Autocrítica profissional
Carreira

11 de fevereiro de 2022

Última atualização: 04 de maio de 2023

Autocrítica profissional – uma competência para lideranças

Uma vez que o cargo de liderança inspira medo em alguns e respeito em outros, é importante estar sempre atento quando não estão te falando o que você precisa ouvir. Por isso dominar a autocrítica profissional é importante para garantir um nível sempre alto de desempenho e para alcançar seus objetivos profissionais. Vem conferir como!

Liderança e Soft Skills

O que é autocrítica?

A palavra “crítica” tem um significado de dicionário: “atividade de examinar e avaliar minuciosamente”. Uma autocrítica seria esse olhar minucioso voltado para si. Quando falamos de autocrítica profissional, nos referimos a olhar minuciosamente, avaliando, com critérios, todos os aspectos do seu exercício profissional. Quanto disso você tem feito no seu dia a dia? 

Antes de responder, preste atenção que em nenhum momento “examinar” e “avaliar” estão com conotação de valor. O que vai garantir que a autocrítica não fique entre “eu sou demais” e uma síndrome de impostor é justamente saber que não cabe, na autocrítica, o juízo de valor. Se fossemos colocar em ordem, primeiro vem a autocrítica, depois a avaliação.

O que é autocrítica exemplo:

Um exemplo de autocrítica é um atleta que analisa sua própria performance em uma competição e reconhece que cometeu alguns erros durante a partida, identificando as áreas em que precisa melhorar para a próxima vez. Outro exemplo seria um funcionário que recebe feedback negativo de um colega ou supervisor e, em vez de negar ou justificar suas ações, reflete sobre suas atitudes e identifica maneiras de melhorar seu desempenho.

A autocrítica envolve humildade e autoconhecimento, e pode ser difícil para algumas pessoas, especialmente aquelas que têm dificuldade em reconhecer seus próprios erros. No entanto, é uma habilidade valiosa para o crescimento pessoal e profissional, permitindo que as pessoas sejam mais eficazes em seus relacionamentos interpessoais e no ambiente de trabalho.

Autocrítica x Crítica Depreciativa: quais as diferenças?

A autocrítica profissional é uma poderosa aliada na hora de aplicar uma melhoria contínua em si mesmo. Isso porque ela faz o juízo de valor depois de avaliar os critérios. Já a crítica depreciativa segue o caminho inverso: ela primeiro faz o juízo de valor, e depois olha para tudo que você fez sob essa lente. Seria como usar dois óculos, um sujo e um limpo, para olhar para uma sala. Com o sujo tudo parece horrível, e a própria ideia de limpar aquilo tudo já desanima. Já um óculos limpo vai te indicar onde está a sujeira, sua natureza, e coloca as coisas em perspectiva: às vezes você sujou uma bancada apenas, não o chão todo.

Identificando uma Crítica Depreciativa

Como falamos, a crítica depreciativa primeiro faz um juízo de valor a seu respeito ou a respeito da sua produção, e só depois olha seus critérios. Sabendo disso fica mais fácil notar, no seu dia a dia, quando alguma crítica depreciativa está sendo feita, e consequentemente, o que ignorar. Elas podem vir disfarçadas de piada, como “isso aqui levou esse tempo todo?” seguido de uma risadinha, ou num tom passivo-agressivo “a gente até poderia ter feito, mas sabe como é, falta braço”. Quando elas vem de dentro, no entanto, podem levar a casos de burnout ou da famosa Síndrome de Impostor.

Como se faz uma autocrítica profissional?

Para fazer uma autocrítica profissional que não se torne um eterno elogio próprio ou uma crítica que só vai te deixar pra baixo, lembre-se da sequência lógica que orienta a autocrítica profissional: exame e análise criteriosa -> juízo de valor -> plano de mudança. O próximo passo seria pensar como fazer um exame e análise criteriosa, correto? Separamos um passo a passo de como você pode definir critérios válidos que vão te ajudar a encontrar a justa medida da autocrítica para seu desenvolvimento profissional.

Tenha um plano de carreira

Todo caminho vale para quem não sabe onde quer chegar. O mesmo vale para carreira e trabalho. Se você não tiver foco nas suas prioridades, pode acabar se atrapalhando. Por isso, antes de começar o processo de autocrítica, defina um plano de carreira.

Selecione os critérios subjetivos e objetivos

Agora que sabe onde quer chegar, defina os critérios subjetivos. Se seu plano é ser um bom gestor, escreva cinco aspectos que todo bom gestor deve ter. Pode ser algo como “ser justo”, “saber ouvir”, “ser gentil”, “ser orientado a resultados”, “entregar valor”. Caso não tenha ideia do que um gestor precisa ter, existem diversas listas de competências do futuro para gestores – vale conferir! Depois, identifique o que seriam critérios objetivos para cada um deles. Por exemplo, se você colocou “ser gentil” como um critério subjetivo, crie uma métrica para esse critério. O seu plano quadro deve ter um formato similar a esse:

  • Critérios
    • (Subjetivo) Ser Gentil
      • (Objetivos) Conhecer as pessoas com quem trabalho, sabendo três histórias pessoais de cada um.
      • ('') Tecer dois elogios a cada membro da minha equipe por semana.
      • ('') Ter um alto índice de satisfação na equipe (avaliado por meio de questionário anônimo).

Com esses critérios, você começa a tecer uma pontuação para si mesmo e a saber quão bom profissional você está sendo naquele aspecto importante para sua carreira.

Se compare com os seus pares

Depois que tiver essa “pontuação” em cada uma das suas competências, faça uma lista de pessoas na mesma posição que você ocupa – na sua ou em outras empresas – e comece a traçar as “pontuações” delas, seguindo os mesmos critérios. Isso irá te trazer perspectiva e quanto você está próximo de alcançar seus objetivos, e em quem você pode se espelhar para melhorar. Também ajuda muito a regular a ansiedade – perceber que os outros não estão muito longe de você ajuda.

Faça um juízo de valor

Agora que você sabe quão bem você está e quão longe você pode chegar, avalie sua jornada. Está indo conforme gostaria? Onde ela pode andar melhor? Aqui está a hora de você se julgar – depois que já juntou os argumentos para formar uma opinião justa.

Faça um plano de melhoria

Métodos como o Kaizen sempre aparecem quando falamos de melhoria contínua. Se você já aprendeu sobre eles, é um ótimo momento de aplicar ao seu maior empreendimento: você! (E se não, corre que ainda dá tempo). 

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Como lidar com a autocrítica?

Lidar com a autocrítica pode ser desafiador para algumas pessoas, especialmente quando ela é excessiva ou negativa. Aqui estão algumas dicas para ajudar a lidar com a autocrítica:

  1. Pratique a autocompaixão: Em vez de se criticar duramente, tente tratar a si mesmo com a mesma gentileza e compaixão que você daria a um amigo ou ente querido que estivesse passando por uma situação semelhante.
  2. Seja objetivo e realista: Ao avaliar a si mesmo, tente ser objetivo e realista sobre suas habilidades, pontos fortes e áreas de melhoria. Evite ser excessivamente crítico ou negativo.
  3. Aprenda com seus erros: Em vez de se concentrar apenas em suas falhas, tente aprender com seus erros e usá-los como uma oportunidade para crescer e melhorar.
  4. Busque feedback: Busque feedback de outras pessoas em sua vida profissional e pessoal, para ajudá-lo a ganhar uma perspectiva externa e objetiva de suas ações e comportamentos.
  5. Pratique a gratidão: Focar em coisas pelas quais você é grato e nas coisas positivas que acontecem em sua vida pode ajudar a contrabalançar a autocrítica excessiva.
  6. Busque ajuda profissional: Se a autocrítica estiver causando angústia emocional ou prejudicando sua capacidade de funcionar no trabalho ou na vida pessoal, considere buscar ajuda profissional de um psicólogo ou terapeuta.

Quais são os benefícios da autocrítica?

A autocrítica, se realizada da maneira correta, tem diversos benefícios. Confira alguns deles:

  1. Autoconhecimento;
  2. Melhoria de desempenho;
  3. Aumento da resiliência;
  4. Maior responsabilidade e autocontrole;
  5. Melhora nas relações interpessoais;
  6. Tomada de decisão mais eficaz;
  7. Aumento da satisfação e diminuição do estresse.

Porque a autocrítica é importante para um líder?

O ambiente de trabalho costuma colocar uma distância entre os cargos de gestão e os cargos de execução. É um traço de cultura que vem mudando, mas que ainda tem muitos resquícios no ambiente de trabalho. Logo, fica difícil para as lideranças receberem feedbacks livres de preconceitos e sem vieses para melhorarem no cargo. A autocrítica entra aí como uma maneira de olhar para si mesmo, suas estratégias e conceitos de fora, e encontrar o que precisa melhorar e o que precisa fazer manutenção. Com uma autocrítica apurada, um líder pode evitar que situações tenham que fugir do controle. Ela também traz autoconhecimento, algo essencial para uma gestão mais assertiva.

Como um líder se beneficia da autocrítica?

Cargos de liderança e gestão normalmente assumem a frente de grandes projetos, com impactos significativos na operação das empresas. Enquanto precisam verificar orçamentos, motivar suas equipes, administrar o fluxo de trabalho e ideias e lidar com outras áreas demandantes, aumentam as chances de que algo escape ao controle. A autocrítica ajuda a identificar como esses assuntos podem estar perdendo o rumo e recolocá-los nos trilhos. Através dela é possível que um gestor identifique mais facilmente como fazer etapas “travadas” de um processo avançarem. Da mesma forma, é possível que identificando erros na comunicação se evite uma demissão inoportuna – não é surpresa que mais de 4 milhões de americanos estejam voluntariamente deixando ambientes de trabalho em busca de gestores mais autocríticos.

A Autocrítica e o processo de Feedback

Portanto, feedbacks ruins são um dos maiores medos no mundo corporativo – é mais fácil se imaginar entrando tremendo e saindo chorando de uma reunião dessas do que o oposto. Porém, esse é um dos mitos que podem acabar com um bom exercício de autocrítica. 

O feedback, peça chave para o desenvolvimento profissional do colaborador, pode ser um grande momento do seu e do dia dele. Com a autocrítica, será mais fácil identificar onde, enquanto gestor, pode melhorar junto do seu colaborador. Além disso, será mais capaz de transmitir as mudanças necessárias com assertividade, gentileza, atacando o problema, e não a pessoa. Esse processo vira um ciclo vicioso do bem, trazendo melhores resultados e, consequentemente, melhores feedbacks.

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Equipe FM2S

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