entre saúde e desempenho.
O que são riscos ergonômicos?
Riscos ergonômicos são condições do ambiente de trabalho que exigem esforço físico ou mental excessivo, prejudicando a saúde e o desempenho do colaborador. Esses riscos surgem quando a organização do trabalho ou os equipamentos utilizados não estão alinhados às capacidades humanas.
Eles não são visíveis como máquinas ou produtos químicos, mas podem causar impactos sérios, principalmente quando negligenciados e ao longo do tempo.
Quais são os tipos de Ergonomia?
A ergonomia pode ser categorizada em três tipos principais, cada um focando em diferentes aspectos da interação entre humanos e elementos de sistemas ou ambientes. Estes tipos são:
Ergonomia Física
A ergonomia física aborda as condições do corpo diante das tarefas executadas no ambiente de trabalho. O foco está em elementos como postura, repetição de movimentos, força aplicada, mobilidade e uso de equipamentos.
O objetivo é adaptar processos e espaços ao corpo humano, minimizando desconfortos e prevenindo lesões musculoesqueléticas. Dores lombares, tendinites e lesões por esforço repetitivo (LER/DORT) estão entre os principais problemas evitáveis com essa abordagem.
Para isso, é necessário avaliar estações de trabalho, cadeiras, bancadas e ferramentas utilizadas. A ergonomia física também inclui a adoção de pausas regulares e exercícios compensatórios, que ajudam a manter o bem-estar ao longo do expediente.
Como aplicar a ergonomia física no ambiente de trabalho
A implementação começa com um mapeamento das atividades. É preciso identificar movimentos repetitivos, posições forçadas e equipamentos utilizados. Com base nisso, ajustes são feitos no layout, na altura de mobiliários, na iluminação e nas ferramentas manuais.
Capacitar os colaboradores também é parte do processo. Treinamentos simples sobre postura e movimentação reduzem riscos e melhoram a adaptação às novas rotinas.
Exemplos de ergonomia física
- Ajuste da cadeira e da altura da mesa para manter os pés apoiados no chão e os cotovelos em ângulo de 90°.
- Uso de apoios de punho para quem trabalha com teclado e mouse durante longos períodos.
- Pausas programadas a cada 50 minutos para alongamento e movimentação, evitando sobrecarga muscular.
- Reorganização do layout para que ferramentas estejam ao alcance sem necessidade de torção do tronco.
Ergonomia Cognitiva (ou Ergonomia Mental)
A ergonomia cognitiva analisa a relação entre o ser humano e os processos mentais envolvidos na execução de tarefas. Está diretamente ligada à forma como percebemos, processamos e reagimos às informações no ambiente de trabalho.
Os principais fatores considerados são: atenção, memória, percepção visual e auditiva, carga mental, raciocínio lógico e tomada de decisão. Esses aspectos ganham relevância em atividades que envolvem monitoramento, controle de processos, múltiplas telas ou situações que exigem respostas rápidas e precisas.
O objetivo é reduzir o esforço mental desnecessário, evitar a fadiga cognitiva e minimizar o risco de falhas em ambientes com alta demanda mental, como centros de controle, call centers, laboratórios ou funções que exigem vigilância contínua.
Essa abordagem também está presente no design de sistemas, máquinas e interfaces. Informações mal organizadas ou comandos pouco intuitivos aumentam o tempo de resposta e podem comprometer a eficiência.
Principais causas da fadiga cognitiva
A fadiga cognitiva surge da sobrecarga mental provocada por excesso de estímulos, decisões complexas e falta de pausas adequadas. Entre os principais fatores estão:
- Volume elevado de tarefas simultâneas;
- Ambientes com ruído constante ou iluminação inadequada;
- Interrupções frequentes, como notificações e mudanças de foco;
- Sistemas com informações mal distribuídas ou pouco intuitivas;
- Jornada prolongada sem pausas para descanso mental.
Como aplicar a ergonomia cognitiva
A aplicação começa com a análise das tarefas cognitivas envolvidas. A partir disso, ajustes são feitos para simplificar o fluxo de informações e reduzir distrações.
Algumas boas práticas incluem:
- Organizar dados em painéis de forma lógica e segmentada;
- Utilizar cores e sons para destacar alertas ou status de sistemas;
- Padronizar comandos, ícones e nomenclaturas;
- Desenvolver manuais objetivos, com instruções passo a passo.
Exemplos práticos de ergonomia cognitiva
- Interfaces de software com menus simples e ícones intuitivos;
- Sistemas de alerta com sons diferenciados para níveis de criticidade;
- Telas de monitoramento que priorizam a informação mais relevante;
- Checklists visuais em estações de trabalho com alto volume de decisão.
Ergonomia Organizacional
A ergonomia organizacional se concentra na forma como o trabalho é planejado, estruturado e gerenciado dentro das empresas. Seu objetivo é alinhar os sistemas organizacionais às capacidades humanas, promovendo um ambiente funcional, produtivo e saudável.
Essa abordagem vai além do espaço físico. Ela envolve a análise de elementos como:
- Modelos de gestão;
- Estrutura hierárquica;
- Turnos e jornadas de trabalho;
- Processos de tomada de decisão;
- Fluxo de informação entre setores;
- Cultura interna e clima organizacional.
A ergonomia organizacional busca melhorar a comunicação, reduzir conflitos, aumentar o engajamento e equilibrar as demandas com os recursos disponíveis. É especialmente relevante em cenários de crescimento acelerado, fusões, reestruturações ou mudanças de estratégia.
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NR-17: Norma Regulamentadora da Ergonomia
A NR-17 é a norma brasileira que estabelece as diretrizes para a aplicação da ergonomia no ambiente de trabalho. Criada pelo Ministério do Trabalho, ela define como adaptar as condições laborais às características físicas e psicológicas dos trabalhadores, com foco na segurança, saúde e desempenho.
O objetivo da NR-17 é garantir que o ambiente e os métodos de trabalho estejam alinhados às capacidades dos colaboradores, reduzindo riscos de acidentes e doenças ocupacionais.
O que a NR-17 determina?
A norma aborda diversos aspectos que devem ser observados pelas empresas:
- Postos de trabalho: altura de mesas, cadeiras, apoios e disposição de equipamentos devem respeitar medidas ergonômicas.
- Levantamento e transporte de cargas: define limites de peso e procedimentos para evitar sobrecarga física.
- Condições ambientais: inclui temperatura, iluminação e ruídos que afetam o desempenho e a saúde.
- Organização do trabalho: trata da repetitividade de tarefas, pausas obrigatórias e ritmos de produção.
Esses pontos são aplicáveis a diferentes setores, desde escritórios até linhas de produção industrial.
Por que aplicar a NR-17?
O cumprimento da NR-17 não é apenas uma exigência legal. Ele traz benefícios diretos, como:
- Redução de afastamentos por problemas físicos e psicológicos
- Melhora na produtividade e motivação da equipe
- Diminuição de falhas operacionais e retrabalhos
Além disso, demonstra o compromisso da empresa com a saúde ocupacional, algo cada vez mais valorizado em ambientes corporativos e por órgãos de fiscalização.
Adotar os princípios da NR-17 é uma forma prática de tornar o ambiente mais seguro, funcional e saudável.
Os benefícios da Ergonomia no trabalho
A aplicação adequada da ergonomia traz ao ambiente corporativo uma série de benefícios, diretos e indiretos. Além disso, em todos os casos, os beneficiados são a empresa e os colaboradores. Confira a lista de alguns benefícios destaque:
- Melhora e aumenta a produtividade
- Cria um ambiente de trabalho favorável ao melhor desempenho
- Impacta positivamente na satisfação dos colaboradores
- Reduz a chance de riscos a saúde e doenças ocupacionais
- Mitiga o absenteísmo (faltas e atrasos)
- Aumenta a segurança do trabalho
- Valoriza o ambiente de trabalho e sua usabilidade
- Facilita a integração e colaboração da equipe
- Reduz acidentes de trabalho
- Minimiza o risco de problemas cognitivos e emocionais
- Aumenta práticas de ginástica laboral
- Tem impacto direto na redução de pedidos de demissão (turnover)