Segurança Do Trabalho

14/04/2025

NR 1: mudanças, prazos e como as empresas devem se adequar

A nova redação da NR 1, publicada após revisão em 2024, trouxe mudanças significativas para empresas de todos os setores. O texto atualiza regras, reforça a importância da prevenção e exige mais controle sobre os riscos ocupacionais. Tudo isso com um olhar mais técnico, digital e próximo da realidade dos ambientes de trabalho.

A norma passa a valer de forma obrigatória em 2025 e, com ela, surge um novo cenário para o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), para o uso do Ensino a Distância em treinamentos e para as obrigações de gestores e profissionais de SST.

Neste artigo, vamos apresentar de forma clara o que mudou na NR 1, quais os impactos diretos sobre a rotina das empresas e o que você precisa fazer para se adequar. Se sua organização ainda não revisou seus processos, este é o momento.

O que é a NR 1 e por que ela foi atualizada?

A NR 1 é a Norma Regulamentadora que estabelece as diretrizes gerais de segurança e saúde no trabalho no Brasil. Ela funciona como base para todas as outras normas. O texto apresenta conceitos, definições e orientações que precisam ser seguidas pelas empresas para garantir um ambiente de trabalho mais seguro.

A norma existe desde 1978. Mas, desde então, o cenário do trabalho mudou. Novas tecnologias, formas de contratação e modelos de gestão exigem uma atualização das regras. A revisão da NR 1 em 2024 foi pensada justamente para modernizar essa estrutura.

No centro da norma está o conceito de prevenção. Empresas devem identificar os riscos antes que os acidentes aconteçam. Isso precisa estar documentado e monitorado.

Objetivos da revisão de 2024

A atualização da NR 1 em 2024 teve um objetivo claro: tornar a legislação mais eficiente e conectada à realidade das empresas. O Ministério do Trabalho buscou simplificar procedimentos, incentivar a prevenção e valorizar o uso da tecnologia no controle de riscos.

Outro ponto importante foi alinhar a norma às boas práticas internacionais de segurança do trabalho. Países que têm um bom histórico de prevenção utilizam métodos mais dinâmicos e menos burocráticos.

O novo texto reforça a autonomia das empresas na gestão dos riscos. Mas também aumenta a responsabilidade sobre o cumprimento das regras. Não basta ter documentos arquivados. É preciso que o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e o Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) estejam ativos e façam parte da rotina.

Impacto direto nas empresas brasileiras

As mudanças na NR 1 impactam empresas de todos os setores. Isso porque a norma é obrigatória para qualquer atividade econômica. Desde indústrias, construção civil, transporte, até escritórios e comércio.

Com a revisão de 2024, empresas precisarão revisar seus documentos de segurança, treinar equipes e ajustar processos. O PGR passou a ser um documento vivo. Ele deve ser atualizado sempre que houver mudanças no ambiente de trabalho.

Além disso, a fiscalização terá mais recursos para identificar falhas. A digitalização dos processos facilita auditorias e cruzamento de informações.

É importante que os gestores saibam: a NR 1 revisada exige um compromisso com a cultura de prevenção. Quem não acompanhar essa evolução corre o risco de sofrer sanções e perder competitividade no mercado.

Principais mudanças da NR 1 atualizada para 2025

As novas exigências tornam o ambiente de trabalho mais seguro, controlado e transparente.

Nova abordagem para o PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos)

O PGR (Programa de Gerenciamento de Riscos) deixou de ser um documento estático. Agora ele deve ser dinâmico, revisado com frequência e adaptado às mudanças que ocorrem na operação das empresas.

O novo modelo exige que o PGR contenha:

Além disso, o plano deve ter integração com outros programas de saúde e segurança do trabalhoA regra é simples: risco identificado precisa gerar ação prática.

Integração obrigatória com o GRO (Gerenciamento de Riscos Ocupacionais)

Outro ponto da revisão foi a obrigatoriedade da integração do PGR com o GRO. Antes, o conceito de gerenciamento de riscos existia de forma fragmentada. Agora, as empresas devem adotar o GRO como metodologia oficial de controle dos riscos ocupacionais.

Na prática, o GRO exige um olhar mais estratégico da empresa sobre todos os perigos do ambiente de trabalho. Ele organiza os riscos em categorias e obriga o acompanhamento das ações preventivas.

Esse controle precisa ser documentado e estar disponível para auditorias.

Alterações no treinamento e capacitação de trabalhadores

A norma define que os trabalhadores precisam ser capacitados de acordo com o risco da função e as características do ambiente de trabalho.

Os treinamentos devem conter:

Além disso, a empresa deve atualizar os treinamentos sempre que houver mudanças significativas na função ou no local de trabalho.

Treinamentos presenciais e EAD: o que ficou definido

O novo texto da NR 1 permite o uso do Ensino a Distância (EAD) em treinamentos de segurança, mas impõe regras claras.

Treinamentos EAD só podem ser aplicados:

Já os conteúdos práticos, que envolvem operação de máquinas, uso de equipamentos de proteção ou situações de risco real, devem ser presenciais.

Novos critérios de avaliação de riscos

A avaliação de riscos ficou mais criteriosa. Agora, a empresa deve considerar não apenas a gravidade e a frequência de um possível acidente, mas também:

Esse novo critério exige que a empresa conheça a fundo sua operação e os detalhes das atividades desenvolvidas.

Documentação digital e fiscalização: o que muda 

Um dos avanços mais significativos da revisão da NR 1 está na digitalização dos processos. O armazenamento e a gestão dos documentos de SST podem ser feitos em formato digital.

Isso traz benefícios e também novas responsabilidades. A fiscalização passa a ter acesso mais rápido às informações. Auditorias podem ser realizadas de forma remota. A empresa precisa garantir que seus dados estejam organizados, atualizados e acessíveis.

Além disso, o não cumprimento das exigências poderá ser identificado com mais facilidade, aumentando o risco de autuações.

Por isso, fica um alerta: adotar um sistema de gestão de SST deixou de ser uma opção — tornou-se uma necessidade estratégica.

Como a sua empresa deve se adequar à NR 1

A adequação à NR 1 atualizada exige planejamento, revisão de processos e compromisso com a segurança dos trabalhadores. As mudanças precisam ser incorporadas à rotina da empresa.

Atualização do PGR: etapas e prazos

O primeiro passo é revisar o Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Empresas que já possuem esse documento precisam verificar se ele atende aos novos critérios definidos na NR 1.

O processo de atualização deve seguir algumas etapas:

  1. Revisão da identificação de perigos
  2. Reavaliação dos riscos com base nos novos critérios
  3. Elaboração ou revisão do plano de ação preventivo
  4. Atualização dos registros e evidências

O prazo para adequação varia de acordo com o cronograma de implantação estabelecido pelo Ministério do Trabalho. No entanto, o recomendado é que as empresas antecipem esse processo para evitar autuações e garantir conformidade.

Empresas que ainda não possuem um PGR estruturado devem providenciar a sua elaboração o quanto antes.

Adaptação dos treinamentos conforme o novo texto

Outro ponto que merece atenção é a revisão dos treinamentos obrigatórios. A NR 1 determina que a capacitação dos trabalhadores deve ser feita considerando:

Para isso, as empresas precisam:

O não cumprimento dessas regras poderá ser facilmente identificado pela fiscalização, já que a documentação deve estar sempre disponível.

O papel dos gestores e dos profissionais de SST

A adequação à NR 1 não é responsabilidade exclusiva do setor de Segurança do Trabalho. A nova norma reforça o papel dos gestores na aplicação das medidas preventivas.

Cabe aos líderes de equipes:

Já os profissionais de Segurança do Trabalho (SST) terão um papel ainda mais estratégico. Eles devem:

O sucesso na adequação à NR 1 depende de uma gestão integrada. Segurança do Trabalho precisa deixar de ser tratada como um tema isolado e passar a fazer parte da cultura organizacional da empresa.

Por que a cultura de prevenção deve ser prioridade

A revisão da NR 1 reforça um ponto que há tempos vinha sendo ignorado em muitas empresas: a prevenção precisa ser parte da rotina, não apenas um protocolo formal. A cultura de prevenção exige mudança de postura, e isso começa pela liderança.

Medidas preventivas eficazes reduzem custos com afastamentos, aumentam a produtividade e fortalecem a imagem da empresa diante de clientes e órgãos reguladores. Porém, para que a prevenção funcione de fato, ela precisa ser incorporada à operação, e não tratada como algo paralelo.

A NR 1 atualizada sinaliza que o cumprimento de normas não será mais aceito apenas no papel. Auditorias digitais, exigência de registros atualizados e integração com o GRO exigem que a prevenção esteja viva na prática.

Construir uma cultura preventiva passa por três pontos:

  1. Treinamentos constantes e objetivos
  2. Participação ativa das lideranças
  3. Envolvimento dos trabalhadores nas decisões sobre segurança

É esse alinhamento entre todos os níveis da empresa que reduz riscos e evita acidentes. A norma pode ser atualizada, mas o valor da prevenção precisa ser permanente.

O que esperar da NR 1 a partir de 2025

Em resumo, a NR 1 revisada representa um avanço importante na gestão de segurança e saúde do trabalho no Brasil. A norma reforça que prevenção não pode ser tratada como burocracia, mas sim como parte da rotina das empresas.

O PGR mais dinâmico, os treinamentos adequados e a gestão ativa dos riscos passam a ser indispensáveis. Empresas que não se adaptarem correm o risco de sanções e perda de credibilidade.

Para esclarecer dúvidas e entender todos os detalhes, é recomendável acessar a NR-1 — Disposições Gerais e Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, disponível no site oficial do governo federal.

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