Nine Box: o que é essa matriz, como aplicar e quais os benefícios
Como as empresas identificam os colaboradores prontos para assumir posições estratégicas? Uma das ferramentas mais utilizadas nessa análise é a matriz Nine Box, que combina desempenho atual e potencial de crescimento em um modelo visual de fácil interpretação.
Neste conteúdo, você vai entender como funciona a matriz Nine Box, como usá-la de forma estruturada na sua empresa e por que ela se tornou uma das principais ferramentas de apoio à gestão de pessoas.
O que é a matriz Nine Box?
A matriz Nine Box é uma ferramenta de gestão de talentos que ajuda líderes a classificar os colaboradores com base em dois eixos: desempenho e potencial.
Representada por uma grade 3x3 (nove quadrantes), ela cruza:
- Desempenho atual (eixo horizontal)
- Potencial de crescimento (eixo vertical)
Essa matriz permite que líderes visualizem, em um único painel, quem entrega resultados consistentes, quem tem potencial para assumir novos desafios e quem precisa de apoio ou reavaliação.
O objetivo é fornecer uma base mais estruturada para decisões de desenvolvimento, sucessão e realocação de talentos.
Origem e evolução do modelo Nine Box
A matriz Nine Box foi originalmente desenvolvida como parte de um sistema criado pela General Electric, em parceria com a consultoria McKinsey, para avaliar unidades de negócios. Com o tempo, esse modelo foi adaptado ao contexto de recursos humanos, tornando-se uma ferramenta reconhecida para análise de equipes.
Sua adoção cresceu especialmente entre empresas que precisam tomar decisões estratégicas sobre desempenho individual, planejamento de sucessão e desenvolvimento de líderes.
Hoje, o Nine Box é amplamente usado por organizações que buscam mapear seu capital humano de forma visual e objetiva.
Como funciona a matriz Nine Box?
Mesmo sem ferramentas formais, gestores costumam avaliar desempenho e atitude no dia a dia. O diferencial da matriz está em estruturar esse julgamento com critérios claros e uma visualização que apoia decisões mais estratégicas.
Cada colaborador é posicionado na matriz conforme a combinação dos dois eixos:
- Desempenho: representa o que o colaborador entrega no presente: metas, resultados, qualidade do trabalho.
- Potencial: indica a capacidade de assumir desafios maiores no futuro: liderança, adaptabilidade, visão estratégica.
Esse posicionamento permite visualizar quem está pronto para crescer, quem precisa ser desenvolvido e quem deve passar por reavaliação de função ou foco.
Estrutura da matriz Nine Box
A matriz é organizada em uma grade 3x3, resultando em nove quadrantes. Cada um representa um perfil diferente de colaborador, de acordo com o cruzamento entre desempenho e potencial.
A estrutura facilita a leitura e permite que líderes visualizem rapidamente quem deve ser desenvolvido, reconhecido ou reavaliado.
Interpretação dos quadrantes da matriz Nine Box
Cada quadrante da matriz representa um perfil específico de colaborador, a partir da combinação entre desempenho atual e potencial de crescimento.
Com essa análise, é possível identificar quem pode ser promovido, quem precisa de suporte e quem requer ações corretivas. Veja os quatro perfis mais comuns e como agir em cada caso:
Alto desempenho + alto potencial
São os talentos estratégicos da empresa. Entregam resultados consistentes e têm capacidade para assumir desafios maiores. O ideal é direcionar ações de desenvolvimento, como mentorias, projetos críticos ou preparação para cargos de liderança.
Alto desempenho + baixo potencial
Profissionais confiáveis, com entrega sólida, mas sem perfil para funções mais amplas. Mantenha o reconhecimento e incentive a especialização. São essenciais para a estabilidade operacional.
Baixo desempenho + alto potencial
Têm espaço para evoluir, mas ainda não performam como esperado. A recomendação é investir em capacitação, acompanhamento próximo e metas claras de curto prazo. Avalie se há desalinhamento de função ou contexto limitante.
Baixo desempenho + baixo potencial
Exigem atenção imediata. Ações como feedbacks diretos, requalificação ou realocação podem ser necessárias. Se não houver progresso, a permanência no time deve ser reavaliada.
Quadrantes intermediários — como desempenho médio com potencial médio — também oferecem oportunidades de crescimento. Por isso, a matriz não deve ser vista como um rótulo, mas como ponto de partida para decisões mais bem direcionadas.
Como aplicar a matriz Nine Box: passo a passo
Para usar a matriz Nine Box de forma eficiente, é necessário seguir uma sequência estruturada. O processo envolve definição de critérios, coleta de dados, avaliação e análise. Veja o passo a passo:
1. Defina critérios objetivos
Antes de qualquer avaliação, é fundamental estabelecer quais elementos serão medidos. No eixo de desempenho, você pode considerar resultados entregues, metas alcançadas e qualidade do trabalho. No eixo de potencial, analise aspectos como capacidade de aprendizado, autonomia, perfil de liderança e visão estratégica.
Critérios claros reduzem subjetividade e dão mais consistência às decisões.
2. Escolha o método de avaliação
A definição dos critérios deve vir acompanhada da forma de mensuração. Algumas abordagens comuns:
- Avaliação 360 graus
- Avaliação por competências
- Feedback contínuo
- Avaliação por objetivos (APO)
- Entrevistas de desempenho
Utilize mais de uma fonte de informação sempre que possível para obter uma visão mais completa do colaborador.
3. Colete dados sobre desempenho e potencial
Com base nos métodos escolhidos, reúna informações de desempenho passado e de comportamentos que indiquem potencial. Use indicadores concretos (produtividade, entregas, feedback de liderança) e evidências comportamentais (resolução de problemas, visão estratégica, autonomia).
Evite suposições. Trabalhe com dados consistentes.
4. Posicione os colaboradores na matriz
Após as avaliações, cada profissional deve ser alocado em um dos nove quadrantes. Essa classificação deve ser feita com base nos critérios definidos, e não em percepções isoladas. Sempre que possível, envolva mais de um gestor na análise final.
5. Analise a distribuição
Depois de preencher a matriz, observe como os colaboradores estão distribuídos. Há concentração em algum quadrante? Faltam talentos prontos para crescer? Há risco de desengajamento?
Essa leitura permite identificar gargalos, oportunidades de desenvolvimento e ações para reter talentos estratégicos.
O que fazer e o que evitar na aplicação da matriz Nine Box
A matriz Nine Box é útil quando bem aplicada. No entanto, erros na avaliação ou na condução do processo podem comprometer a eficácia da ferramenta. A seguir, veja o que deve ser feito e o que precisa ser evitado.
Boas práticas na aplicação da matriz
- Estabeleça critérios claros e mensuráveis
Defina previamente quais indicadores serão considerados para desempenho e potencial. Isso reduz o viés e orienta decisões mais justas.
- Realize avaliações regulares
A matriz deve ser revisada periodicamente. Mudanças no comportamento ou nos resultados exigem atualizações frequentes.
- Forneça feedback objetivo aos colaboradores
Use a posição na matriz como ponto de partida para conversas construtivas. Foque em orientar o desenvolvimento, não em rotular.
- Utilize a ferramenta no planejamento de sucessão
Identifique quem está pronto para crescer e quais funções críticas precisam de planos de continuidade. A matriz ajuda a visualizar essas lacunas.
- Crie planos de desenvolvimento personalizados
A posição no Nine Box deve direcionar ações específicas para cada perfil. Isso melhora o engajamento e acelera o crescimento.
O que evitar ao utilizar a matriz
- Tratar a matriz como um documento fixo
Manter a mesma classificação por longos períodos ignora a evolução natural dos colaboradores. A matriz deve ser dinâmica.
- Falta de transparência no processo
Quando os critérios e decisões não são claros, o uso da ferramenta pode gerar insegurança e desconfiança nas equipes.
- Focar apenas no desempenho passado
O Nine Box envolve o potencial futuro. Avaliar apenas resultados anteriores compromete a proposta da ferramenta.
- Aplicar a matriz de forma isolada
Ela deve ser integrada a outras práticas de gestão de pessoas, como treinamentos, reuniões de calibração e planos de carreira.
- Dar feedback genérico ou negativo
Evite apontar fraquezas sem indicar caminhos de evolução. A ferramenta deve apoiar o desenvolvimento, não punir.
Revisão periódica e uso estratégico da matriz Nine Box
A matriz Nine Box não é um modelo definitivo. À medida que os colaboradores evoluem, o posicionamento na matriz deve ser reavaliado. Mudanças no desempenho, novos desafios ou desenvolvimento de competências exigem atualizações.
Estabelecer uma frequência para revisar a matriz — por exemplo, a cada ciclo de avaliação ou semestre — ajuda a manter a gestão de talentos alinhada à realidade da organização.
Além disso, para que a ferramenta funcione como apoio estratégico, é importante que ela esteja conectada a outros processos de RH, como:
- Planos de desenvolvimento individual
- Identificação de sucessores
- Revisões de equipe
- Treinamentos direcionados
Com uma aplicação contínua e bem conduzida, a matriz Nine Box se torna um instrumento prático para orientar decisões, fortalecer a cultura de desempenho e desenvolver lideranças com base em dados.
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Nine Box como ferramenta de gestão de talentos
A matriz Nine Box facilita a tomada de decisões na gestão de talentos ao combinar desempenho e potencial de forma visual e objetiva. Seu uso permite identificar perfis estratégicos, necessidades de desenvolvimento e riscos de desempenho com mais precisão.
Quando aplicada com critérios bem definidos e revisões periódicas, a ferramenta se integra ao planejamento de pessoas e fortalece a cultura de desenvolvimento contínuo. O resultado é uma equipe mais alinhada, produtiva e preparada para crescer.