A situação apertou: e agora? O que você pode fazer?
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03 de outubro de 2017

Última atualização: 25 de janeiro de 2023

A situação apertou: e agora? O que você pode fazer?

O que fazer quando a situação aperta?


Na vida, é muito comum enfrentarmos dificuldades. Se você quiser empreender ou ser um executivo de destaque, tenho certeza de que se não as teve, as terá e muito. E, quando as dificuldades aparecem, quando a situação fica preta, é importante seguir o método. Método? Sim, quando a situação aperta a única coisa que pode tirá-lo do sufoco é o método.


Mas como encontrar esse tal método? Calma. Se você não o conhece, não espere a situação apertar para aprendê-lo ou procurá-lo. Aprender numa situação complicada pode ficar impossível. Não adianta você deixar para aprender pular de paraquedas no momento que jogarem você fora do avião. Alguns, por pura sorte, até conseguem aprender, mas a maioria cai e cai feio. Antecipe-se.



Qual a primeira situação apertada que enfrentei?


A primeira vez que vi a viola em caco, como dizemos lá em Rio Claro, foi em 2008. Nessa época, trabalhava na empresa da família e o método havia me ajudado a economizar uma boa grana para a empresa. Havíamos alcançado nosso recorde de produção, montávamos a terceira linha e tudo parecia ir bem. Todas as contas que fazíamos para buscando produzir mais para atender uma crescente demanda de mercado.


Lembro-me que havíamos conseguido abocanhar outros negócios como a reciclagem de resina e o destroçamento de fibra-de-vidro. Por meio de uma solução inovadora, havíamos conseguido reduzir os custos da matéria-prima. Substituímos o secador de BPF pelo sol e eliminamos o impacto da alta nos custos do petróleo. Tudo parecia ótimo.


Até que o mercado parou. A quebra do Lehmann Brother refletiu no Brasil e parou nossa operação. Não havíamos mais para quem vender. Nossa demanda reduziu-se para um terço e nossas finanças estavam abaladas pelas dívidas de curto prazo que havíamos feito para duplicar nossa produção.


Com os bancos em polvorosa, a taxa de juros havia batido um nível incomodo e não havia chances de melhora no curto prazo. O que fazer? Havia duas visões em jogo. A minha, é de que deveríamos conseguir um investidor, que na época não era algo complicado, para investir no negócio. Quando olhávamos a margem EBTIDA, era boa, mas a quebra do mercado e a alta taxa de juros, nos faziam incorrer em prejuízos.


A segunda visão, do dono, era de esperarmos. Deveríamos ter cautela antes de conseguirmos um investidor. Na percepção dele, vender 20% da empresa e ter alguém de fora, mandando nas suas decisões era o fim. Um dono, dificilmente encara a empresa como um negócio. Ela a encara como sua vida. E, ao encarar dessa maneira, a venda do negócio acabaria representando a venda da sua vida e da sua liberdade.


Diante desse ponto, pensei: como uma visão pode ser tão diferente? Como na minha percepção o investimento era uma profissionalização do negócio e na dele, era o começo do fim? Como alinhar duas visões tão complicadas para entender o que era melhor para o negócio?



Como vencemos a crise?


Nesse dia, vi a importância do livro Conversas Difíceis e da diferença das pessoas em enxergar o mesmo fato. Diante disso, corri atrás do método e encontrei o mestre De Bono com sua técnica dos Seis Chapéus. Nele, o autor sugere que todos devem olhar para um fato do mesmo ângulo. Assim, iluminado pela técnica, comecei a enxergar os pontos positivos da situação e foquei na ampliação do negócio.


Mas, para ampliar os negócios acabei saindo da indústria e migrando para a área de serviços. Foi nesse mesmo ano, 2008, que fundei a FM2S. Nosso objetivo no começo, era trabalharmos com a padronização de processos. E, alguns meses depois, conseguimos nosso primeiro cliente. Uma pequena gráfica que precisava implantar ISO. Assim começou minha jornada na melhoria de processos.



O que posso sugerir em períodos de situação crítica?


Foco. Pessoal, numa situação de forte crescimento como numa situação de crise financeira aguda, o segredo para sair dela é o foco. O foco e a disciplina, pois como disse um sábio ex-chefe:




“o segredo para uma operação gabarito, é tudo que nós, seres humanos não gostamos. Disciplina, objetivo, foco e bloqueio das distrações a qualquer custo. Se você olhar do lado, poderá contar nos dedos aquelas pessoas que tem reconhecidamente disciplina, objetivo, foco e é avesso as distrações”.



Quando a coisa começar a desandar, coloque todos numa sala e confira:




  • Os procedimentos existem?

  • Os procedimentos, se existem, estão sendo cumpridos?

  • Se estão sendo cumpridos, funcionam?

  • Se funcionam, há indicadores que estão monitorando os problemas?

  • Quanto tempo está sendo alocado nos procedimentos para garantir seus resultados?


Com essas perguntas, você conseguirá começar a enxergar os problemas de execução que sua equipe possa estar enfrentando. Quando a gente debruça sobre os processos, começam a aparecer os problemas. E, quando começarem a aparecer, precisamos entender as causas. Nesse ponto, começamos a construir a solução.



Sei o que tá errado, mas como resolver?


Ótima pergunta. Como resolver? Deming, sempre ele, nos disse uma vez que não há pudim instantâneo. Na gestão dos negócios e na melhoria deles, não há como se resolver problemas com apenas uma olhada. É impossível.


Para resolvê-los, sugerimos várias vezes capacitar-se e capacitar à equipe no Green Belt e Black Belt. Quando falamos sobre isso, não defendemos apenas o Lean Six Sigma. Defendemos algo mais amplo: a melhoria. Sim. Essa pode ser feita de diversas formas e as ferramentas Lean Six Sigma é apenas um conjunto. Por mais fácil que seja o entendimento do Green Belt e Black Belt, na nossa percepção, nossos treinamentos são mais abrangentes.


Não pensamos que apenas as ferramentas básicas são suficientes para a capacitação dos projetos e alcance dos resultados. Assim, acreditamos ser a saída para a crise.

Virgilio Marques Dos Santos

Virgilio Marques Dos Santos

Sócio-fundador da FM2S, formado em Engenharia Mecânica pela Unicamp (2006), com mestrado e doutorado na Engenharia de Processos de Fabricação na FEM/UNICAMP (2007 a 2013) e Master Black Belt pela UNICAMP (2011). Foi professor dos cursos de Black Belt, Green Belt e especialização em Gestão e Estratégia de Empresas da UNICAMP, assim como de outras universidades e cursos de pós-graduação. Atuou como gerente de processos e melhoria em empresa de bebidas e foi um dos idealizadores do Desafio Unicamp de Inovação Tecnológica.