Gestão Financeira

04/06/2019

Última atualização: 04/12/2025

Custeio ABC: o que é, como funciona e quando usar

Empresas com produtos variados e estruturas operacionais complexas enfrentam um desafio comum: entender com precisão quanto custa produzir, vender ou manter cada item do portfólio.

Custeio Baseado em Atividades (ABC) surgiu como resposta a esse problema. Em vez de distribuir os custos indiretos com base em médias ou estimativas, esse método analisa o que cada atividade consome e como os recursos são utilizados ao longo do processo.

Neste guia, você vai entender como funciona o ABC, quais são suas vantagens e limitações, em que situações ele é mais indicado e como aplicá-lo.

O que é Custeio Baseado em Atividades (ABC)

O Custeio Baseado em Atividades (ABC) é uma forma de calcular custos considerando o que cada atividade exige da empresa. Em vez de dividir os custos indiretos de forma genérica, o ABC mostra quanto cada tarefa contribui para o gasto total de um produto, serviço ou cliente.

Nesse método, os custos são atribuídos com base nas atividades realizadas. Cada processo interno, como montagem, inspeção ou atendimento, consome recursos. O ABC mede esse consumo e distribui os custos de forma proporcional ao uso de cada atividade.

O foco está em entender como os produtos ou serviços utilizam as atividades. Isso permite avaliar melhor a lucratividade, identificar gargalos e tomar decisões com base em dados mais específicos.

Os três elementos do Custeio ABC

Para organizar essa análise, o método trabalha com três componentes:

Ao ligar esses elementos, o ABC entrega uma visão mais detalhada do custo. Isso ajuda a entender quais operações exigem mais esforço e quais produtos são sustentáveis no portfólio.

Esse é o ponto de partida para quem busca decisões mais bem fundamentadas sobre preços, processos e estrutura de custos. A seguir, vamos ver por que o ABC costuma trazer resultados diferentes dos métodos tradicionais e quando ele faz mais sentido.

Vantagens e limitações do ABC

Custeio Baseado em Atividades (ABC) oferece uma forma mais específica de entender como os custos são formados. Ainda assim, sua aplicação exige atenção a fatores operacionais e de estrutura.

Vantagens do ABC

Limitações do ABC

Mesmo com esses pontos, em operações com custos indiretos relevantes e processos variados, o ABC costuma trazer ganhos em controle e análise.

Por que usar o ABC em vez de métodos tradicionais

Os métodos tradicionais de custeio costumam distribuir os custos indiretos com base em medidas amplas, como horas de máquina ou volume de produção. Essa lógica funciona em ambientes simples, com poucos produtos e processos padronizados.

Mas em empresas com variedade de produtos, serviços customizados ou estrutura mais complexa, esse tipo de rateio pode distorcer o custo final.

Custeio Baseado em Atividades (ABC) foi criado para lidar com esse cenário. Ele identifica onde os custos realmente acontecem e conecta esse gasto às atividades que os geram. A partir disso, o custo é atribuído ao que de fato utilizou essas atividades.

Com o ABC, produtos que exigem mais etapas ou consomem mais suporte recebem um custo mais condizente. Da mesma forma, itens que demandam menos são avaliados com mais precisão.

Isso ajuda a entender quais produtos são rentáveis e quais consomem mais recursos do que aparentam. Em vez de aplicar uma média, o ABC mostra as diferenças entre o que cada item exige da operação.

A escolha entre ABC e métodos tradicionais depende da estrutura da empresa. Onde há diversidade de processos e alto volume de custos indiretos, o ABC costuma oferecer resultados mais úteis para a tomada de decisão.

Como funciona Custeio ABC

O método de Custeio ABC organiza os custos em etapas. A seguir, você verá como o processo acontece, desde a identificação das atividades até a distribuição final dos custos para produtos, serviços ou clientes.

1. Identificação das atividades

O primeiro passo é mapear o que a empresa faz. Isso significa listar todas as atividades relevantes que consomem recursos, como montagem, inspeção, transporte, atendimento ou manutenção.

Essa etapa é importante porque serve de base para as próximas decisões.

2. Atribuição de recursos às atividades

Depois de identificar as atividades, o próximo passo é observar quanto cada uma consome. Aqui entram os custos com mão de obra, energia, equipamentos, espaço físico, entre outros.

Esses recursos são agrupados e ligados às atividades que os utilizam. O objetivo é mostrar, por exemplo, quanto custa manter uma área de suporte ou realizar uma inspeção por lote.

3. Definição dos direcionadores de custo (cost drivers)

Com as atividades organizadas e os recursos vinculados, é hora de escolher os direcionadores de custo. Eles funcionam como medições do esforço necessário para executar cada atividade.

Exemplos comuns incluem número de setups, horas de atendimento, quantidade de inspeções ou quilômetros rodados. A escolha do driver deve refletir bem o comportamento da atividade.

4. Alocação de custos às atividades e aos objetos de custo

Com os direcionadores definidos, os custos são distribuídos de acordo com o consumo. Ou seja, produtos, serviços ou clientes recebem os custos das atividades que exigiram.

Um produto que exige mais horas de suporte ou mais etapas de controle de qualidade, por exemplo, terá um custo final mais alto. Isso permite comparar melhor o desempenho e a rentabilidade de cada item do portfólio.

Exemplo prático de aplicação (indústria ou serviço)

Para entender como o Custeio Baseado em Atividades (ABC) funciona na prática, imagine uma empresa que fabrica dois tipos de produto: o Produto A, mais simples e com poucas etapas de produção, e o Produto B, que exige mais tempo de montagem, testes e controle de qualidade.

No modelo tradicional, os custos indiretos da fábrica, como energia, manutenção e supervisão, são divididos igualmente entre os produtos, com base em critérios gerais, como horas de máquina. Isso faz com que os dois produtos recebam uma carga semelhante de custos, mesmo tendo exigências bem diferentes.

Ao aplicar o ABC, a empresa identifica todas as atividades envolvidas, como:

Cada atividade tem seu custo medido e é associada a um direcionador de custo. Por exemplo, o número de setups realizados, horas gastas com inspeção ou quantidade de atendimentos.

Com esse modelo, o Produto B, que exige mais atividades e consome mais recursos, recebe um custo maior. Já o Produto A, por demandar menos suporte e menos tempo de processo, é classificado com um custo menor.

O resultado é uma visão mais próxima do que cada produto realmente representa para a empresa, tanto em consumo de recursos quanto em rentabilidade.

Esse tipo de análise ajuda a repensar preços, ajustar processos e entender melhor o impacto de cada linha do portfólio.

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