Comunicação Não Violenta
Gestão de Equipes

12 de janeiro de 2021

Última atualização: 20 de abril de 2023

Comunicação Não Violenta (CNV): O que é e como aplicar?

Marshall Rosenberg, psicólogo norte-americano, atuava como orientador educacional em instituições que estavam eliminando o cenário de segregação racial nos EUA durante os anos 60. Em seu difícil trabalho como mediador nessa conturbada transição da história americana, Rosenberg desenvolveu e aplicou técnicas de comunicação.

A comunicação não violenta, também chamada CNV, é de criação do psicólogo e visa definir um método de comunicação funcional, claro e honesto através da inferência de sentimentos e necessidades próprias e alheias. Confira neste artigo mais sobre o método e como praticá-lo pessoal e profissionalmente.

O que é Comunicação Não Violenta - CNV?

Rosenberg estruturou o conceito e prática da comunicação não violenta em torno da compreensão do que falamos e ouvimos, bem como o que fazemos nesses momentos. A CNV visa o desenvolvimento da conexão consigo mesmo, em que nos dedicamos fortemente a entender nossos sentimentos e ações, tanto no íntimo de nossos lares quanto no ambiente de trabalho

A expressão “não violenta” faz referência à definição de Gandhi, em que ele pontua a condição compassiva natural que experienciamos quando a violência é afastada do indivíduo.

A técnica se fundamenta através de competências básicas de linguagem e comunicação. A ideia principal é fazer com que o indivíduo se questione internamente e externamente, a fim de reformular seus preceitos e ações e dando mais embasamento a como se expressa. Rosenberg ainda destaca que é na escuta ativa e profunda que sua técnica se faz mais efetiva, fazendo com que todas as interações se apoiem no respeito, atenção e empatia, eliminando assim respostas automáticas e repetitivas que poluem a consciência.

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Os 4 componentes da CNV:

Observação

Rosenberg nos orienta a, antes de tudo, observar o que realmente está acontecendo. Sua sugestão é de que usemos a situação para observar a mensagem que é recebida, através de falas ou ações, sem praticar um juízo de valor. Ou seja, baseie sua observação nos fatos, não dando vazão a suposições ou permitindo que aquilo que o outro faz danifique sua imagem do ocorrido. Foque naquilo de que gosta e compreenda se a mensagem tem algo de positivo a acrescentar.

Sentimento

Estenda a observação ao sentimento, aquilo que a situação desperta em você. Perceba se a sua fala ou a fala do outro, bem como suas ações, acarretam sentimentos de mágoa, ódio, raiva, felicidade, etc. Rosenberg defende a importância de se colocar em uma posição de vulnerabilidade, assim, você se torna apto a resolver conflitos e compreender a real diferença entre o sentimento e o pensamento (ou interpretação).

Use palavras que representem, de fato, seus sentimentos e não julgamentos. Esse componente da comunicação não violenta evita a auto sabotagem ou auto enganação, pois nos impele a nos responsabilizar pelas ações uma vez que desejamos ser ouvidos e compreendidos com exatidão.

Necessidades

Compreendeu seus sentimentos? Então agora reconheça quais necessidades estão conectadas a eles. O psicólogo pontua que, ao expressar suas necessidades, há uma chance maior de que elas sejam atendidas. Isso acontece pois reforçamos nossas responsabilidades sobre o que falamos e fazemos.

Exponha suas necessidades de forma clara e honesta, por exemplo: “Estou irritado pois tive um dia cansativo e gostaria de ter chegado em casa mais cedo e encontrado as malas prontas e a casa limpa para viajarmos. Vejo a cooperação e o planejamento como fatores importantes para a convivência e gostaria de conversar para revisarmos nossos acordos, assim poderemos conviver melhor”.

Pedido

Com as necessidades em mente, podemos pedir ao outro ações que auxiliem na obtenção dessas necessidades. Durante uma conversa, o pedido vem à tona para clarificar o cenário, comunicando as observações, sentimentos e necessidades, para que as atitudes de ambos os lados tenham fundamento e precisão. 

Rosenberg indica que apenas ações concretas podem se conectar ao pedido em suas diferentes especificidades. Portanto, realizar o pedido com uma linguagem positiva, em tom de afirmação, evitando frases abstratas, é essencial.

Lembre-se de dar ao pedido um tom de convite, em que você estabelece um limite, mas não cobra a outra pessoa de forma enérgica. Ter isso em mente faz com que o “não” como resposta seja menos difícil de ouvir.

Quais os objetivos da Comunicação Não Violenta?

A CNV tem uma gama de objetivos bem definidos, que são adaptados aos diferentes contextos do cotidiano humano. Confira abaixo os 10 principais objetivos da comunicação não violenta:

  1. Mediar conflitos em diferentes níveis;
  2. Resolver conflitos pessoais e profissionais pacificamente;
  3. Promover a empatia;
  4. Criar diálogos;
  5. Humanizar o atendimento profissional;
  6. Criar ou fortalecer uma cultura de colaboratividade;
  7. Otimizar a gestão de equipes;
  8. Manter relacionamentos saudáveis;
  9. Mitigar agressões físicas e verbais;
  10. Construir ambientes e círculos sociais acolhedores. 

Todos esses objetivos fazem com que, tanto os praticantes quanto os impactados pela CNV, usufruam de um fortalecimento dos vínculos humanos. Assim, benefícios como redução ou eliminação de ações reativas, no sentimento de cobrança e acusação surgem. O entendimento a respeito de suas emoções e das emoções alheias propicia ambientes e equipes que são mais reflexivas e assumem reações tranquilas e racionais.

Como praticar a Comunicação Não Violenta?

Para que a comunicação não violenta seja praticada, é preciso se conectar melhor consigo mesmo e desenvolver ações que agreguem na sua tomada de consciência interna. Ou seja, aquilo que acontece e é sentido dentro de você. Depois disso, é preciso considerar aquilo que ocorre com e no outro (praticando a empatia). 

Assim, você consegue se preparar para lidar e resolver com o que vier a seu encontro. Rosenberg ainda explica que é preciso se concentrar em quatro principais componentes para que a comunicação, envolvendo seus sentimentos e expectativas, seja feita de forma clara aos outros.

Exemplo de aplicação da CNV?

O ambiente de trabalho é um local que deve favorecer o bem estar físico e mental do indivíduo, assim, ele se engaja e motiva na participação dos objetivos e obtenção de melhores resultados. Contudo, existem diferentes tipos de empresas, equipes e líderes. 

Pensando nisso, estruturamos um exemplo de aplicação dos quatro componentes da CNV. Confira: 

Carlos, você tem assumido uma postura ríspida comigo durante as reuniões, gritando (observação). Isso me faz sentir menor, desmotivado e bastante irritado (sentimento), afinal, preciso sentir que esse é um ambiente de respeito e que meus colegas me respeitam, só assim imagino um ambiente propício a meu desenvolvimento (necessidade). Quando a situação surgir e você se sentir na necessidade de elevar o tom, pode me chamar em particular? (pedido)

Quais os desafios de praticar a CNV?

Apesar de Rosenberg pontuar que a comunicação é a melhor ferramenta para encontrar a solução dos problemas, há, sim, desafios e obstáculos que a comunicação não violenta não consegue superar. 

Confira abaixo os principais exemplos:

  • Livrar-se dos julgamentos morais e de rotulação;
  • Constante comparação e negação de responsabilidades;
  • Falta de empatia;
  • O impulso de expor seu ponto e educar o falante;
  • Competir pelo sofrimento ou angústia maior;
  • Dificuldade em baixar a guarda e se fazer vulnerável;
  • Priorizar a conexão frente a competição;
  • Autocompreensão profunda.

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