Manutenção Preventiva: guia prático e completo
A manutenção preventiva é uma estratégia planejada para evitar falhas e garantir que os equipamentos funcionem com segurança e desempenho constante. Ao agir antes do problema surgir, reduz-se o risco de paradas inesperadas, aumenta-se a vida útil dos ativos e diminuem-se os custos emergenciais.
Muito utilizada em setores como indústria, transporte, saúde e infraestrutura, essa prática combina organização, indicadores e tecnologia para manter operações mais eficientes.
Neste guia, você vai entender o que é manutenção preventiva, seus tipos, quem a executa, quando aplicá-la e como estruturar um plano eficaz para obter mais confiabilidade e produtividade nos seus equipamentos.
O que é manutenção preventiva?
A manutenção preventiva é um conjunto de ações realizadas antes que ocorra uma falha no equipamento ou sistema. Ela segue um cronograma pré-definido, que pode considerar o tempo de uso, a quantidade de ciclos operacionais ou até o monitoramento de determinadas condições da máquina.
Esse tipo de manutenção é realizado regularmente para diminuir a probabilidade de falha. Ele é executado enquanto o equipamento ainda está funcionando, para que não seja interrompido inesperadamente.
A manutenção é planejada com base em um acionador de tempo ou uso . Um exemplo típico de um ativo com um cronograma de programa da manutenção preventiva baseado no uso é um veículo motorizado que pode ser programado para serviço a cada 10.000 km.
Tipos de manutenção preventiva
Depois de entender que a manutenção preventiva atua antes que os problemas apareçam, é importante saber que ela pode ser organizada de formas diferentes, dependendo da realidade da operação e do tipo de equipamento. Os três modelos mais comuns são:
Baseada no tempo (TBM)
Nesse formato, as intervenções são feitas em intervalos de tempo pré-definidos, como dias, semanas ou meses. É um modelo simples de aplicar, ideal para equipamentos cujo desgaste segue um padrão previsível, independentemente da intensidade de uso.
É muito comum em motores elétricos de ventiladores industriais, compressores de ar, sistemas de climatização (HVAC), caldeiras e equipamentos de refrigeração. Esses ativos, mesmo funcionando de forma regular, podem acumular desgaste natural com o tempo, exigindo troca de peças, lubrificação ou ajustes periódicos para manter o desempenho e evitar paradas inesperadas.
Baseada no uso (UBM)
Aqui, o foco não é o calendário, mas sim o quanto o equipamento foi utilizado. As manutenções são programadas após um número específico de horas de operação, ciclos de produção ou quilômetros rodados. É muito útil em máquinas que trabalham sob demanda e podem ter variação na carga de uso.
Baseada na condição (CBM)
Essa modalidade é mais avançada. A manutenção só é feita quando um monitoramento constante indica sinais de desgaste ou alteração no funcionamento, como aumento de temperatura, vibração fora do normal ou mudança na pressão. O objetivo é agir no momento certo, evitando tanto a falha quanto intervenções desnecessárias.
Quem é responsável pela manutenção preventiva
A responsabilidade pela manutenção preventiva pode variar conforme o tipo de equipamento, o contrato firmado e a estrutura de cada empresa. Em muitos casos, o próprio comprador, ou seja, a empresa que utiliza o ativo assume essa função, organizando equipes internas ou contratando prestadores de serviço especializados.
Quando o produto é adquirido com contrato de manutenção incluso, o fornecedor ou fabricante costuma enviar técnicos treinados para realizar as inspeções e ajustes dentro dos prazos definidos. Isso é comum em máquinas de alto valor ou sistemas que exigem conhecimento técnico específico, como equipamentos médicos, elevadores e sistemas de automação industrial.
Já em operações com equipes próprias de manutenção, a responsabilidade recai sobre o time interno, que segue o plano definido pela engenharia ou pelo gestor de manutenção. Nesse modelo, a empresa tem mais controle sobre o cronograma e pode integrar a preventiva à rotina produtiva.
O importante é que, seja realizada por profissionais da própria organização ou pelo fabricante, a manutenção preventiva seja feita por técnicos capacitados, seguindo normas de segurança e recomendações do manual do equipamento. Afinal, a eficácia dessa prática depende tanto da regularidade quanto da qualidade do serviço executado.
Quais as aplicações adequadas de manutenção preventiva?
A manutenção preventiva é mais eficiente quando aplicada em ativos que apresentam características específicas. Em geral, ela traz melhores resultados nos equipamentos que:
- Possuem função operacional crítica: cuja falha pode comprometer a segurança, interromper a produção ou gerar prejuízos relevantes. É o caso de geradores de energia, sistemas de refrigeração industrial e linhas de produção automatizadas.
- Apresentam modos de falha que podem ser evitados com cuidados regulares: aqui entram máquinas que sofrem desgaste mecânico, oxidação, acúmulo de sujeira ou precisam de lubrificação periódica. Com intervenções planejadas, é possível reduzir o risco e prolongar a vida útil.
- Têm probabilidade de falha crescente com o tempo ou uso: equipamentos cujas peças se desgastam de forma previsível, como rolamentos, correias, filtros e sistemas hidráulicos, são bons candidatos. Nesses casos, o acompanhamento evita que pequenos danos evoluam para quebras mais graves.
Diferença entre preventiva, corretiva e preditiva
Depois de entender quem executa a manutenção preventiva e em quais situações ela é mais indicada, vale diferenciar essa abordagem de outras práticas comuns.
A manutenção preventiva é proativa: segue um plano de ações programadas para evitar que falhas ocorram, seja por tempo, uso ou condição.
Já a manutenção corretiva é reativa: só acontece depois que o problema já se manifestou. Ela pode ser planejada (quando a falha é identificada e há tempo para organizar a parada) ou emergencial (quando a quebra interrompe a operação e exige ação imediata).
A manutenção preditiva, por sua vez, é condicional e estratégica: utiliza sensores, monitoramento e análise de dados para identificar sinais precoces de desgaste. A intervenção é feita exatamente no momento ideal, evitando tanto a quebra quanto a troca prematura de peças.
Compreender essas diferenças ajuda a construir uma estratégia de manutenção mais equilibrada, combinando métodos para reduzir custos, aumentar a confiabilidade e manter os ativos operando no melhor desempenho possível.
Elementos analíticos e ferramentas de apoio
A manutenção preventiva se torna mais eficiente quando quem a executa tem suporte de ferramentas analíticas capazes de transformar observações e dados em decisões práticas. Esses recursos não ficam restritos a um único perfil profissional: engenheiros de manutenção, técnicos, supervisores e gestores de ativos utilizam esses métodos para planejar, executar e avaliar as intervenções.
Curva PF
Os engenheiros e técnicos usam a Curva PF para identificar o intervalo entre a falha potencial (primeiro sinal de anomalia) e a falha funcional (quando o equipamento deixa de cumprir sua função). Com base nessa análise, o supervisor define o momento para intervir, evitando tanto a quebra quanto a substituição prematura de peças.
FMEA (Análise de Modos e Efeitos de Falha)
Equipes de engenharia aplicam o FMEA para mapear modos de falha, avaliar seus impactos e priorizar ações. Essa análise costuma ser feita de forma colaborativa, reunindo técnicos que conhecem a operação e gestores que decidem sobre recursos, garantindo que a manutenção preventiva foque nos riscos mais críticos.
Relatórios e indicadores (KPIs)
Acompanhamento de métricas como o cumprimento do plano de manutenção, o MTTR (tempo médio para reparo) e o índice de execução de manutenção preventiva (MP) permite medir a eficácia das ações. Esses indicadores mostram se o programa está cumprindo seus objetivos ou se ajustes são necessários.
Combinando essas ferramentas, a manutenção preventiva deixa de ser apenas um calendário de tarefas e se torna uma estratégia baseada em dados, capaz de antecipar problemas e aumentar a confiabilidade dos ativos.
Tecnologia e inovação em manutenção preventiva
A evolução tecnológica mudou a forma como a manutenção preventiva é planejada e executada. Hoje, recursos como machine learning, análise de dados operacionais e monitoramento inteligente permitem identificar padrões de desgaste e antecipar falhas com mais precisão. A seguir alguns exemplos de tecnologias utilizadas:
- Machine learning
Utilizado por engenheiros e analistas para processar grandes volumes de dados históricos, identificando padrões que antecedem falhas. Isso ajuda a ajustar o cronograma de manutenção, evitando intervenções desnecessárias ou atrasadas. - Análise de dados operacionais
Com sistemas de gestão de manutenção (CMMS) ou plataformas industriais, é possível acompanhar parâmetros como temperatura, vibração e pressão em tempo real. Técnicos e supervisores usam essas informações para programar inspeções no momento certo, aumentando a disponibilidade dos ativos. - Monitoramento inteligente
Sensores IoT e conectividade permitem o acompanhamento contínuo e remoto. Alertas automáticos são enviados quando um indicador sai da faixa ideal, permitindo reação imediata e mais eficaz.
O uso dessas tecnologias facilita a transição para a manutenção preditiva, onde as intervenções acontecem com base em dados, no momento exato em que o equipamento realmente precisa.
Como estruturar um plano de manutenção preventiva
Um plano de manutenção preventiva bem elaborado começa com organização e clareza sobre o que precisa ser feito, quando e por quem. A seguir, um passo a passo que integra checklist de atividades, definição de periodicidade, alocação de recursos e acompanhamento por indicadores.
1. Levante todos os ativos e escolha os candidatos ideais
Crie um inventário completo dos equipamentos da sua operação. Para cada um, avalie se ele:
- Tem função operacional crítica;
- Possui modos de falha que podem ser evitados com manutenção regular;
- Apresenta probabilidade de falha crescente com o tempo ou uso.
Essa triagem ajudará a decidir quais ativos entram no plano e em que ordem de prioridade.
2. Consulte as recomendações do fabricante
Os manuais trazem instruções bem definidas sobre tarefas necessárias e intervalos ideais de manutenção. Seguir essas orientações reduz riscos e garante que o equipamento funcione conforme o projetado. Por exemplo, a troca de óleo de um motor pode seguir o prazo de 10.000 km ou a recomendação do manual do proprietário.
3. Comece pelos ativos críticos
Priorize máquinas e sistemas cujo impacto de falha seria mais alto para a operação. Inicie com um grupo menor e, gradualmente, expanda o cronograma para cobrir todos os ativos importantes.
4. Estruture planos de curto e longo prazo
- Planos de longo prazo: programações anuais ou semestrais para inspeções e manutenções maiores.
- Planos de curto prazo: agendas semanais com tarefas detalhadas, já com peças e ferramentas reservadas para evitar atrasos.
5. Defina periodicidade, responsáveis e recursos
Cada tarefa deve ter um intervalo definido (diário, semanal, mensal, anual) e um responsável designado. Garanta que haja recursos suficientes, peças, ferramentas e mão de obra qualificada, para executar cada ação.
6. Acompanhe e ajuste usando indicadores
Monitore KPIs como cumprimento do plano, MTTR (tempo médio para reparo) e índice de execução da manutenção preventiva. Esses dados indicam onde melhorar e ajudam a manter o plano eficiente.
7. Utilize ferramentas digitais para otimizar o processo
Com softwares de gestão de manutenção (CMMS), é possível:
- Aumentar a vida útil dos ativos e o tempo de operação
- Reduzir a entrada manual de dados
- Eliminar burocracias com uso de dispositivos móveis e código de barras
- Garantir padronização de procedimentos
- Elevar a produtividade e a eficiência da equipe
Seguindo esses passos, o plano deixa de ser apenas uma lista de tarefas e se torna uma estratégia contínua, capaz de reduzir custos, evitar falhas e manter a operação no seu melhor desempenho.
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