Industria Planejamento e Controle da Produção

03/12/2019

Última atualização: 10/04/2025

MRP - Material Requirements Planning

Controlar a produção e gerenciar estoques com eficiência é um dos maiores desafios das empresas que atuam no setor industrial ou que trabalham com processos produtivos complexos. Nesse cenário, o sistema MRP (Material Requirements Planning) se destaca como uma solução fundamental para garantir que os materiais certos estejam disponíveis no momento adequado.

MRP ajuda a planejar as necessidades de materiais de forma precisa, evitando desperdícios, reduzindo custos e melhorando o atendimento aos prazos de produção. Além disso, é uma ferramenta que contribui diretamente para organizar os processos de manufatura e otimizar os recursos utilizados nas operações.

Neste conteúdo, você vai entender o que é o MRP, como ele funciona na prática, suas principais características e diferenças em relação a outros sistemas de gestão, como o MRP II e o ERP. Também verá onde o sistema é mais aplicado e por que ele continua sendo uma das ferramentas mais importantes para o planejamento da produção e controle de estoques nas empresas.

O que é o sistema MRP?

O Material Requirements Planning (MRP) é um sistema de planejamento e controle da produção. Ele ajuda as empresas a organizar os processos de manufatura, garantindo o uso eficiente dos recursos e a redução de desperdícios. Além disso, contribui para melhorar a eficiência operacional e a gestão dos estoques.

O principal objetivo do MRP é assegurar que os materiais e componentes necessários estejam disponíveis no momento certo e na quantidade adequada para a produção. O sistema também permite planejar entregas de forma mais precisa, evitando atrasos e o acúmulo de estoques desnecessários.

O funcionamento do MRP é baseado em três informações principais:

Essas informações são utilizadas pelo sistema para calcular automaticamente o que deve ser comprado ou produzido, em qual quantidade e em qual prazo. O cálculo considera a capacidade produtiva da empresa, os prazos de entrega dos fornecedores e os níveis mínimos de estoque que precisam ser mantidos.

Embora o MRP tenha evoluído para sistemas mais completos, como o MRP II e o ERP, ele ainda é uma parte essencial das soluções de gestão de produção. Sua aplicação continua sendo fundamental para empresas que buscam melhorar o planejamento, reduzir custos operacionais e otimizar a gestão de estoques.

Como funciona o MRP em uma empresa?

O MRP (Material Requirements Planning) funciona como um sistema integrado que auxilia as empresas no gerenciamento e planejamento de suas necessidades de materiais e componentes para a produção. O MRP é uma abordagem sistemática e computacional que tem como objetivo garantir que os materiais sejam disponibilizados no momento certo e nas quantidades corretas, reduzindo custos e melhorando a eficiência.

A seguir, apresentamos um resumo de como o MRP funciona em uma empresa:

Em resumo, o MRP funciona como um sistema integrado que ajuda as empresas a gerenciar e planejar suas necessidades de materiais e componentes para a produção, otimizando a utilização de recursos, reduzindo custos e melhorando a eficiência operacional.

História e evolução do sistema MRP

O desenvolvimento do sistema MRP marcou um avanço importante na gestão da produção e dos estoques nas empresas. O conceito surgiu na década de 1960, em um contexto de crescente necessidade de controle mais eficiente dos materiais utilizados na manufatura.

Na sua origem, o sistema tinha como principal função calcular a necessidade de materiais com base na demanda dos produtos finais e nas informações de estoque. Essa abordagem trouxe resultados significativos para a indústria, automatizando um processo que, até então, era feito manualmente e com maior risco de falhas.

Com o tempo, ele evoluiu para atender necessidades mais amplas das organizações. Surge então o MRP II (Manufacturing Resource Planning), uma versão aprimorada que passou a integrar outras áreas da empresa além da produção. O MRP II incluiu o planejamento de recursos de manufatura, como mão de obra, capacidade produtiva e custos.

A partir dessa evolução, o conceito se expandiu ainda mais, dando origem aos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning). O ERP é uma solução integrada que conecta diferentes setores da empresa, como finanças, vendas, compras, recursos humanos e gestão de estoques. Mesmo com a evolução dos sistemas, o MRP permanece como um dos pilares dessas ferramentas mais completas, por ser essencial para o planejamento das necessidades de materiais e o controle da produção.

Diferenças entre MRP I e MRP II

MRP I e o MRP II representam etapas diferentes na evolução dos sistemas de planejamento e controle da produção. Embora os dois conceitos compartilhem a mesma base — o cálculo das necessidades de materiais — o MRP II ampliou significativamente o escopo e as funcionalidades em relação ao MRP I.

O MRP I

Como vimos anteriormente, o MRP I (Material Requirements Planning) é um sistema de planejamento que tem como principal função garantir a disponibilidade de materiais necessários para a produção, no momento certo e na quantidade adequada.

Esse modelo de sistema trabalha com base nas informações já mencionadas: Lista de Materiais (BOM)Programa Mestre de Produção (MPS)Registros de Estoque. A partir desses dados, o MRP I realiza os cálculos que determinam o quequantoquando comprar ou produzir, considerando prazos de entrega e tempo de fabricação.

Seu foco está diretamente ligado à gestão eficiente dos estoques e à redução de desperdícios, evitando tanto a falta de insumos quanto o excesso de materiais armazenados.

O MRP II

MRP II (Manufacturing Resource Planning) surgiu como uma evolução do MRP I. Enquanto o MRP I se concentra no planejamento das necessidades de materiais — conceito que já explicamos anteriormente — o MRP II amplia essa lógica, integrando o planejamento dos demais recursos necessários para a produção.

Além de considerar materiais, o MRP II faz o planejamento de:

O grande diferencial do MRP II está em sua abordagem mais completa e integrada. Ele permite que a empresa não só planeje o que produzir e quando, mas também avalie se possui estrutura suficiente para cumprir esse planejamento.

Esse modelo contribuiu diretamente para o surgimento dos sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), que passaram a integrar todas as áreas da empresa em uma única solução de gestão.

No quadro comparativo, resumimos as principais diferenças:

Tipos de dados considerados pelo MRP

Os dados que devem ser considerados em um esquema MRP incluem:

O MRP usa informações da lista de materiais (uma lista de todos os materiais, submontagens e outros componentes necessários para fabricar um produto juntamente com suas quantidades), dados de inventário e o cronograma mestre de produção para calcular os materiais necessários e quando serão necessários durante o processo de manufatura.

Este sistema é útil tanto na fabricação discreta, na qual os produtos finais são itens distintos que podem ser contados - como parafusos, submontagens ou automóveis - quanto na fabricação de processos, que resulta em produtos a granel - como produtos químicos, refrigerantes e detergentes - que podem ser contados separadamente ou divididos em suas partes constituintes.

Onde o sistema MRP é aplicado?

sistema MRP é utilizado em empresas que trabalham com processos produtivos estruturados e que precisam gerenciar estoques. Seu uso é estratégico em operações onde a produção depende de muitos itens e insumos que precisam estar disponíveis no prazo correto.

A seguir, veja onde o MRP é mais aplicado:

Indústria de manufatura

Este é o ambiente mais tradicional de aplicação do MRP. Empresas que produzem bens de consumo, peças, equipamentos ou produtos em larga escala utilizam o sistema para controlar:

Esses ambientes precisam planejar compras e produção de acordo com o volume de pedidos e prazos de entrega.

Indústria automotiva

A indústria automotiva utiliza o MRP para coordenar a chegada de milhares de componentes que compõem um veículo. O sistema evita atrasos nas linhas de montagem e ajuda a reduzir estoques excessivos.

Indústria alimentícia e farmacêutica

Empresas desses setores aplicam para controlar a entrada e saída de insumos perecíveis, garantindo prazos de validade adequados e a rastreabilidade dos materiais.

Setor de tecnologia e eletrônicos

Empresas de tecnologia e produção de eletrônicos utilizam o sistema MRP para gerenciar componentes de alto valor agregado, que muitas vezes possuem prazos de entrega longos ou são importados.

Outros setores

Além da indústria, o MRP também pode ser aplicado em empresas de:

Cada segmento utiliza o sistema adaptado à sua realidade, mas sempre com o objetivo de melhorar o planejamento, controlar estoques e garantir eficiência operacional.

Qual a diferença entre MRP e ERP?

Muitas vezes o MRP e o ERP são tratados como sistemas equivalentes ou como se o ERP fosse simplesmente uma evolução do MRP. No entanto, essa relação é mais complexa e merece atenção.

MRP (Material Requirements Planning) surgiu como um sistema específico para o planejamento das necessidades de materiais e controle de estoques na produção. Já o MRP II (Manufacturing Resource Planning) ampliou essa abordagem, passando a considerar também recursos produtivos, como capacidade das máquinas, mão de obra e custos.

Por sua vez, o ERP (Enterprise Resource Planning) não substitui o MRP, mas incorpora suas funcionalidades dentro de um sistema mais completo e integrado. O ERP é um sistema de gestão empresarial que conecta diferentes áreas da organização em um único ambiente, indo além do planejamento da produção.

Em seguida uma tabela explicando as diferenças:

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Conclusão

MRP continua sendo uma ferramenta essencial para empresas que buscam melhorar o planejamento da produção, controlar estoques e otimizar recursos. Mesmo com a evolução dos sistemas de gestão e o surgimento dos ERPs, o planejamento das necessidades de materiais permanece como um dos pilares para garantir eficiência operacional.

A escolha e a aplicação correta do sistema MRP contribuem diretamente para a redução de custos, aumento da produtividade e melhor atendimento das demandas do mercado. Por isso, entender o funcionamento, os benefícios e os desafios desse sistema é fundamental para empresas que desejam manter processos organizados e competitivos.

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