Como usar o diagrama de Hommel no ambiente industrial
Sinalizar riscos químicos com clareza nem sempre é simples. Em ambientes industriais, onde decisões precisam ser rápidas, uma indicação visual eficiente pode evitar acidentes e proteger vidas. É nesse contexto que entra o diagrama de Hommel, uma ferramenta gráfica criada para comunicar perigos associados a substâncias químicas de forma direta e padronizada.
Com origem europeia, o modelo ganhou espaço em diferentes setores produtivos, aparecendo em rótulos, tanques e fichas de segurança. Mas você sabe realmente o que ele representa, como interpretar suas cores e números, e quais são suas limitações frente a outras normas como o GHS?
Neste artigo, você vai entender o funcionamento do diamante de Hommel, suas aplicações no dia a dia de quem lida com produtos perigosos e como ele se integra à gestão de segurança nas empresas. A proposta aqui não é apenas explicar a simbologia é mostrar como ela pode ser usada com propósito e critério.
O que é o Diagrama de Hommel?
O diagrama de Hommel foi desenvolvido com o objetivo de simplificar a identificação visual de riscos em produtos químicos. Sua criação remonta à necessidade prática de sinalizar perigos de forma rápida, especialmente em ambientes industriais. O modelo é atribuído ao Instituto Alemão de Normalização (DIN), e se tornou popular por permitir que profissionais da área de segurança visualizem riscos mesmo à distância, com base em cores e números padronizados.
A simbologia foi pensada para integrar diferentes categorias de risco em um único recurso gráfico. A forma de diamante facilita sua aplicação em recipientes, tanques e fichas de emergência, com adoção prática em áreas como saneamento, transporte e indústrias químicas.
Com o tempo, a ferramenta passou a ser conhecida no Brasil como "diamante de Hommel", embora esse nome não esteja oficializado em normas nacionais.
Diferença entre Hommel e NFPA 704
Apesar de visualmente semelhantes, o diagrama de Hommel e o sistema NFPA 704 têm origens e enfoques distintos. O primeiro tem uso mais difundido na Europa e em algumas regiões do Brasil. Já o NFPA 704 foi criado pela National Fire Protection Association, nos Estados Unidos, com foco em riscos de incêndio e emergências envolvendo substâncias químicas.
Na prática, ambos utilizam uma figura em formato de losango com quatro divisões. Mas há diferenças importantes na forma como cada sistema classifica os riscos, especialmente no campo inferior (cor branca), onde o NFPA adota códigos específicos dos EUA e o Hommel utiliza símbolos mais adaptáveis ao contexto europeu.
Ainda que sirvam ao mesmo propósito de comunicar rapidamente os perigos de uma substância, a falta de padronização internacional exige atenção. Um erro comum é assumir que os dois são equivalentes, quando, na verdade, podem representar classificações diferentes para o mesmo produto.
Como entender o diamante de Hommel
O diagrama de Hommel foi desenhado para ser interpretado rapidamente por qualquer profissional envolvido com produtos químicos. Sua estrutura em forma de diamante reúne informações visuais sobre os principais riscos associados a uma substância. Para isso, utiliza cores distintas e números que expressam a gravidade de cada tipo de perigo. Conhecer a lógica por trás dessa representação é o primeiro passo para aplicar o recurso de forma correta no ambiente de trabalho.
Visão geral: o formato do diamante e suas cores
O diagrama apresenta um losango dividido em quatro seções coloridas. Cada cor tem um significado específico e sua posição dentro da figura não é aleatória, ela segue um padrão para facilitar a leitura em qualquer contexto.
Posição e significado de cada losango
Na parte superior, o vermelho aponta o grau de inflamabilidade. À esquerda, o azul indica os riscos à saúde. À direita, o amarelo identifica a reatividade química. E na base, o branco é usado para informações complementares sobre perigos especiais, como reações com água ou presença de oxidantes.
Esse arranjo facilita a padronização visual. Quando um profissional olha para um recipiente ou estrutura sinalizada, ele pode avaliar rapidamente os perigos presentes, com base na posição e na cor sem precisar de uma leitura detalhada.
Escala de riscos (0 a 4)
Cada um dos três riscos principais (saúde, inflamabilidade e reatividade) é avaliado em uma escala de 0 a 4, sendo que:
- 0 representa risco insignificante;
- 4 representa risco extremo.
Essa escala ajuda a entender a gravidade de cada perigo e orienta medidas de segurança adequadas.
Risco à saúde (azul)
O losango azul informa sobre a toxicidade e os efeitos sobre o corpo humano. Um valor 0 significa que a substância é segura em condições normais. Já um valor 4 indica que o contato breve pode ser fatal ou causar sequelas graves.
Inflamabilidade (vermelho)
O vermelho identifica o potencial da substância pegar fogo. Um valor 0 indica que o material não é inflamável, mesmo sob aquecimento. Já 4 é atribuído a vapores que se inflamam com facilidade em temperatura ambiente.
Reatividade (amarelo)
Este campo avalia o risco de reações químicas perigosas. Substâncias com nível 0 são estáveis, enquanto aquelas com nível 4 podem explodir ou sofrer decomposição violenta com impacto, calor ou água.
Riscos especiais (branco)
A parte branca é usada para símbolos que indicam riscos específicos, como:
- OXI (oxidante);
- ACID (ácido);
- ALK (base);
- W (reage perigosamente com água).
Essas siglas alertam o trabalhador para perigos não visíveis em outros campos do diagrama, e variam conforme o contexto de aplicação.
Aplicação do Diagrama de Hommel
O uso do diagrama de Hommel aparece em ambientes industriais, rótulos de produtos químicos e fichas de emergência. Serve como alerta visual imediato para trabalhadores, equipes de segurança e serviços de emergência. A aplicação exige leitura correta dos símbolos e compreensão das limitações do sistema, principalmente quando comparado com outras normas mais detalhadas, como o GHS.
Leitura em rótulos e fichas químicas
O diagrama costuma ser impresso diretamente nos rótulos de embalagens que contêm substâncias perigosas. Também pode aparecer em fichas de emergência (FISPQ) como complemento à descrição técnica. O objetivo é permitir que o risco seja identificado rapidamente, mesmo por quem não domina os detalhes da substância.
Em um galpão de armazenamento, por exemplo, a presença de um losango com código 3 no campo vermelho já indica que o material é altamente inflamável e deve ser mantido longe de fontes de calor. O mesmo raciocínio vale para os demais campos: quanto maior o número, maior o cuidado necessário.
Setores que utilizam o diagrama
O uso do diagrama é comum em atividades que envolvem manipulação, transporte ou armazenamento de produtos químicos. Ele facilita a padronização da comunicação de risco entre setores distintos e apoia ações de prevenção.
Indústria, laboratórios, transporte, saneamento
Na indústria química, o diamante é usado em tanques e tubulações. Em laboratórios, sinaliza reagentes perigosos. No transporte de produtos perigosos, reforça o alerta visual em caminhões e contêineres. No setor de saneamento, identifica substâncias como cloro e sulfato de alumínio, que exigem manuseio técnico.
Limitações: por que não representa composição
O diagrama informa sobre o grau de risco, mas não descreve a composição química da substância. Ou seja, mesmo um produto com código semelhante pode ter características completamente diferentes. Isso limita seu uso para fins de análise técnica ou regulamentação ambiental.
Outro ponto importante: o sistema foi pensado para facilitar decisões rápidas. Ele não substitui a leitura completa de fichas de segurança nem dispensa o uso de EPIs recomendados para cada caso.
Integração do diagrama de Hommel com sistemas de gestão
O diagrama de Hommel, embora seja uma ferramenta visual simples, pode se integrar a práticas avançadas de gestão industrial. Quando incorporado corretamente, ele fortalece a cultura de prevenção e amplia o controle operacional, dialogando com metodologias como Lean, Six Sigma e os requisitos das normas ISO.
Segurança de processos e controle operacional
Em ambientes onde o controle de variáveis é determinante para a estabilidade do processo, sinalizar riscos químicos com clareza evita paradas não planejadas e acidentes. Ao ser usado como apoio visual em áreas de produção, o diagrama contribui para a padronização de rotinas e para a atuação proativa de operadores e líderes de turno.
Relacionamento com ferramentas da qualidade
Ferramentas como FMEA (Análise de Modos de Falha e Efeitos) e matriz de risco podem incluir os dados do diagrama de Hommel como parte da análise de perigos. Isso permite mapear cenários críticos, classificar impactos operacionais e propor controles preventivos mais precisos. Também é útil em auditorias internas e planos de ação.
Contribuição para auditorias e certificações
Durante auditorias de sistemas como ISO 45001 (saúde e segurança ocupacional) ou ISO 14001 (meio ambiente), a clareza na sinalização de riscos químicos é frequentemente avaliada. O uso do diagrama pode ser citado como prática de controle visual, reforçando a conformidade com requisitos legais e evidenciando o comprometimento com a segurança.
Alinhamento com a cultura de prevenção de riscos
Em empresas que buscam reduzir incidentes e desenvolver um ambiente mais seguro, o uso do diagrama se encaixa como reforço comportamental. Ele permite que qualquer colaborador identifique rapidamente uma condição perigosa, mesmo sem conhecimento técnico aprofundado, fortalecendo a atuação em frentes como DDS e treinamentos operacionais.
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