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Ferramentas da Qualidade

13/04/2021

Última atualização: 12/11/2025

Análise de Causa Raiz (RCA): o que é, como fazer e ferramentas

Você já se deparou com um problema que continua voltando, mesmo depois de várias tentativas de correção? Nesses casos, agir apenas sobre os sintomas não resolve. É preciso entender o que realmente causou o desvio. É aí que entra a análise de causa raiz.

Essa abordagem permite investigar com profundidade as falhas que afetam processos, produtos ou resultados. O objetivo é simples: identificar a origem do problema, eliminar a repetição e aumentar a confiabilidade das operações.

Neste conteúdo, você vai entender o que é a análise de causa raiz, quando aplicá-la e como conduzir esse processo de forma estruturada. Também verá exemplos práticos e ferramentas que ajudam a encontrar soluções mais eficazes.

O que é análise de causa raiz?

A análise de causa raiz é uma metodologia usada para identificar a origem de um problema e impedir que ele volte a ocorrer. O objetivo é eliminar a falha em sua fonte, e não apenas tratar os efeitos visíveis.

Ela se diferencia de correções imediatas, que muitas vezes apenas mascaram o problema. Ao buscar a verdadeira causa, esse tipo de análise permite decisões mais assertivas e soluções duradouras.

Essa prática está presente em metodologias de melhoria contínua, como LeanSix Sigma e PDCA. Também é exigida por normas como a ISO 9001, especialmente em contextos de não conformidade.

Ao aplicar a análise de causa raiz, a empresa passa a tratar o problema na sua origem, reduzindo desperdícios, prevenindo falhas e fortalecendo a confiabilidade dos processos. A consequência direta é a melhoria de resultados com menos esforço corretivo no longo prazo.

Quando aplicar a análise de causa raiz?

A análise de causa raiz deve ser aplicada sempre que houver necessidade de entender um problema de forma definitiva. Isso ocorre quando as ações corretivas não resolvem de forma permanente, ou quando o impacto da falha compromete a qualidade, segurança ou eficiência dos processos.

Ela é indicada em três cenários principais:

1. Problemas recorrentes (casos de falhas repetidas)

Falhas que se repetem indicam que a origem não foi tratada corretamente. Apenas corrigir o efeito, como reenviar um pedido com erro ou trocar um componente defeituoso, não impede que o mesmo erro aconteça novamente. Nesse caso, é necessário investigar mais a fundo.

Exemplo:  

Uma máquina que para semanalmente, mesmo após manutenção, pode ter causas estruturais não tratadas.

2. Mudança significativa em processos, produtos ou tecnologias

Sempre que há uma alteração relevante, como a introdução de um novo sistema, atualização de tecnologia, ou mudança no método de produção, o risco de falhas aumenta.

Se surgem problemas logo após essas mudanças, aplicar a análise de causa raiz ajuda a entender se o erro está no projeto, na execução ou na adaptação do time.

Exemplo: 

Após migrar para um novo sistema de gestão, a equipe começa a registrar pedidos incorretos. Identificar a causa raiz pode mostrar falhas no treinamento, no desenho do processo ou em requisitos técnicos não atendidos.

3. Não conformidades em auditorias ou indicadores fora do padrão

Quando uma não conformidade é identificada em auditorias internas ou externas, é necessário mais do que uma ação corretiva imediata. A análise de causa raiz permite entender por que o requisito não foi atendido e o que deve ser feito para evitar que o desvio se repita.

Essas falhas geralmente indicam lacunas em procedimentos, treinamentos ou controles. Ignorar a causa real pode levar à reincidência, impactando certificações, qualidade e a imagem da empresa.

Exemplo:  

Durante uma auditoria de qualidade, a ausência de registros obrigatórios compromete a rastreabilidade de um processo. Corrigir o documento sem investigar a causa pode deixar o problema oculto.

Aplicar a análise de causa raiz nesse contexto ajuda a estruturar planos de ação mais eficazes, com foco na prevenção e na melhoria contínua.

Passo a passo para conduzir a análise

Para que a análise de causa raiz gere resultados consistentes, é necessário seguir um processo estruturado. A clareza na condução evita interpretações subjetivas e garante que a causa verdadeira seja identificada com base em dados, não em suposições.

1. Definir claramente o problema

Tudo começa com a definição objetiva do que está acontecendo. Um erro comum é iniciar a análise com percepções vagas ou genéricas, como “produto ruim” ou “cliente insatisfeito”. Isso não ajuda a entender o desvio.

O problema precisa ser descrito com base em fatos observáveis, contendo:

2. Coletar dados e evidências

Uma boa análise depende da qualidade das informações. Nessa etapa, o time deve reunir todos os dados relacionados ao problema:

Evite tomar decisões com base apenas na memória ou em opiniões. Quanto mais evidências forem coletadas, mais consistente será a identificação da causa raiz.

3. Levantar causas potenciais

Com o problema bem definido e os dados em mãos, é hora de levantar hipóteses. Essa fase exige envolvimento de pessoas com conhecimento sobre o processo. Ferramentas úteis para isso:

O objetivo é gerar uma lista ampla de possibilidades. Ainda não é hora de julgar ou descartar nenhuma causa.

4. Identificar a causa raiz

Agora, é preciso avaliar qual das causas levantadas está diretamente ligada à origem do problema. Uma boa pergunta para testar isso é:

“Se essa causa for eliminada, o problema ainda pode ocorrer?”

Use os dados coletados para verificar a consistência das hipóteses. Busque correlação entre o que foi levantado e o que de fato aconteceu. Quando possível, aplique testes ou simulações para validar a relação entre a causa e o efeito.

Se houver múltiplas causas relevantes, priorize pela influência no resultado ou frequência.

5. Propor ações corretivas

Com a causa raiz identificada, o próximo passo é desenvolver uma ação que a elimine ou a controle. A solução deve ser prática, aplicável e sustentável.

Alguns critérios a considerar:

A ferramenta 5W2H pode ser usada para organizar esse plano de ação com clareza (O quê, Por quê, Onde, Quando, Quem, Como e Quanto).

Após a implementação, é essencial monitorar os resultados. Se o problema não se repetir, a ação foi eficaz. Caso contrário, é necessário revisar a análise.

Quer aprender a aplicar a análise de causa raiz com métodos reconhecidos internacionalmente?

O curso gratuito White Belt da FM2S apresenta as ferramentas mais usadas na resolução de problemas, como Diagrama de Ishikawa e 5 Porquês. É o primeiro passo para quem busca processos mais eficientes e decisões baseadas em dados.

Benefícios da análise causa raiz

Exemplo: análise de causa raiz

A fim de entender melhor esse processo de análise vamos pensar na seguinte situação: você acorda para ir trabalhar e ao acionar a partida o carro não liga. Dessa forma, utilizando a abordagem acima, teríamos:

  1. Definição do problema: o carro não funciona;
  2. Levantamento das possíveis causas: bateria descarregada, falta de combustível, motor de partida;
  3. Classificação das possíveis causas em causas reais: a bateria não está descarregada, pois as luzes do painel e farol se acendem. Da mesma forma, o tanque de combustível está cheio, logo o problema é o motor de partida;
  4. Identificação das possíveis soluções para o problema: consertar o problema do motor de partida ou trocá-lo;
  5. Escolha e implementação da solução: como o concerto sairá mais da metade do valor de um motor de partida novo, opta-se por trocar a peça;
  6. Análise de resultados: o carro voltou a funcionar, logo a solução proposta resolveu o problema.

Legal, não é mesmo? Agora imagine se existissem ferramentas que fizessem todo esse processo de uma forma mais clara, simples e interativa do que realizar essa lista que fizemos acima. Pois bem, vamos te apresentar agora as principais ferramentas de análise de causa raiz para você aplicá-las no seu dia a dia. Vamos conferir?

Ferramentas utilizadas na análise de causa raiz

A eficácia de uma análise de causa raiz depende da escolha e uso correto das ferramentas de apoio. Elas ajudam a organizar informações, levantar hipóteses de forma sistemática e facilitar a identificação da origem do problema.

Diagrama de Ishikawa (Espinha de Peixe)

diagrama de Ishikawa é uma das ferramentas mais tradicionais. Classifica possíveis causas de um problema em categorias visuais como:

Cada categoria é ramificada com causas secundárias. Isso permite visualizar como diferentes fatores podem contribuir para o problema central.

Vantagem: Facilita discussões em grupo e ajuda a não deixar causas importantes de fora.

5 Porquês

Consiste em questionar sucessivamente a causa de um problema com a pergunta “Por quê?”. A sequência continua até que se chegue a uma causa que não dependa de outro fator.

Exemplo:

Porque a temperatura da máquina estava errada.

Porque o sensor não estava calibrado.

Vantagem: Simples de aplicar e ideal para causas diretas e processos operacionais.

Diagrama de Árvore

Estrutura a análise em forma de árvore, com ramificações que partem do problema até chegar às causas mais profundas. Cada nível da árvore representa um grau maior de detalhe.

Vantagem: 

Útil para problemas complexos, que envolvem múltiplas áreas ou processos interdependentes.

FMEA (Análise de Modo e Efeito de Falha)

análise de modo e efeito de falha é uma ferramenta mais técnica, usada para prever possíveis falhas em um processo, identificar suas causas e avaliar o risco associado com base em três critérios:

Vantagem: Ajuda a priorizar causas com maior risco e aplicar ações preventivas.

5W2H

Embora não sirva para identificar a causa raiz, o 5W2H é fundamental na etapa de ação corretiva. Ele organiza o plano de resposta de forma clara:

Vantagem: Transforma a análise em um plano de ação direto e rastreável.

A escolha da ferramenta depende do tipo de problema, da complexidade e do tempo disponível para análise. Em muitos casos, a combinação entre elas gera melhores resultados, como iniciar com o Diagrama de Ishikawa e depois aplicar os 5 Porquês em cada ramificação crítica.

Quais são as vantagens da Análise de Causa Raiz?

Agora que você já sabe o que é e como fazer a Análise de Causa Raiz, você deve estar se perguntando, por que fazer? Há alguma vantagem?

Sim, ela é uma ferramenta essencial para diversas áreas como qualidade, saúde e segurança, engenharia, TI, entre outras. Quer entender por que essas áreas usam a Análise de Causa Raiz? Veja as vantagens:

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