Entender os fundamentos da gestão de processos é o primeiro passo para melhorar o desempenho organizacional. Mas a verdadeira transformação acontece quando esse conhecimento é aplicado no dia a dia, de forma prática, estratégica e integrada às rotinas da empresa.
Neste conteúdo, você vai acompanhar a experiência real de Luiz Braghetti, ex-aluno da FM2S, que compartilhou como implementou melhorias estruturadas em diferentes áreas, enfrentando desafios, resistências e alcançando resultados expressivos.
A entrevista conduzida por Virgílio F. M. dos Santos, CEO da FM2S, mostra como a visão por processos pode ser aplicada em empresas de diferentes portes e setores. Também reforça como esse conhecimento pode impulsionar carreiras e contribuir diretamente para a eficiência de uma operação.
O que é Gestão de Processos?
Gestão de processos é a prática de administrar um negócio com base no controle e desempenho dos seus processos. Essa abordagem parte da visão sistêmica da organização, considerando como as áreas se conectam e influenciam umas às outras.
O objetivo é equilibrar e melhorar o desempenho dos processos e da forma como eles interagem. Para isso, algumas estratégias podem ser aplicadas:
- Desenho e implementação de arquiteturas de processos que representem o fluxo real das atividades.
- Definição de sistemas de medição alinhados aos objetivos estratégicos da empresa.
Essas ações tornam possível acompanhar a performance, identificar gargalos e propor melhorias contínuas com base em dados concretos.
Entrevista FM2S
A teoria é importante, mas os resultados aparecem mesmo na prática. Para ilustrar como a gestão de processos se aplica no ambiente profissional, conversamos com Luiz Braghetti, ex-aluno da FM2S, que vivenciou o desafio de estruturar processos em sua área de atuação.
Na entrevista, ele compartilha os aprendizados, as dificuldades e os impactos percebidos após colocar os conceitos em prática.
“Obrigado pelo convite, Virgílio. Você que foi meu professor e tutor, sempre deu força nesse caminho da melhoria (...) desde que entrei na Engenharia, a minha vontade sempre foi trabalhar com melhoria de processos, Lean Six Sigma e entender aquela simplicidade que os livros da Toyota passam para nós, mas que na realidade é completamente diferente.” — destacou Luiz.
A seguir, apresentamos os principais trechos da conversa, conduzida por Virgílio F. M. dos Santos, cofundador e CEO da FM2S. Para facilitar a leitura, indicamos Luiz Braghetti e Virgílio nas falas.
Como foi seu primeiro contato com a gestão de processos?
Luiz: “Meu primeiro contato foi em uma farmacêutica americana, onde o Lean é tão forte quanto na Toyota, claro, com adaptações aos processos internos. Fiquei um bom tempo nessa empresa, e depois ingressei em uma multinacional, atuando na área corporativa.
Lá, trabalhei com o controle do mindset organizacional, com foco em melhoria de processos e práticas Lean. Tive acesso a treinamentos, fiz viagens para França, Inglaterra e África do Sul, e consegui aplicar na prática conceitos que aprendi na universidade e em cursos como Green Belt, Lean e Black Belt. Foi quase um MBA prático.”
Quais dificuldades enfrentou para implantar a gestão de processos?
Luiz: “Nós, da área industrial, especialmente no chão de fábrica, costumamos focar muito na nossa própria realidade e nas demandas da produção. Com isso, acabamos deixando de lado o pessoal do comercial, que enfrenta desafios diferentes.
Eles precisam vender, e quando as vendas aumentam, nosso lead time cresce. Isso eleva a demanda, muitas vezes sem previsão clara de recursos. Já quando as vendas caem, acabamos com capacidade ociosa e excesso de inventário. Essa oscilação constante gera um desequilíbrio.
Esse cenário me trouxe aprendizados importantes sobre a realidade do time comercial e a necessidade de integrar áreas. Todas essas experiências contribuíram para que eu entendesse melhor como aplicar a gestão de processos com foco em alinhamento entre setores. Foi esse entendimento que me levou à posição de coordenador de Supply Chain em dois países.”
Como identificou os problemas?
Virgílio: “Lembro quando você assumiu a operação e me ligou. Eu disse: vamos focar no que é básico e no que é importante na teoria. Aplicar a gestão de processos para resolver o problema. Queria que você comentasse sobre quando começou a fazer as rondas pela fábrica. Como foi lidar com isso?”
Luiz: “Sempre fui uma pessoa muito voltada para melhoria de processos. Nunca fui especialista em máquinas ou produtos. Meu foco sempre foi na gestão — independente da área. Por isso, o primeiro passo foi entender o termômetro do negócio.
Quando você precisa montar uma planta ou assumir uma área do zero, geralmente há algo errado. Os indicadores-chave de desempenho já estão em alerta: vermelho ou amarelo. A partir disso, busquei compreender quais eram os indicadores globais da empresa, para então entender o papel de cada área nos resultados.
Gerenciar projetos é uma coisa. Gerir o Supply Chain é outra. E assumir operações — que hoje englobam quase tudo, exceto financeiro e comercial — exige um entendimento mais amplo. Passei a lidar com áreas como meio ambiente, saúde, segurança (com forte carga regulatória), além de setores que já conhecia, como melhoria de processos, qualidade, produção, planejamento, trade, compliance, importação e exportação.”
Quais as principais lições durante essa jornada de melhoria?
Luz: “A primeira grande lição foi aprender a quebrar o problema em partes menores — e, mais importante, definir as prioridades.
Se a área de logística precisa despachar 10 materiais para o cliente A, mas envia apenas 5 — e ainda troca o produto, mandando banana no lugar de abacaxi —, o impacto é direto no cliente. E é o cliente quem gera receita. Quando falhamos internamente, desde a entrada do pedido no Customer Service até o despacho final, o prejuízo não é só operacional: atinge o comercial e toda a planta.
A gestão de processos funciona para empresas de qualquer porte. Já atuei com essa abordagem em uma farmacêutica escocesa de grande porte e também em uma loja de utensílios na praia de Ubatuba. O ponto-chave é a disposição para implementar — desde que haja estrutura mínima e foco.
A pergunta principal é: qual é a prioridade agora? Se for ajustar a produção, concentre os esforços nisso. E então vá mais fundo: quais são os direcionadores da produção? O problema está no OEE? O que está comprometendo a performance?”
Com sua bagagem, quais os ensinamentos sobre a gestão de processos até agora?
Luz: “Simples é diferente de fácil. Sempre reforço isso com meu time. O foco não deve ser enfeitar ou complicar, mas sim pegar o que está na literatura e traduzir da forma mais direta e prática possível.
Embora o profissional de gestão de processos costume ser visto como um agente de mudança, implantar melhorias na prática não é simples. Há resistência, principalmente de quem já está inserido na rotina.
Por isso, é necessário desenvolver resiliência, saber ouvir um ‘não’ e mesmo assim continuar. É preciso criar seus próprios caminhos para alcançar os resultados desejados — com foco e consistência.”
Assista a entrevista
Após esse bate-papo, fica claro como a gestão de processos pode transformar as áreas operacionais, a forma de pensar e de liderar. Se você quer entender melhor como esses conceitos foram aplicados na prática e ouvir diretamente os insights do Luiz Braghetti, vale conferir o conteúdo completo da conversa.
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Ao final do curso, você será capaz de:
- Desenvolver a cultura de gestão de processos na sua empresa;
- Mapear processos complexos com precisão;
- Definir a missão, a descrição e o nível de prioridade de cada processo;
- Criar planos de ação para melhorar fluxos operacionais;
- Engajar os colaboradores com técnicas de motivação e influência;
- Influenciar a liderança para adotar uma gestão orientada por processos.

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