Statistical Process Control (SPC): O que é? Evite desperdícios
Ferramentas da Qualidade

17 de maio de 2020

Última atualização: 16 de julho de 2025

Statistical Process Control (SPC): O que é? Evite desperdícios

Controlar a variabilidade de um processo é essencial para garantir qualidade, reduzir retrabalho e manter a previsibilidade operacional. É nesse contexto que o Statistical Process Control (SPC) ou Controle Estatístico de Processo (CEP) se destaca como uma ferramenta estratégica na indústria, nos serviços e na saúde.

Ao aplicar técnicas estatísticas para monitorar o comportamento de processos ao longo do tempo, o SPC permite identificar variações significativas antes que elas gerem falhas ou perdas. Em vez de agir apenas após a ocorrência de um defeito, o controle estatístico permite uma abordagem preventiva e orientada por dados.

Neste guia, você vai entender o que é SPC, como ele funciona na prática, quais ferramentas são utilizadas, como interpretar gráficos de controle e em quais áreas ele pode ser aplicado com resultados consistentes. Também serão abordados conceitos estatísticos fundamentais para compreender o funcionamento do método de forma clara, objetiva e com exemplos práticos.

O que é Statistical Process Control (SPC)?

O Controle Estatístico de Processo é uma maneira de descobrir como um processo ou sistema deve se comportar. Um modelo para o comportamento "normal" do sistema é criado com limites definidos. Assim se permite que variações da norma sejam identificadas. Todos os sistemas têm variação, mas o SPC ajuda a identificar quando essas variações são inaceitáveis ​​ou imprevisíveis.

Como funciona o Statistical Process Control (SPC)?

Statistical Process Control (SPC) monitora as saídas dos processos para identificar alterações pequenas, mas estatisticamente significativas. O objetivo é permitir a intervenção antes que ocorram defeitos, reduzindo retrabalho, perdas e falhas de qualidade.

Inicialmente aplicado na indústria de manufatura, o SPC tornou-se comum também em serviços e na área da saúde, sempre que o processo possuir resultados mensuráveis.

A aplicação do SPC envolve o uso de ferramentas estatísticas para controle e acompanhamento do desempenho do processo. Entre elas, destacam-se os gráficos de controle e os gráficos de execução. Além disso, o planejamento de experimentos (DOE) pode complementar a análise, permitindo avaliar e otimizar variáveis do processo.

O controle estatístico do processo ocorre em duas fases:

  • Fase 1 – Estabilização: avalia se o processo é capaz e define a forma ideal de operação. É nesse momento que se elimina a influência de causas especiais.
  • Fase 2 – Monitoramento: acompanha o processo ao longo do tempo, garantindo que ele continue operando dentro dos limites esperados. Aqui, a definição de uma frequência de monitoramento adequada é essencial.

Durante o controle, dois tipos de variação podem ocorrer:

  • Variação de causa comum: aleatória, faz parte natural do processo. Se apenas esse tipo estiver presente, o processo está sob controle estatístico.
  • Variação de causa especial: provocada por fatores específicos, externos ou inesperados. Sua presença indica que o processo está fora de controle e exige investigação e ação corretiva.

Etapas do CEP (coleta, análise, ação corretiva)

A aplicação do Controle Estatístico de Processo (CEP) segue etapas sequenciais que ajudam a garantir a estabilidade e a previsibilidade do processo.

A primeira etapa é a coleta de dados. É essencial definir quais variáveis serão monitoradas, o método de amostragem e a frequência da coleta. Os dados devem representar fielmente o processo e cobrir diferentes turnos, operadores e condições operacionais.

Após a coleta, vem a análise estatística dos dados. Nessa fase, são utilizados gráficos de controle e outras ferramentas para verificar se o processo está estável e sob controle estatístico. A análise ajuda a identificar desvios, tendências ou pontos fora dos limites aceitáveis.

Quando são detectadas variações fora do padrão, é necessário aplicar uma ação corretiva. O foco deve ser a identificação da causa especial e a sua eliminação. O objetivo não é apenas corrigir o desvio, mas impedir que ele se repita.

Manter esse ciclo, medir, analisar e corrigir é o que garante a melhoria contínua no processo.

Ferramentas para aplicação do Statistical Process Control

No CEP, além dos gráficos de controle, algumas métricas estatísticas ajudam a avaliar a capacidade do processo:

  • Cp (Índice de Capacidade do Processo): mede se a variabilidade do processo cabe dentro dos limites de especificação. Não considera o posicionamento da média.
  • Cpk (Índice de Capacidade Real): avalia se o processo está centrado. Considera a distância da média em relação aos limites. Um Cpk menor que 1 indica risco de não conformidade.
  • σ (desvio padrão): mede a dispersão dos dados em torno da média. Quanto menor o desvio padrão, mais estável o processo.
  • R (amplitude): diferença entre o maior e o menor valor de um conjunto de medições. Usada em gráficos de controle por variabilidade.

Essas métricas ajudam a entender se o processo está apenas estável ou também capaz de atender às especificações do cliente.

Gráficos de controle

Os gráficos de controle são as ferramentas principais do Controle Estatístico de Processo (CEP). Eles ajudam a monitorar a estabilidade do processo ao longo do tempo e permitem detectar variações que possam indicar desvios ou falhas.

Esses gráficos exibem os dados coletados em sequência temporal, junto com três linhas principais:

  • Linha central (CL): representa a média do processo.
  • Limite superior de controle (LSC): indica a maior variação esperada, considerando apenas causas comuns.
  • Limite inferior de controle (LIC): indica a menor variação esperada dentro do comportamento natural do processo.

Quando todos os pontos permanecem entre os limites de controle, o processo é considerado estável. Se houver pontos fora desses limites ou padrões incomuns, isso pode indicar variações de causa especial que exigem investigação.

Existem diferentes tipos de gráficos, como:

  • Gráfico X̄-R: usado para variáveis contínuas e amostras pequenas.
  • Gráfico p ou np: aplicável para proporções de defeitos.
  • Gráfico c ou u: voltado ao número de ocorrências por unidade de inspeção.

A escolha depende do tipo de dado analisado e do objetivo do monitoramento.

Interpretação: principais regras

Interpretar corretamente os gráficos de controle é fundamental para agir no momento certo. Abaixo estão algumas regras comuns de sinal de alerta, baseadas nas práticas clássicas como as regras de Western Electric:

  1. Um ponto fora dos limites de controle (acima do LSC ou abaixo do LIC): indica variação de causa especial.
  2. Sete ou mais pontos consecutivos acima ou abaixo da linha central: sugere mudança no nível do processo.
  3. Tendência ascendente ou descendente com 6 ou mais pontos consecutivos: pode indicar um desvio gradual.
  4. Alternância contínua de pontos acima e abaixo da média (ex.: 14 pontos): aponta uma instabilidade fora do padrão esperado.
  5. Dois de três pontos consecutivos próximos ao limite de controle: alerta para possível deslocamento do processo.

Essas regras ajudam a distinguir ruídos naturais de mudanças significativas. A partir delas, é possível tomar decisões com base em dados, evitando reações desnecessárias a variações aleatórias.

Exemplo para SPC

A aplicação do Statistical Process Control (SPC) não se limita a grandes fábricas. Qualquer processo com saída mensurável pode ser analisado com as ferramentas do CEP. A seguir, veja alguns exemplos práticos que ilustram como o controle estatístico é usado em diferentes contextos.

1. Controle de envase em indústria alimentícia

Uma fábrica de sucos precisa garantir que cada garrafa contenha exatamente 1 litro. Diariamente, são coletadas amostras aleatórias da linha de envase. Com base nos dados, são construídos gráficos X̄-R para monitorar o volume.

Quando a média se aproxima do limite superior, o operador é orientado a ajustar o equipamento. Assim, evita-se o desperdício de produto e o risco de não conformidade com o rótulo.

Resultado: redução no desvio padrão e maior confiança na consistência do volume entregue.

2. Produção de componentes usinados (indústria metalmecânica)

Na usinagem de peças metálicas (como eixos, buchas ou flanges), tolerâncias dimensionais precisam ser mantidas dentro de limites muito estreitos.

Durante a produção em série, operadores realizam medições periódicas de diâmetros, espessuras ou comprimentos com instrumentos como paquímetros ou micrômetros. Os dados são agrupados em subgrupos (geralmente 5 amostras) e monitorados por gráficos X̄-R.

  • Se a média se desloca, pode indicar desgaste da ferramenta ou mudança no material.
  • Se a amplitude aumenta, pode haver instabilidade no fixador, vibração ou variação térmica.

Resultado: ajustes preventivos podem ser feitos antes que peças fora de especificação sejam produzidas, evitando retrabalho ou descarte.

3. Controle de qualidade em laboratório clínico

Laboratórios que realizam exames de sangue, bioquímica ou microbiologia precisam garantir que os resultados liberados sejam confiáveis e consistentes ao longo do tempo.

Uma das aplicações do SPC nesses ambientes é o uso de gráficos X̄-R ou gráficos de valores individuais (X-mR) para monitorar os valores de controle interno de exames laboratoriais, como glicose, colesterol, enzimas ou hemoglobina.

Diariamente, antes de liberar exames de pacientes, são analisadas amostras de controle com valores conhecidos. Os resultados desses controles são registrados em gráficos de controle.

  • Se o resultado estiver fora dos limites de controle, o processo analítico é interrompido.
  • A equipe técnica realiza investigação: reagente vencido? problema no equipamento? erro humano?

Estatísticas básicas em Statistical Process Control

Embora o Statistical Process Control (SPC) possa envolver técnicas estatísticas avançadas, seus métodos principais exigem apenas o domínio de conceitos básicos. Para interpretar gráficos de controle e tomar decisões assertivas, é importante compreender:

  • Desvio padrão
  • Distribuições de probabilidade
  • Significância estatística

A seguir, veja um resumo objetivo desses conceitos.

Desvio padrão

desvio padrão é uma medida que expressa a dispersão de um conjunto de dados em relação à média. Imagine um processo de fabricação no qual você mede 30 peças produzidas. Cada peça apresenta um valor ligeiramente diferente.

Uma forma simples de avaliar a variação seria calcular a amplitude (valor máximo menos valor mínimo). No entanto, essa abordagem considera apenas os extremos e ignora o comportamento da maioria dos dados. Além disso, conforme mais peças são medidas, a amplitude tende a aumentar, o que reduz sua confiabilidade.

Já o desvio padrão leva em conta todos os valores e calcula, de forma padronizada, o quanto cada medida se afasta da média. Essa é a métrica mais confiável para quantificar a variabilidade do processo e serve como base para determinar limites de controle e probabilidades de conformidade.

Distribuição de probabilidade

Outro conceito fundamental no SPC é a distribuição de probabilidade. Trata-se de uma função que descreve todos os valores possíveis de uma variável aleatória e a probabilidade associada a cada valor dentro de um intervalo.

Em muitos processos industriais, assume-se que os dados seguem uma distribuição normal (gaussiana), com a maior concentração de valores próximos à média e caudas mais finas nos extremos. Conhecendo a média e o desvio padrão, é possível calcular a probabilidade de uma medida estar dentro ou fora de um intervalo especificado.

Isso permite, por exemplo, estimar a chance de um item ser defeituoso ou a probabilidade de uma amostra refletir um desvio real no processo.

Se um valor medido estiver muito distante da média  a ponto de ser estatisticamente improvável, isso indica que uma causa especial pode ter surgido, o que caracteriza um processo fora de controle estatístico.

A relação entre SPC e o profissional Black Belt

O domínio de ferramentas estatísticas como o Controle Estatístico de Processo (SPC) é parte central da atuação de um profissional Black Belt em Lean Seis Sigma. Esse especialista é responsável por liderar projetos de melhoria contínua com foco em redução de variação, eliminação de defeitos e aumento da estabilidade dos processos.

Durante as fases do método DMAIC (Definir, Medir, Analisar, Melhorar e Controlar), o Black Belt utiliza o SPC para:

  • Identificar variações de causa comum e especial;
  • Validar a estabilidade do processo antes de propor melhorias;
  • Monitorar o desempenho após as mudanças implementadas.

Além disso, métricas como Cp, Cpk e σ ajudam o Black Belt a quantificar a capacidade do processo e a tomar decisões baseadas em dados, garantindo ganhos sustentáveis ao longo do tempo.

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